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7 de abril de 2012

Sobre OVNIS, ETs e o Espiritismo

Por do sol em Marte fotografado da cratera Gusev. Imagem: Nasa (2005).
"To communicate with Mars, converse with spirits." (T. S. Elliot, 1944, 'The Four Quartets, the dry salvages", V)

Em um post anterior mostramos que a existência de vida fora da Terra tornou-se uma realidade com a descoberta de um número surpreendente de planetas em estrelas dentro do que se costumou chamar de 'nossa galáxia'. A existência dessa vida (do ponto de vista físico) depende fortemente da chance de existência de planetas, fato que se tornou fenômeno incontestável diante da prova de que existe pelo menos um planeta em média (talvez 2) para cada estrela da Via-Láctea. Isso caracteriza uma quantidade muito grande de planetas (da ordem de 400 bilhões ou, talvez, 1 trilhão), o que faz com que a chance de vida física (biológica como a nossa) seja muito grande. 

Entretanto, o assunto merece um pouco mais de atenção para tornar mais claro o ponto de vista espírita ou, melhor dizendo, espiritualista. A tese espiritualista é muito simples em essência, mas resulta em consequências inimagináveis para nossa concepção comum do mundo. Embora seja uma ideia muito antiga, tornou-se uma ideia revolucionária para a visão moderna materialista do mundo. Esse impacto tem sua razão de ser, uma vez que a ciência moderna tem seus próprios 'contrafortes' ou 'defesas' que impedem que qualquer um se aproprie de seus princípios. Há regras para se fazer ciência e essas regras não permitem que se extrapolem princípios além de determinadas fronteiras. 

A existência da fenomenologia psíquica e a certeza da existência de inteligências extracorpóreas prenuncia uma revolução ainda maior na nossa maneira de ver o mundo. Acostumados a compreender esse mundo apenas do ponto de vista de nossos sentidos ordinários, os quais apenas processam informação da matéria tangível, não somos dotados ainda de nenhum tipo de habilidade especial capaz de apreender a parte invisível do Universo. Que essa parte exista não há dúvida, pelo que chegamos à conclusão de que não é mais possível apenas confiar em nossos sentidos ordinários para explorar o Universo.

O que é vida?

Embora façamos uso da literatura espírita como base, o que discutiremos aqui é premissa de qualquer tese espiritualista. A pergunta capital é: o que é vida? Embora existam muitas definições fundamentadas na biologia para a vida, ao analisar o problema no contexto do espiritualismo, é preciso alargar radicalmente essa concepção. Pois ela não apenas engloba a existência de organismos com determinado tipo de arranjo e estrutura molecular física, mas outros tipos de formas que existem nesse Universo paralelo postulado pela tese espiritualista. Se existe sobrevivência, a resposta à questão 'O que é Vida?' deve também levar em conta esses outros tipos de existência, que não estão sujeitos à apreensão tangível. 

Logo no início de 'O Livro dos Espíritos' podemos ler a resposta dada à questão 86, sobre a independência entre o mundo material e o mundo 'paralelo' formado pelos Espíritos:
#86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?

Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.
A resposta é compreensível do ponto de vista lógico. Se o mundo espírita dependesse do mundo material, aquele seria uma derivação da matéria pelo que a sobrevivência não seria possível. Para a nossa discussão, se a vida espiritual dependesse da vida biológica, então, para todos os propósitos, isso equivaleria à inexistência da vida espiritual. Estabelecido a independência dos princípios, então, como dissemos acima, um novo Universo se estabelece. O Universo espiritual é essencialmente composto pelos Espíritos que constituem uma das 'forças da Natureza' (além da matéria), e que carregam memória e inteligência. Os Espíritos são fontes primárias de informação do Universo, além de terem como atributo a inteligência. 

Mas onde estão eles? Embora plenamente válida, essa questão é proferida no referencial de 'espaço ou lugar' do Universo material. Não há um 'lugar pré-definido' nesse espaço material para o elemento inteligente, pois, como vimos eles são independentes. Por isso, compreendemos a resposta à questão seguinte:
#87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?

Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Vós os tendes de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, pois há regiões interditas aos menos adiantados.
Uma vez que esses dois universos são independentes, um não pode estar circunscrito ao outro. A independência se expressa em não existirem limites pré-fixados de um elemento para com o outro. Ainda mais importante, disso segue que confusões de entendimento podem surgir ao se procurar aplicar a um desses mundos conceitos naturalmente derivados do outro.

A analogia que podemos fazer aqui é com a vida microbiana: por mais que usemos recursos de limpeza e esterilização, nunca conseguiremos eliminar a vida microscópica que pulula a nossa volta e que não conseguimos ver. Somos, portanto, obrigados a viver em conviver com as duas realidades, embora só tenhamos acesso a uma só.

Existe vida na Lua?

Uma vez que nossa concepção de 'vida' é substancialmente alterada pela tese espiritualista, não é difícil responder à questão sobre 'a existência de vida em outros planetas'. Há certamente vida em várias gradações físicas (que é a busca por vida alienígena das ciências da matéria), mas podemos falar também em vida em outro sentido, a saber, no sentido espírita. 

Assim, se nos perguntarmos, existe vida na Lua? A resposta pode ser um sonoro 'não' se entendemos por vida a concepção puramente física dela (Nota 1). Entretanto, e quanto à existência de Espíritos? Embora um 'sim' possa parecer pura especulação (por causa de nosso apego à concepção de vida física), ele é consequência direta da tese que discutimos acima. Como o Universo dos Espíritos não depende da matéria, eles estão por toda parte. Então, pela nossa concepção radicalmente alargada de vida e consciência, a afirmativa positiva é a conclusão mais lógica. 

Interessante é ver que, ao longo do 'Livro dos Espíritos', o tema foi retomado de forma consistente com os primeiros princípios explícitos nas questões #86 e #87. Especificamente sobre 'mundos estéreis' como a Lua, encontramos a resposta à questão #236 que reproduzimos abaixo:
236. Pela sua natureza especial, os mundos transitórios se conservam perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
Não, a condição deles é meramente temporária.
a) – Esses mundos são ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?
Não; estéril é neles a superfície. Os que os habitam de nada precisam.
A resposta confirma a 'esterilidade física' de tais mundos, que são destinados à determinada classe de Espíritos. Porém, confirmada também está que a esterilidade física não é empecilho para a atração que tais mundos representem a determinados tipos de Espíritos.

Por mais extraordinárias que possam soar tais revelações, todas são consequência direta da tese fundamental espírita, a de que há sobrevivência e vida futura.

Dos OVNIs e ETs.

O leitor pode se perguntar porque escolhemos um título com as palavras OVNIS (objetos voadores não identificados) e ETs (do inglês, extraterrestrials) para uma análise sobre questão da vida em outros planetas do ponto de vista espiritualista. Nossa opinião é que a questão sobre a existência de visitas no nosso mundo (físico) de seres de outros planetas e mundos corre paralela (e bem perto) à questão da sobrevivência do Espírito. A tese da 'pluralidade dos mundos habitados' deve ser largamente aceita por todos os espiritualistas em geral e certamente é um princípio importante na solução da questão dos extraterrestres.

A 'descoberta' desse tipo de vida (física) seria uma comprovação por meios usuais (e, portanto, envolvendo a matéria tangível) de outros tipos de vida além da nossa vida física. Esse achado seria certamente inigualável frente a todos os outros da história das descobertas humanas, mas não maior do que a constatação de que, para haver vida verdadeira, não se faz necessária a matéria. Portanto, ao se aceitar abertamente a tese espiritualista, o campo de investigação estará muito mais aberto à constatação de fatos nunca antes imaginados na história humana.    
    
Referências

Nota

1 - A Lua é um corpo estéril do ponto de vista físico: não tem atmosfera, água, ou qualquer coisa necessária para abrigar vida do ponto de vista biológico. A despeito disso, algumas formas de bactérias e seres unicelulares podem viver talvez armadilhados em gelo no sopé de crateras nos pólos lunares, lugar destinado eternamente a permanecer em completa escuridão.