4 de dezembro de 2019

Os seres do invisível e as provas ainda recusadas pelos cientistas. (Paulo Neto)


Paulo Neto acaba de lançar um novo livro que pode ser baixado gratuitamente:

Os seres do invisível e as provas ainda recusadas pelos cientistas-ebook (1.66 MB)

Trata-se de uma obra que apresenta diversas referências para os casos de mediunidade de efeitos físicos estudados pelo famoso cientista inglês William Crookes. Em um post anterior, tivemos a oportunidade de analisar uma tese recente em História da Ciência que analisa, de um ponto de vista acadêmico, a relação de Crookes com o espiritualismo. 

Paulo Neto acrescenta outras evidências e relatos, colhidos de diversas fontes, que mostram a excelência das conclusões tiradas por Crookes sobre os casos de mediunidade que ele estudou. É possível que hoje as dificuldades que envolvem a replicação desse tipo de fenômeno - e que contribuem para sua raridade - dificultem a apreciação moderna e não histórica de sua ocorrência. Entretanto, não é possível, tão só pela análise das referências históricas, concluir que Crookes foi enganado como querem céticos. Paulo Neto mostra que as médiuns que Crookes estudou foram também estudadas por outros cientistas e que a qualidade dos trabalhos feitos por ele foi atestada na opinião de inúmeros outros pesquisadores da época que não tinham apreço pela tese da sobrevivência da alma (tal como C. Richet e R. Sudre).  

A obra de Paulo Neto deve assim ser lida como uma contribuição para a necessária contextualização de época em que os detalhes importam mais do que fatos principais na apreciação da história das ciências dos fatos mediúnicos de efeitos físicos. 

Referências

24 de novembro de 2019

Espiritismo, ciência e materialismo


The day science begins to study non-physical phenomena, 
it will make more progress in one decade than 
in all the previous centuries of its existence. (N. Tesla) 
O Espiritismo, na forma com que foi codificado por Allan Kardec, apresenta uma grande quantidade de conhecimento e informações que apenas foram marginalmente compreendidos. Sua contraparte científica - sem querer apresentá-lo como uma disciplina, mas como uma visão de mundo - foi explicitada por Kardec em diversas passagens de sua obra. Com relação ao seu caráter progressivo, por exemplo, explica Kardec:
"O Espiritismo, portanto, não estabelece como princípio absoluto senão o que é demonstrado com evidência, ou o que ressalta logicamente da observação. Abrangendo todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio de suas próprias descobertas, ele assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, sejam de que ordem forem, que tenham atingido o status de verdades práticas e que tenham saído do domínio da utopia, sem o que ele suicidar-se-ia. Deixando de ser o que é, ele mentiria à sua origem e ao seu objetivo providencial. Marchando com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem que está laborando em erro num ponto, modificar-se-ia nesse ponto; se uma nova verdade se revela, ela a aceita." [1]
Entretanto, muitas pessoas leem essa e outras passagens de uma forma apressada. É preciso reconhecer antes de tudo que as verdades as quais a Doutrina Espírita se refere são raramente reconhecidas como 'objeto de pesquisa' no sentido comum desse termo. A ciência moderna e sua enorme especialização fez do elemento material seu maior objeto. Assim, apenas em algumas poucas 'interfaces' entre a manifestação da matéria e do espírito é que pode haver algum reconhecimento desde o ponto de vista dessa ciência dedicada à matéria.

A busca por novos fenômenos nessa interface é ainda prejudicada pela necessidade de recursos materiais. Em um contexto de explosão demográfica e consequente aumento da demanda por esses recursos, faz sentido levantarem-se vozes que tentarão obstar qualquer dedicação ao tema. Tal como no estado em que se encontrava o estudo dos fenômenos materiais, quando a sociedade não reconhecia a importância dos benefícios da pesquisa, a sociedade e a comunidade científica atual (com algumas exceções) - na sua política de investimento em pesquisa - não reconhece ainda os benefícios que uma incursão de pesquisa no mundo do espírito traria à Humanidade. 

Em parte, essa situação se deve ao estabelecimento de uma aliança entre a ciência (entendida como a visão de mundo da comunidade de cientistas) e o materialismo. Do fato de a ciência estudar a matéria não deve seguir necessariamente que ela deva ser materialista em sua crença. Na prática das ciências, entretanto, alguns pressupostos paracientíficos são utilizados que podem se basear em uma visão não religiosa (e até antirreligiosa) do mundo. As vezes isso é visto inclusive como algo necessário para uma suposta 'isenção' por parte dos cientistas.

Por exemplo, dado um fenômeno natural, é disseminada a crença que sua origem deve sempre ser associada a uma ocorrência ou fato natural, entendido esse como uma força 'naturalmente' explicada. Como tal, essa força não tem 'propósito', 'inteligência' ou 'direção': ela é 'cega'. Essa recorrência faz com que coisas naturais sejam sempre explicadas em termos 'naturais' como em um sistema fechado que tem a Natureza como seu universo. Nas ciências humanas, entretanto, a causa dos fenômenos são entidades inteligentes (o homem, o grupo social, a comunidade etc), de forma que apenas nesses casos é que causas não naturais são reconhecidas de uma forma evidente. 

Em sua essência, o reconhecimento da existência dos fatos psíquicos ou mediúnicos esconde de forma indissociável o reconhecimento de uma fonte inteligente e independente da matéria bruta como causa dos fenômenos. Esse reconhecimento tornou possível a Kardec (e os que, após ele, seguiram essa orientação) prever uma série de novos fatos e fornecer explicações para a não reprodutibilidade, inteligência, diretividade e aparente aleatoriedade associada a tais fatos. Entretanto, não é um passo trivial reconhecer a existência dessa nova fonte de fenômenos.

Assim, uma nova ordem de causas 'naturais' deve ser reconhecida na Natureza, a das inteligências 'incorpóreas' que, dispondo de uma interface para se manifestarem quando querem, são a origem de um grande número de fatos que, ao longo da história humana, passaram como sobrenaturais, miraculosos ou extraordinários. Eles somente são considerados assim porque sua presença está oculta, não obstante ser ubíqua. Para uma fonte tão diferente de causa, será necessária uma metodologia completamente nova de pesquisa. É por isso que exportar métodos das ciências ordinárias não trará novos resultados. É necessário desenvolver uma ciência completamente nova que parte de princípios próprios. Sem reconhecer a existência desses princípios, qualquer pesquisa ou estudo dos fenômenos psíquicos será sempre uma atividade frustrante ou mal compreendida. 

Referência

[1] "Revue Spirite", setembro de 1867, Parágrafo 55, 'O caráter da revelação espírita'.