tag:blogger.com,1999:blog-74131366876722170212024-03-10T11:38:41.801-03:00Era do EspíritoConhecimento sobre temas na fronteira entre Ciência e Espiritismo. Citações e uso do material deste blog são livres desde que a fonte original seja citada.Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.comBlogger278125tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-5597274264584104802024-03-02T18:47:00.002-03:002024-03-04T10:37:16.494-03:00 Por que educação ambiental e ecologia são relevantes para o movimento espírita? (Parte I)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbB0yJQgxzWt35SjkwTWRsmSGnXnxzum7bORcsyK3EodV4CEZRCfpLXTfhBNjSls1i00ZObtJta9LqQiBHRXE7LvLQkIq1QZE_Zkcxh3Xs5ms32K63KlIYPCrMIMcc3XGIusMxSl5Ht_pnWtS5yyjQGG0cmzeVU6WySQqIQvsHk7vHM2UmgtG7XD9V9kTd/s700/meio_ambiente.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="196" data-original-width="700" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbB0yJQgxzWt35SjkwTWRsmSGnXnxzum7bORcsyK3EodV4CEZRCfpLXTfhBNjSls1i00ZObtJta9LqQiBHRXE7LvLQkIq1QZE_Zkcxh3Xs5ms32K63KlIYPCrMIMcc3XGIusMxSl5Ht_pnWtS5yyjQGG0cmzeVU6WySQqIQvsHk7vHM2UmgtG7XD9V9kTd/w640-h180/meio_ambiente.jpg" width="640" /></a> </div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><div style="text-align: right;"><i>Isso parece simples: já não cantamos nosso amor por e como obrigação para com a terra dos livres e a morada dos bravos? Sim, mas exatamente o que e quem amamos? Certamente não o solo, que sem qualquer ordenamento despachamos rio abaixo. Certamente não as águas, que assumimos não ter qualquer função a não ser para girar turbinas, flutuar barcaças e transportar esgoto. Certamente não as plantas, das quais exterminamos comunidades inteiras sem pestanejar. Certamente não os animais, cujas maiores e mais belas espécies extirpamos. Uma ética da terra, é claro, não pode impedir a alteração, gestão e uso desses "recursos", mas afirma seu direito à existência continuada, e, pelo menos em alguns pontos, sua existência continuada em seu estado natural. </i>(A. Leopold, “A ética da terra”).</div></blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;">P</span>ode-se considerar a interação do indivíduo - espírito encarnado, no estágio de desenvolvimento moral do ser humano - como um conjunto de relações que ele tem consigo mesmo, com Deus e com o que está fora dele. Em termos mais específicos:</div><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A relação do <b>indivíduo com ele mesmo</b>: o que sei sobre mim, quem penso que sou e como devo regular minhas ações para me beneficiar em inúmeros sentidos, por exemplo, moralmente. É a ética do "conhece-te a ti mesmo".</li><li style="text-align: justify;">A relação do <b>indivíduo com outrem</b>: com o meu próximo; como devo me portar diante dos outros e quais são meus direitos e deveres. É a ética da "lei áurea" e do "Sermão das Bem-aventuranças" [2], que governa minhas ações para com o próximo, e de onde se origina a verdadeira felicidade, ainda que não reconhecida pela jurisprudência humana da atualidade.</li><li style="text-align: justify;">A relação do <b>indivíduo com a sociedade</b>: qual o meu papel em minha comunidade e país? Quais são meus direitos e deveres do ponto de vista social? Democracia, direito à vida, ao trabalho e as diferentes obrigações (pagamento de impostos etc) refletem essa relação. </li><li style="text-align: justify;">A relação do <b>indivíduo com Deus</b>: Como minha crença em um poder superior (qualquer que ele seja), regula minhas expectativas em relação ao futuro e diferem em intensidade e teor daqueles que não creem nesse poder? É o domínio da ética da espiritualidade e da Religião. </li><li style="text-align: justify;">E a relação do<b> indivíduo </b><i>com o ambiente<b> </b>que o cerca</i>. </li></ul><div style="text-align: justify;">À medida que progride moralmente, modifica-se a maneira como essas relações ocorrem. O indivíduo se sente cada vez menos dono do que tem a sua volta. Evoluimos com relação à como nos entendemos, a como tratamos nossos semelhantes, a como vivemos em sociedade e sobre como entedemos e nos relacionamos com Deus. Porém, como temos evoluído em relação ao meio ambiente? Falta ainda, no dizer de Aldo Leopold, uma "Ética da terra" [1], que regularia nossa relação com o meio natural.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Isso porque o ambiente que cerca o homem sempre foi visto como sua propriedade. Mesmo há pouco tempo, como propriedades também foram consideradas vidas de agrupamentos humanos inteiros escravizados por uma minoria dominante. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ora, é evidente que a evolução espiritual deve levar a uma mudança radical na maneira como consideramos esse ambiente. Passaremos a considerar a Natureza e suas vastas reservas de energia, matéria e vida, como entidades a serem respeitadas. Os animais, vegetais e todos os recursos abióticos não são apenas "propriedades" a serem exploradas e exauridas, mas recursos que devem ser aproveitados com a menor interferência e com o maior respeito possíveis. Essa não interferência leva a duas obrigações: utilizar-se da Natureza apenas naquilo que é necessário e repor o que for retirado. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Essas obrigações se vinculam em torno dos conceito de sustentabilidade: </div><div style="text-align: justify;"><ul><li>é qualquer sistema capaz de subsistir indefinidamente a partir de seus próprios recuros ou, pelo menos, por um longo período de tempo. </li><li>Ser sustentável significa abastecer-se conforme a medida do necessário - porque necessário é minimizar o impacto da interferência no ambiente natural - sem subprodutos que levem à deteriorização desse ambiente. </li></ul>Qualquer coisa que exceda ao necessário é consequência da ignorância e do egoísmo. E o egoísmo é marca de Espíritos ainda inferiores. Assim, ascender espiritualmente é desvencilhar-se do apego que leva à tentativa de dominação de tudo que é externo a nós.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apenas muito recentemente a necessidade de preservação começou a ser valorizada pelas sociedades mais desenvolvidas. Na esteira dos impactos negativos sobre o clima e das ameaças evidentes ao equilíbrio econômico, setores mais esclarecidos passaram a considerar a necessidade de coordenação global para se preservar o meio-ambiente. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Naturalmente, a discussão em torno da "ética da Terra" pode ganhar muito com a visão espiritualista, além do que a argumentação materialista pode fazer (como em [3]). Se, do ponto de vista materialista é necessário respeitar a Natureza por uma "necessidade ecológica'', "considerações morais" ou "valor intrínseco da vida", para os espiritualistas a vida deve ser respeitada simplesmente porque nossa essência é espiritual e compartilhamos com os seres vivos uma <i>fraternidade universal.</i> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Assim, para os espíritas, ações de preservação ambiental não podem ter por base apenas a constação de degradação e ameaças ao clima. Elas são o resultado de: </div><div style="text-align: justify;"><ul><li>Uma concepção mais dilatadas que vê o homem como uma parte ínfima da Natureza e não seu senhor. </li><li>Logo, o mesmo respeito que devemos aos semelhantes, devemos ao ambiente que nos cerca. <i>É uma extensão da lei do amor ao próximo.</i></li></ul></div><div style="text-align: justify;">Esse respeito se fundamenta na grande irmandade que liga todos os seres, inclusive aqueles que vivem em outros mundos. Pois essa grande "fraternidade universal" é formada por uma vasta cadeia de ecosistemas e seres que se extendem por todo o Universo em marcha progressiva em direção à angelitude e a Deus.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><b>Referências</b></div><div><br /></div><div><div>[1] LEOPOLD, A. A ética da terra. Appris Editora; 1ª edição,, 2020. ISBN-13 : 978-6555231410</div><div><br /></div><div>[2] Ver o post "Bens, direitos, deveres e obrigações da alma", <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/12/bens-direitos-deveres-e-obrigacoes-da.html">https://eradoespirito.blogspot.com/2022/12/bens-direitos-deveres-e-obrigacoes-da.html</a></div><div><br /></div><div>[3] CARDOSO, André. Os Fundamentos da Ética da Terra e o Problema do Ecofascismo. Sofia, v. 12, n. 1, 2023. <a href="https://doi.org/10.47456/sofia.v12i1.40454">https://doi.org/10.47456/sofia.v12i1.40454</a>.</div></div><div><br /></div><div><br /></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-30581908134626570692024-02-01T08:19:00.004-03:002024-02-01T08:29:07.357-03:00Novidades sobre o Eletroma e campos morfogênicos<p></p><div style="text-align: center;"> <img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr5-kJdxhDNJHQja9ajchAP5-GeQq9FYqYps4rmaa4oMlOXwGHytz-Q4aCzSxTto28YSCMd31eW5RJVuHazK45WruQZ9dzh8oxSGoqF5w_dEYZDC95PZlSXwlvzR6YkvJ_2Cib5L-YZlwwE7f4W8XSRMI-o0natInhL0Gm20tCHMLyhUQ5TxfasHdBXlBf/s16000/electric-human-body--396952083.jpg" /></div><p></p><div style="text-align: right;"><i>...todo remédio da farmacopeia humana é, até certo ponto, projeção de </i><b>elementos quimioelétricos</b><i> sobre as agregações celulares, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse</i>.</div><div style="text-align: right;">A. Luiz [1]</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma grande variedade de corpos se interpenetram e formam o corpo humano: o genoma como agregado de genes distribuídos, o proteonoma como agrupamento de elemento proteicos e muitos outros. O mais recente deles foi batizado de "<b>Eletroma</b>" [2] e é formado pelo agrupamento de elementos biológicos que são atuados pela eletricidade própria do organismo. Trata-se de um conceito relativamente novo em sua aplicação médica, porém, um assunto que já tem certa história. O objetivo de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luigi_Galvani">Luigi Galvani</a> (1737-1798) com suas experiências elétricas e pernas de rã era estabelecer o papel da eletricidade nos organismos vivos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A história porém está sendo reeditada com novas descobertas. Um exemplo são as pesquisas realizadas pela equipe do Dr. Michael Levin, que é diretor do <i>Allen Discovery Center</i> na Universidade Tufts [2b]. A reedição pode criar em uma verdadeira revolução na biologia e na medicina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A equipe do Dr. Levin ressaltou o papel fundamental de <i>campos elétricos</i> na matéria viva que orientam o processo de formação de estruturas funcionais em embriões (girinos). Apresentam demonstrações experimentais em que a eletricidade é um tipo de "campo morfogênico" [3] para as células que participam da formação de embriões. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas o que causa esses campos? Por enquanto, segundo a interpretação do Dr. Levin, eles são gerados pelas próprias células que, graças a um instinto inteligente primitivo - uma espécie de "inteligência coletiva" - produz correntes elétricas e separação de cargas. Os campos criados pela separação das cargas induzem a formação apropriada de órgãos e outras estruturas menores "orientados" pelos campos elétricos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma parte considerável da explicação do Dr. Levin é que células contêm inteligência pela sua capacidade de resolver problemas no meio em que vivem. Cada célula de um tecido vivo sabe assim o que fazer conforme o ambiente em que seja colocada. Segundo esse pesquisador, elas "resolvem um problema computacional" enorme (como se tivem um tipo de "inteligência artificial") por meio dessa inteligência coletiva. Nesse processo, induzem à formação de padrões eletromagnéticos ou "campos bioelétricos configuracionais endógenos" [3] que foram registrados por equipamentos especiais desenvolvidos no centro coordenado pelo Dr. Levin. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div>Para adiantar essas e outras conclusões, o emintente pesquidor utiliza a <i>definição operacional de inteligência</i> do famoso cientistas espiritualista ingles <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/William_James" target="_blank">Willian James</a> (1842-1910):</div><div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Inteligência é a capacidade de alcançar o mesmo objetivo usando meios diferentes.</span></blockquote></div><div>Segundo o Dr. Levin [2b], um video de microscópio da bactéria <i><a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Lacrymaria_olor" target="_blank">Lacrymaria olor</a> </i>demonstra esse conceito. Um ser que não tem cérebro e nem sistema nervoso possui elevada competência na solução de problemas complexos em seu meio o que é intrigante, no mínimo. Assim, não importa o tipo de corpo em que a inteligência se manifeste: se o ser é inteligente ele tem competência para resolver problemas desde que confrontado com dificuldades e os estímulos apropriados. </div></div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidbnrV5aFVwre2ZKfVXoty_fGjINbn3KrGyc8R5qeDEtHbRxg86jqFNg29c2XWb9nW1ve27NNrAvoM_RVNyTKSR58ANIBbnWNc25Il1mw31-i6YiucxORc2a4L5AbZkE8CHlNeWauJNKHSefu5c_h8C9aP44dkn3jWZMPtd0tOWkg4tK46leuc-1Bl4fXz/s337/wjames.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="262" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidbnrV5aFVwre2ZKfVXoty_fGjINbn3KrGyc8R5qeDEtHbRxg86jqFNg29c2XWb9nW1ve27NNrAvoM_RVNyTKSR58ANIBbnWNc25Il1mw31-i6YiucxORc2a4L5AbZkE8CHlNeWauJNKHSefu5c_h8C9aP44dkn3jWZMPtd0tOWkg4tK46leuc-1Bl4fXz/s320/wjames.jpg" width="249" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">William James (1842-1910) pode ser invocado em uma definição operacional de inteligência que permite reconhecer essa propriedade mesmo em organismos unicelulares. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><div><br /></div><div><div><b>Da Farmacêutica para a "Eletrocêutica"</b></div><div><br /></div><div><div>Toda essa estória nos faz lembrar dos "campos morfogênicos" de R. Sheldrake [4] e, mais para trás no tempo, do "modelo organizador biológico" de Carlos A. Tinoco [5] e Hernani G. Andrade (1913-2003) [6] ou os campos "L" de <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Harold_Saxton_Burr" target="_blank">Harold Saxton Burr</a> (1889-1973). Antes, porém, que espíritas vejam nos campos elétricos morfogênicos do Dr. Levin uma comprovação das ideias de Sheldrake, Burr, Tinoco e Andrade, é preciso compreender as motivações das pesquisas do Dr. Levin que são bastante práticas. </div></div><div><br /></div><div>O objetivo é desenvolver novas formas de tratamento e regeneração de tecidos humanos, visando o projeto de futuros orgãos ou até membros no corpo humano. Não seria possível fazer crescer um novo braço em um amputado como aconteces nos axolotes? Além disso, algumas doenças como tumores poderiam ser tratados fazendo com que células tumorais reconhecessem o ambiente e passassem a se comportar como células normais com já se demonstrou em girinos... </div><div><br /></div><div>Para isso, separação de cargas (polarização) e campos elétricos específicos seriam "desenhados" ou "induzidos" por drogas específicas ou "quimioelétricas". Essas drogas seriam supridas por uma "<i>eletroceutica</i>" específica que começa pelo projeto de campos elétricos morfogênicos induzidas por elas. </div></div><div><br /></div><div><b>Consequências para a visão espírita</b></div><div><br /></div><div>Feita essa introdução é possível <i>especular</i> com respeito à amplitude dessas descobertas recentes sobre o eletroma e o "corpo elétrico". Inicialmente, as conclusões sobre a importância dos "canais iônicos" [10] me fizeram lembrar do fragmento de texto citado no início deste post. Parece ser uma validação de uma ideia trazida por André Luiz em seu livro "A Evolução em dois mundos" [1]. Seria por isso que o autor espiritual já falava em 1958 sobre os "<i>elementos quimioelétricos</i>"? Mas nessa época, a descoberta do DNA e os avanços na genética destacavam a importância do "genoma" na formação do corpo humano. Não se via qualquer importância para a eletricidade no contexto da formação do corpo humano ou das doenças.</div><div><br /></div><div>Notem bem a distância que essas novas descobertas [9] colocam a biologia: a morfogênese não se deve unicamente à ação de "genes" no "genoma" e reações bioquímicas, mas faz uso de um elemento invisível orientador e <i>intermediário</i> que é gerado no interior da matéria viva. Lembramos que campos elétricos são entidades físicas invisíveis e sem fronteiras definidas. O mecanismo de ação à distância que move íons e proteinas no citoplasma das células [8] é o conhecido "<i>efeito de dieletroforese</i>". Para a biologia, trata-se de um efeito "<i>epigenético</i>" que atua sobre as células fazendo-as modificar seu comportamento muito além do que está "programado" pelos genes.</div><div><br /></div><div>O primeiro passo dado em direção às consequências dos estudos do grupo do Dr. Levin para a visão espírita está na própria noção de inteligência que usa. Pois, se essa é definida como uma propridade sem referência ao tipo de "veículo de manifestação" (que é material), é que a inteligência é um princípio independente, o próprio "princípio inteligente" encontrado nas Questões 23-25 de "O Livro dos Espíritos" de A. Kardec.</div><div><br /></div><div>Um dos experimentos do Dr. Levin fornece a prova [2b]. Ao isolar células embrionárias que se tornariam a pele de um sapo, os pesquisadores da Universidade de Tufts descobriram que, ao invés de morrerem ou se desenvolverem como uma massa disforme de células de pele, elas se transformam em seres multicelulares novos, os <i>Xenobots</i> [7]. Esses nadam, se viram sozinhos em labirintos e até conseguem gerar novos xenobots pela assimilação de células da pele! Ou seja, é como se Xenobots tivessem uma "memória" de experiências passadas (que nunca teriam tido pela evolução Darwinista) quando não eram células de pele...</div><div><br /></div><div>Assim, além da existência de um interface morfogênica, esses experimentos demonstram a existência do princípio inteligente em cada célula que compõe um organismo complexo. Cada célula de nosso corpo tem memória, inteligência e competência para resolver problemas desde que estimulada. É um ser a parte, que contribui com a sua "parte" no ambiente multicelular que o envolve e cujo comportamento está apenas parcialmente "programado" nos genes que carrega.</div><div><br /></div><div>Ao mesmo tempo em que essas descobertas recentes parecem colocar um ponto final nos debates sobre "camposo morfogênicos", no meu entendimento, elas têm consequências tremendas para uma nova visão da vida e do papel do princípio inteligente (o espírito) na matéria.</div></div><br /><div><b>Referências e comentários</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[1] A. Luiz (1958). Evolução em dois Mundos, 2a Parte 4a Ed. FEB. Ver Cap. XIX.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[2] V. Smink (2023) O que é electroma, rede do corpo humano recém-descoberta que pode revolucionar tratamento do câncer. Saúde "G1". Acessível em: <a href="https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/03/04/o-que-e-electroma-rede-do-corpo-humano-recem-descoberta-que-pode-revolucionar-tratamento-do-cancer.ghtml">https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/03/04/o-que-e-electroma-rede-do-corpo-humano-recem-descoberta-que-pode-revolucionar-tratamento-do-cancer.ghtml</a> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[2b] Youtube (2023). From Mind to Matter - Dr. Michael Levin. Ver vídeo: <a href="https://www.youtube.com/watch?v=Ed3ioGO7g10">https://www.youtube.com/watch?v=Ed3ioGO7g10</a> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[3] Levin, M., Pezzulo, G., & Finkelstein, J. M. (2017). Endogenous bioelectric signaling networks: exploiting voltage gradients for control of growth and form. Annual review of biomedical engineering, 19, 353-387. Acesso <a href="https://www.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev-bioeng-071114-040647" target="_blank">aqui</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[4] Ver: <a href="https://www.sheldrake.org/research/morphic-resonance/introduction">https://www.sheldrake.org/research/morphic-resonance/introduction</a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[5] Ver: <a href="https://carlostinoco.blogspot.com/ ">https://carlostinoco.blogspot.com/</a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[6] H. G. Andrade. O psi quântico. Ed. Casa Editora Espírita "Pierre-Paul Didier". H. G. Andrade chamou esse campo de "CBM" ou "campo biomagnético" e acreditava ser possível induzir campos eletrostáticos em um "continuum" quadridimensional a partir de campos magnéticos. As descobertas modernas apontam para algo bem mais simples: os campos são eletrostáticos, porém, são estabelecidos por correntes de íons (os tais "canais iônicos") que existem em torno e dentro de qualquer célula viva. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div>[7] Blackiston, D., Lederer, E., Kriegman, S., Garnier, S., Bongard, J., & Levin, M. (2021). A cellular platform for the development of synthetic living machines. Science Robotics, 6(52). Acesso <a href="https://par.nsf.gov/servlets/purl/10357806" target="_blank">aqui</a>.<div><br /><div>[8] Henslee, E. A. (2020). Dielectrophoresis in cell characterization. Electrophoresis, 41(21-22), 1915-1930.</div><div><br /></div><div>[9] Nunn, A. (2023). We Are Electric: The New Science of Our Body's Electrome, by Sally Adee. Bioelectricity, 5(2), 147-149.</div><div><br /></div><div>[10] Funk, R. H., Monsees, T., & Özkucur, N. (2009). Electromagnetic effects–From cell biology to medicine. Progress in histochemistry and cytochemistry, 43(4), 177-264.<br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-14988696179811666202024-01-02T11:39:00.004-03:002024-01-02T17:27:17.720-03:00O que é Xamanismo?<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTv_5rwHhAls0MapEjy5U4ZPpovywY0RatXZ5YxoKZt8q_o_JmBGXeI2mccDFSazGPMZ6iy_JXsmweMUD0YiyQbYS82hCKYg3rjiCxJxvzuIbYX5X9yYwXOmIOtMY76JZXy25Ds43ngFDNdgMe8ZUPkaivXrUx3BoeaH9TJ6dwMZSOCnVf7jUanTlQ5Mnc/s400/galba.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="277" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTv_5rwHhAls0MapEjy5U4ZPpovywY0RatXZ5YxoKZt8q_o_JmBGXeI2mccDFSazGPMZ6iy_JXsmweMUD0YiyQbYS82hCKYg3rjiCxJxvzuIbYX5X9yYwXOmIOtMY76JZXy25Ds43ngFDNdgMe8ZUPkaivXrUx3BoeaH9TJ6dwMZSOCnVf7jUanTlQ5Mnc/s16000/galba.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Segundo D. Baxendale, esta é Galba uma das últimas xamãs dos povos Tuvan que vivem próximos dos montes Altai na Mongólia. (foto: <a href="https://www.flickr.com/photos/david_baxendale/15061371384/in/photostream/">flickr.com</a>)</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;">A palavra "xamã" e sua crença associada, o "xamanismo", envolvem práticas ancestrais estudadas pela Antropologia. Essa disciplina se dedica em parte a registrar e explicar as manifestações do xamanismo que existem em diversas partes do mundo entre povos considerados "primitivos". </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A palavra, entretanto, recebeu ao longo do tempo inúmeros significados. Essa multiplicidade de significados já foi apontada por exemplo em [1] que descreve diversas definições na Antropologia. Segundo esse autor, a palavra tem origem em alguns estudos realizados com a tribo dos Tungus na região da Sibéria a partir de 1920. Para os Tungus, os xamãs eram:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Pessoas de ambos os sexos que dominaram os espíritos, e que, à sua vontade, podem introduzir esses espíritos em si mesmos e usar o seu poder sobre os espíritos em seus próprios interesses, particularmente ajudando outros pessoas que sofrem com os espíritos. </span>[1, p. 3]</blockquote></div><p style="text-align: justify;">Que coisa! Segundo essa definição original, aprendemos que o xamanismo opera provavelmente segundo os princípios da mediunidade. Pela definição operacional de A. Kardec (Cap. XV de "<i>O Livro dos Médiuns</i>") "todo aquele que sente em qualquer grau a presença dos espíritos é por isso mesmo médium". </p><p style="text-align: justify;">Porém, o conceito evoluiu nos estudos antropológicos de forma a incorporar outras práticas que são consideradas vulgarmente "mágicas" na elasticidade semântica que esse adjetivo pode implicar. O autor de [1] apresenta uma definição sintetizada que agrega outras características do xamã:</p><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"><blockquote>Um xamã é uma pessoa que, à vontade, pode entrar em um estado psíquico incomum (na qual ele faz sua alma empreender uma jornada para o mundo espiritual ou ele se torna possuído por um espírito) para fazer contato com o mundo espiritual em nome dos membros de sua comunidade.</blockquote></span></div><p style="text-align: justify;">Essa definição inclui talvez a possibilidade de "<i>desdobramento</i>", quando a contraparte não corpórea do xamã pode se afastar do corpo físico e realizar determinadas tarefas em contato com o mundo espiritual. Nas descrições acadêmicas das atividades dos xamãs, porém, há uma confusão entre a noção de "influência dos espíritos" e a "possessão". Esses estados psicológicos tendem a ser sempre apresentados como equivalentes.</p><p>Em outra definição mais recente [2]:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">O "xamanismo” foi recentemente descrito como uma forma de interação entre um praticante e espíritos, que não está disponível para outros membros de uma comunidade. O praticante (um “xamã”) atua em nome dessa comunidade – ou em nome de membros individuais dessa comunidade – para desempenhar uma variedade de papéis sociais que podem incluir curar, bem como prejudicar, afetando o resultado das atividades de subsistência, e assim por intervenção com espíritos ou através de conhecimentos adquiridos pela comunicação com espíritos.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Portanto, o xamanismo pode assim ser considerada uma manifestação do "mediunismo" (ou prática mediúnica) por meio da qual determinados favores, para o bem ou para o mal, são obtidos usando as capacidades do "xamã". Esse é um membro especial de uma sociedade como "guardião de poderes sobre os Espíritos" cujo papel deve ser destacado em todas as descrições do xamanismo. </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUce7P4JXs4t_NS42-qVSkNfgTeYB8oc4eqrLdXtVRgZ8S-TpGChMMmniaigdw6n4OJtLB375mrOX5QcGLwnq7s5TvK80BvFDgr7dp441jQuF9vPgFdHiDp7tjKt7L0HYPmS2cNjbxdhXbpHSgFCfAnpov_30xTC6cTFfNPdhrpd3Aw36MH3ZeRmeFLldL/s387/fig02.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="387" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUce7P4JXs4t_NS42-qVSkNfgTeYB8oc4eqrLdXtVRgZ8S-TpGChMMmniaigdw6n4OJtLB375mrOX5QcGLwnq7s5TvK80BvFDgr7dp441jQuF9vPgFdHiDp7tjKt7L0HYPmS2cNjbxdhXbpHSgFCfAnpov_30xTC6cTFfNPdhrpd3Aw36MH3ZeRmeFLldL/s320/fig02.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ornamentos mexicanos. (Fonte: <a href="https://www.publicdomainpictures.net/pt/view-image.php?image=193744&picture=ornamentos-mexicanos ">www.publicdomainpictures.net</a>)</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">R. Walsh em 1989 [3] considera que o xamanismo não pode ser definido em termos de categorias à posteriori, mas que deve ser tomado como um fenômeno único. Essa necessidade vem da homogeneidade das descrições de atuação dos xamãs diante das enormes diferenças de crenças e religiões associadas ao xamanismo:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">É interessante notar que os elementos desta definição centram-se em práticas e experiências e não em crenças e dogmas. Isto é consistente com a afirmação de Michael Harner de que "o xamanismo é, em última análise, apenas um método, não uma religião com um conjunto fixo de dogmas. Portanto, as pessoas chegam a conclusões derivadas de sua própria experiência sobre o que está acontecendo no universo, e sobre que termo, se houver, é mais útil para descrever a realidade última".</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Em suma: é mais uma prova de que se trata de um fenômeno mediúnico e generalizado na população mundial sem relação com suas religiões. Porém, essas religiões podem promover ou sufocar o xamanismo.</p><p style="text-align: justify;">Em particular, a modernidade tende a eliminar essas práticas antigas por considerá-las frutos da superstição. Em seu lugar surgiu o "xamanismo moderno" que se insere por meio de vasta literatura de auto-ajuda recente que pretende despertar o "xamã interior" de cada indivíduo [4]. Esse novo xamanismo nada tem a ver com o original.</p><p style="text-align: justify;">Por outro lado, a mediunidade continua a exercer sua influência de outras formas na sociedade moderna. Porém, isso é uma assunto para outro post.</p><p><b>Referências</b></p><p>[1] Reinhard, J. (1976). <i>Shamanism and spirit possession: the definition problem</i>. Spirit possession in the Nepal Himalayas, 12-20. Link de acesso <a href="https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/12072560/Shamanism_-_The_Definition_Problem-libre.pdf?1390860943=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DShamanism_The_Definition_Problem.pdf&Expires=1704230808&Signature=ZcsCFyBxiZZ1p8k1Q87ah~9MhsBIm-QHwswIyGVzYZNpvXyomZjbyJhEmZ9S6HV3R~0~6Kqsn~VuKnyTDEhECuyWlJPzBsW46TGQH70Hd3GSyjdRwhh7L2ZvlwSNhNhZM46-PpbrmU9zJPAlP8lIngdDpV~Zk2wtUDcey7I7slPBQHdxr-wqZAmL62NtE86yo6EV6p1FYzXm6GOqLb65EwPceKZiKVrAoEkU68YhSeltGjDjk2Gb-GhmqMObPplz-Vm6MgLxzgCV7J4ERS2uGF-dF~ENvrQq18kv-~4GhVGfLEvzRVWlqHsgqtP03EpxWCenQJ5YG4~rvwbB2BMr3Q__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA" target="_blank">aqui</a>.</p><p>[2] Pollock, D. (2019). <i>Shamanism</i>. Oxford Bibliographies. DOI: 10.1093/OBO/9780199766567-0132</p><p>[3] Walsh, R. (1989). <i>What is a shaman? Definition, origin and distributio</i>n. Journal of Transpersonal Psychology, 21(1), 1-11.</p><p>[4] Basta considerar apenas um exemplo (entre milhares nos últimos anos): Lobos, M. (2021). <i>Awakening Your Inner Shaman: A Woman's Journey of Self-Discovery through the Medicine Wheel.</i> Ed. Hay House Inc. </p><p><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-20758145119041381912023-12-18T15:18:00.002-03:002023-12-29T09:57:59.698-03:00Quantos Espíritos já reencarnaram na Terra?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizyScxw6WTcuchroPu3HesID1iOQMqN1-37_sdNwfsLod-vEWb02AaUeg2PoqM4UtNIuU1HDBYVAY3Mu8JTFwXQ6LebNCRKiwDk1za8aIhrvWisQFyEJ9KqfJE3jfGT20Fw3h4B-kuW3Puuiwci_zYi_lSFJ88P1aDbf13ywMoaqET5kvyokOpTPTqHGSz/s481/fig01_demo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="481" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizyScxw6WTcuchroPu3HesID1iOQMqN1-37_sdNwfsLod-vEWb02AaUeg2PoqM4UtNIuU1HDBYVAY3Mu8JTFwXQ6LebNCRKiwDk1za8aIhrvWisQFyEJ9KqfJE3jfGT20Fw3h4B-kuW3Puuiwci_zYi_lSFJ88P1aDbf13ywMoaqET5kvyokOpTPTqHGSz/w400-h217/fig01_demo.jpg" width="400" /></a></div><br /></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: inherit; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><i>Será lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos círculos de trabalho, em torno da Terra, para mais de vinte bilhões, observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da razão e sendo esse número passível de alterações constantes pelas correntes migratórias de espíritos em trânsito nas regiões do planeta.</i></div></span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">A. Luiz (Anuário Espírita, ed. 1964, nº 1)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div></span></div><div style="text-align: justify;">Uma das dúvidas recorrentes que podem surgir no estudo da reencarnação é de sua relação com a demografia. Conforme a resposta à Questão 166 de "O Livro dos Espíritos", por exemplo, há a declaração de que "<i>todos nós temos muitas existências</i>" e mais, que "<i>os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram</i>".</div><p style="text-align: justify;">O problema que surge é de como acomodar a ideia de "muitas vidas" em uma população mundial que apenas muito recentemente atingiu cifras acima de um bilhão de indivíduos. Na maior parte da história da Humanidade, a população do planeta não excedeu ao montante de indivíduos das nações mais populosas do Ocidente da ordem de vários milhões. Se todos os Espíritos sempre estiveram nas cercanias do orbe terreno, o mais provável é que eles experimentaram apenas uma encarnação no planeta Terra em toda a história da humanidade. E essa vida ocorre justamente no momento presente quando a Terra atingiu a maior população desde então.</p><p style="text-align: justify;">Uma solução possível é considerar que a declaração dos Espíritos é de caráter geral: não são encarnações vividas todas elas <i>exclusivamente</i> na Terra. Nosso planeta receberia um fluxo contínuo de novos Espíritos provindos de mundos dispersos no espaço. Sabemos que existem muitos bilhões desses mundos só em nossa galáxia, que é uma entre bilhões de galáxias... Logo isso está de acordo com a Questão 172, cuja resposta explica que as várias vidas podem ser vividas "<i>em diferentes mundos</i>". </p><p style="text-align: justify;">A continuação do estudo na Questão 173 retorna ao ponto anterior. Os Espíritos afirmam que se "<i>pode viver muitas vezes no mesmo globo, se não se adiantou bastante para passar a um mundo superior</i>". E, a resposta da questão 173(a) confirma que se pode "<i>reaparecer muitas vezes na Terra</i>". De qualquer forma, o assunto abre possibilidades de vários estudos em torno de demografia e reencarnação. Tivemos a oportunidade de contribuir nessa direção em um estudo anterior [1].</p><p style="text-align: justify;"><b>Quantas pessoas já viveram na Terra?</b></p><p style="text-align: justify;">O problema parece ser uma sutileza, mas não é tão simples resolver. Em um interessante artigo recente, T. Kaneda e C. Haub [2] se propõem a calcular o número total de habitantes que já viveram na superfície da Terra. Esse número é importante pois, se ele for da ordem da população presente, estaríamos de fato em um momento singular de nossa história. </p><p style="text-align: justify;">Acontece que o exercício é um jogo de hipóteses e suposições sobre a curva de crescimento da população antiga, bem como suas condição de vida <i>mas não</i> <i>de sua taxa de mortalidade</i>. Segundo Kaneda & Haub: </p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Qualquer estimativa do número total de pessoas que já viveram depende essencialmente de três fatores: o período de tempo que se pensa que os humanos estiveram na Terra, o tamanho médio da população em diferentes períodos e o número de nascimentos por 1.000 habitantes durante cada um desses períodos. A estimativa, no entanto, <i style="text-decoration-line: underline;">não depende do número de mortes</i> em qualquer período de tempo. </span><i>(grifo nosso)</i></blockquote></div><p></p><p style="text-align: justify;">Obviamente, o cálculo também depende da "semente de população inicial", bem como a data inicial assumida para o início da integração. De acordo com Kaneda & Haub:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Determinar quando a humanidade realmente surgiu não é simples. Acredita-se que os hominídeos mais antigos tenham surgido já em 7 milhões de anos a.C. As primeiras espécies do gênero Homo apareceram por volta de 2 milhões a 1,5 milhão a.C. As evidências atuais apoiam o aparecimento do Homo sapiens moderno por volta de 190.000 a.C. O Homo sapiens moderno originou-se na África, embora a localização exata seja debatida há muito tempo. Pensa-se que diversos grupos viveram em diferentes locais de África durante os primeiros dois terços da história humana.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">De forma sumária, a população mundial até os últimos séculos sempre cresceu, acredita-se, a uma taxa baixíssima. Em 1. d. C ela atingiu a cifra de 300 milhões de indivíduos (pouco mais do que a população presente do Indonésia). Por volta de 1800 (d. C.) ela atinge 1 bilhão de pessoas e chega em nossa época com 8 bilhões. </p><p style="text-align: justify;">O cálculo da "população dos que já viveram" integra a taxa de natalidade observada ao longo do tempo. O número resultante é admirável, já que a população de crianças era grande, pois supõe-se que a taxa de natalidade na pré-história e antiguidade era elevada. Essa taxa era da ordem de 80 por mil habitantes (!) contra 17 por mil habitantes hoje em dia (ver <a href="https://www.macrotrends.net/countries/WLD/world/birth-rate">https://www.macrotrends.net/countries/WLD/world/birth-rate</a>). </p><p style="text-align: justify;">A <i>taxa efetiva</i> de crescimento - de onde se tira a população total "na data" - era baixa, pois a mortalidade era igualmente elevada. Morria-se muito frequentemente até o início da idade fértil, mas nascia-se a uma taxa um pouco maior, logo a população dos que atingiram essa idade fértil e conseguiam criar seus filhos era pequena. </p><p style="text-align: justify;">Dito isso, para resumir, a Fig. 1 ilustra o resultado gráfico do estudo de Kaneda.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcaOM7tK1ZJPlzoIrwnnQdnERnmq4yR6HnJpY1glSTnTaxe-Lp2peVWG9Y1eC1ToYYQBbYsUao5VzihnuhV1-_M9LlhJo78s0o1jXTNkHOfjKUY0CogPpfY8vrvU1XVTcLIPZNIPoEEZD07K3-o6sIaUomPlAUqDtsdZc-O3hoBKi539HMkMbhSGdbsmJn/s600/fig02_demo.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="447" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcaOM7tK1ZJPlzoIrwnnQdnERnmq4yR6HnJpY1glSTnTaxe-Lp2peVWG9Y1eC1ToYYQBbYsUao5VzihnuhV1-_M9LlhJo78s0o1jXTNkHOfjKUY0CogPpfY8vrvU1XVTcLIPZNIPoEEZD07K3-o6sIaUomPlAUqDtsdZc-O3hoBKi539HMkMbhSGdbsmJn/s16000/fig02_demo.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 1 Crescimento populacional integrado no tempo até 2050 d. C. em duas versões segundo [2]: a curva azul é a população "encarnada por certo período" ("presente") na Terra (próxima a 8 bilhões de indivíduos em 2023), enquanto a de cor laranja integra os que já viveram desde então (os que nasceram).</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Segundo [2] entre 190 mil a. C. e 50 mil a. C. a população dos que já tinham vivido na Terra equivalia à população presente da Terra, cerca de 7,8 bilhões de indivíduos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 1. a. C., essa população total "já vivida" atingiria o valor de 55 bilhões. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 2022, a população integral dos que já viveram chegou a 117 bilhões de pessoas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 2050, Kaneda estima que chegaremos a 120 bilhões de pessoas que já viveram.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Conclusão</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que isso significa? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Se calcularmos a razão 177 bilhões para 7,9 bilhões em 2022 (ver Tabela 1 do trabalho [2]) estimamos de forma <i>muito grosseira</i> o número possível de existências que qualquer pessoa presentemente encarnada na Terra já poderia ter vivido: esse número é da ordem de 14,8 ou aproximadamente 15. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Insistimos na simplicidade desse cálculo cuja conclusão se baseia no estudo demográfico de Kaneda & Haub. Esse é o número médio g<i>rosseiramente falando</i> que qualquer pessoa encarnada presentemente poderia ter vivido na Terra considerando que todos os desencarnados presentes nunca aqui viveram (o que claramente não é razoável). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Evidentemente, também não se pode tratar como lineares as distribuições de datas de reencarnações e, portanto, "tempos de erraticidade", sendo esperado que essa frequência seja maior quanto mais no presente elas ocorreram (mas isso são detalhes para um outro texto ou, quiçá trabalho mais detalhado).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Obviamente, as condições de existência no passado não permitiam uma existência longeva. Meninas não atingiam a idade fértil e, muito menos, tinham condição de criar seus filhos até que esses atingissem essa mesma idade. O que interessa, porém, para o Espírito imortal é ter a chance, mesmo que breve, de uma existência como encarnado na Terra. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Portanto, não parecem razoáveis algumas conclusões recentes de confrades espíritas, de que a maior parte da população presente vive sua primeira existência na Terra. Isso é concluído, p. ex., em [3], onde o autor declara:</div><div style="text-align: justify;"><p></p><blockquote><span style="color: #783f04;">Este cenário portanto fortalece a tese de que vivemos num momento singular da história humana em que muitos Espíritos que não tiveram (ainda) oportunidades num largo período de tempo voltaram a reencarnar recentemente. </span></blockquote><p></p></div><div style="text-align: justify;">Em um vídeo divertido no canal "Paranormal Cortes" [4], Laércio Fonseca afirma "categoriacamete" que "7 bilhões de Espíritos que estão nesse planeta estão na sua primeira encarnação". Ainda segundo Fonseca, eles foram trazidos para cá por "tecnologia alienígena avançadíssima" de outros mundos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Isso é possível, porém, há que se estudar com maior cuidado a evolução populacional para se ter uma imagem mais precisa das implicações para a dinâmica da reencarnação gerada pela demografia. </div><p><b>Referências</b></p><p style="text-align: justify;">[1] A. Xavier (2012). <i>Uma Abordagem Estatística para Calcular o Tempo Médio entre Encarnações Sucessivas,</i> O Espiritismo nas Ciências Contemporâneas, J. R. Sampaio e M. A. Milani Filho (editores), CCDPE-ECM.</p><p>[2] T. Kaneda e C. Haub (2022). How Many People Have Ever Lived on Earth? Link: <a href="https://www.prb.org/articles/how-many-people-have-ever-lived-on-earth/">https://www.prb.org/articles/how-many-people-have-ever-lived-on-earth/</a> (acesso em dezembro de 2023)</p><p style="text-align: justify;">[3] A. C. Gonçalves (2019). <i>Aspecto Demográficos da Reencarnação dos Espíritos</i>. Jornal de Estudos Espíritas 7, 010206.</p><p style="text-align: justify;">[4] Canal Paranormal Cortes. (2023) <i>Você sabe mesmo sobre Reencarnação?</i> . <a href="https://www.youtube.com/watch?v=bVc7KHYd51k">https://www.youtube.com/watch?v=bVc7KHYd51k</a> (acesso dezembro de 2023)</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-9864623831147801972023-05-07T19:03:00.004-03:002023-05-07T20:17:23.668-03:00Diferença entre mediunidade e obsessão<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE7MCPEN871lXtVohSJ9F9zWsVlp8oYqQnTVWJVzJ2g9LgtfrC-IJ68mguFwABiUxQmgW3xPjt9beAZrKmuFNnWfaHw8ONZ0Y2keM_65nq_gz4_-WnnzV-iYBmi5z7Que3CwBEOk7Sv-N7iRBQM8WdkDJ2qnvGOOQj4pthbj-cOQovpPEMAaJ3fbBrqg/s400/fig01martir.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE7MCPEN871lXtVohSJ9F9zWsVlp8oYqQnTVWJVzJ2g9LgtfrC-IJ68mguFwABiUxQmgW3xPjt9beAZrKmuFNnWfaHw8ONZ0Y2keM_65nq_gz4_-WnnzV-iYBmi5z7Que3CwBEOk7Sv-N7iRBQM8WdkDJ2qnvGOOQj4pthbj-cOQovpPEMAaJ3fbBrqg/s16000/fig01martir.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>A visão no poço dos mártire</i>s por G. Henry Boughton (1833-1905)</td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;">Uma questão que pode surgir nos estudos de Espiritismo é sobre a semelhança entre mediunidade e obsessão. Afinal, não são ambas resultado da ação dos Espíritos ? Os conceitos não seriam baseados em um mesmo mecanismo mais fundamental? Não é a mediunidade um estado patológico da mente sobre o qual a obsessão também se explica? Tais questões merecem meditação mais profunda como objetivo de se formular respostas.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Especialistas no assunto reconhecem as dificuldades nesses conceitos. Em seu livro <i>Mediunidade: um ensaio clínico </i>[1], o Dr. Nubor Facure pondera (p. 13):</p><blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Doença é uma perturbação no bem-estar físico, psíquico, social e espiritual do indivíduo. Sendo assim, pode-se, como máximo de cuidado ético e respeito ao médium, considerar que certas manifestações clínicas da mediunidade podem ser consideradas como "doença", especialmente naqueles momentos em que sua presença perturba o indivíduo na sua homeostase física e psíquica.</span></p></blockquote><p style="text-align: justify;">É um ponto de vista que reflete a visão médica: doença é tudo aquilo que pode "perturbar o indivíduo em sua homeostase física e psíquica". </p><p style="text-align: justify;">Entretanto, pode-se argumentar que essa definição leva a se considerar como doença qualquer coisa que perturbe um índivíduo como causa. Assim, alguém abalado em sua saúde com excesso de trabalho, por exemplo, poderia acreditar que trabalho é doença. Portanto, as dificuldades em se lidar com a mediunidade nas suas fases iniciais podem perturbar o indivíduo, sem que isso implique em considerá-la como doença em si.</p><p style="text-align: justify;"><b>Segundo Kardec</b></p><p style="text-align: justify;">A palavra "médium" tem uma acepção clara segundo Kardec [2] (Vocabulário Espírita):</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">MÉDIUM. (do latim, medium, meio, intermediário). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">E a <i>mediunidade</i> é a faculdade dos médiuns. Quanto à obsessão, ela está definida, p. ex., em várias partes das obras de Kardec. Por exemplo em [1], Parágrafo 237 (Capítulo 23, "Da Obsessão")</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><span style="color: #073763;">...a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. </span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Também encontramos definições semelhantes com, p. ex., no Parágrafo 70 (Capítulo 2, "Escolhos da mediunidade"):</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">Um dos maiores escolhos da mediunidade é a obsessão, isto é, o domínio que certos Espíritos podem exercer sobre os médiuns, impondo-se-lhes sob nomes apócrifos e impedindo que se comuniquem com outros Espíritos.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Observamos que a interferência entre os dois fenômenos já transparecia a Kardec que estudou a obsessão como uma <i>perturbação ao fenômeno mediúnico</i>.</p><p style="text-align: justify;">É importante considerar que a mediunidade se caracteriza como um <i>processo de comunicação</i>. No fenômeno obsessivo (no contexto mediúnico), seu objetivo não é simplesmente comunicar algo, mas agir sobre o médium de maneira a prejudicar a ele e a todos os que dele se servem. Na obsessão, o canal (não só o médium, mas também a linguagem) se transforma em um instrumento para realização de atos em prejuízo ao círculo mediúnico.</p><p style="text-align: justify;"><b>Obsessão fora da mediunidade na acepção restrita.</b></p><p style="text-align: justify;">Entretanto, a obsessão também age sobre pessoas que não podemos considerar, em tese, "médiuns". Desde a mais sutil fascinação, até os últimos graus de possessão (conforme as definições que podemos encontrar em [1]), o sujeito obsediado não está na posse completa de suas faculdades cognitivas. Poderíamos caracterizar esse estado de coisas como um fenômeno mediúnico?</p><p style="text-align: justify;">Em parte a confusão se deve a distinção entre possíveis significados dados à palavra mediunidade conforme podemos ler em [3] (grifos nossos):</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Quando analisamos um texto ou um discurso onde o termo médium aparece, é importante reconhecer em <i>qual desses sentidos está sendo empregado</i>, a fim de se evitarem mal-entendidos e discussões sem fundamento. Assim, por exemplo, a afirmação feita no parágrafo 159 de O Livro dos Médiuns de que “todos [os homens] são quase médiuns” deverá ser entendida apenas na acepção ampla do termo, pois sabemos, pela questão 459 de O Livro dos Espíritos, que todos somos passíveis de receber a influência dos Espíritos, ainda que sob a forma sutil de intuição. <i>Incorreremos em grave equívoco se concluirmos daí que todos somos mais ou menos médiuns no sentido restrito</i> e usual da palavra, ou seja, se julgarmos que todos podemos produzir manifestações ostensivas, tais como a psicofonia, a psicografia, os efeitos físicos etc.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Dessa forma, a existência de possível generalização semântica do termo mediunidade (a acepção ampla) pode levar a conclusões precipitadas se misturada à concepção mais restrita dada acima por Kardec.</p><p style="text-align: justify;">Entretanto, essa distinção no nível da linguagem não resolve o problema que nos preocupa aqui. Ele se liga à provável origem comum que ambos os efeitos (mediunidade e obsessão) podem ter. É por essa razão que o Dr. Nubor Facure pondera [1] (p. 14, grifos nossos):</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">As doenças mentais são fragilidades a alma e, por isso, facilitadoras da atuação compartilhada de Espíritos, e escancaram as portas para a obsessão. Esses Espíritos são irmãos nossos comprometidos com a ignorância, quase sempre perturbadores, querelentes e exigents de direitos que cobram do paciente perturbado mentalmente. Esse quadro, extremamente comum, constitui uma associação clínica simbiótica de muita gravidade. <i>Acredito que na esquizofrenia, na bipolaridade e nas paranoias diversas, ocorre uma frequente troca ambivalente entre o orgânico e o espiritual</i>. A associação entre a doença mental e uma perturbação espiritual é, a meu ver, a regra na psicopatologia humana.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">No fenômeno obsessivo puro ocorre assim uma simbiose entre os dois mundos que correm paralelos. Nesse fenômeno, não é objetivo principal a comunicação, mas uma influência nociva sobre o Espírito do doente. Uma explicação mais completa sobre os paralelos entre obsessão e mediunidade passa necessariamente por uma <i>teoria neurológica da mediunidade</i>. Algumas sugestões interessantes são dadas por N. Facure na obra que aqui citamos.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEu43oHNiQqFzoGMjuwG2eSeA93ZWWB926uW_V6U1yBdbIFFtExIhyWWjRZDT0sQ8K_zG05RmE2IlkDm55_9kAqaoF-4DuVJzEu_6a1CT12VxaHg2wl-qkULgvahdewpytz4BrBov6WiCaOjO2RXzUpr0B38CSSyWV9xxxUope9JTG5Yz3hShZWGsFHQ/s500/cerebrowiki.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEu43oHNiQqFzoGMjuwG2eSeA93ZWWB926uW_V6U1yBdbIFFtExIhyWWjRZDT0sQ8K_zG05RmE2IlkDm55_9kAqaoF-4DuVJzEu_6a1CT12VxaHg2wl-qkULgvahdewpytz4BrBov6WiCaOjO2RXzUpr0B38CSSyWV9xxxUope9JTG5Yz3hShZWGsFHQ/s16000/cerebrowiki.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 1 Algumas áreas do cérebro. Segundo o Dr. N. Facure, há uma relação íntima entre o tipo de mediunidade e a área do cérebro do médium provavelmente responsável por sua intermediação. Imagem: Wikipedia.</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">De forma muito sucinta, na proposta de Facure, existe uma grande dependência do fenômeno mediúnico - principalmente se de <i>efeito intelectual </i>- com o cérebro. Essa dependência é tão grande a ponto de ser talvez possível mapear tipos de mediundidade conforme áreas no cérebro especializadas pela manfestação da consciência. Por exemplo, no chamado "lóbulo frontal" (Fig. 1), vias neurais por onde trafegam as informações destinadas às funções superiores da cognição, a incidência da mediunidade é responsável por fenômenos comunicativos mais elevados (psicografia, psicofonia etc) [4]:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Pelo exposto, podemos compreender que fenômenos como a psicografia, a vidência, a audiência e a fala mediúnica, devem implicar uma participação do córtex do médium já que aqui se situam áreas para a escrita, a visão, a audição e a fala.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Em outras regiões do cérebro - onde estão os circuitos ligados às manifestações mais primitivas e ligadas às sensações - eventual incidência da faculdade pode levar a outros tipos de fenômenos. Por exemplo, o médium sentir as mesmas sensações do Espírito que dele se aproxima. É o que descreve N. Facure com relação ao Tálamo, uma estrutura localizada no chamado "diencéfalo", uma estrutura localizada na base do cérebro [4]:</p><span style="color: #274e13;"><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;">É possível que muitas das sensações somáticas referidas pelos médiuns, que dizem perceber a aproximação de entidades espirituais, como se estes lhes estivessem tocando o corpo, seja efeito de estímulos talâmicos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nesse caso, pela ação do córtex do médium os estímulos espirituais podem ser facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como por efeito de estados emocionais não disciplinados pelo médium.</div></blockquote><div style="text-align: justify;"></div></span><p style="text-align: justify;">Podemos especular que, por não terem carácter comunicativo, tais vias não conscientes podem se manifestar como fenômenos obsessivos. </p><p style="text-align: justify;">Para que o leitor possa fazer uma ideia mais justa do impacto e relevância dessa teoria, consideremos, por exemplo, o que a ciência descreve com as áreas do cérebro responsáveis pela <i>sexualidade </i>[5]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">O comportamento sexual é regulado por estruturas subcorticais, como o hipotálamo, tronco cerebral e medula espinhal, e várias áreas cerebrais corticais que atuam como uma orquestra para ajustar com precisão esse comportamento primitivo, complexo e versátil. No nível central, os sistemas dopaminérgicos e serotoninérgicos parecem desempenhar um papel significativo em vários fatores da resposta sexual, embora os sistemas adrenérgicos, colinérgicos e outros transmissores de neuropeptídeos também possam contribuir.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Agora, imaginemos que tais circuitos sejam em parte afetados pela mediunidade em certo grau, a ponto de se tornar um <i>fenômeno obsessivo</i>. Se esse é o caso, quantas pessoas no mundo, portadoras de distúrbios sexuais ainda pouco compreendidos (citamos, por exemplo, a <i>Pedofilia </i>mas poderíamos falar em inúmeras <i>parafilias</i>) não poderiam estar de fato sob influência obsessiva ? Quantas, <i>consideradas incuráveis</i>, não poderiam se beneficiar de um tratamento que considerasse os aspectos espirituais envolvidos? </p><p style="text-align: justify;">O assunto assim é de imensa importância para a Humanidade. </p><p style="text-align: justify;"><b>Referências</b></p><p style="text-align: justify;">[1] N. Facure (2014). <i>Mediunidade, um ensaio clínico</i>. Ed. Allan Kardec. Campinas, SP.</p><p style="text-align: justify;">[2] A. Kardec (1944).<i>O Livro dos Médiuns</i>. 58a Edição. Ed. FEB. Tradução Guillon Ribeiro.</p><p style="text-align: left;">[3] S.S. Chibeni e C. S. Chibeni. <i>Estudo sobre mediunidade</i>. Reformador de agosto de 1997, pp. 240-43 e 253-55. Federação Espírita Brasileira. Uma versão acessível deste trabalho pode ser lido em: </p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><a href="https://espirito.org.br/artigos/estudo-sobre-a-mediunidade-2/https://espirito.org.br/artigos/estudo-sobre-a-mediunidade-2/">https://espirito.org.br/artigos/estudo-sobre-a-mediunidade-2/https://espirito.org.br/artigos/estudo-sobre-a-mediunidade-2/</a> </li></ul><p></p><p style="text-align: left;">[4] N. Facure. <i>Neurofisiologia da mediunidade</i>. Link:</p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><a href="https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/F_autores/FACURE_Nubor_tit_Neurofisiologia_mediun.htm">https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/F_autores/FACURE_Nubor_tit_Neurofisiologia_mediun.htm</a></li></ul><p></p><p style="text-align: justify;">[5] S. Calabrò et al (2019). <i>Neuroanatomy and function of human sexual behavior: A neglected or unknown issue?</i>. Brain and Behavior, v. 9, n. 12, p. e01389. Link: <a href="https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/brb3.1389">https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/brb3.1389</a> </p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-55960518288854622852023-04-09T15:17:00.004-03:002023-04-09T15:36:12.225-03:00Considerações espíritas sobre a sexualidade<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAKPWObgDNVxVi3W5Ibjm3I6Fnje7SmRVolf0NnX0sGMcL1o4KQGskZA4UuhK7UPO-pJfZ5bvqY7HFcxcEM70r3EanucZEeWMqn3Z3cSw1V0Hgyfbz0Wc-T2Cwk6LyiplA8P4kJtmpj2A7hy0yj2VjF-5kdgvUCqxWbJgdwTNkCE2cRZLEq4t-jXakZA/s490/fig01.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="490" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAKPWObgDNVxVi3W5Ibjm3I6Fnje7SmRVolf0NnX0sGMcL1o4KQGskZA4UuhK7UPO-pJfZ5bvqY7HFcxcEM70r3EanucZEeWMqn3Z3cSw1V0Hgyfbz0Wc-T2Cwk6LyiplA8P4kJtmpj2A7hy0yj2VjF-5kdgvUCqxWbJgdwTNkCE2cRZLEq4t-jXakZA/w400-h294/fig01.jpeg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estudo de Dante segurando a mão de Amor. Dante Gabriel Rossetti (1828–1882) </td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-large;">A</span></i> sexualidade humana é um importante manifestação do ser. Enquanto participa da matéria, o Espírito está subordinado às disposições do sexo como, por exemplo, às diferenças entre as formas masculina e feminina. Não restam dúvidas de que o corpo exerce uma influência decisiva sobre as ações da alma nessas questões, porém, não as determina univocamente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quantos dramas e dores são resultado das consequências adversas da sexualidade! Porém, quantos desses dramas se originaram também da cultura equivocada de uma época que é cultivada como regra de normalidade?</div><p></p><p style="text-align: justify;">O assunto é complexo pois relaciona de maneira intricada questões de natureza física, cultural (ou social) e espiritual ainda pouco explorados no movimento espírita. Sobram discussões acaloradas sobre a origem de certos comportamentos sexuais, com desdobramentos e orientações relevantes de interesse público. </p><p style="text-align: justify;">Em uma série de posts a partir deste, apresentaremos algumas reflexões, sem a pretensão a qualquer status de verdade absoluta. </p><p style="text-align: justify;"><b>Sexo nos Espíritos</b></p><p style="text-align: justify;">Não é possível utilizar exclusivamente as obras de Kardec para se analisar de forma ampla, do ponto de vista espírita, as questões de sexualidade. Isso porque, no Século XIX, tais assuntos não foram tratados e nem poderiam ser tratados com a mesma liberdade que o Século XXI envolveu as questões ligadas ao sexo. Além disso, importantes conceitos biológicos ainda não eram conhecidos na época da Codificação. Considerando questões de fundamento, porém, é suficiente iniciar nossa discussão, p. ex., com a Questão 200 de <i>O Livro dos Espíritos</i> (LE) [1]:</p><p></p><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">200. Têm sexos os Espíritos?</span></div><span style="color: #073763;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem do organismo. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na semelhança dos sentimentos.”</div></span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Por óbvio, tendo em vista a "Escala Espírita" (LE, Cap. I, Parágrafo 100), não é uma regra geral que, para todos os Espíritos, "amor e simpatia" existam de forma generalizada. Há que se levar em conta o <i>progresso</i> feito pela alma. Portanto, a resposta dada é uma consideração de caráter geral sujeita a detalhamentos futuros, sem entretanto apresentar uma negativa absoluta (1) considerando o início da resposta: "Não como o entendeis" (<i>Non point comme vous l'entendez...</i>). </p><p style="text-align: justify;">A grande novidade trazida pelos Espíritos na Codificação foi a informação de que "são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres" (LE Questão 201, <i>ce sont les mêmes Esprits qui animent les hommes et les femmes </i>[1]). Ou seja, uma vez que o princípio inteligente é independente da matéria, não é um dos seus atributos a diferenciação sexual. Essa diferença nasceu na matéria com veremos. Tal princípio tem importantes consequências. Em uma versão mais justa da sociedade, homens e mulheres gozariam de idênticos direitos. Portanto, não foi por aderência a causas de igualdade de gênero, incipientes no Século XIX, que o movimento espírita nascente advogou essa igualdade, mas porque ela é um corolário da natureza assexual do espírito. </p><p style="text-align: justify;">Com relação à igualdade, algumas pessoas podem se inconformar com a resposta à Questão 822(a) do LE "dos direitos, sim; das funções, não" (<i>des droits, oui; des fonctions, non</i>). Entretanto, é preciso se lembrar que, por volta de 1850, a economia no mundo não se baseava em formas de produção amplamente mecanizada (não existia sequer energia elétrica!) e os trabalhos "mais rudes" (LE, Questão 819) se destinavam naturalmente aos mais fortes fisicamente. Hoje, com máquinas e computadores a desempenharem funções mais pesadas e complexas, não há mais o que se falar sobre diferenças de funções entre homens e mulheres. O fundamento disso está na igual "inteligência e capacidade de progredir" (LE, Questão 817) que ambos possuem em igual teor. </p><p style="text-align: justify;"><b>Sexualidade nos Espíritos</b></p><p style="text-align: justify;">É um fato derivado de milhares de descrições de aparições de Espíritos (por intermédio de médiuns especiais) que eles em sua maioria se manifestam seja como homens ou como mulheres. A aparência externa dos Espíritos é uma expressão de sua vontade, o que se aplica, inclusive, ao tipo de indumentária com que se apresentam. </p><p style="text-align: justify;">Assim, do fato de não se atribuir aos Espíritos o mesmo valor biológico para o sexo, isso não significa que eles não tenham <i>sexualidade</i>. Por esse termo podemos entender um conjunto de pensamentos, sentimentos, atrações, repulsões, aparências e maneirismos relacionados ao sexo que são manifestações do Espírito estando ele ou não sob influência da matéria. </p><p style="text-align: justify;">Entretanto, enquanto encarnado, ele sofre forte influência da matéria, que faz com que sua sexualidade oscile no tempo. Separado do corpo (como desencarnados) consideramos que os Espiritos têm uma "<i>sexualidade residual</i>" que se torna um traço mais ou menos marcante de sua personalidade integral conforme seu grau de adiantamento.</p><p style="text-align: justify;">Essa influência forte da matéria sobre o espírito em matéria de sexo existe porque ele foi "inventado" ao longo do processo de evolução como um <i>mecanismo eficiente</i> de perpetuação das espécies. Tal informação precisa ser desenvolvida e incorporada a uma descrição espírita mais moderna do assunto. Embora sem referência ao instinto sexual, essa influência da matéria é prevista no LE. Para ver isso, consideremos a resposta da Questão 605(a) [1] (grifos nossos): </p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">De modo que, além de suas próprias imperfeições de que cumpre ao Espírito despojar-se, tem ainda o homem que lutar contra a influência da matéria?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">Sim; <i>quanto mais inferior é o Espírito, tanto mais apertados são os laços que o ligam à matéria</i>. Não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre única em cada ser. São distintas uma da outra a alma do animal e a do homem, a tal ponto que a de um não pode animar o corpo criado para o outro. Mas, conquanto não tenha alma animal, que, por suas paixões, o nivele aos animais, o homem tem o corpo que, às vezes, o rebaixa até ao nível deles, visto que o corpo é um ser dotado de vitalidade e de instintos, porém ininteligentes estes e restritos ao cuidado que a<i> sua conservação</i> requer.</span></p></blockquote><p>A biologia moderna acrescentou uma grande quantidade de detalhes sobre essa influência que não mais podemos desprezar. </p><p style="text-align: justify;"></p><p style="text-align: justify;"><b>Origem do sexo </b></p><p style="text-align: justify;">É preciso se lembrar que, por meio da revelação científica da evolução natural e da genética (que não eram conhecidas na época em que o LE foi publicado), sabemos hoje que os organismos precisam aumentar sua variabilidade genética para sobreviverem (2). Esse material genético é representado pela molécula de DNA (ácido desoxiribonucleico) que traz em si informação sobre como "montar" um organismo vivo por meio de processos complexos de síntese de proteínas e outras substâncias. </p><p style="text-align: justify;">A inserção de material genético em outra célula ocorre de diversas formas e tem como objetivo aumentar essa <i>biodiversidade</i>. Dessa forma, organismos de uma determinada espécie conseguem sobreviver frente a mudanças do ambiente (basta ver como operam os vírus). Uma das maneiras de fazer isso é por meio do sexo que nada mais é do que a inserção de material genético de uma célula em outra de uma mesma espécie [2] observando determinadas regras que permitem o desenvolvimento de uma progênie (descendência) viável, ou seja, que seja capaz de se reproduzir. </p><p style="text-align: justify;">Enquanto permaneciam no seio tépido e mais ou menos estável de muitos ambientes primitivos, células procariontes (que não têm núcleo distinto) se reproduziam de forma assexuada, por meio da divisão celular. Crê-se que, por causa de mudanças no ambiente, tais células primitivas "descobriram por acaso" o sexo há vários bilhões de anos. Essa descoberta é um dos mistérios na biologia e um dos vários "elos perdidos" na árvore de evolução dos seres primitivos. </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Nn9IQe7J04f2hTkoywR7RsIt-RJiqvXAbVEwy2vnBppUav6sr4rifL6ZCaDvvy8CQwaj-EkVmm3wPUlwRxr-fA1bi3C_tYOtIUm2synVURtsWsMgz-5_vxbs9pzYSSvVsXJwaHrkiH6u1DFskD0hi20dbq_BowH6-EaUZEJNqI3DDGax2Frhxj43KQ/s500/fig02sex.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="318" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Nn9IQe7J04f2hTkoywR7RsIt-RJiqvXAbVEwy2vnBppUav6sr4rifL6ZCaDvvy8CQwaj-EkVmm3wPUlwRxr-fA1bi3C_tYOtIUm2synVURtsWsMgz-5_vxbs9pzYSSvVsXJwaHrkiH6u1DFskD0hi20dbq_BowH6-EaUZEJNqI3DDGax2Frhxj43KQ/s16000/fig02sex.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 2 Árvore filogenética moderna contendo os três grandes troncos primitivos de seeres: as bactérias (<i>bacteria</i>), as arqueias (<i>archaea</i>) e os organismos eucariontes (<i>eukaryota</i>). 1 e 2 representam organismos hipotéticos relacionados à origem da vida (1) e do sexo (2). Segundo [2], os procariontes <i>modernos</i> também se envolvem em reprodução sexuada.</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">A Fig. 2 representa uma versão muito simplificada da "árvore filogenética" contendo os três grandes troncos de seres a partir de um elo inicial (denominado 1) que supostamente deu origem à vida na Terra. Cada "nuvem" representa um arranjo de milhares de grupos e subgrupos de espécies diferentes. Os organismos eucariontes (que contém um núcleo celular distinto, de "<span face="sans-serif" style="background-color: white; color: #202122; font-size: 14px; text-align: start;"><i>κάρυον</i></span>" para caroço ou núcleo) formaram a base unicelular para organismos mais complexos (multicelulares) que resultaram em plantas, animais e fungos (mas não apenas esses!). De alguma forma, um organismo primitivo unicelular procarionte desconhecido desenvolveu o sexo há bilhões de anos (assinalado por 2 na Fig. 2). Esse traço se perpetuou em todas as espécies desde então, por ser altamente eficiente e benéfico para as espécies. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A existência de 1 e 2 é admitida cientificamente por causa de características comuns entre inumeráveis espécies de seres muito diferentes entre si, o que indica serem eles descendentes de um "elo" primitivo comum. Por exemplo, segundo [2]:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">O ancestral comum de toda a vida moderna, tronco principal do diagrama, é uma entidade hipotética deduzida do fato de que todas as formas de vida moderna compartilham muitas características complexas - por exemplo, genomas baseados em DNA, código genético em tripleto, síntese de proteínas baseadas em ribosomos, caminhos metabólicos - e, portanto, devem ter evoluído de um ancestral que também possuía tais características complexas. </span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">O sexo é visto modernamente como um característica que se perpetuou em diversos organismos unicelulares (inclusive bactérias), mas que atingiu seu ápice com o desenvolvimento de células especializadas na reprodução (os chamados "gametas"). Organismos multicelulares podem ser considerados "colônias de células" que aproveitam as vantagens da união via cooperação-especialização. Parte do organismo multicelular (o chamado "soma") é especilizado em funções de captação de energia, metabolismo, proteção etc. Outra parte, o "germe" se especializou em reprodução. O soma se justifica até o momento em que o germe consegue se reproduizir e gerar descendentes. Do ponto de vista biológico, assim, o fato mais relevante para os seres é sua reprodução, posto que isso garante a continuidade da espécie a que pertencem.</div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b> André Luiz: a origem do sexo e dos espíritos?</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Algumas dessas informações que formam a imagem moderna da evolução do sexo foram sugeridas e ampliadas em alguns ditados mediúnicos mais recentes fora da conjunto de obras da Codificação. Embora o caráter resumido, elas representam claramente um salto em relação ao estabelecido em diversas obras de Kardec cujo contexto científico não comportava ainda a <i>evolução das espécies</i>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um desses ditados é <i>Evolução em dois mundos</i> de André Luiz [3], um livro publiado em 1958 (aproximadamente 100 anos depois do LE) e que foi psicografado em capítulos intercalados pelos médiuns F. C. Xavier e W. Vieira. Não obstante terem sido psicografados individualmente a mais de 400 km de distância, os textos produzidos por esses médiuns se combinam em uma "nova gênese" para o Espiritismo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A evolução do sexo é tratada, por exemplo, no Cap. VI. Com sua linguagem peculiar, o autor espiritual descreve desta forma o pararecimento do sexo (2, p. 48):</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;"></span><blockquote><span style="color: #073763;">Dobadas longas faixas de tempo, em que bactérias e células são experimentadas em reprodução agâmica, eis que determinado grupo apresenta no imo da própria constituição qualidades magnéticas positivas e negativas que lhes são desfechadas pelos Orientadores Espirituais encarregados do progresso devido ao Planeta. </span></blockquote><blockquote><span style="color: #073763;">Pressente-se a evolução animal em vésperas de nascer... </span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">A "reprodução agâmica" é a divisão celular simples, que é a base da reprodução de muitos organismos primitivos procariontes ("bactérias e células"). Com vimos, da origem da vida até a invenção do sexo passaram-se "longas faixas de tempo". Acredita-se que os primeiros organismos vivos surgiram entre 3-3,5 bilhões e anos, enquanto que os primeiros organismo que se reproduziram sexualmente surgiram 1,3 bilhões de anos antes dos primeiros animais mais evoluídos [4]. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A base da explicação de A. Luiz é que a evolução dos seres e o processo de especiação não ocorreu de forma aleatória e cega, mas foi guiado, manipulado e modificado - respeitando as leis físicas e o tempo - por Espíritos superiores em processos <i>inacessíveis</i> aos cientistas humanos. O que a ciência vê como mutações randômicas de origem desconhecida ou eventos cataclísmicos ambientais são, na verdade, modificações aparentemente aleatórias promovidas por tais Espíritos. Esses são descritos como "orientadores espirituais" responsáveis pela evolução na Terra. É o que o autor descreve em [3], Seção "Concentrações fluido-magnéticas" (2, p. 50):</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #073763;">Eras imensas transcorreram; e esse princípio inteligente, destinado a crescer para a glória da vida, em dois planos distintos de experiência, quando se mostra ativado em constituição mais complexa, recebe desses mesmos Arquitetos da Sabedoria Divina os dons da reprodução mais complexa...</span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">Segundo A. Luiz, o processo de evolução do lado material gerou organismos diferenciados e, do lado espiritual, levou ao desenvolvimento do princípio inteligente ou do espírito - note o "e" minúsculo. Portanto, esse princípio espiritual colhe, a partir de sua associação com a matéria, características que também podem ser transferidas entre gerações ou mesmo espécies em um processo de "simbiose" espírito-matéria. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma dessas características é a diferenciação "positiva" e "negativa" descrita no trecho acima que representa o aparecimento do binômo macho-fêmea ou dos gêneros sexuais. Do ponto de vista material, o sexo necessitou da diferenciação entre células do tipo "sêmen" e do tipo "óvulo", que são conhecidas como células reprodutivas especiais do macho e da fêmea, respectivamente. Expresso de outra forma, esse binômio representa a dicotomia "doador/receptor" de material genético. Essa diferenciação é consequência da especialização celular nos organismos multicelulares (os gametas), embora ela também exista de forma especial entre organismos unicelulares modernos [2].</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No texto de <i>Evolução em Dois Mundos</i>, André Luiz assim confirma:</div><div style="text-align: justify;"><ul><li>A imagem científica moderna da evolução a partir de elos primitivos comuns, </li><li>O aparecimento e ramificação das espécies a partir da seleção de características vantajosas, </li><li>O surgimento do sexo no início do desenvolvimento de seres unicelulares após "eras imensas", </li><li>A origem comum dos homens e dos seres vivos que são "irmãos de jornada evolutiva" (3).</li></ul></div><div style="text-align: justify;">Além disso, ele lança uma proposta audaciosa para detalhar a origem do elemento espiritual em íntima associação com as formas vivas, desde as mais primitivas (4). A influência superior guiando a evolução é descrita como "<b>experiências de seleção natural-espiritual</b>" que <i>não se passaram</i> exclusivamente na matéria. A nós é possível especular que parte dessas características comuns (e que levam a ciência a acreditar em um único "ancestral primitivo") também se confundem com características que foram aprendidas pelo próprio elemento espiritual. Obviamente, o sexo se encontra entre tais características que, nos espíritos mais desenvolvidos, se manifestam como a citada sexualidade residual sujeita à vontade de sua personalidade integral<i>.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;">Talvez algumas dessas sugestões poderão ser verificadas nos desenvolvimentos futuros das teorias de especiação e origem da vida. Certamente, o princípio inteligente está por trás do comportamento inteligente observado nas estratégias de sobrevivência de muitas espécies superiores. Por associar conceitos modernos da biologia com a evolução do princípio inteligente, a proposta de A. Luiz parece ser a única existente dentre as explicações espiritualistas que desenvolve alguns detalhes relevantes para entender questões ligadas à sexualidade e ao comportamento sexual.</div><p><i>Continua no próximo post.</i></p><p><b>Referências</b></p><p>Referências como disponíveis em <u>abril-maio de 2023</u>.</p><p>[1] Kardec (1860). A. O Livro dos Espíritos. 2a Edição segundo a versão original em Francês disponível aqui: <a href="https://www.cesakparis.fr/wp-content/uploads/2010/02/allankardec-esprits.pdf">https://www.cesakparis.fr/wp-content/uploads/2010/02/allankardec-esprits.pdf</a></p><p>[2] Goodenough, U. (2007). <i>The emergence of sex</i>. Zygon, 42(4), 857-872. Ver link: <a href="https://openscholarship.wustl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1098&context=bio_facpubs">https://openscholarship.wustl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1098&context=bio_facpubs</a> </p><p>[3] A. Luiz (1958). Evolução em dois mundos. 4a Edição. FEB (Federação Espírita Brasileira).</p><p>[4] Otto, S. (2008). <i>Sexual Reproduction and the Evolution of Sex</i>. Nature Education 1(1):182. Ver link: <a href="https://www.zoology.ubc.ca/~otto/Reprints/Otto2008.pdf">https://www.zoology.ubc.ca/~otto/Reprints/Otto2008.pdf</a></p><p><b>Comentários</b></p><p style="text-align: justify;">(1) A pergunta da Questão 200 do LE é um dos mais interessantes e relevantes questionamentos do LE. Com isso Kardec elimina qualquer possibilidade futura de que o "sexo dos Espíritos" se tornasse tão inútil como a do "sexo dos anjos" cuja expressão é sinônimo de debate irrelevante.</p><p style="text-align: justify;">(2) De acordo com os princípios da evolução natural, as espécies precisam gerar organismos com algum tipo de diferenciação para que possam se adaptar a mudanças e variações sempre presentes na Natureza. O princípio da "sobrevivência dos mais aptos" é um dos mais relevantes fundamentos da evolução das formas na matéria.</p><p style="text-align: justify;">(3) Essa informação é de grande relevâncias para distinguir a maneira como o Espiritismo considera as questões sexuais de outras doutrinas religiosas. Sendo a Humanidade um subproduto da evolução natural dos seres (a inteligência do homem tem origem no desenvolvimento da inteligência dos animais), não é o homem um "ser a parte" ou "especialmente criado por Deus" para o qual os animais são apenas "outras criaturas" para servir ao homem. É nos animais que vamos encontar muitas explicações para o comportamento humano ainda ligado ao instinto onde o sexo é um dos principais indutores.</p><p style="text-align: justify;">(4) Com comentário final ressaltamos que, segundo o LE, a origem dos Espíritos é considerada um mistério (ver resposta à Questão 81). Entretanto, na época de lançamento do LE, não havia uma ideia clara sobre o aparecimento dos seres vivos (ver Questão 44 com uma descrição sobre a origem dos seres vivos na Terra que nos lembra das teorias de <i>geração espontânea</i>), estando muitas respostas dadas dependentes do vitalismo característico da época de Kardec. Porém, índícios de elementos comuns entre os homens e os animais pode ser lidos, por exemplo, na resposta à Questão 606 e em outras partes do LE. O assunto é interessante para estudos mais amplos sobre ideias passadas pelos Espíritos a favor da evolução do elo de ligação da Humanidade com os seres vivos. Tais estudos entretanto desviam do assunto principal deste texto.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-21099920987247039212023-02-22T13:30:00.013-03:002023-02-22T13:42:32.105-03:00Experiências fora do corpo na Epilepsia<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWl3LwQnnKvnmjk0LwY84K0pL3KJjWKMJqoohZL71CL9hzhbgm0k-UCa0GQB0uizJOweThndouZkp7Ks4av5zhtVAGect-2GRndAvgTP3brbfW_dlxMxxA7zSpHfvfL1eRMWintvO9pRa4fhkQ-OjKfyec4bMzDxnsJoXTortYRJUahZKRcMOuwpEjyw/s458/figcapa02.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="458" data-original-width="339" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWl3LwQnnKvnmjk0LwY84K0pL3KJjWKMJqoohZL71CL9hzhbgm0k-UCa0GQB0uizJOweThndouZkp7Ks4av5zhtVAGect-2GRndAvgTP3brbfW_dlxMxxA7zSpHfvfL1eRMWintvO9pRa4fhkQ-OjKfyec4bMzDxnsJoXTortYRJUahZKRcMOuwpEjyw/w296-h400/figcapa02.png" width="296" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">A epilepsia é uma doença que afeta o sistema nervoso e que se caracteriza pela existência de crises recorrentes [1]. Durante essas convulsões epiléticas pode haver perda da consciência concomitante a episódios de movimentos descontrolado do corpo. Em geral, as crises têm curta duração mas, se excederem 5 minutos, necessitam de cuidado médico especial. Crises epiléticas podem resultar em acidentes severos, basta imaginar sua ocorrência no trânsito, por exemplo. Não obstante a existência de muitas drogas avançadas, 30% dos pacientes não tem controle sobre as crises.</div><p></p><p></p><div style="text-align: justify;">As causas para a epilepsia são inúmeras [2]: influência genética, traumas, anormalidades no cérebro, infecções, desordens no desenvolvimento etc. Sua ocorrência está ligada a mudanças na estrutura neural do cérebro. Também existem complicadores tais como a idade, o histórico familiar, a incidência de acidentes vasculares, infecções e demência.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que acontece à consciência durante a crise epilética é um assunto de interesse científico recente. Há crises em que não ocorre perda da consciência e outras em que ela é afetada. Durante as crises [2], pacientes podem experimentar a sensação de <i>dejà-vu</i> - quando têm a nítida impressão de já terem vivenciado a situação. Ou o seu oposto ocorre: um "<i>jamais vu</i>", em que perdem a capacidade de reconhecer o ambiente em que estão. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por causa da natureza espiritual do ser humano, existem, entretanto, outras experiências "anômalas" registradas durante as crises epiléticas. Exemplos interessantes são descritos por Greyson et al (2014) [3], artigo que encontramos depois das indicações em <i>Muito além dos Neurônios </i>[4]<i> </i>do dr. Nubor O. Facure. Ao se encontrar o primeiro artigo, é possível achar outros como [5] e [6].</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Experiências fora do corpo são conhecidas na literatura médica como um "<i>fenômeno autoscópico</i>". Nele o paciente vê a si mesmo como se estivesse fora de seu corpo. No artigo [3], os autores encontraram que, em uma amostra de 100 pacientes, 7 descreveram experiências que podem ser consideradas autoscopias em crises epiléticas. Não há correlação sobre a incidência dessas experiências com outros fatores como demografia, histórico médico, idade, frequência e duração das crises. Para cada paciente que teve a experiência, a taxa de incidência é baixa, da ordem de uma ou duas ao longo de vários anos. Dessa forma, não se pode associar sua ocorrência a outros fatores tais como medicamentos usados ou mudanças nas condições de saúde.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Recorremos a [3] para conhecer algumas das experiências vividas em crises epiléticas. Depois de descrever detalhes do quadro clínico dos casos reportados, os autores passam a sumarizar suas autoscopias:</div><p></p><div style="text-align: justify;"><div>1) Uma paciente de 28 anos que apresentou o maior número de experiências e percepções verificáveis:</div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Ela relatou deixar seu corpo durante cada convulsão parcial complexa: enquanto seu corpo ficava imóvel, ela sentia que estava flutuando acima dele, e que podia ver seu corpo e os arredores desde cima. No entanto, ela relatou uma dupla consciência em que, embora parecendo pairar acima de seu corpo, também permanecia consciente das sensações corporais. Relatou que, se alguém tocasse seu corpo, tinha a sensação de se "encaixar" de volta nele, o que resultava no fim da convulsão. A experiência de estar fora de seu corpo foi desagradável e alarmante, já que temia que algo pudesse acontecer ao seu corpo por estar fora de seu controle. Acreditava que suas percepções visuais extracorpóreas eram precisas e que se encontrava fisicamente separada de seu corpo. Mas não atribuiu qualquer significado espiritual a esse evento, considerando-o "apenas algo que acontece" quando seu cérebro falha.</span></blockquote></div><div>2) Uma paciente de 30 anos com cerca de 300 crises por mês desde os 15 anos:</div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Ela relatou 2–3 experiências extracorpóreas associadas a convulsões, que duraram entre 10 e 20 segundos. Afirmou que se sentiu levantar, olhando para baixo e vendo seu corpo inerte, e que podia ver e ouvir outras pessoas. Declarou se sentir leve durante a experiência que foi para ela assustadora.</span> </blockquote></div><div></div><blockquote><div>Embora a impressão realística, a experiência passada parece a ela rebuscada e vaga, confundindo-se com sua imaginação.</div></blockquote><div>3) Um paciente de 43 anos que apresentou quadro de crises depois de um trauma cerebral aos 25 anos:</div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Ele relatou uma (única) experiência extracorpórea associada a uma convulsão: afirmou que estava acordado durante a convulsão e se viu passando por ela, inclinado sobre um dos joelhos. Percebeu que seu irmão entrou na sala e tentou dizer algo ao irmão para impedir (sua crise). Alegou ter tido dupla consciência, pois sentiu as sensações corporais de passar pela convulsão, mas também se observou passando por ela.</span></blockquote></div><div><blockquote>Esse paciente também declarou que a memória da experiência se apresenta a ele agora como um sonho.</blockquote></div><div>A sensação de bicorporiedade é evidente por esses relatos, uma vez que as percepções entram por duas vias: a do corpo físico e a do corpo espiritual desdobrado durante os breves momentos de crise epilética. Os autores em [3] consideram que, ainda que não seja "clinicamente" possível distinguir tais experiências de meras ilusões, é possível corroborar os fatos descritos pelos pacientes na experiência extracorpórea com o que de fato ocorreu durante as crises. </div><div><br /></div><div>Uma importante conclusão é feita pelos autores em [3] sobre o que parecem sugerir os dados de tais experiências produzidos por pacientes de crises epiléticas (grifo nosso):</div><div><blockquote><span style="color: #073763;">No entanto, pode ser prematuro concluir dessas correlações sugestivas que as experiências extracorpóreas são um <i>epifenômeno de condições neurofisiológicas particulares</i>. Conforme observado acima, as distorções da imagem corporal provocadas pela estimulação elétrica ou magnética do cérebro diferem relevantemente e fenomenologicamente das experiências fora do corpo espontâneas. Os dados deste estudo sugerem que experiências extracorpóreas associadas a convulsões <i>não estão ligadas a nenhuma região do cérebro</i>. Além disso, as descobertas de que experiências fora do corpo foram relatadas com menos frequência em pacientes com epilepsia do que na população em geral, e que pacientes com epilepsia as descrevem em apenas uma pequena minoria de suas convulsões, alertam que a inferência de um nexo causal entre a atividade convulsiva e as experiências fora do corpo é problemática.</span></blockquote></div><div>Colocando-se de outra forma:</div><div><ol><li>As experiências fora do corpo em crises epiléticas não são meros "epifenômenos" gerados por condições fisiológicas particulares;</li><li>Não se pode associar os relatos dessas anomalias percepticas a regiões específicas do cérebro. No caso de pacientes epiléticos, as lesões ocorrem em diversas partes. Isso enfraquece a tese de que os desdobramentos seriam "gerados em regiões específicas do cérebro" e, de novo, meros epifenômenos;</li><li>Não se pode ter pressa em afirmar nexo causal entre as crises e as experiências fora do corpo porque elas não ocorrem sempre, não há controle nem repetição do evento a cada crise, o que difere de outras alterações na consciência muito mais comuns durante as crises.</li></ol></div></div><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Mais detalhes sobre esse e outros estudos interessantes, o leitor poderá obter ao ler os trabalhos sugeridos [3-6].</span></div><br /><b>Referências</b><p></p><p>[1] Ver <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Epilepsia">https://pt.wikipedia.org/wiki/Epilepsia</a> </p><p>[2] Mayo Clinic (2023). Explaining epilepsy. <a href="https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/epilepsy/symptoms-causes/syc-20350093">https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/epilepsy/symptoms-causes/syc-20350093</a> (acesso em fevereiro de 2023)</p><p>[3] Greyson, B., Fountain, N. B., Derr, L. L., & Broshek, D. K. (2014). <i>Out-of-body experiences associated with seizures</i>. Frontiers in human neuroscience, 8, 65. Ver: <a href="https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnhum.2014.00065/full">https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnhum.2014.00065/full</a> (acesso em fevereiro de 2023)</p><p>[4] Facure N (2009). <i>Muito além dos neurônios</i>. Ed: São Paulo, FE Editora Jornalística, 5a edição.</p><p>[5] Devinsky, O., Feldmann, E., Burrowes, K., & Bromfield, E. (1989). <i>Autoscopic phenomena with seizures</i>. Archives of Neurology, 46(10), 1080-1088. <a href="https://jamanetwork.com/journals/jamaneurology/article-abstract/589440">https://jamanetwork.com/journals/jamaneurology/article-abstract/589440</a> </p><p>[6] Greyson, B., Broshek, D. K., Derr, L. L., & Fountain, N. B. (2015). <i>Mystical experiences associated with seizures</i>. Religion, Brain & Behavior, 5(3), 182-196. <a href="https://med.virginia.edu/perceptual-studies/wp-content/uploads/sites/360/2018/06/Mystical-experiences-associated-with-seizures.pdf">https://med.virginia.edu/perceptual-studies/wp-content/uploads/sites/360/2018/06/Mystical-experiences-associated-with-seizures.pdf</a></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-75463144744418727492023-01-04T07:55:00.004-03:002023-01-09T07:23:57.158-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - VIII<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEZgRY2sTZ14O5pWr8ef3osyPY7OUrc3Dpr055muAd58ljH0MRvTyKclJzuiqUXSAYDWLLzNU0TrGONUw0FrVkJuVBGXT0zSoFalb8wJp_L0rEEbEQ0drXqG_HmQRo12NSxLdptVl9dlE2Wx4DH8N2sasCP4Ef9QcpiatxWDD1RaJgN5AfCRiiGtfUwg/s400/gorillabutterfly.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="279" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEZgRY2sTZ14O5pWr8ef3osyPY7OUrc3Dpr055muAd58ljH0MRvTyKclJzuiqUXSAYDWLLzNU0TrGONUw0FrVkJuVBGXT0zSoFalb8wJp_L0rEEbEQ0drXqG_HmQRo12NSxLdptVl9dlE2Wx4DH8N2sasCP4Ef9QcpiatxWDD1RaJgN5AfCRiiGtfUwg/s320/gorillabutterfly.jpg" width="223" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gorila e borboleta. Fonte: <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ana_Lorenzo_Araujo.jpg">Wikipedia (Ana L. Araújo)</a>.</td></tr></tbody></table><p><span style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/11/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - VII</a>". Estudo sobre o Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec. Última parte.</span></p><p><b>O homem corpóreo</b></p><p style="text-align: center;"><b>26</b></p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Com essa descrição, Kardec coloca a Humanidade em seu devido lugar de natureza. Finalmente a Humanidade havia sido destronada como objetivo único da criação pelas mãos da ciência. Não há mais o que falar sobre qualquer privilégio natural; fisicamente o Homem não se distingue de um animal, pelo menos do ponto de vista "corpóreo". Além disso:</p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">É tão grande a analogia que suas funções orgânicas são estudadas em certos animais, quando as experiências não podem ser feitas nele próprio.</span></blockquote></div><p></p><p style="text-align: justify;">É o caso das inúmeras pesquisas em farmacologia que resultaram em drogas importantes para o tratamento de humanos, drogas que foram experimentadas nos animais durante seu desenvolvimento. </p><p style="text-align: justify;">A questão agora é: diante desse quadro de semelhanças físicas, como é possível "resgatar" o destino espiritual do homem? A resposta passa pelo reconhecimento de que os animais têm seu princípio espiritual, o que depende de uma lei de evolução estendida também a esse princípio.</p><p style="text-align: center;"><b>27</b></p><p style="text-align: justify;">A <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Human">referência da Wikipedia</a> apresenta a classificação (árvore) científica moderna dos humanos: </p><p style="text-align: justify;"></p><ol><li>Reino:<i> Animalia, </i></li><li>Filo<i>: Cordata, </i></li><li>Classe<i>: Mamalia, </i></li><li>Ordem: <i>Primata, </i></li><li>Subordem:<i> Halorfini, </i></li><li>Infraordem:<i> Simiforme, </i></li><li>Família: <i>Hominidae, </i></li><li>Subfamília: <i>Homininae, </i></li><li>Tribo: <i>Hominini, </i></li><li>Genus (Gênero):<i> Homo, </i></li><li>Espécie:<i> Sapiens.</i></li></ol><p></p><p style="text-align: justify;">Essa classificação apresenta o elo comum dos humanos com os símios como pertencente à <i>Ordem dos primatas</i> e com ramificações até a Infraordem "simiforme" ou antropóides. A Família dos hominídeos inclui 4 Gêneros: <i>Pongo, Gorila, Pan</i> e <i>Homo</i>. Para ficar mais clara essa classificação, a Fig. 1 apresenta uma representação dos ramos a partir de <i>Hominidae</i>.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikIhpurB5vqdbvKy6ZuMdbbJrsK6spX8sRevYnEMeO9vF20LIVu-9IVdkOVxxBIZ3D8NSksyiuPDVSjMSrzbzIF8VDPYXRgBRwf3Kk1ygaAJpY4Ib7BiKRzXJj_qJsfgUFE6bKSnOp3Ok_KLg_jsYhvXgzxnbRG6N_zcYBi_UYSleNN6sqyzl-EC78RQ/s599/HumanClasses01.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="123" data-original-width="599" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikIhpurB5vqdbvKy6ZuMdbbJrsK6spX8sRevYnEMeO9vF20LIVu-9IVdkOVxxBIZ3D8NSksyiuPDVSjMSrzbzIF8VDPYXRgBRwf3Kk1ygaAJpY4Ib7BiKRzXJj_qJsfgUFE6bKSnOp3Ok_KLg_jsYhvXgzxnbRG6N_zcYBi_UYSleNN6sqyzl-EC78RQ/s16000/HumanClasses01.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 1 Posição do Gênero <i>Homo</i> a partir da Família <i>Hominida</i>e. Fonte <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Hominini#/media/File:Hominoid_taxonomy_7.svg" target="_blank">Wikipedia</a>.</td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Hoje acredita-se que a espécie <i>Homo Sapiens</i> surgiu entre 300 mil e 200 mil anos atrás e não foi a única. <i>Habilis, Erectus, Ergaster, Naledi, Neanderthalensis</i> e outras todas desaparecidas precederam os humanos modernos. Entre esses não mais existem quaisquer espécies. Não obstante a variedade de tons de pele e de outras características, tais diferenças não justificam a classificação em mais de uma espécie e nem mesmo a ideia de <i>raça</i>. Todos os quase 8 bilhões de indivíduos no mundo pertencem rigorosamente ao mesmo tipo humano.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div>Sobre os símios, Kardec comenta:<br /><blockquote><span style="color: #274e13;">Como o homem, esses macacos caminham eretos, usam cajados, constroem choças e levam à boca, com a mão, os alimentos: sinais característicos.</span></blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Esses são sinais de inteligência, uma evidência do elemento espiritual a eles associado.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b>28</b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Kardec reconhece a existência de um princípio de evolução nas formas como um aperfeiçoamento entre as espécies:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior.</span></blockquote></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Com isso ele ecoa noções de evolução pré-Darwinistas [1] de sua época que já reconheciam uma mudança gradual entre as espécies de animais, ainda que não se soubesse exatamente o mecanismo responsável por isso. Essas noções tiveram início com a constatação de que as espécies não eram fixas. Pioneiros dessas ideias foram Georg L. Leclerc (Comte de Buffon 1707-1788); Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles Darwin; Jean-Baptiste C. de Lamarck (1744-1829); Charles Lyell (1797-1875) e George Cuvier (1769-1832). </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b>29</b></div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Ainda que isso lhe fira o orgulho, tem o homem que se resignar a não ver no <i>seu corpo material</i> mais do que o último anel da animalidade <i>na Terra</i>. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual seria inútil protestar.</span></blockquote><div style="text-align: justify;">Muitos têm o orgulho ferido, pois alguns cristão ainda hoje se recusam a aceitar a evolução das espécies como o mecanismo que resultou na formação da espécie humana. Acreditam que a Humanidade tem um lugar especial, se não exclusivo, na Criação. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É o excessivo valor dado ao corpo que leva a esse preconceito. Ao contrário, o corpo é a plataforma física a partir da qual se eleva sem fim o espírito imortal. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;"><b>30</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Espiritismo, entretanto, reconhece as descobertas da ciência sobre a evolução corpórea e as incorpora em seus ensinos. Estende, porém, essa compreensão ao princípio espiritual que colhe da evolução das formas os elementos para seu aprimoramento. Assim, o Espiritismo descortina "um mundo novo" que permite a nós compreender também a existência dos animais como companheiros de jornada evolutiva, o derradeiro golpe à vaidade humana.</div><div style="text-align: justify;"><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Pois bem! o Espiritismo, a loucura do século XIX, segundo os que se obstinam em permanecer na margem terrena, nos patenteia todo um mundo, mundo bem mais importante para o homem, do que a América, porquanto nem todos os homens vão à América, ao passo que todos, sem exceção de nenhum, vão ao dos espíritos, fazendo incessantes travessias de um para o outro.</span></blockquote></div><div>Esclarecida de alguma forma o aparecimento do elemento material, permance a questão da origem do <i>princípio espiritual</i>. Ao colher informes e vivências em sua associação com a matéria, segue por tempo desconhecido a evoluir até o destino final ainda inacessível ao nosso grau de entendimento presente. </div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><b>Referências</b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div>[1] Pre-Darwinian Theories: <a href="https://www2.palomar.edu/anthro/evolve/evolve_1.htm">https://www2.palomar.edu/anthro/evolve/evolve_1.htm</a><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-16531092157463367322022-12-01T07:29:00.006-03:002022-12-01T07:43:48.517-03:00Bens, direitos, deveres e obrigações da alma<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVUz1wYXSiE0KCc1okgkIzg8J3R1kw4eXhHL3pzZngEOrOl9J8_fFY2LoJV6y0jjh6AlzkQBQ78QUKMHUYH2QSPBqOcQh0wbwUkTxNkSf-or68JBDXWtnwj1IXk7C4gftmWO8UXdxTgG3Iiaj6zBvmRLGYt1qehPZvWgrVTZpC8K7tFPFDI3z0FxucHg/s320/jesus.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="243" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVUz1wYXSiE0KCc1okgkIzg8J3R1kw4eXhHL3pzZngEOrOl9J8_fFY2LoJV6y0jjh6AlzkQBQ78QUKMHUYH2QSPBqOcQh0wbwUkTxNkSf-or68JBDXWtnwj1IXk7C4gftmWO8UXdxTgG3Iiaj6zBvmRLGYt1qehPZvWgrVTZpC8K7tFPFDI3z0FxucHg/s1600/jesus.jpg" width="243" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Nada do que se expressa sobre Jesus nos Evangelhos se refere a coisas terrenas, mas a um conjunto de “negócios espirituais” da alma, seus direitos e obrigações. Emmanuel referiu-se a isso quando comentou em “Vê como vives” [1]:</div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;">Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.</span></blockquote><div style="text-align: justify;">Guardados os inúmeros problemas de tradução, textos apócrifos e interpolações mal-intencionadas feitas ao longo do tempo que modificaram os Evangelhos originais, é a única interpretação possível para muitos dos ensinos de Jesus no Novo Testamento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Entretanto, nunca foi intenção de Jesus “reformar” o sistema legal de seu tempo, que tinha regulamento próprio, pois tudo o que Jesus ensinou dizia respeito aos interesses da alma. Assim, por trazer uma nova revelação, seus ensinamentos frequentemente usavam recursos alegóricos. Esses recursos se mostraram eficientes, pois os ensinos morais atravessaram quase que intactos as inumeras versões do Novo Testamento. Neste post, tecemos algumas observações sobre parte da revelação da Justiça Divina trazido por Jesus conforme se pode ler em Mateus 5.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Interpretação espírita de alguns ensinamentos em Mateus 5.</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><span style="font-size: x-small;">Atenção: para unificar as referências aos textos do Evangelho, em complementação aos versículos extraídos da versão "Almeida revisada", citamos alguns termos equivalentes conforme versão em latim da <i>Vulgata</i>: <a href="http://www.drbo.org/lvb/chapter/47005.htm">http://www.drbo.org/lvb/chapter/47005.htm</a></span> <blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. </span>(Mateus 5:19)</blockquote><div><div style="text-align: justify;">A vida futura da alma é o “reino dos céus” não como lugar, mas como conjunto de bens e direitos a que o Espírito tem acesso após muitos estágios de sua vida encarnada.</div><br /><div style="text-align: justify;">Os bens ou direitos resultam do cumprimento de obrigações da alma que também são de natureza espiritual. Assim, o “será chamado o menor no reino dos céus” (<i>minimus vocabitur in regno caelorum</i>) é um estado possível da alma na vida futura. É “situação processual” perante a Lei Maior de onde se derivam os bens a que tem direito, bem como seus deveres e obrigações.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com o tempo mudam os interesses e as ações da alma. Seus direitos e deveres precisam refletir suas decisões, conforme ela se aproximar ou se afastar da Lei. Assim, os que “violam um destes mandamentos, por menor que seja” (<i>qui ergo solverit unum de mandatis istis minimis</i>) e “assim ensinam aos homens” (<i>et docuerit sic homines</i>), ou seja, dão testemunho do erro, são rebaixados por Jesus. Por outro lado, ele eleva de posição aqueles que os cumprem e que também assim “ensinam aos homens”, ou seja, que os defendem como verdade. E “ensinar aos homens” não é mais relevante que realizar a ação: para Jesus, por óbvio, não basta simplesmente dizer o que deve ser feito, mas dar o exemplo pelo cumprimento correto da lei (<i>qui autem fecerit <u>et</u> docuerit</i>).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">As Bem-aventuranças compõem a parte principal de seus mandamentos anunciados por ele no Sermão do Monte. Se a posição pode ser abaixada ou elevada é porque não há posições absolutamente eternas e imutáveis nos estágios da alma. Disso resulta que não há penas eternas igualmente.</div><div style="text-align: justify;"><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. </span>(Mateus 5:20)</blockquote></div><div>A justiça dos “escritas e fariseus” (<i>scribarum et pharisaeorum</i>) representa o sistema jurídico de todos os tempos, tomado por Jesus como comparação para a Justiça Divina. Mas, essa justiça se baseava na lei de Moises que supostamente provinha do próprio Deus. Ela é, porém, imperfeita e incompleta. E mais: não corresponde à lei Divina anunciada em parte como revelação por Jesus. Portanto, adverte que a nova justiça entre seus reais seguidores deve “exceder” àquela dos escribas (<i>quia nisi abundaverit justitia vestra plus quam scribarum</i>), ainda que essa última fosse considerada de origem divina. </div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. </span>(Mateus 5:21)</blockquote><div>O cânone existente proibia o assassinato (<i>non occides</i>). Ocorrendo esse e verificado os fatos, o indivíduo culpado se tornava “réu no juízo” (<i>reus erit judicio</i>) e deveria ser julgado pela justiça. Mas qual justiça? Exatamente a dos “escritas e fariseus”, ou o sistema jurídico que define tipos de punição conforme o crime realizado.</div><blockquote><span style="color: #274e13;">Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. </span>(Mateus 5:22)</blockquote></div><div>Assim interpôs três possíveis “penas” a três crimes que, na verdade, resume-se a um só a partir da postura mental do Espírito. O rol das “transgressões imputáveis” é expandido na lei Divina, ainda que a morte não lhes suceda como consequência. Posteriormente, essas transgressões seriam estendidas por Jesus ao incluir o <u>pensamento no mal</u>. </div><div><br /></div><div>As violações enumeradas e suas penas crescem a partir de um impulso violento de oposição: a cólera “contra seu irmão” (<i>quia omnis qui irascitur fratri suo</i>), a agressão verbal simbolizada pelo “Raca” e, depois, “Louco” (<i>fatue</i>). E, para cada uma delas, os julgamentos: </div></div><div><div></div><blockquote><div>réu no juízo (<i>reus erit judicio</i>), </div><div>réu no sinédrio (<i>reus erit concilio</i>) e </div><div>réu no fogo do inferno (<i>reus erit gehennae ignis</i>). </div></blockquote><div></div><div style="text-align: justify;">Essa última comporta a tradução opcional “réu no fogo do Geena”, entendido como uma localidade na Jerusalém antiga que havia se tornado um depósito de lixo. É uma referência ao lugar “mais ínfimo” de uma cidade, não necessariamente ao “fogo eterno”, mesmo porque Jesus posteriormente esclarece como sair de lá (ver mais adiante). Quem preferir a interpretação da eternidade das penas está preparado para o “fogo eterno” ao chamar seu irmão de “Louco”? O Geena correspondia ao Vale de Hinom (<i>Geh Ben-Hinom</i>) na Jerusalém dos tempos de Jesus [2]. Esse era o local onde, em uma época mais remota, crianças eram sacrificadas no fogo em adoração ao deus Moloch [2][3]. </div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti. </span>(Mateus 5:23)</blockquote><div style="text-align: justify;">Reconciliar-se com o próximo é a primeira obrigação antes de se buscar adorar a Deus. Importa se lembrar se “teu irmão tem alguma coisa contra ti” (<i>quia frater tuus habet aliquid adversum te</i>), do contrário de nada valem as oferendas. É estado da mente que pede o exame da consciência: há alguém que tenha algo contra mim? E o "opositor" não é menos que um irmão (<i>frater</i>) para Jesus, pois não pode haver oposição senão em razão de um desentendimento transitório. Portanto, como todos são irmãos em essência, todos deverão agir como irmãos. Mas quando? Depois da reparação.</div></div><div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. </span>(Mateus 5:24)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">O “deixa ali diante do altar a tua oferta” (<i>relinque ibi munus tuum ante altare</i>) é mera ação ritual ou mecânica se apartada do cuidado com os próprios atos e suas consequências para quem quer que seja.</div><div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. </span>(Mateus 5:25)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">Trecho de relevância ímpar, pois confere a alma o poder de se "livrar do julgamento" ao se reconciliar "depressa" com seu adversário. Não só implicitamente <u>não condena</u> o homem a qualquer eternidade penal, mas o exime de juízo verificado sua capacidade de congraçamento e concórdia com seu irmão transformado em inimigo. A alegoria é clara na imagem do "adversário que te entrega ao juiz, e o juiz te entrega ao oficial" (<i>ne forte tradat te adversarius judici, et judex tradat te ministro)</i>.</div><div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. </span>(Mateus 5:26)</blockquote></div></div><div style="text-align: justify;">Porém, uma vez "condenado", tão pouco Jesus afirma ser impossível sair de lá, mas que a saída se condiciona ao pagamento do “último ceitil” (<i>novissimum quadrantem</i>), <u>desde que</u>, como visto, não se reconcilie antes com o adversário.</div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Portanto, não há penas eternas, mas multa calculável e exigível como pagamento pelos delitos listados, até o último “ceitil”, ou seja, “até o último centavo”. É obrigação executada de forma parcelada, em caráter compulsório embora possa ser abrandada conforme o grau de reconciliação. </div><div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela. </span>(Mateus 5:28)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">O regramento da época instituía uma pena para o adultério (<i>non moechaberis</i>). Jesus porém anuncia que o mero pensamento de cobiça já é adultério, um princípio que pode ser estendido para todo o sentimento no mal que se abriga no coração (<i>in corde suo</i>). Porém, qualquer código de justiça moderno considera inimputáteis quem cometer delitos "apenas pelo pensamento". Uma vez mais os reais seguidores de Jesus devem "exceder" a justiça comum da sociedade em que vivem.</div></div><div><div></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.</span> (Mateus 5:29) </div></blockquote><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.</span> (Mateus 5:30)</div></blockquote><div></div></div><div style="text-align: justify;">Note-se bem: essa não é uma pena imposta sobre a alma. Do contrário, é o corpo que sofre quando Jesus afirma que "todo o teu corpo (seja) lançado no inferno" (<i>totus corpus tuum mittatur in gehennam</i>). É o Vale de Hinom novamente figurado como local de julgamento e pena, tal como nos delitos de Mateus 5:22. Se o corpo sofre é porque a pena é aplicada durante a vida, mas quantos crimes ficaram impunes pela finitude da vida humana se considerada como uma só? </div><div><br /></div><div><div>Sobre essas passagens, comenta Kardec [4]:</div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;">Figura enérgica esta, que seria absurda se tomada ao pé da letra, e que apenas significa que <i>cada um deve destruir em si toda causa de escândalo</i>, isto é, de mal; <i>arrancar do coração todo sentimento impuro e toda tendência viciosa</i>. Quer dizer também que, para o homem, mais vale ter cortada uma das mãos, antes que servir essa mão de instrumento para uma ação má; ficar privado da vista, antes que lhe servirem os olhos para conceber maus pensamentos. Jesus nada disse de absurdo, para quem quer que apreenda o sentido alegórico e profundo de suas palavras. Muitas coisas, entretanto, não podem ser compreendidas sem a chave que para as decifrar o Espiritismo faculta</span><span style="color: #274e13;">. </span><span>(grifos nossos)</span></blockquote></div><div><div><div style="text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeIuZnjEm5DrEGLzqtTF6oh6tlU2NSY1X3DBXzwZJjYkUCrp4MfIwHbQ-ZCFbfKKzDE40bEWHtP66S4imNBj4aCqZYEsL4vLP85uM0kCLff28mlozODEqwY6Kr6PtMaOoBIFMz7AlxzcCsiOpKech1euk4RnplJnPcnhA_d0rcP0VK4kDu2y16qGlaHA/s400/hinnom.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="400" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeIuZnjEm5DrEGLzqtTF6oh6tlU2NSY1X3DBXzwZJjYkUCrp4MfIwHbQ-ZCFbfKKzDE40bEWHtP66S4imNBj4aCqZYEsL4vLP85uM0kCLff28mlozODEqwY6Kr6PtMaOoBIFMz7AlxzcCsiOpKech1euk4RnplJnPcnhA_d0rcP0VK4kDu2y16qGlaHA/s320/hinnom.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O vale de Hinom da Jerusalém moderna. <br />Foto: wikipedia.</td></tr></tbody></table>Os judeus do tempo de Jesus tinham como lei a necessidade de conceder divórcio (<i>libellum repudii)</i> à esposa abandonada, numa época em que a mulher era considerada propriedade do marido. Em oposição a isso, Jesus ensina:</div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério. (</span>Mateus 5:32)</blockquote><div style="text-align: justify;">pelo que se aprende que o delito se inicia no repúdio (rejeição, desprezo, desamparo), muito mais sutil, e não pelo abandono. Como Jesus sabia que os homens não se casavam em regime de amor incondicional, assinalou uma exceção "a não ser por causa de prostituição" (<i>excepta fornicationis causa</i>). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até que a sociedade aprendesse o regime de reciprocidade que existe no casamento como produto de direitos e obrigações iguais entre os cônjuges, 2000 anos se passariam. Porém, a recomendação de Jesus continua intacta: o repúdio ao parceiro, sistemático e talvez diário, é produto de um estado mental que se inicia muito antes da separação.</div></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">O regramento judaico proibia o "falso testemunho" (<i>non perjurabis</i>), e exigia o fiel cumprimento do que fosse prometido "diante do Senhor" (<i>autem Domino</i>).</div></div><div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor.</span> (Mateus 5:33)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">Jesus elimina a necessidade desse juramento e simplifica consideravelmente a atitude do indivíduo diante dos outros:</div><div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto provém do mal.</span> (Mateus 5:37)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">Além de condenação da mentira, é uma lição difícil aos que se consideram em "íntimo contato com Deus" e que o tomam como fiador nas ações ordinárias da vida.</div><div><br /></div><div><b>O ápex da Lei Divida sintetizado por um novo mandamento.</b></div><div><br /></div><div>E assim se chega ao topo dos ensinamentos de Jesus em Mateus 5:44:</div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem,</span> (Mateus 5:44)</blockquote><div style="text-align: justify;">que é lição em flagrante oposição ao que se aprende seja desde o berço ou por instinto: "amar nosso próximo e odiar nossos inimigos" (<i>diliges proximum tuum, et odio habebis inimicum tuum</i>). É novísima e suprema lei áurea revelada aos homens e justificada por Jesus como esforço necessário para se "aproximar de Deus":</div><div><blockquote><span style="color: #274e13;">Sede vós, pois, perfeitos,como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus</span>. (Mateus 5:48)</blockquote></div><div style="text-align: justify;">Mas, no "sede vós, pois, perfeitos" (<i>estote ergo vos perfecti</i>) ninguém atinge o estado final de uma hora para outra. Por trás dessa imagem está o imenso caminho que a alma percorre até alcançar seu destino. Kardec comenta seu verdadeiro significado na medida do grau de caridade contido nas ações da alma [5]:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #0c343d;">Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto, indício de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na razão direta da sua extensão. </span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">Cumprir a lei de caridade é suprema obrigação que a alma não se livra em sua vida maior, pois essa lei condensa em si todos os mandamentos. É um princípio universal que regula a vida do Espírito.</div><div><b><br /></b></div><div><b>Em conclusão</b></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao se (re)encarnar, participa-se de uma nova vida na Terra, sem que a vida real (a "vida eterna" do Espírito) deixe de exercer seus efeitos sobre a alma. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Assim, dois regramentos sujeitam as ações: o dos homens (de natureza terrena) e a do "céu" (de natureza Divina). No primeiro caso, extinta a vida do corpo, extintos são os bens e os direitos, deveres e obrigações. No segundo, bens, direitos, deveres e obrigações subsistem, mas de uma natureza <i>inteiramente diversa</i> daquela concebida pela justiça de qualquer época da Humanidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em seus ensinamentos e por meios figurados, Jesus revelou parte das regras dessa nova justiça maior. Antes de tudo, ensinou ele que, para agir conforme tais princípios (ainda que de modo imperfeito), é necessário "exceder" à justiça dos homens. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Dentre as lições está a da oposição ao "pensamento no mal". Mas, é impensável, em qualquer regramento jurídico humano, pretender punir alguém por simplesmente pensar mal de outrem. Pensar no mal, mesmo sem agir, indica natureza ainda pouco adiantada da alma (o que é verdade para a imensa maioria dos humanos!). Porém, é quando o pensamento no mal se torna ação no mal que o próximo é comprometido e se adquire uma nova obrigação. Surge então o dever de reparação, que é ensinada por Jesus na alegoria do pagamento posterior a um <i>julgamento </i>conforme a gravidade da pena<i>.</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><div style="text-align: justify;">Mas, sejamos claros: faz Jesus referência a um pagamento pecuniário? Obviamente que não, antes isso é uma confirmação do caráter figurado das comparações que usou e que foram captadas quase que sem distorções pelos evangelistas. Esse pagamento é obrigação de<i> natureza espiritual</i>, que não se extingue, portanto, "na vida eterna" – entendida como a própria vida maior e imperecível da alma em oposição a sua vida terrena ou encarnada – até que seja quitada em sua totalidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Naturalmente, só é possível compreender esse sistema de bens, direitos, deveres e obrigações transcendentes em um juízo mais dilatado da existência humana. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nesses termos Jesus ensinou como geralmente se sai do terrível Geena. Ao cumprir seus ensinamentos, porém, instruiu a seus seguidores como nunca entrar lá. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na nova revelação trazida pelo Espiritismo, o pagamento é realizado em <i>inúmeras existências</i> e o Geena e seu fogo são <i>aqui mesmo na Terra</i>. Dessa forma se regulam na eternidade da vida das almas os crimes, dos mais simples aos mais complexos e graves, já cometidos em toda a Humanidade.</div></div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Referências</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: left;">[1] Emmanuel. <i>Vinha de Luz</i>. Psicografia de F. C. Xavier Ed. FEB, </div>[2] Negev, A e Gibson, S. (2001).<i> Hinnom (Valley of). Archaeological Encyclopedia of the Holy Land</i>. Nova Iorque e Londres: Continuum. p. 230. ISBN 0-8264-1316-1.<br /><div>[3] Wikipedia. <i>Valley of Hinnom</i> (Gehenna).<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 14.6667px;"> <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Valley_of_Hinnom_(Gehenna)">https://en.wikipedia.org/wiki/Valley_of_Hinnom_(Gehenna)</a></span></span></div><div style="text-align: justify;">[4] Kardec. <i>O Evangelho segundo o Espiritismo</i>. Capítulo VIII (Bem-aventurados os que têm puro o coração: escândalos). Parágrafo 17. Versão IPEAK: <a href="https://www.ipeak.net/pt/6479">https://www.ipeak.net/pt/6479</a></div><div style="text-align: left;">[5] Kardec. <i>O Evangelho segundo o Espiritismo</i>. Capítulo VIII (Sede Perfeitos. Caracteres da perfeição). Versão IPEAK: <a href="https://www.ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=6518&&idioma=1">https://www.ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=6518&&idioma=1</a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-68983144267655943032022-11-18T12:40:00.019-03:002022-11-18T13:22:49.000-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - VII<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://www.demilked.com/biological-illustrations-the-art-and-science-of-ernst-haeckel/" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcM05g19rUZ1Pam0vQEyPMa55qypvGXGa0j8W767T9YgjrNjyp8nSYMUDGXniNRF1byoDxDJ3xLiFkmMJblueh5pOwLrfCFgli2YkyqaNBET4XmM6glkYisnxMNF7Rw7SK9gC4u5wZJvQX5_m4BbRZX400M502WXTW7QWKsW4ik71zkaioPZBFwKGQkA/s16000/Haeckel02.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><a href="https://www.demilked.com/biological-illustrations-the-art-and-science-of-ernst-haeckel/" target="_blank">Artforms of Nature</a></i>, 1899–1904, Ernst Haeckel.</td></tr></tbody></table><p></p>Continuação do post anterior: "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/10/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - VI</a>". Estudo sobre o Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec.<p><b>Escala dos seres orgânicos</b></p><p style="text-align: center;">24</p><p style="text-align: justify;">Fora ainda do contexto da teoria da evolução (que se consolidaria muito depois da publiação de "<i>A Gênese</i>"), Kardec pinta um quadro descritivo da variedade dos seres vivos apontando para uma crescente especialização das formas.</p><p style="text-align: justify;">Um exemplo que econtramos neste Parágrafo é a referência aos zoófitos. Mas a palavra "<i><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Zo%C3%B3fito" target="_blank">zoófito</a></i>" se tornou obsoleta com o tempo e designava "animais-plantas" ou seres que, não obstante considerados como animais, têm aparência de planta. Sua existência dava aos antigos biologistas um elo de ligação entre animais e plantas. Ela explicava como certas espécies dessas últimas (como o algodão) produziam coisas que animais também pareciam produzir. O termo e o que ele implicava foi assunto de inúmeros debates [1]. Kardec ecoa esse conhecimento antigo ao declarar que:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">O zoófto tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">É importante considerar que mesmo Darwin utilizou o termo. Modernamente se sabe que não existe essa ligação. Os zoófitos dos antigos são hoje encontrados em muitos seres marinhos como as anêmonas e outras criaturas de "simetria radiada", ou seja, que apresentam estruturas distribuídas em torno de um centro.</p><p style="text-align: justify;">Kardec apresenta uma escala de seres na seguinte ordem: pólipos, helmintos, moluscos, crustáceos, insetos, vertebrados e mamíferos:</p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p style="text-align: justify;"><b>Pólipos</b> representam hoje o filo <i><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Cnidaria" target="_blank">Cnidaria</a></i> dentro os quais se encontram as medusas e as anêmonas. </p><p style="text-align: justify;"><b>Helminto</b> é o termo derivado do grego para "verme". Kardec cita os "vermes intestinais" em uma referência ao uso dessa palavra na medicina. Modernamente "se entende como verme o animal com o corpo alongado e/ou achatado e sem esqueleto interno ou externo" (ver ref. Wikipedia: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Verme" target="_blank">Verme</a>). Eles são quase que onipresentes na Natureza. Englobam vários tipos de organismos, mas o termo antigo caiu em desuso. </p><p style="text-align: justify;">Os <b>moluscos</b> são classificados modernamente como pertencentes ao filo <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Moluscos" target="_blank">Mollusca</a> e representam animais invertebrados, tanto de água doce e marinha como também terrestres (p. ex., os caracóis). </p><p style="text-align: justify;">Os <b>crustáceos</b> são invertebrados (sem coluna vertebral) artrópodes (com exoesqueleto duro) dentre os quais se destacam os siris, caranguejos e camarões (mas não somente animais marinhos). </p><div style="text-align: justify;"><b>Insetos</b> também pertencem ao filo <i>Arthropoda</i> e são invertebrados com características morfológicas únicas como possuirem um <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Insetos" target="_blank">exoesquelo quitinoso</a>. Representam mais de 70% em termos de multiplicidade de espécies animais. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao desenvolverem uma coluna vertebral e um sistema nervoso, os <b>vertebrados</b> formam uma <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrados" target="_blank">subdivisão dos animais cordados</a>. Em termos temporais, sua origem remonta ao aparecimento dos primeiros fósseis de vertebrados há 450 milhões de anos. O que caracteriza os vertebrados é a presença de uma coluna vertebral, crânio, a presença de um sistema muscular e um sistema nervoso. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Finalmente, como uma subdivisão do ramos dos vertebrados, chegamos aos <b>mamíferos</b>. Kardec os descreve como animais com uma "organização mais completa". Em termos descritivos, os <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Mam%C3%ADferos" target="_blank">mamíferos</a> são animais com temperatura interna regulada (endotérmico), cujas fêmeas produzem leite por meio de glândulas mamárias. </div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os humanos pertencem a essa subclasse. Os humanos são assim descritos modernamente como seres do domínio<i> Eukariota,</i> no reino <i>Animalia,</i> com filo <i>Chordat</i>a e subfilo <i>Vertebrada,</i> subdivididos na superclasse dos <i>Tetrapoda</i>, de classe <i>Synapsida</i> e subclasse <i>Mammalia</i>. Porém, a classificação não termina aqui. Até o gênero <i>Homo</i> da espécie <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Humano" target="_blank">Sapiens</a>, há ainda mais 11 subdivisões...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-EaUG5L3980WXcyAHXDbnNHdFghw5E7MHZdMHEIVo3KZezdP89mAIbH-zBGIlyHLzgZ6B16OeSWYJtcchp1Lp993lPZgCZJJgXMrLCC337VPBCSusc3yjxS71zcU8Qfds8QkA5yYP364mAn0HVAL2vzk6PMXdVPfUxlg3TPJh0KIc-SvCm6PFOCXag/s784/evolucao_seres.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="610" data-original-width="784" height="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-EaUG5L3980WXcyAHXDbnNHdFghw5E7MHZdMHEIVo3KZezdP89mAIbH-zBGIlyHLzgZ6B16OeSWYJtcchp1Lp993lPZgCZJJgXMrLCC337VPBCSusc3yjxS71zcU8Qfds8QkA5yYP364mAn0HVAL2vzk6PMXdVPfUxlg3TPJh0KIc-SvCm6PFOCXag/w400-h311/evolucao_seres.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 1 Linha do tempo simplificada em bilhões de anos mostrando os principais eventos naturais conforme a visão moderna da evolução. Nesse quadro imenso, destacam-se: a formação dos organismos com núcleo celular (Eucariontes), a "revolução Cambriana" e o aparecimento dos primeiros hominídeos. O uso do fogo, por exemplo, ocorreu em um milésimo de bilhão de anos atrás, ou seja, há aproximadamente 1 milhão de anos. Fonte original: <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Timeline_evolution_of_life.svg" target="_blank">wikipedia</a>. (clique na imagem para ampliar)</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Em termos atuais essa escala pode ser apreciada por meio das classificações taxonômicas modernas. Essas objetivam reduzir a variabilidade observada entre diferentes animais agrupando-os em "<i>taxa</i>" que acabam por formar uma grande árvore. Partindo-se de uma divisão em "reinos", esses são subdivididos em "filos". Os filos são subdividios em "classes", essas em "ordens", essas em "famílias", as famílias são separadas por "gêneros" e, finalmente, os gêneros são subdivididos em espécies. Dentro de cada espécie admite-se também subdivisões em "subespécies". </div><p style="text-align: justify;">O aumento da complexidade nos mamíferos (chamada frequentemente "<i>diversidade</i>") se manifesta pela existência de um número grande de espécies, e os ramos da árvore se tornam mais preenchidos. Entretanto, essas classificações refletem muito aspectos morfológicos, tanto que os insetos acabam por formar o maior ramo da árvore dos animais pela enorme diversidade com que se manifestam. </p><div style="text-align: center;">25</div><div><p style="text-align: justify;">A noção de que os organismos com funções e organizações complexas são modificações gradativas de espécies anteriores é descrito por Kardec:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Compreende-se então a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma transformação, ou, se quiserem, um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até o primitivo ser elementar. </span></blockquote><p style="text-align: justify;">Uma imagem resumida da evolução ao longo de bilhões de anos pode ser vista na Figura 1. Nada se sabia na época sobre como tais transformações ocorriam. Ao questionamento de Kardec:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><span style="color: #274e13;">Ora, se a glande encerra em latência os elementos próprios à formação de uma árvore gigantesca, por que não se daria o mesmo do ácaro ao elefante?</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">podemos responder hoje que os "elementos próprios" que unificam a escala dos seres, <i>do ponto de vista material</i>, está no material genético que os compõem. Assim, o grande elo de ligação reconhecido entre todos os seres, dos mais primitivos aos mais complexos e especializados, são seus constituintes genéticos.</p><p style="text-align: justify;">Como vimos anteriormente [2], a tese da geração espontânea era aceita por grande parte dos acadêmicos na época de Kardec. Ele reporta esse estado ao comentar que essa teoria "é a que tende evidentemente a predominar hoje na ciência". Neste Parágrafo, Kardec segue assim a ciência de seu tempo e considera a ideia das "transformações gradativas" entre os seres diante da noção de geração espontânea. As transformações seriam assim um modo alternativo da Natureza de gerar novas espécies porque cada uma delas adquiriu "a faculdade de reproduzir-se" e "os cruzamentos acarretaram inúmeras variedades". Os seres mais simples se reproduziriam espontaneamente, enquanto que os organismos mais complexos transformavam-se com o tempo.</p><p style="text-align: justify;">Essas noções sofreram mudanças profundas com a teoria da evolução de Darwin, o mutacionismo e a moderna genética. A geração espontânea foi expurgada da Biologia enquanto que o único mecanismo possível de criação de novas espécies está na evolução e nos inúmeros detalhes que operam seu mecanismo. As provas da evolução com organismos muito simples foram amplamente coletadas e constantemente monitoradas. Um exemplo que se tornou popular são as descrições da evolução do vírus da Covid-19, ver por exemplo, um trabalho recente em [3]. </p><p style="text-align: justify;">Essa mudança na maneira de se descrever o surgimento dos seres vivos não altera uma compreensão maior que devemos ter sobre a ligação espiritual que os une e que, um dia, também será reconhecida. Talvez seja possível dizer que uma consequência dessa ligação espiritual seja o elo material na forma das estruturas comuns que os conectam em uma grande hierarquia de criaturas. </p><p style="text-align: justify;"><b>Referências</b></p><p style="text-align: justify;">[1] Gibson, S. (2012). On Being an Animal, or, the Eighteenth-Century Zoophyte Controversy in Britain. History of science, 50(4), 453-476.</p><p style="text-align: justify;">[2] <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/10/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - VI</a></p>[3] Li, F. (2016). Structure, function, and evolution of coronavirus spike proteins. Annual review of virology, 3(1), 237.<p style="text-align: justify;"><br /></p><p><br /></p></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-65072258857928053512022-10-20T12:04:00.008-03:002022-10-21T15:51:49.689-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - VI<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU-rrnzyOjwVzAUKE4VAex5kkxd0Ppn79RGe2j3xITuvGOVGkDcTeP00DpbPv0r4lx244_IjL5vHVQOzX2B6BDJ6VfeoHzyrEo68Tw-5_oSbzf2dQGCcfB9i2cOt1GRV2F07pz3YzkIpF2wrDbPgSWw0Jrop_Nwrvq9ueYxSyK8sEiAIJNM_6FhWpIAQ/s320/FrascodePasteur.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Frasco do experimento de Pasteur. Imagem colhida em [1].</td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Continuação do post anterior: <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/09/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">"Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - V"</a>. Estudo sobre o Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><b>Geração espontânea</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="text-align: left;">20</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">A questão proposta por Kardec ainda preocupa a ciência atual:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Formam-se, nos tempos atuais, seres orgânicos pela simples reunião dos elementos que os constituem, sem germens, previamente produzidos pelo modo ordinário de geração, ou, por outra, sem pais nem mães?</span></blockquote></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Antes que se levante uma voz dissonante, falando sobre uma respostas já fornecida pela ciência, pedimos que o leitor dilate seu pensamento. Veremos aqui que permanece como questão atual, pois a solução dada para o problema antigo da geração espontânea <i>não resolveu</i> o dilema da origem da vida: ainda se formam seres vivos, <i>em qualquer lugar do Universo</i>, tão só pela simples reunião dos elementos que os constitutem? Reformulada em termos de um problema do início da vida, a "geração espontânea" recebeu modernamente um novo nome: <b><a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Abiogenesis" target="_blank">abiogênese</a></b>.</span></div><p style="text-align: justify;">E o debate também continua, ao lado dos que são a favor da abiogênese ou da "biologia sintética" [1] podemos encontrar seus opositores [3]. Como a comunidade acadêmica se apoia em princípios mecanísticos, a abiogênese é a crença dominante. De qualquer forma, o problema da origem da vida, já transparecia a Kardec pois, neste parágrafo, ele declara:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Esta maneira de entender deixa sempre em aberto a questão da formação dos primeiros tipos de cada espécie.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Referia-se ele ao debate de sua época, sobre se a Natureza <i>ainda produziria</i> (obviamente na Terra) seres de forma espontânea.</p><p style="text-align: center;">21</p><p style="text-align: justify;">Demonstrando estar bem informado sobre o debate científico de sua época, Kardec pondera corretamente que a geração espontânea somente poderia ocorrer em seres "rudimentares", ou seja, organismos compostos de poucas ou apenas uma célula. Ele reafirma o caráter "espontâneo" do aparecimento da vida em sua origem e separa o problema em dois, deixando claro a querela entre biologistas de seu tempo sobre se ainda essa criação estaria ocorrendo:</p><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Foram esses, com efeito, os primeiros que apareceram na terra e cuja formação houve de ser espontânea. Assistiríamos assim a uma criação permanente, análoga à que se produziu nas primeiras idades do mundo.</span></blockquote></div><p></p><p style="text-align: justify;">Obviamente, a ponderação continua válida, se não nos limitarmos ao planeta Terra, mas à possibilidade de surgimento da vida em outros planetas. É um despropósito acreditar que a Terra, em todo o Universo com trilhões e trilhões de planetas, seja o único que tenha apresentado as condições de gerar vida.</p><p style="text-align: center;">22</p><p style="text-align: justify;">Em paralelo à possibilidade de geração espontânea em organismos unicelulares, por que ela não ocorreria com seres mais complexos? Essa questão era um obstáculo claro à ideia da geração espontânea. Por isso, seria "imprudente e prematuro apresentar meros sistemas como verdades absolutas".</p><p style="text-align: center;">23</p><p style="text-align: justify;">Neste parágrafo temos uma curiosa afirmação de Kardec:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Se a geração espontânea é fato demonstrado, por muito limitado que seja, não deixa de constituir um fato capital, um marco de natureza a indicar o caminho para novas observações.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Como assim que a geração espontânea seria "fato demonstrado"? Infelizmente, não era costume nos textos do Século XIX apresentar mais citações que embasassem o que se afirmava. Por isso, no presente, poderemos tão só especular sobre quais teriam sido as fontes usadas, nesse caso por Kardec, para sustentar essa afirmação. Isso nos leva a uma revisão histórica do debate sobre a geração espontânea.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTd7ljrvuDFWAsKNQi_uMRsOvHNes_FPLjr72nVwHvIp20p1k4zxw6E7MZo0s7oScl8-NnCrTIGQ9qnIWwDmbISuwbGlNZJZlD8Ec4rvR17-REDu50vo_KJ2keriEU2d2OaYhSFnCqUwH0fc2JgvsFSM6XQ0UZjN4iflqJa2lmJ-82Y_pvB4DdvOn3Q/s89/widingsep01.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="62" data-original-width="89" height="62" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTd7ljrvuDFWAsKNQi_uMRsOvHNes_FPLjr72nVwHvIp20p1k4zxw6E7MZo0s7oScl8-NnCrTIGQ9qnIWwDmbISuwbGlNZJZlD8Ec4rvR17-REDu50vo_KJ2keriEU2d2OaYhSFnCqUwH0fc2JgvsFSM6XQ0UZjN4iflqJa2lmJ-82Y_pvB4DdvOn3Q/s1600/widingsep01.png" width="89" /></a></div><p style="text-align: justify;"><i>Breve revisão da história do debate da geração espontânea no Século XIX.</i></p><p style="text-align: justify;">Para isso, usamos pesquisas recentes sobre o tema. Uma delas é o excelente estudo de Lilian Al-Chueyr P. Martins (2009, [4]) sobre equívocos na maneira como a história do debate sobre a geração espontânea é apresentada hoje em dia.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZT2z6anhpiYBVSVqfPscDw2xPeQfGGQgcMA5SjhTfuA7aGkR_mw0QnZsNpLEBw9zKeUmcD80zRRS2vjy7tiPKXKCwMHlZGD19nsXaQ1doyKQQ84KPCL8KBi97j3F2vnbG1e5UBsNzCVQ87r17g-QW0i_tpJKG0vNukBS2BzYaC0vmx-C5RzpxZ9vUKg/s401/Pouchet.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="219" data-original-width="401" height="175" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZT2z6anhpiYBVSVqfPscDw2xPeQfGGQgcMA5SjhTfuA7aGkR_mw0QnZsNpLEBw9zKeUmcD80zRRS2vjy7tiPKXKCwMHlZGD19nsXaQ1doyKQQ84KPCL8KBi97j3F2vnbG1e5UBsNzCVQ87r17g-QW0i_tpJKG0vNukBS2BzYaC0vmx-C5RzpxZ9vUKg/s320/Pouchet.png" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: left;">Félix Archimède Pouchet (1800-1876), imagem segundo [4], realizou experimentos cuidadosos em 1856 que pareciam demonstrar a geração espontânea.</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Ficamos sabendo, por exemplo, das pesquisas realizadas por Félix Archimède Pouchet (1800-1876), diretor do Museu de História Natural de Rouen, que realizou diversas demonstrações cuidadosas e bastante favoráveis à geração espontânea em 1856. Por serem bem feitos, os experimentos de Pouchet provocaram forte impressão na Academia de Ciências de Paris. Estaria Kardec se referindo, na passagem citada acima, aos experimentos de Pouchet?</p><p style="text-align: justify;">Segundo [4]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Depois de três anos de pesquisas, Pouchet publicou um livro sobre o assunto, denominado "<i>Hétérogénie ou traité de la génération spontanée</i>". Essa obra tem um longo histórico da questão (quase 100 páginas), seguido por uma discussão filosófica sobre o tema. Depois discute a questão da origem da vida na Terra, defendendo que os primeiros organismos se formaram espontaneamente – mas esclarecendo que isso não era uma concepção anti-religiosa. Por fim, o livro apresenta um grande número de experimentos nos quais parecia estar ocorrendo geração espontânea de microorganismos.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Além disso, os experimentos de Pouchet foram confirmado por outros cientistas. Essas observações demonstram que o ambiente acadêmico sobre o assunto não se definiu facilmente como contrário à geração espontânea como descrevem livros textos educacionais modernos sobre o assunto [4]. O papel de Pasteur e sua participação no prêmio Alhumbert também é esclarecido em [4]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Como a questão das gerações espontâneas trazia conseqüências não apenas científicas mas também de âmbito filosófico, religioso e até mesmo político, em janeiro de 1860 a Academia de Ciências de Paris ofereceu um prêmio no valor de 2.500 francos (o Prêmio Alhumbert) para o melhor trabalho sobre o assunto. Provavelmente foi a pesquisa de Pouchet que levou à criação desse prêmio.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">O objetivo do prêmio era favorecer pesquisas contrárias à geração espontânea, tanto que, entre seus julgadores, todos eram oponentes da ideia. Seu apoiadores, no outro lado, sabendo das condições do prêmio, recusaram-se a participar dele. Tendo Pasteur adotado posição contrária à geração espontânea e sendo o únido participante, recebeu o prêmio em 1862, realizando um conjunto de experimentos que pareceram, para a Academia Francesa, demonstrar a impossibilidade de criação espontânea da vida.</p><p style="text-align: justify;">A tese defendida em [4] é que os relatos históricos apresentados em muitos livros modernos é de uma história contada de <i>trás para diante</i>. Como hoje em dia sabemos da impossibilidade da geração espontânea na Terra, o relato é montado de forma a parecer que o experimento de Pasteur conferiu o último golpe à teoria, o que é falso. Isso permite compreender a afirmação apresentada logo no início do Parágrafo 23, se os trabalhos de Pouchet pareceram a Kardec como de maior impacto em sua época. Essa hipótese tem apoio em [4]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">É relevante mencionar q<i>ue, na época, uma grande parte das pessoas cultas acreditou que</i> <i>Pouchet estava correto</i> e que a Academia havia cometido um erro. A Enciclopédia Larousse, por exemplo, considerava em 1865 que os heterogenistas haviam vencido a disputa. Portanto, a posição da Academia não levou a uma decisão sobre o assunto e <i>continuaram a surgir trabalhos de pesquisa favoráveis à geração espontânea</i>, tanto na França quanto em outros países, durante muito tempo. </span>(grifos nossos)</blockquote><p style="text-align: justify;">Os "heterogenistas" eram os adeptos da teoria da geração espontânea. Os debates sobre o assunto continuaram até, pelo menos, 1900. Entretanto, livros didáticos modernos de Biologia dificilmente fazem referência a tais experimentos em apoio à geração espontânea que foram realizados depois do prêmio oficial de Pasteur.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTd7ljrvuDFWAsKNQi_uMRsOvHNes_FPLjr72nVwHvIp20p1k4zxw6E7MZo0s7oScl8-NnCrTIGQ9qnIWwDmbISuwbGlNZJZlD8Ec4rvR17-REDu50vo_KJ2keriEU2d2OaYhSFnCqUwH0fc2JgvsFSM6XQ0UZjN4iflqJa2lmJ-82Y_pvB4DdvOn3Q/s89/widingsep01.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="62" data-original-width="89" height="62" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlTd7ljrvuDFWAsKNQi_uMRsOvHNes_FPLjr72nVwHvIp20p1k4zxw6E7MZo0s7oScl8-NnCrTIGQ9qnIWwDmbISuwbGlNZJZlD8Ec4rvR17-REDu50vo_KJ2keriEU2d2OaYhSFnCqUwH0fc2JgvsFSM6XQ0UZjN4iflqJa2lmJ-82Y_pvB4DdvOn3Q/s1600/widingsep01.png" width="89" /></a></div><p style="text-align: justify;">Em suma, na época da publicação de <i>A Gênese,</i> as "pessoas cultas" na França consideravam que a geração espontânea havia sido demonstrada. No extremo oposto, Pasteur tinha ganhado um "prêmio de consolação" concedido por um torneio suspeito e esvaziado da Academia Francesa, que não foi suficiente para convencer a maioria. O debate sobre a geração espontânea, misturado ao ambiente de discussão política, talvez impedisse um visão mais clara do assunto. Por essa razão, Kardec finaliza o citado Parágrafo com a bela ponderação:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanente, senão como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia, talvez, tome lugar entre as verdades científcas incontestes.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Muito provavelmente, a motivação dos cientistas favoráveis à geração espontânea na época de Kardec era resolver o problema da origem da vida. Demonstrado que a vida poderia surgir espontaneamente em qualquer lugar da Terra, ficava dissolvido o problema de decidir <i>quando</i> a vida ocorreu pela primeira vez. Como a questão se definiu pela impossibilidade da geração espontânea presente (sem impedir sua ocorrência em outros planetas), o problema da origem da vida permanece como um dos mais intricados embróglios científicos presentes. </p><p style="text-align: justify;">Recomendamos também a leitura de "A geração espontânea e a Gênese" [5] de julho de 1868.</p><p><b>Referências</b></p><p>[1] Pasteur's "col de cygnet" (1859). British Society for Immunology. <a href="https://www.immunology.org/pasteurs-col-de-cygnet-1859">https://www.immunology.org/pasteurs-col-de-cygnet-1859</a></p><p>[2] Attwater, J., & Holliger, P. (2014). A synthetic approach to abiogenesis. nature methods, 11(5), 495-498. <a href="https://www.nature.com/articles/nmeth.2893">https://www.nature.com/articles/nmeth.2893</a> </p><p>[3] Bergman, J. (2000). Why abiogenesis is impossible. Creation Research Society Quarterly, 36(4), 195-207. <a href="http://herbertarmstrong.org/Miscellaneous/Why%20Abiogenesis%20is%20Impossible.pdf">http://herbertarmstrong.org/Miscellaneous/Why%20Abiogenesis%20is%20Impossible.pdf</a></p><p>[4] Martins, L. A. C. P. (2009). Pasteur e a geração espontânea: uma história equivocada. Filosofia e História da Biologia, 4(1), 65-100. <a href="http://www.abfhib.org/FHB/FHB-04/FHB-v04-03.html">http://www.abfhib.org/FHB/FHB-04/FHB-v04-03.html</a> </p><p>[5] Ver: <a href="https://www.ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=6191&&idioma=1">https://www.ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=6191&&idioma=1</a></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-61634338589899251332022-09-23T15:36:00.000-03:002022-09-23T15:36:05.406-03:00Experiências de quase-morte: considerações sobre explicações convencionais recentes.<p></p><div style="text-align: center;"> <img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitYdlntayJuQUqVRM11kB3mpUPxrz0HUmQmkNCy235DzqtsgroXyvRu09dUP1_OppWe30fL-v4kHiX3Q7SmznCcInkgaIxwMnWTlWV-psE6quQt8we4HjUpaE6VgyLN3MfgmitRF961_KRFM_sZAt954dDz4prZtj7-TOgu1_NMSiJZYwZlsL9VR6cTA/s320/NDE01.jpg" /></div><p></p><div style="text-align: justify;">Uma proposta nos chegou para divulgar experiências mais recentes de EQM (ou "experiências de quase-morte", em ingle NDE ou "<i>near death experiences</i>"). De fato, posts sobre essas experiências são um pouco antigos aqui (um deles já tem 10 anos...[1]). Desde então, o que mudou? Ao longo do tempo, muitas outras experiências foram relatadas. Os leitores poderão acessar, por exemplo, os sites da <i>International Association for Near-Death Studies</i> (<a href="https://iands.org/home.html">IANDS</a> e sua revista especializada <a href="https://iands.org/research/publications/journal-of-near-death-studies.html" target="_blank"><i>Journal of Near-Death Studies</i></a>) ou da <i>Near-Death Experience Research Foundation</i> (<a href="https://www.nderf.org/">NDERF</a>). Esses locais na rede dedicam-se ao acúmulo e estudo de relatórios de experiências de quase-morte de uma maneira sistemática.</div><p style="text-align: justify;">De forma mais específica, de 2012 até 2022, o que a comunidade acadêmica disse a respeito do assunto? Por "comunidade acadêmica" entendemos aqueles que não comungam das mesmas explicações de alguns dos investigadores pioneiros do assunto, como é o caso de R. Moody, S. Parnia [3], ou o Dr. Bruce Greyson [4]. Esses pesquisadores têm sido em parte responsáveis pela divulgação desses eventos na grande mídia. Eles chamam atenção para o caráter anômalo dos reportes de EQM; ao fato de que elas "sugerem" continuidade da vida após a morte.</p><p style="text-align: justify;">Um debate tem se estabelecido naturalmente entre os adeptos da explicação "sobrevivencialista" (de que as experiências informam sobre uma realidade maior além da vida) e os que negam qualquer coisa nesse sentido. Exemplos de opiniões nessa última direção podem ser lidos em [2], [2b], [5], [6] e [7]. Isso é plenamente compreensível porque não existe uma teoria completa sobre a consciência, que é considerada um subproduto da atividade do cérebro. De acordo com essa visão acadêmica majoritária, as EQMs seriam apenas reações normais de um cérebro em perigo de vida, algo como as reações de "tanatose" dos insetos.</p><p><b>O problema da falta e uma teoria da consciência</b></p><p style="text-align: justify;">Problemas começam com as definições apropriadas de "morte cerebral". Essa definição é fundamental para se entender o fenômeno, uma vez todos que reportaram a experiência sobreviveram. Ou seja, o cérebro não estava "morto" de fato, não obstante a parada cardíaca. </p><p style="text-align: justify;">Para se ter uma ideia da confusão reinante, devemos considerar trabalhos extensivos de mapeamento de regiões cerebrais e sua associação com funções cognitivas fundamentais. Diz-se que tais funções são "geradas" ou "processadas" em regiões super específicas do cérebro. Isso não é diferente de dizer que a causa para as operações do pensamento está no tecido neural dessas regiões. Essa explicação, porém, é abalada pelo conceito de "plasticidade cerebral" nos casos de pacientes com lesões sérias em determinadas parte do cérebro, mas sem qualquer impacto em seu comportamento cognitivo. Essa plasticidade é definida como a "capacidade do cérebro de alterar sua estrutura e função" [8]. Ora, diante disso, o que de fato, gera as funções cognitivas? Ao invés de regiões e tecidos específicos, a explicação envolve reconhecer que o cérebro em seu conjunto é a própria origem, o que torna o mapeamento inócuo de um ponto de vista fundamental. Toma-se o próprio fenômeno como a causa. </p><p style="text-align: justify;">A identificação mais profunda da causa é ainda obscurecida pela "complexidade" das conexões entre os bilhões e bilhões de neurônios que formam o cérebro. Essa complexidade seria a própria causa, como parece ser a explicação vigente, sendo que a variedade, riqueza e multiplicidade das experiências conscientes é resultado de uma organização inacessível na escala microscópica. Oculto na complexidade qualquer explicação é possível e talvez indique um problema na metodologia de pesquisa dos fenômenos de EQM.</p><p style="text-align: justify;">Essas dificuldades metodológicas são evidentes diante de um dos primeiros monitoramentos aparentemente completos da atividade cerebral durante um episódio de óbito. Como descrito em [9], ele foi realizado apenas em 2022. Há claras dificuldades operacionais e éticas, como conseguir autorização da família para realizar estudos científico em um parente querido com quadro clínico constatado como irreversível. </p><p style="text-align: justify;"><b>Opinião convencional vigente</b></p><p style="text-align: justify;">A referência [2b] resume o estado de ânimo reinante nos defensores das explicações convencionais. A autora pondera:</p><p></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04;">Aceito a realidade dessas experiências intensamente vivenciadas. Elas são tão autênticas quanto qualquer outra percepção ou sentimento subjetivo. Como cientista, entretanto, opero sob a hipótese de que todos os nossos pensamentos, memórias, percepções e experiências são consequências inevitáveis de causas naturais em nosso cérebro ao invés de experiências sobrenaturais. Essa premissa serve muito bem a ciência e suas criações tecnológicas ao longo dos últimos séculos. A menos que existam evidências objetivas, convincentes e extraordinárias ao contrário, não vejo razão para abandonar esse pressuposto. </span></blockquote><p style="text-align: justify;">Há claramente um problema de percepção das causas aqui. A sobrevivência é considerada uma "experiência sobrenatural" sem se especificar o que isso significa: seria uma quebra da ordem natural completamente desnecessária na teoria da sobrevivência? De resto, é evidente que todas as experiências de EQM são filtradas pelo cérebro, tal como o são as experiências cognitivas normais. Não obstante isso, a essas últimas é conferido o caráter de "realidade" que existe independende da "recriação" cerebral. Mas não há nada nas explicações neurológicas convencionais que explique como isso é possível. Tanto faz, neurologicamente falando se "o cérebro vê uma lâmpada externa acesa" ou "imagina ver uma lâmpada" (as mesmas regiões do cérebro são usadas na percepçao e na imaginação de algo).</p><p style="text-align: justify;">Desprovido de qualquer referência de informação da realidade externa, a explicação convencional é resumida por esta passagem em [2]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #783f04;">Sem surpresa, muitos consideram as EQMs como evidências de vida após a morte, do céu ou da existência de deus. As descrições de deixar o corpo ou de uma bem-aventurada união com o universal parecem ter origem em crenças religiosas sobre almas deixando o corpo na morte e subindo em direação a um céu das bem-aventuranças. Mas, essas experiências são compartilhadas entre uma ampla gama de culturas e religiões de forma que não é improvável que elas sejam reflexo de expectativas religiosas específicas. Ao invés disso, esse caráter comum sugere que as EQMs se originam de algo mais fundamental do que expectativs religiosas e culturais. Talvez as EQM reflitam mudanças em como o cérebro funciona quando nos aproximamos da morte.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Em suma: a regularidade e uniformidade de relatos é atribuido a uma "crença religiosa generalizada", que tem como causa nada além de ocorrências comuns no cérebro. A universalidade da experiência tem como origem a universalidade da bioquímica do que ocorre no cérebro moribundo.</p><p style="text-align: justify;">A extraordinariedade, objetividade e convencimento das EQM devem ser buscadas no caráter de "realidade externa" independente que alguns relatos demonstram e que é um mistério para as explicações convencionais. </p><p></p><p style="text-align: justify;"><b>A ligação entre EQMs e a realidade externa</b></p><p style="text-align: justify;">Assim, é bastante claro que, se as EQM permanecerem como "experiências vividas e significativas" para quem as experimenta, elas permanecerão também indistinguíveis de estados fantasiosos "normais". Esse caráter significativo e impactante é irrelevante para a explicação convencional da mente como produto do cérebro. Qualquer coisas que se imagine, se vivencie será sempre uma experiência privada e, portanto, uma fantasia produzida pelos neurônios cerebrais.</p><p style="text-align: justify;">Mas, será apenas isso o que as EQMs relatam? O interesse contemporâneio de neurocientistas pelos casos de EQM passam muitas vezes longe de relatos anteriores na literatura especializada de <i>EQMs verídicas </i>[10]. Por esse nome se designam EQMs em que os pacientes descrevem coisas no mundo externo que seria impossível a eles descrever no estado e na posição de seus corpos no momento da experiência. Existem inúmeros casos reportados e um deles já foi descrito aqui [10b]. Porém, uma peculiaridade do meio de pesquisa simplesmente considera tais casos como "pura ficção".</p><p style="text-align: justify;">Em um trabalho recente [11], Stripp considera que os relatos de EQM verídicas são desprezados intencionalmente pela comunidade acadêmica conforme o "viés reducionista" dominante. Sobre as "falácias ontológicas e epistemológicas" associadas a NDEs, Stripp pondera corretamente [12]:</p><span style="color: #274e13;"><blockquote style="text-align: justify;">Tais declarações são baseadas em suposições ontológicas materialistas. Essas são suposições para as quais os autores não conseguem mencionar nem discutir, dando origem a um falácia de pensamento circular: uma vez que tudo está na biologia, as EQMs tem um objetivo biológico. Não estou a argumentar contra esses aspectos comuns em todos os humanos, mas sugiro que tais aspectos podem não resultar integralmente dos componentes biológicos do corpo humano. Simplesmente não conhecemos tudo o que nos mantem coesos. Além disso, objetividade pura é, em muitos cenários, impossível, considerando que sempre haverá alguma subjetividade e decisões humanas em toda pesquisa. Essa subjetividade introduz um viés que deve ser criticamente avaliado. Mesmo os axiomas mais comuns da ciência são construções humanas e devem ser considerados como tal. </blockquote></span><p style="text-align: justify;">Em outras palavras: quando evidências verídicas são fornecidas, os relatos não são considerados suficientemente "objetivos" para merecerem "crédito acadêmico", sob uma suposta exigência de objetividade. Mas isso é imcompatível com a natureza do fenômeno estudado. </p><p style="text-align: justify;">Essa falta de consideração é cuidadosamente selecionada para que apenas os relatos que se adequam à visão materialista vigente façam sentido. Muitas abordagens convencionais acabam, portanto, apenas se dedicando aos aspectos do fenômeno que podem ser aparentemente explicados justamente por aquilo que pesquisadores acreditam desde o início. Por exemplo: reduzir NDEs a experiências semelhantes a "alucinações provocadas por drogas" é uma das estratégias de desconstrução da rica fenomenologia dos relatos [12]. Alguns pesquisadores [13] têm denunciado essa postura que não pode ser considerada científica.</p><p style="text-align: justify;">No nosso entendimento, esse estado de coisa é lamentável como postura "científica", mas perfeitamente compreensível. Não será possível promover uma revolução na maneira de pensar da academia sem estudos sistemáticos sejam conduzidos com os fenômenos de EQM. Aliás, sobre isso, o que será mais "extraordinário" realizar é a completa mudança de mentalidade a respeito do assunto. Por serem fatos que devem ser "colhidas de passagem" (como diria Kardec), será muito difícil estabelecer qualquer tipo de controle rigoroso na sua frequência, ocorrência e avaliação. Seria o mesmo que querer validar em laboratórios fenômenos esporádicos que somente ocorrem na Natureza em grande escala. Entretanto, as EQM fornecem e sempre fornecerão evidências bastante convincentes da realidade da continuidade da vida a despeito das tentativas de acomodá-la a concepções preconcebidas.</p><p><b>Referências</b></p><p style="text-align: left;">[1] <i>Reflexões sobre o contexto de experiências de quase-morte: artigo de Michael Nahm</i> (2011). <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2012/11/reflexoes-sobre-o-contexto-de.html">https://eradoespirito.blogspot.com/2012/11/reflexoes-sobre-o-contexto-de.html</a></p><p style="text-align: left;">[2] R. Martone (2019). "<i>New Clues Found in Understanding Near-Death Experiences</i>".<a href="https://www.scientificamerican.com/article/new-clues-found-in-understanding-near-death-experiences/">https://www.scientificamerican.com/article/new-clues-found-in-understanding-near-death-experiences/</a></p><p style="text-align: left;">[2b] C. Koch (2020). What Near-Death Experiences Reveal about the Brain. <a href="https://www.scientificamerican.com/article/what-near-death-experiences-reveal-about-the-brain/">https://www.scientificamerican.com/article/what-near-death-experiences-reveal-about-the-brain/</a></p><p style="text-align: left;">[3] Livro III - O Que Acontece Quando Morremos (Dr. Sam Parnia). <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2011/11/livro-iii-o-que-acontece-quando.html">https://eradoespirito.blogspot.com/2011/11/livro-iii-o-que-acontece-quando.html</a></p><p style="text-align: left;">[4] Near-Death Experiences (NDEs). <a href="https://med.virginia.edu/perceptual-studies/our-research/near-death-experiences-ndes/">https://med.virginia.edu/perceptual-studies/our-research/near-death-experiences-ndes/</a></p><p style="text-align: left;">[5] Evrard, R., Pratte, E., & Rabeyron, T. (2022). Sawing the branch of near‐death experience research: A critical analysis of Parnia et al.’s paper. Annals of the New York Academy of Sciences.</p><p style="text-align: left;">[6] Hannah Flynn (2022). <i>When are we really dead? New study sheds light</i>. <a href="https://www.medicalnewstoday.com/articles/when-are-we-really-dead-new-study-sheds-light">https://www.medicalnewstoday.com/articles/when-are-we-really-dead-new-study-sheds-light</a></p><p style="text-align: left;">[7] Martial, C., Gosseries, O., Cassol, H., & Kondziella, D. (2022). <i>Studying death and near-death experiences requires neuroscientific expertise</i>. Annals of the New York Academy of Sciences. <a href="https://orbi.uliege.be/bitstream/2268/293819/1/comment%20on%20parnia%20et%20al_final.pdf">https://orbi.uliege.be/bitstream/2268/293819/1/comment%20on%20parnia%20et%20al_final.pdf</a></p><p style="text-align: left;">[8] Kolb, B., & Whishaw, I. Q. (1998). <i>Brain plasticity and behavior.</i> Annual review of psychology, 49(1), 43-64.</p><div style="text-align: left;">[9] Vicente, R., Rizzuto, M., Sarica, C., Yamamoto, K., Sadr, M., Khajuria, T., ... & Zemmar, A. (2022). <i>Enhanced interplay of neuronal coherence and coupling in the dying human brain</i>. Frontiers in aging neuroscience, 80.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">[10] Ring, K., & Lawrence, M. (1993). <i>Further evidence for veridical perception during near-death experiences</i>. Journal of Near-Death Studies, 11(4), 223-229.</div><div style="text-align: justify;"><ul><li style="text-align: left;"><a href="https://www.researchgate.net/profile/Madelaine-Lawrence/publication/226754118_Further_evidence_for_veridical_perception_during_near-death_experiences/links/0fcfd513923c05c0e5000000/Further-evidence-for-veridical-perception-during-near-death-experiences.pdf">https://www.researchgate.net/profile/Madelaine-Lawrence/publication/226754118_Further_evidence_for_veridical_perception_during_near-death_experiences/links/0fcfd513923c05c0e5000000/Further-evidence-for-veridical-perception-during-near-death-experiences.pdf</a></li></ul></div><div style="text-align: left;">[10b] <i>Experimentum crucis: EQMs em pessoas cegas</i>.<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2013/04/experimentum-crucis-eqms-em-pessoas.html">https://eradoespirito.blogspot.com/2013/04/experimentum-crucis-eqms-em-pessoas.html</a></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">[11] Stripp, T. K. (2022). <i>Near-death experiences and the importance of transparency in subjectivity, ontology and epistemology</i>. Brain Communications, 4(1), fcab304.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">[12] Van Lommel, P. (2011). <i>Near‐death experiences: the experience of the self as real and not as an illusion</i>. Annals of the New York Academy of Sciences, 1234(1), 19-28.</div><div style="text-align: left;"><br /></div>[13] Moreira-Almeida, A., Costa, M. D. A., & Coelho, H. S. (2022). <i>Cultural Barriers to a Fair Examination of the Available Evidence for Survival.</i> In Science of Life After Death (pp. 73-77). Springer, Cham.Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-49558689905200700572022-09-04T07:35:00.001-03:002022-09-04T07:55:43.027-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - V<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnfGptncr8fTV32FrJzwvVuXhwsL1UTnP9-C79bBgyk6eWqu5WCZSPW-1HLIEvrlHtgvUQ4fcDf5c7zGFqPIsEEa60M9HMgUw-6NsYW8XAtX6PiMngvQhIf9dw5hTslfqH23v-1hd_dODPow_7ki3jrgAmT7IMlN1RXNwfbgLigU8sL8T2SnwLj7Xl4g/s600/Hackeldesenho.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="430" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnfGptncr8fTV32FrJzwvVuXhwsL1UTnP9-C79bBgyk6eWqu5WCZSPW-1HLIEvrlHtgvUQ4fcDf5c7zGFqPIsEEa60M9HMgUw-6NsYW8XAtX6PiMngvQhIf9dw5hTslfqH23v-1hd_dODPow_7ki3jrgAmT7IMlN1RXNwfbgLigU8sL8T2SnwLj7Xl4g/w287-h400/Hackeldesenho.jpg" width="287" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustrações de seres marinhos por <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel" target="_blank">Ernst Haeckel</a> (1834-1919).</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/07/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - IV</a>". Estudo sobre o Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec.</div><p></p><p><b>O princípio vital</b></p><p style="text-align: center;">16</p><p style="text-align: justify;">Do ponto de vista de seus ingredientes materiais, seres vivos podem ser decompostos pela química em elementos que são <i>indistinguíveis</i> daqueles que formam os minerais. Assim, a síntese de compostos orgânicos constituiu um duro golpe aos que acreditavam que seres vivos eram feitos de uma matéria especial. Neste parágrafo, Kardec pergunta se seres vivos podem ser reduzidos ainda mais aos elementos puramente materiais em um sentido mais profundo:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Sem falar do princípio inteligente, que é questão à parte, há, na matéria orgânica, um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto; mas nem por isso deixa de dar à substância propriedades que a distinguem das substâncias inorgânicas. </span></blockquote><p style="text-align: justify;">Em uma lógica que ainda não é apreciado pelas ciências estabelecidas, o Espiritismo tem no princípio inteligente um elemento fundamental que justifica a existência da própria vida. Os seres vivos abrigam o princípio inteligente que evolui ao longo dos séculos em consórcio com a evolução das formas vivas até que ele alcançe o estado da razão. Entretanto, não é esse o tema principal do Parágrafo ora em análise, mas sim o "<i>princípio vital</i>". </p><p style="text-align: justify;">Para se ter entendimento mais exata do motivo para se propor a existência desse terceiro elemento nos seres vivos é relevante uma revisão histórica, inclusive para compreender o debate então vigente sobre ele até o Século XIX. Adiantamos aqui que, em tese, a biologia moderna aboliu completamente a necessidade do princípio vital em suas explicações sobre a vida. Apresentaremos essa revisão mais para a frente.</p><p style="text-align: justify;">Para que se tenha uma noção aproximada da relevância do princípio vital (ou como assim parecia sua manifestação aos téoricos da biologia no Século XIX) fazemos aqui uso de uma comparação. Ninguém duvida que um processador eletrônico moderno (que existe em computadores, tablets e telefones celulares) é formado de elementos químicos bem conhecidos. Diversas substânias minerais entram na composição dos "chips" eletrônicos: elementos como o silício, o ferro, o alumínio, germânio e outros. Entretato, a estrutura, composição e arranjo desses elementos nos equipamentos eletrônicos não é suficiente para explicar como esses dispositivos se comportam. Tomo de um telefone celular ligado e corretamente configurado, toco em uma determinada janela que abre um "aplicativo" que me permite ler um mapa onde eu me localizo. Que mágica é essa capaz de conhecer minha posição de forma automática e instantânea ? </p><p style="text-align: justify;">Para compreender como se comportam computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos complexos (Fig. 1), que respondem ao ambiente e realizam funções sofisticadas, precisamos da ideia dos "<i>algoritmos</i>". Esses são longas sequências de comandos inscritos em linguagem lógica que são "decodificados" em arranjos de correntes elétricas que percorrem os circuitos desses equipamentos. Os algoritmos representam estruturas de nível hierárquico superior capazes de controlar a matéria que compõe os equipamentos sem, entretanto, alterar sua estrutura. Além deles, a eletricidade é um importante ingrediente que flui nos equipamentos eletrônicos causando determinados comportamentos. </p><p style="text-align: justify;">Assim, um paralelo entre seres vivos e equipamentos eletrônicos pode ser traçado de forma grosseira, ao se identificar as estruturas orgânicas dos seres com o hardware dos equipamentos, a eletricidade com o princípio vital e os algoritmos com o princípio inteligente. Dessa forma, fica mais fácil compreender a afirmação de Kardec:</p><span class="fontstyle0"></span><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"><span class="fontstyle0">Ativo no ser vivente, esse princípio se acha </span><span class="fontstyle2">extinto </span><span class="fontstyle0">no ser morto; mas nem por isso deixa de dar à substância propriedades que a distinguem das substâncias inorgânicas.</span></span></blockquote><p style="text-align: justify;">Um equipamento sem fonte de energia não funciona. Da mesma forma, seres vivos são obrigados a extrair do meio a energia que permite a eles viver. Entretanto, a eletricidade (que se caracteriza pela intensidade, modulação e temporização com que flui nos circuitos integrados) permite um paralelo mais preciso com a ideia do princípio vital nos seres vivos. A eletricidade confere aos equipamentos propriedades que não existem naqueles em que esse fluxo for inconforme ou inexistente, ainda que estejam plenamente "carregados". </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixNKuMTHeYEhWa9PKfAnY0PuL6vdL-7xILx9iTCXcEF6LP2aFc7LMqdvz55A8EV1vG0W8lJKootocgHI89InmLrV8fFPdHJzWdnjMOUQg_m7WV5Bhkb6z5cbug1IRTuJN8pWEJYQZp1vjnuwvPMD2zXUzJCOLHc2f--kHfdLtzb6MOupkzCwUKQMp9Eg/s500/computers01.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="500" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixNKuMTHeYEhWa9PKfAnY0PuL6vdL-7xILx9iTCXcEF6LP2aFc7LMqdvz55A8EV1vG0W8lJKootocgHI89InmLrV8fFPdHJzWdnjMOUQg_m7WV5Bhkb6z5cbug1IRTuJN8pWEJYQZp1vjnuwvPMD2zXUzJCOLHc2f--kHfdLtzb6MOupkzCwUKQMp9Eg/s320/computers01.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 1 Equipamentos eletrônicos modernos funcionam sob princípios que não dependem apenas dos componentes químicos que os formam. Assim, eles fornecem um paralelo para se compreender as questões ligadas à necessidade do princípio vital nos seres vivos, como apresentadas a partir do Parágrafo 16 no Capítulo X. </td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Esse paralelo corresponde à proposta de se entender um ser vivo como um "sistema" organizado de forma hierárquica em que estruturas nos níveis mais inferiores (o "hardware") são operados pelos níveis superiores intangíveis (software). Para isso, "informação" flui entre os níveis, de forma que não é possível decompor e explicar um ser vivo tão somente em termos dos seus elementos químicos. A biologia moderna possui outras paradigmas para explicar as correntes de informação responsável pelo funcionamento dos seres vivos como, por exemplo, a ideia de que informação está "codificada" nos genes que instruem as células na realização de tarefas específicas. Entretanto, haverá sempre uma causa anterior subjacente à organização dos genes como, por exemplo, a fonte de informação responsável pelos próprios genes.</p><p style="text-align: center;">17</p><p style="text-align: justify;">Neste parágrafo algumas perguntas sobre o princípio inteligente são apresentadas:</p><span style="color: #274e13;"><blockquote style="text-align: justify;">Será o princípio vital alguma coisa particular, que tenha existência própria? Ou, integrado no sistema da unidade do elemento gerador, apenas será um estado especial, uma das modificações do fluido cósmico, pela qual este se torne princípio de vida, como se torna luz, fogo, calor, eletricidade?</blockquote></span><p style="text-align: justify;">Como resposta preliminar, Kardec cita as mensagens do Cap. VI em "<i>Uranografia Geral</i>" (ver nossa análise em "<i><a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/10/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank">Comentários sobre "Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - CONCLUSÃO</a></i>") que parecem indicar que o princípio vital não é um elemento a parte, ou seja, não seria um "terceiro princípio", além do material e inteligente. </p><p style="text-align: justify;">Ao contrário, ele é extraído do meio como uma modificação do fluido cósmico universal. De novo nosso paralelo com os equipamentos eletrônicos permite compreender essa proposta uma vez que corrrentes elétricas são extraídas do meio por uma transformação dos recursos energéticos disponibilizados ao equipamento. O princípio vital seria um recurso extraído do meio por meio de transformações especiais específicas aos seres vivos. </p><p style="text-align: center;">18</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Na análise dos corpos orgânicos, a Química encontra os elementos que os constituem: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono; mas não pode reconstituir aqueles corpos, porque, já não existindo a causa, não lhe é possível reproduzir o efeito, ao passo que possível lhe é reconstituir uma pedra.</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Kardec chama a atenção para outro aspecto que permite compreender a necessidade do princípio vital. Como veremos mais tarde, essa impossibilidade de se reproduzir o efeito apenas pela reunião dos ingredientes fundamentals visíveis ainda continua. Até hoje ainda não foi possível sintetizar um ser vivo - por mais simples que seja - por meios químicos. </p><p style="text-align: center;">19</p><p style="text-align: justify;">Neste Parágrafo, Kardec parece apoiar a identificação do princípio vital com a eletricidade:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Os corpos orgânicos seriam, então, verdadeiras pilhas elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam de funcionar, quando tais condições desaparecem: é a morte. Segundo essa maneira de ver, o princípio vital não seria mais do que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa, quando da morte, por se extinguir tal ação.</span></blockquote><p style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0">Não só isso, mas seria possível identificar o princípio com o próprio fluxo de energia no corpo vivo. Essa energia se manifesta de várias formas: química, elétrica e mecânica. Porém, a noção de ''conservação de energia" foi praticamente contemporânea da publicação de "A Gênese" [1]. Dessa forma, na época de Kardec, não seria possível fazer uma distinção clara entre o conceito emergente de energia [2] e o princípio vital. Da mesma forma, quando biologistas aboliram esse princípio da Biologia no início do Século XX, eles não tinham ideia de que ele poderia retornar, anos mais tarde, sob uma nova roupagem teórica e conceitual.</span></p><p style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0"><b>Referências</b></span></p><div style="text-align: justify;">1. CAHAN, David. <i>The awarding of the Copley Medal and the ‘discovery of the law of conservation of energy: Joule, Mayer and Helmholtz revisited</i>. Notes and Records of the Royal Society, v. 66, n. 2, p. 125-139, 2012.</div><div><div style="text-align: justify;">2. HARRER, Benedikt W. <i>On the origin of energy: Metaphors and manifestations as resources for conceptualizing and measuring the invisible, imponderable</i>. American Journal of Physics, v. 85, n. 6, p. 454-460, 2017.</div><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p><br /></p></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-76660408762776144362022-08-11T08:27:00.000-03:002022-08-11T08:27:07.444-03:00Katsugoro e outros casos de reencarnação no Japão.<div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnMe78j0q8LAScflsdED3PaP06dOYnbfaOei2kuwAs0x5-TTdsERYl7OE5p0K-3enQpytTxLnNl8Pa84Al6DctLQpAeSSTPmtKie0ffKdADemixjmi9B78zK5tws6r1tUsGbMSvlMWn0wHT9q6DtWadvGbUcqj7IxDYZSNtFpReTfpz-L_PrVPnB_pCA/s793/katsugoro.jpg"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnMe78j0q8LAScflsdED3PaP06dOYnbfaOei2kuwAs0x5-TTdsERYl7OE5p0K-3enQpytTxLnNl8Pa84Al6DctLQpAeSSTPmtKie0ffKdADemixjmi9B78zK5tws6r1tUsGbMSvlMWn0wHT9q6DtWadvGbUcqj7IxDYZSNtFpReTfpz-L_PrVPnB_pCA/s320/katsugoro.jpg" /></a></div> <div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><i><span style="color: #0c343d;">"Onde você estava antes de nascer em nossa casa?"</span></i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;">O pequeno Katsugoro de oito anos perguntou a seus irmãos. Para sua surpresa, nenhum deles se lembrava de uma vida anterior como Katsugoro se lembrava. Neste livro, o linguista e parapsicólogo Ohkado Masayuki examina em profundidade esse importante caso sugestivo de reencarnação do Século 19, além de numerosos outros relatos contemporâneos de crianças japonesas que se lembram de vidas passadas. De forma única, o autor também explora casos de crianças que se lembram como estavam entre as vidas e, muitas vezes, mesmo como elas morreram nas vidas anteriores, bem como do intervalo de transição para uma nova vida. Suas descrições tem grandes semelhanças com relatos de experiência de quase-morte. Ainda em outros casos, as crianças relatam memórias antes da concepção, entre a concepção e o nascimento, frequentemente sem associação com memórias de vidas passadas. Ohkado argumenta que a evidência acumulada sugere fortemente que a consciência humana sobrevive à morte do corpo e continua a existir entre um corpo e outro. Esse livro demonstra que os pequeninos em torno de nós são seres espirituais conscientes, que podem ter tido experiências extraordinárias e profundas. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;">O caso de Katsugore, assim como exemplos semelhantes por todo o mundo, inspiraram o trabalho do Dr. I. Stevenson da Universidade da Virgínia. Com sua análise completa e comprometida, a obra "Katsugoro e outros casos de reencarnação no Japão" de Ohkado Masayuki traz uma contribuição importante ao conjunto de dados que sugerem a realidade do fenômeno da reencarnação.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="color: #0c343d;">Sobre o autor: Ohkado Masayuki é parapsicólogo e professor de linguística no Departamento de Linguagem e Cultura da Universidade Chubu, Japão. Foi professor visitante do MIT, Universidade de Amsterdam e na Divisão de Estudos da Percepção na Universidade da Virgínia.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Fonte: <a href="https://www.afterworldspress.com/katsugoro">https://www.afterworldspress.com/katsugoro</a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Observação: Essa é a primeira obra de Masayuki disponível apenas em inglês no site indicado acima.</div></div><p><br /></p></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-60676692359405023432022-07-12T13:13:00.004-03:002022-07-12T13:29:35.826-03:00Tradução de "Gintanjali" pelo blog Era do Espírito<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1i-0a8mPuL5zSGn_9QkPK_HXrc5UpeC68/view?usp=sharing" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBhctX5tOUiMhkNPjmrE_lYf7BB-j1LjFyD4cZ4Jts9-i6OGEWw8QUFZcA-6cbDCQ0vKgPycWv8tq_CUVb5h2eBdCr-jkJZqZaGXXqmTM9yWcXY-pa77QRHiBw-PCtxH_6NCuU-e6ZohgihYq5WfUX9eVcDF2gAL3Rb5z_mlM7VvepJ1bKX7qvKXJtJg/s320/coverp.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da tradução de "Gitanjali" lançada em agosto de 2022. <br />Baixe o <a href="https://drive.google.com/file/d/1hSP-optVdsJreh1fstEqW3XgOYGQsEJi/view?usp=sharing" target="_blank">PDF aqui.</a><br /></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Lançamos hoje uma versão online de uma tradução que fizemos da obra <i>Gitanjali</i> de Rabindranath Tagore. <a href="#">Já comentamos aqui uma obra psicografada por Divaldo Franco</a> do famoso poeta indiano. Essa obra chamou nossa atenção para Gitanjali, publicado em 1914 e disponível em acesso público em [1].</p><p style="text-align: justify;">Uma tradução do título desse conjunto de poemas, que deu a Tagore o prêmio Nobel de literatura em 1913, é "Oferenda de canção". É uma referência aos cultos hinduístas em que presentes são colocados nos altares de seus muitos deuses. O poeta aqui também faz sua oferenda, só que na forma de "canções" que falam ao coração.</p><p style="text-align: justify;">Não é muito difícil perceber a presença do Espiritismo velado nesses poemas. Vejamos alguns exemplos:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><i>Saí no carro do primeiro raio de luz e prossegui minha viagem pelas vastidões dos mundos, a deixar meus rastros em muitas estrelas e planetas. </i>(Poema 12, 2)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">É a alma que vive na pluralidade dos muitos mundos habitados a existir nas vastidões universais. </p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><i>Dia após dia me fazes merecedor de regalos simples e pequenos que me concedes sem perguntar – esse céu e a luz, esse corpo, a vida e o espírito – poupando-me dos perigos dos desejos em excesso.</i> (Poema 14, 2)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">É a alma que deve aprender a se contentar com os presentes aparentemente simples e pequeninos que a Divida Providência lhe dispensa a cada dia.</p><p style="text-align: justify;">Não seriam estes os pássaros de Tagore que foram recontados em sua obra "Pássaros Livres" pelo médium Divaldo Franco?</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><i>Então, tuas palavras tomarão asas nas canções de cada um dos ninhos de meus pássaros, e tuas melodias brotarão em flores de todos os meus bosques. </i>(Poema 19, 3)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">São as referências a Deus na figura do grande amado:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><p style="text-align: justify;"><i>És tu quem lança o véu da noite sobre os olhos combalidos do dia para renovar sua visão nas frescas alegrias do despertar. </i>(Poema 25, 3)</p><p style="text-align: justify;"><i>Tu não desdenhaste minhas brincadeiras infantis na poeira, e os passos que ouvi em minha sala de jogos são os mesmos que ecoam entre as estrelas</i>. (Poema 43, 3)</p></blockquote><p style="text-align: justify;"></p><p style="text-align: justify;">Ou uma referência à bravura que a alma encarnada deve ter para viver bem, tendo como companheira a morte como grande libertação:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><i>De agora em diante, medo algum cairá sobre mim neste mundo, e tu sairás vitorioso em todas as minhas batalhas. Deixaste-me a morte por companheira e eu a coroarei com minha vida. Tua espada está comigo para cortar meus grilhões e nenhum medo cairá sobre mim neste mundo. </i>(Poema 52, 4)</blockquote><p>E onde mais, se não no plano espiritual superior, seria possível encontrar esta descrição de pátria:? </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both;"></div><blockquote><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde o espírito é destemido e a fronte se mantém erguida;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde o conhecimento é livre;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde o mundo não se divide em fragmentos desde as estreitas paredes do lar;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde as palavras nascem das profundezas do mais verdadeiro;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde o inesgotável empenho lança seus braços em direção à perfeição;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde a corrente cristalina da razão não se perde pelos cursos dos tristes desertos de areia dos hábitos desfalecidos;</i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Onde o espírito é conduzido por ti na direção da ação e do pensamento sem limites - </i></div><div class="separator" style="clear: both;"><i>Dentro desse céu de liberdade, oh meu Pai, faz com que aí se erga a minha pátria. </i>(Poema 35)</div></blockquote><div class="separator" style="clear: both;"></div></div><p style="text-align: justify;">Para baixar o PDF com a tradução, basta clicar <u><a href="https://drive.google.com/file/d/1hSP-optVdsJreh1fstEqW3XgOYGQsEJi/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a></u> ou na referência apresentada na figura acima. A tradução também pode ser encontrada na<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/p/livros-do-blog.html" target="_blank"> aba "Livros do blog"</a>.</p><p><b>Referências</b></p><p>[1] Gitanjali by Rabindranath Tagore: <a href="https://www.gutenberg.org/ebooks/7164">https://www.gutenberg.org/ebooks/7164</a> </p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-28258421501067347482022-07-01T15:29:00.004-03:002022-08-23T07:56:08.446-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - IV<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfcLvUsyD-1IbRd8sWsfVcSQXKJoguhlwoUZjIEz5vBgG7eCXZIcNQou-BkESqzS8UnTyIPyPEv9hG8oeKsaGT8BDiBtzJQgOvJS5wBOUmtGn0ddR-TBmiDxwk6Zn7M4HDOZBCJm4mhYk-OsTB9MPl_stvNEzXv5K3kCBb8fDITC84mskjzjyoUQFWaw/s320/genesecap10fig01.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem da referência: <i>Les merveilles de l'industrie ou, Description des principales industries modernes</i> por Louis Figuier. - Paris : Furne, Jouvet, (1873-1877)</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: "<a href="#">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - III</a>". Estudo sobre o Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec.</p><div style="text-align: center;">9</div><br /><div style="text-align: justify;">A questão da origem dos compostos orgânicos é considerada neste parágrafo por Kardec. Essa indagação é relevante porque, nas diversas teorias sobre a vida que surgiram no Século XIX, havia os que achavam que apenas a Natureza poderia criar compostos orgânicos. A síntese em laboratório de compostos orgânicos foi um passo importante para se entender que, nos fundamentos que sustentam a vida, estão regras que se aplicam a qualquer tipo de matéria. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De qualquer forma, era necessário explicar a origem dos compostos químicos desde a gênese da Terra. Estariam os materiais já disseminados ou eles teriam sido formados pelas inúmeras modificações ocorridas no planeta? De fato, considerando que, em sua origem, a Terra se encontrava aquecida com todos os elementos volatilizados:</div><div style="text-align: justify;"><div><blockquote><span style="color: #274e13;">no ar se encontravam, em estado gasoso, todas as substâncias primitivas. Precipitadas por efeito do resfriamento, essas substâncias, sob o império de circunstâncias favoráveis, se combinaram, segundo o grau de suas afinidades moleculares.</span></blockquote></div><div>Dado esse princípio geral, é objeto da pesquisa científica presente determinar as rotas de síntese que percorreram séculos desde a gênese e que explicam as presente constituição química dos materiais encontrados de forma natural no planeta. </div><div><br /></div><div style="text-align: center;">10</div><div><br /></div><div>O desenvolvimento científico não ocorre de forma independente nos diversos ramos de especialização. Uma determinada área pode contribuir substancialmente com o desenvolvimento de outra. Foi assim que a química se tornou fundamental para o avanço da geologia, da mesma forma como essa última com a astronomia contribuíram para compreender a gênese.</div><div><br /></div><div style="text-align: center;">11</div><div><br /></div><div>Um exemplo da importância do conhecimento das leis que regem a relação entre átomos e moléculas é no fenômeno da cristalização, apresentado por Kardec neste parágrafo. Um cristal é um sólido regular formado por átomos, íons ou moléculas que se arranjam conforme uma configuração geométrica que se repete. Para ilustrar que a formação desses "corpos sólidos" é regido por leis específicas, Kardec aqui cita alguns exemplos. O açúcar candi (<span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px; text-align: start;">C</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; text-align: start;"><span style="font-size: xx-small;">12</span></span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px; text-align: start;">H</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; text-align: start;"><span style="font-size: xx-small;">22</span></span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px; text-align: start;">O</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; text-align: start;"><span style="font-size: xx-small;">11</span></span>) forma cristais cúbicos que exigem de 5 a 15 dias para formação em uma solução resfriada e saturada de açúcar. A sílica forma cristais de seis faces. O diamante é formado de carbono que forma uma estrutura cúbica. Finalmente, o exemplo dos cristais de gelo e sua estrutura hexagonal é também citado como um fenômeno popularmente conhecido. </div><div> </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr87-R1CHg0XYPI4aNby5qCvLfukpXr6WCFJLqn0aRiWQyKSCIm4DrIpbXmOZU78oFEaYiqWkbvoyCedspmgsQuyjxCYWCeqFx_taRErNAx5gtSkjH9bxfVZp3tFiJh6-8q7DNeG5yWMvxg_g4LTQ0oTVgGGF4FLCHa3aqGHNbdFjkPUlvNx6SccSrkA/s400/sistemascristais.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="400" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr87-R1CHg0XYPI4aNby5qCvLfukpXr6WCFJLqn0aRiWQyKSCIm4DrIpbXmOZU78oFEaYiqWkbvoyCedspmgsQuyjxCYWCeqFx_taRErNAx5gtSkjH9bxfVZp3tFiJh6-8q7DNeG5yWMvxg_g4LTQ0oTVgGGF4FLCHa3aqGHNbdFjkPUlvNx6SccSrkA/s320/sistemascristais.png" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 1 As 7 formas geométricas dos cristais. Algumas delas são citadas no Parágrafo 11 como estruturas regulares de corpos minerais que surgem na Natureza. Fonte: [1]</td></tr></tbody></table><br />A forma dos cristais pode ser organizada em 7 classes como mostradas na Fig. 1. Nessa figura também são fornecidos outros exemplos. A organização muito regular dos cristais é explicada assim:</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"><blockquote>A disposição regular dos cristais corresponde à forma particular das moléculas de cada corpo. Essas partículas, para nós infinitamente pequenas, mas que não deixam por isso de ocupar um certo espaço, solicitadas umas para as outras pela atração molecular, se arrumam e justapõem segundo o exigem suas formas, de maneira a tomar cada uma o seu lugar em torno do núcleo ou primeiro centro de atração e a constituir um conjunto simétrico.</blockquote></span></div><div style="text-align: justify;">Modernamente a disposição regular é conhecida como resultado da maneira como se arranjam as ligações químicas entre as moléculas, átomos ou íons que formam cada substância. Para que seja possível o arranjo simétrico e a repetição da estrutura por milhares de distâncias na escala atômica, condições especiais devem existir. No caso da formação dos cristais de açúcar, por exemplo, o meio aquoso não pode estar aquecido. A redução da temperatura justamente corresponde à redução da agitação entre as moléculas, o que permite a elas encontrar um ponto de menor energia para a formação do cristal. Essa descrição em termos de "minimização de energia" ainda não era conhecida na época em que "A Gênese" foi publicada. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">12</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como resultado da descoberta da grande unidade de princípios que governam as leis naturais, as mesmas regras que organizam minerais também imperam sobre a formação dos corpos orgânicos. Isso mostrará que, do ponto de vista do elemento material, não há diferenças entre seres vivos e minerais. Neste parágrafo, Kardec explica que a química já demonstrou serem os corpos orgânicos formados majoritariamente por quatro elementos químicos principais:</div><div style="text-align: justify;"><ul><li>Carbono</li><li>Nitrogênio</li><li>Oxigênio</li><li>Hidrogênio</li></ul></div><div style="text-align: justify;">e que outros elementos "entram acessoriamente". Igualmente relevante é o fato de que a enorme variedade e diversidade de aparências e comportamentos das substâncias orgânicas ser explicado pela química como resultado das diferentes proporções como cada um dos quatro elementos principais (e seus acessórios) entram em cada substância. Tanto assim que Kardec inclui uma tabela contendo uma análise química da época das proporções de cada elemento em diversas substâncias. No caso, o "açúcar de cana" (que contém um teor de sacarose maior), a proporção da tabela é: 42,47% de C, 6,9% de H, 50,63% de N. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Conforme já citado acima, a fórmula química do açúcar é <span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px;">C</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato;"><span style="font-size: xx-small;">12</span></span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px;">H</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato;"><span style="font-size: xx-small;">22</span></span><span style="color: #343e47; font-family: Lato; font-size: 16px;">O</span><span style="color: #343e47; font-family: Lato;"><span style="font-size: xx-small;">11</span>.<span style="font-size: xx-small;"> </span></span>Hoje sabemos que a massa atômica do C é de 12u (unidades atômicas), a do H é 1u e a do O é 16u. Portanto, em termos de unidades de massa atômica, o açúcar (puro) teria o equivalente a 342u. Cada elemento de sua composição entraria nas seguintes razões:</div><div style="text-align: justify;"><ul><li><b>C</b>: 12 x 12u ou 144u: razão de 144/342 = 42,1%,</li><li><b>H</b>: 22 x 1u ou 22u: razão de 22/342 = 6,4%,</li><li><b>O</b>: 11 x 16u ou 176u, razão de 176/342 = 51,4%</li></ul></div><div style="text-align: justify;">o que corresponde aproximadamente aos valores que constam para o açúcar da cana na tabela de "A Gênese". Portanto, a tabela mostra a "<i>proporção de massa</i>" de cada elemento nas diversas substâncias citadas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD14M1V5rvI-p8NxDPxZlRynN0N3rNjWKwFNptbSyQMg3kI62Bei_-MGThjspuisBODCH9ls8MEx5uO15guYR1MpBFtAHhmXTa2t4-B0GXypFdP7GuZnITlMcAJU0U2gXj4HZCqr-b0LBTl-yaFu8nIn2dQDyKMN2FVAuUWLvf1G9MDQbdAqMd1qxRuQ/s381/fibrina.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="162" data-original-width="381" height="136" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD14M1V5rvI-p8NxDPxZlRynN0N3rNjWKwFNptbSyQMg3kI62Bei_-MGThjspuisBODCH9ls8MEx5uO15guYR1MpBFtAHhmXTa2t4-B0GXypFdP7GuZnITlMcAJU0U2gXj4HZCqr-b0LBTl-yaFu8nIn2dQDyKMN2FVAuUWLvf1G9MDQbdAqMd1qxRuQ/s320/fibrina.png" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig.2 "Forma" da molécula da fibrina (segundo 2), substância citada por Kardec na Tabela que acompanha o parágrafo em estudo. </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;">Um exercício (de química e álgebra) que deixamos para o leitor é encontrar as quantidades em unidades atômicas de cada elemento da quadrupla (C, N, O, H) para a fibrina usando as proporções de massa dadas na tabela. Depois disso, ele pode comparar seu resultado com a fórmula mais contemporânea para a <i>Glicil-N-Metilglicinamida </i>[2] (Fig. 2) que é um outro nome pelo qual fibrina é conhecida hoje em dia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um princípio geral que deve ser lembrado aqui é expresso na parte final do parágrafo:</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"><blockquote>Assim, na formação dos animais e das plantas, nenhum corpo especial entra que igualmente não se encontre no reino mineral.</blockquote></span></div><div style="text-align: center;">13</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esse princípio tem importância fundamental para explicar como surgem as inúmeros "tecidos orgânicos" na Natureza e como podem eles ser tão diversos em aparência. Um exemplo de reação química citada por Kardec para explicar a criação de compostos orgânicos muito específicos a partir de ingredientes bastante diferentes do produto final é a reação de fermentação ("no suco de uva, não há vinho, nem álcool, mas apenas água e açúcar"). Em sua forma mais simplificada [3], essa reação pode ser escrita como:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">C<span style="font-size: xx-small;">6</span>H<span style="font-size: xx-small;">12</span>O<span style="font-size: xx-small;">6</span> → 2 C<span style="font-size: xx-small;">2</span>H<span style="font-size: xx-small;">5</span>OH + 2 CO<span style="font-size: xx-small;">2</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">que expressa a conversão de um mol de açúcar em dois moles de etanol e dióximo de carbono. Essa reação não ocorre de forma simples, mas é resultado de uma cadeia de reações em que entram outros compostos chamados "enzimas" (e que também fazem parte das "condições necessárias" segundo Kardec). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Kardec também se refere (sem citar referências) às concepções pueris antigas que acreditavam preexistir em cada material orgânico "animálculos" (sob "microscópica forma") responsáveis pela aparência e função completa do ser no futuro. Essas teorias foram conhecidas como "<i>preformacionistas</i>" (final do Século XVII) das quais a chamada "tese do homúnculo" (Fig. 3) pretendia explicar o ser humano como resultado do crescimento de um ser preexistente e plenamente formado em sua "semente" ou sêmen.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib0PyxDBuTsAoPX2zexjCiSXAlWX7Lt-jBQiSLL5zytLcFACdhjz5aoxbfu8FpYez1sdzPoYkBUh1YcAJX_2j6ccZPQoLVMBcZ-BFGanzCJqcnIXOsj527VJr7lEXeiSngqsvcKlZaP--2mZ1ZUGxRAvbipc11lYO7jXCUVFcFS1Ad-E9jyrhLeH53_Q/s462/Preformation.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="462" data-original-width="307" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib0PyxDBuTsAoPX2zexjCiSXAlWX7Lt-jBQiSLL5zytLcFACdhjz5aoxbfu8FpYez1sdzPoYkBUh1YcAJX_2j6ccZPQoLVMBcZ-BFGanzCJqcnIXOsj527VJr7lEXeiSngqsvcKlZaP--2mZ1ZUGxRAvbipc11lYO7jXCUVFcFS1Ad-E9jyrhLeH53_Q/s320/Preformation.png" width="213" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 3 O homúnculo de Hartsoeker. Fonte [4]</td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;">Ao contrário, Kardec enfatiza que, no crescimento dos vegetais:</div><div><div style="text-align: justify;"></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Esse gérmen se desenvolve por efeito dos sucos que haure da terra e dos gases que aspira </span><span style="color: #274e13;">do ar.</span></div></blockquote><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Disso segue que toda a matéria que compõe os seres vivos foi acumulada a partir de elementos externos do meio em que ele vive e transformada por reações químicas em um "trabalho íntimo" que ocorre no interior de cada ser. Conforme [5], o preformacionismo somente foi descartado no final do Século XIX com o desenvolvimento da teoria da célula, o que nos leva a concluir que Kardec estava aqui bem informado sobre os progressos científicos de sua época a ponto de defender, em "A Gênese", as ideias mais avançadas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">15</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Resume-se o que foi anteriormente afirmado e enfatiza-se o papel das "condições propícias", que hoje são conhecidas como as "condições do ambiente" a favorecer a formação não só de compostos orgânicos mas também dos seres vivos. Essas condições surgem por causa da lei das afinidades que permite a combinação dos elementos químicos nas proporções corretas para a formação de produtos mais complexos, desde que verificadas as condições externas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">16</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Kardec reafirma a "imutabilidade das leis da Natureza". Portanto, para conhecer o que se passou há milhares de anos - nas questões da gênese material e orgânica - basta observar seu comportamento na atualidade. Esse é outro importante princípio que subjaz à lógica científica moderna. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Portanto, conclui Kardec, a formação dos seres vivos, assim como dos minerais, seguiu essas leis imutáveis sob condições específicas que se tornaram ativas à medida que a geologia e o clima da Terra se modificaram. "Miraculosamente" essa modificação nas condições foi para intensificar a combinação entre as substâncias e, portanto, a formação dos seres que delas dependiam direta ou indiretamente. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim, Kardec compara a reprodução dos seres ao processo de cristalização dos minerais, o que indica que, operando com base nas mesmas leis, essa semelhança de "forma e de cores" pode ser explicada novamente pela presença de átomos ou moléculas a se combinarem em proporções específicas verificadas as "condições propícias".</div></div><div style="text-align: justify;"><br /><b>Referências</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: left;">[1] Museu Virtual de Solos, Rochas e Minerais: <a href="https://wp.ufpel.edu.br/museudesolosrochaseminerais/minerais/">https://wp.ufpel.edu.br/museudesolosrochaseminerais/minerais/</a> </div><div style="text-align: left;">[2] <a href="https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Fibrin">https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Fibrin</a> </div><div style="text-align: left;">[3] <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Ethanol_fermentation">https://en.wikipedia.org/wiki/Ethanol_fermentation</a></div><div style="text-align: left;">[4] <a href="https://en.m.wikipedia.org/wiki/Homunculus">https://en.m.wikipedia.org/wiki/Homunculus</a> </div><div style="text-align: left;">[5] <a href="https://en.m.wikipedia.org/wiki/Preformationism">https://en.m.wikipedia.org/wiki/Preformationism</a></div><div><br /></div></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-65253998675342725502022-04-23T13:37:00.001-03:002022-04-23T13:38:57.360-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - III<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzntaJ4i376BCAK2tGRMK77_AuK2aBxCyi4nv5PtNcecnw8doz0rs6FAwpwmtahiaADUz_Qw9ergFGRW4EURRKhpXbx4zfgAlMsGhGkbpBMG99gmo8aSomnwKVPlfWZUx05vjL7rGXA0q-IT4SMaKDmz2Je_pzwVtdrD9tKVf1kdFd1BHdPZtCzw0wYA/s600/labquimicaSecXIX.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="404" data-original-width="600" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzntaJ4i376BCAK2tGRMK77_AuK2aBxCyi4nv5PtNcecnw8doz0rs6FAwpwmtahiaADUz_Qw9ergFGRW4EURRKhpXbx4zfgAlMsGhGkbpBMG99gmo8aSomnwKVPlfWZUx05vjL7rGXA0q-IT4SMaKDmz2Je_pzwVtdrD9tKVf1kdFd1BHdPZtCzw0wYA/w400-h269/labquimicaSecXIX.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig 1. Ilustração do interior de um laboratório (provavelmente de química) no Século XIX (Wikipedia). </td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/02/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - II</a>". Estudo sobre o Capítulo X de "<i>A Gênese</i>" de A. Kardec.</p><p style="text-align: center;">4</p><p style="text-align: justify;">Kardec faz uma breve introdução à química como resultado do reconhecimento de sua importância para a gênese orgânica. Enumera alguns dos elementos químicos, inclusive o nitrogênio que é o termo técnico para "azoto" [1], ainda presente no Português europeu. Kardec também cita um conjunto de condições externas necessárias para que algumas reações químicas ocorram como o calor, a presença de água, a agitação etc. Modernamente, pode-se falar em "condições ambientais" tais como temperatura, pressão, presença de elementos catalíticos e outras substâncias pelas quais uma determinada reação ocorre da forma mais eficiente possível. </p><p style="text-align: justify;">O resultado de uma reação é sempre um "terceiro corpo" (ou mais corpos) que se pode chamar "produto da reação", com eliminação total ou parcial dos elementos iniciais conhecidos como "insumos" ou "ingredientes". Pode-se citar como prova, por exemplo, a reação de <i>fotosíntese</i> pela qual as plantas convertem o dióximo de carbono e a água em glicose e oxigênio. Para funcionar, a reação precisa de energia luminosa que, para as plantas, vem do sol:</p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">Luz do sol + 6CO</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">2</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">(g) + H</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">2</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">O(l) = C</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">6</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">H</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">12</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">O</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">6</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">(aq) + 6O</span><span style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; bottom: -0.25em; box-sizing: inherit; color: #333333; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 0.8125rem; line-height: 1.7em; margin: 0px; padding: 0.2em 0px 0px; position: relative; text-align: start; vertical-align: baseline;">2</span><span style="background-color: white; color: #282828; font-family: Georgia, Times, "Times New Roman", serif; font-size: 17px; text-align: start;">(g)</span></p><div style="text-align: justify;">Na descrição acima, CO<span style="font-size: xx-small;">2</span>(g) é o dióximo de carbono na forma gasosa, H<span style="font-size: xx-small;">2</span>O é água na forma líquida. Os produtos são oxigênio na forma gasosa e a glicose na forma aquosa (ou seja, o substrato onde a reação ocorre deve conter água como solvente). Esse exemplo permite compreender todos os elementos descritos por Kardec como participando de uma reação química associada à vida.</div><p style="text-align: center;">5</p><p style="text-align: justify;">A decomposição e formação da água são apresentados por Kardec como exemplo de reações que podem ser feitas <i>indefinidamente</i>. Ou seja, as propriedades dos insumos e dos produtos são sempre recobradas após a reação, sem nenhum limite identificável. Logo, essas propriedades ligam-se exclusivamente aos elementos, não se esgotam ao longo de vários ciclos de reações. A decomposição da água pode ser feita por meio da <i>eletrólise</i> (Fig. 2), enquanto que a formação da água é uma reação química facilmentte obtida ao se combinar os dois gases na proporção certa (hidrogênio e oxigênio) usando calor. </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4xoJGV2Ea4vutAbCb2LQI-pRnJItEadC5obfDvlXWsV7PhtRm7yTtbIo8Fg6RiEhT5lnFhnADl7I4vqWB2f8PTLmv4qSk4FiSeX1t4xsj59QkYH5nmHd7pK9CMrwLWtlwQ24sn6FlYggjTGfOhafF0tQafTvBunErgk4faAWLH9mVz00y_tyYBuILjA/s300/eletrolise.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="175" data-original-width="300" height="175" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4xoJGV2Ea4vutAbCb2LQI-pRnJItEadC5obfDvlXWsV7PhtRm7yTtbIo8Fg6RiEhT5lnFhnADl7I4vqWB2f8PTLmv4qSk4FiSeX1t4xsj59QkYH5nmHd7pK9CMrwLWtlwQ24sn6FlYggjTGfOhafF0tQafTvBunErgk4faAWLH9mVz00y_tyYBuILjA/s1600/eletrolise.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 2 Diagrama da decomposição da água (Wikipedia).</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">As propriedades das substâncias químicas depende do arranjo molecular delas. Esse arranjo define como ela interage com o ambiente (com outros gases, com a luz etc) e as propriedades sensíveis, isto é, como seres humanos percebem cada coisa formada por elas. </p><p style="text-align: center;">6</p><p style="text-align: justify;">É uma introdução sumária ao conceito de "<i>afinidade química</i>". Essa afinidade existe em determinados graus e depende do tipo de combinação, ou seja, dos compostos químicos que entram em reação. Em termos modernos:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Na química física, a afinidade química é uma propriedade eletrônica pela qual espécies químicas diferentes são capazes de formar compostos químicos. A afinidade química pode também se referir à tendência de um átomo ou composto combinar por meio de reação química com atomos e compostos de composição diferente [2].</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">O leitor deve observar que essa definição moderna considera a afinidade química como uma "propriedade eletrônica". No Século XIX, quando "<i>A Gênese</i>" foi publicada, o elétron não era ainda conhecido. De fato, a teoria atômica tinha caráter especulativo, visto que se entendia não haver "provas diretas" da existência dos átomos. A definição de afinidade química dada por Kardec está, porém, completamente de acordo com o conhecimento empírico da química, que não se alterou desde então.</p><p style="text-align: center;">7</p><p style="text-align: justify;">Dessa forma, era conhecimento empírico que, nas reações químicas, as quantidades têm que ser adicionadas em certas proporções entre os elementos. Kardec novamente usa como exemplo a água, que, nas condições normais de temperatura e pressão, se forma na proporção de dois volumes de hidrogênio para um de oxigênio. Hoje sabemos que essas combinações se devem à natureza atômica dos constituintes dos insumos. Mas, na época, isso era apenas uma especulação entre os cientistas. Essa teoria (chamada "atômica") foi lançada por J. Dalton (1766 – 1844) em 1803 e tinha como princípios [3]:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Elementos são feitos de particula extremamente pequenas chamadas átomos;</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Átomos de um certo elemento são idênticos em tamanho, massa e outras propriedades; átomos de diferentes elementos diferem em tamanho, massa e outras propridades;</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Átomos não podem ser subdivididos, criados ou destruídos;</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Átomos de diferentes elementos combinam-se em razões inteiras para formar compostos químicos;</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Nas reações químicas, átomos são combinados, separados ou rearranjados.</span></p></blockquote><p style="text-align: justify;"></p><p style="text-align: justify;">Embora possa soar natural a nós hoje em dia, essa era apenas uma das teorias existentes para explicar o comportamento das reações químicas. </p><p style="text-align: justify;">Como evidência da necessidade de combinações em proporções inteiras e corretas, Kardec considera que, se um volume adicional de oxigênio for adicionado à reação inicial para formação da água, essa não se formará, mas, ao invés dela, o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%B3xido_de_hidrog%C3%AAnio">peróximo de hidrogênio</a> (<i>deutoxyde d'hydrogène</i> na versão original em Francês), que é a <i>água oxigenada</i>.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBPeMmKRk65TBWg8KDex3lDDyh4wkHWcjcr4Y2bj22ckmybxHoIYbJCAUAX3gX1EhAZ7Eu80RAmphm8Ueb1e6_yLJJ6Y3TMVEYyU8GOAY1XZn1S9DswsoHlnYo2xIgYdiXqWFpJFWai9OOV2egTKkS9Y6dS8rmEd8yDlg2rcZRkRMLF7KWTLwUf3Wj1w/s300/peroximohidro.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="158" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBPeMmKRk65TBWg8KDex3lDDyh4wkHWcjcr4Y2bj22ckmybxHoIYbJCAUAX3gX1EhAZ7Eu80RAmphm8Ueb1e6_yLJJ6Y3TMVEYyU8GOAY1XZn1S9DswsoHlnYo2xIgYdiXqWFpJFWai9OOV2egTKkS9Y6dS8rmEd8yDlg2rcZRkRMLF7KWTLwUf3Wj1w/w106-h200/peroximohidro.jpg" width="106" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 3 Ilustração moderna da molécula de água oxigenada <br />ou o <i style="text-align: justify;">deutoxyde d'hydrogène </i><span style="text-align: justify;">citado por Kardec.</span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Essa é uma substância líquida, viscosa e altamente tóxica, com propriedades bem diferentes da água (que, não é tóxica para o organismo humano).</p><p style="text-align: center;">8</p><p style="text-align: justify;">Kardec ilustra a "inumerável variedade" de compostos que resulta de "um número pequeno de princípios elementares" pela combinação desses princípios "em proporções diferentes". Na tabela abaixo, apresentamos as representações modernas dos compostos citados neste Parágrafo por Kardec com o objetivo de ilustrar seus exemplos de combinações químicas inorgânicas. </p><table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody><tr style="height: 15pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td colspan="4" nowrap="" style="border: 1pt solid windowtext; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 389.6pt;" valign="top" width="519">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><i>Citações de compostos químicos do Parágrafo
8 do Capítulo X de "A Gênese" de A. Kardec.</i><b><o:p></o:p></b></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 15pt; mso-yfti-irow: 1;">
<td nowrap="" rowspan="9" style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-rotate: 90; padding: 0cm 5.4pt; width: 24.7pt;" valign="top" width="33">
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Oxigênio (O)<o:p></o:p></b></p>
</td>
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><i>Combinado a<o:p></o:p></i></p>
</td>
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><i>Formação<o:p></o:p></i></p>
</td>
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><i>Observação<o:p></o:p></i></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 18pt; mso-yfti-irow: 2;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Carbono (C)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Carbônico (H<sub>2</sub>CO<sub>3</sub>) <o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Também chamado "dihidroxicabonila".<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 18pt; mso-yfti-irow: 3;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Enxofre (S)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Sulfúrico (H<sub>2</sub>SO<sub>4</sub>).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ou "sulfato de hidrogênio".<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 18pt; mso-yfti-irow: 4;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Fósforo (P)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Fosfórico (H<sub>3</sub>PO<sub>4</sub>).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 18pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ou "ácido ortofosfórico".<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 48pt; mso-yfti-irow: 5;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ferro (Fe)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">É citado o óxido de ferro da ferrugem que é formado
de Fe III (Fe<sub>3</sub>O<sub>4</sub>).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Exisem ao menos 16 formas diferentes de óxidos de
ferro. <o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 81pt; mso-yfti-irow: 6;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 81pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Chumbo (Pb)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 81pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">PbO em diversas formas.<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 81pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b>Litargírio</b>:
é o óxido de chumbo II com elevado grau de pureza, altamente tóxico e
encontrado na natureza [4]. <b>Alvaiade</b>:
carbonato de chumbo (2PbCO<sub>3</sub>·Pb(OH)<sub>2</sub>) [5]. <b>Mínio</b>:
também conhecido como Zarcão, é o tetróxido de chumbo (Pb<sub>3</sub>O<sub>4</sub>).<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 15pt; mso-yfti-irow: 7;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Cálcio (Ca)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Óxido de cálcio (CaO).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Cal viva ou cal virgem [6].<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 60pt; mso-yfti-irow: 8;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Sódio (Na)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Óxido de sódio ( Na<sub>2</sub>O). Hidróxido de sódio
(NaOH).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">O óxido de sódio é raramente encontrado [7]. NaOH também
é conhecido como <b>soda cáustica</b>. A soda é formada irreversivelmente
pelo óxido pela combinação com a água. <o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 48pt; mso-yfti-irow: 9;">
<td nowrap="" style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Potássio (K)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">O hidróxido de potássio (KOH), mas também pode-se
falar do óxido de potássio (K<sub>2</sub>O).<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 48pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Também chamda <b>potassa cáustica</b>. O óxido de
potássio reage violentamente com a água. Raramente é encontrado.<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 45pt; mso-yfti-irow: 10;">
<td nowrap="" rowspan="3" style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-rotate: 90; padding: 0cm 5.4pt; width: 24.7pt;" valign="top" width="33">
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Cal (CaO)<o:p></o:p></b></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Carbônico (H<sub>2</sub>CO<sub>3</sub>)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">H<span style="font-size: x-small;">2</span>CO<span style="font-size: x-small;">3</span> + CaO → CaCO<span style="font-size: x-small;">3</span> + H<span style="font-size: x-small;">2</span>O<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Referência à formação do carbonato de cálcio. <b>Cré </b>(<i>craie</i>
em Francês): também conhecido como giz (<i>chalk </i>em Inglês)<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 60pt; mso-yfti-irow: 11;">
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Sulfúrico (H<sub>2</sub>SO<sub>4</sub>)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">CaO + H<span style="font-size: x-small;">2</span>SO<span style="font-size: x-small;">4</span> → CaSO4 + H<span style="font-size: x-small;">2</span>O<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 60pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Referência à reação de produçao de sulfato de cálcio
também conhecido como gesso. <b>Alabastro</b> pode tanto referir-se ao gesso
(sulfato) como à calcita (carbonato).<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 45pt; mso-yfti-irow: 12;">
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Ácido Fosfórico (H<sub>3</sub>PO<sub>4</sub>)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">CaO + <i>2</i> H<span style="font-size: x-small;">3</span>PO<span style="font-size: x-small;">4</span> → Ca(H<span style="font-size: x-small;">2</span>PO<span style="font-size: x-small;">4</span>)<span style="font-size: x-small;">2 </span>+ H<span style="font-size: x-small;">2</span>O<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">O fosfato de monocálcio (diortofosfato de monocálcio)
é usado como fertilizante. Os fosfatos de cálcio são de grande importância
para os ossos.<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 45pt; mso-yfti-irow: 13;">
<td nowrap="" rowspan="2" style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-rotate: 90; padding: 0cm 5.4pt; width: 24.7pt;" valign="top" width="33">
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Cloro (Cl)<o:p></o:p></b></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Hidrogênio (H)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Cloreto de hidrogênio (HCl)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 45pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Em condições ambientais é um gás que, ao contato com
o ar úmido forma o ácido hidroclórico (ou "ácido muriático").<o:p></o:p></p>
</td>
</tr>
<tr style="height: 15pt; mso-yfti-irow: 14; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 60.95pt;" valign="top" width="81">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Sódio (Na)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 183.15pt;" valign="top" width="244">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Cloreto de Sódio (NaCl)<o:p></o:p></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; height: 15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt; width: 120.8pt;" valign="top" width="161">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;">Principal composto do sal de cozinha. <span style="font-size: xx-small;"><o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
</tbody></table><p><b>Referências</b></p><p>[1] <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Azoto">https://pt.wikipedia.org/wiki/Azoto</a></p><p>[2] <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Chemical_affinity">https://en.wikipedia.org/wiki/Chemical_affinity</a></p><p>[3] <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/John_Dalton">https://en.wikipedia.org/wiki/John_Dalton</a></p><p>[4] Litargírio: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Litarg%C3%ADrio">https://pt.wikipedia.org/wiki/Litarg%C3%ADrio</a></p><p>[5] Alvaiade: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Alvaiade">https://pt.wikipedia.org/wiki/Alvaiade</a></p><p>[6] Cal: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Cal">https://pt.wikipedia.org/wiki/Cal</a></p><p>[7] Óxido de sódio: <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Sodium_oxide">https://en.wikipedia.org/wiki/Sodium_oxide</a></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-7759375841894605462022-04-02T11:35:00.003-03:002022-04-02T11:39:28.584-03:00Videos de fantasmas "reais" que circulam a internet<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg38q7vO2Fjx9Sg4zBw5n3Hf0V7VwUNzaCCrtnbxAlhpry4v7_NnUrlTuVJDnVGBQe8TZ45ETkllfGSQMeYTw4JMzIIWDAGIEnjNT5qVBwc5lXnKbwQsRZaRaqacWj-74dtL2eKsipq_bXnsllm2TtFL33yZHl867tR14FUsa3CmS_Rt09iyliBG0NMA/s238/emoji.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="222" data-original-width="238" height="187" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg38q7vO2Fjx9Sg4zBw5n3Hf0V7VwUNzaCCrtnbxAlhpry4v7_NnUrlTuVJDnVGBQe8TZ45ETkllfGSQMeYTw4JMzIIWDAGIEnjNT5qVBwc5lXnKbwQsRZaRaqacWj-74dtL2eKsipq_bXnsllm2TtFL33yZHl867tR14FUsa3CmS_Rt09iyliBG0NMA/w200-h187/emoji.png" width="200" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;">Basta digitar palavras de busca como "<i>fantasmas reais</i>" ou "<i>casas mal-assombradas</i>" para se acessar um repositório imenso de vídeos supostamente registrando o que muitos chamam "manifestações sobrenaturais" ou "demoníacas", e que outros acham ser material de interesse espírita. Um exemplo é [1]. </p><p><i>O que se pode dizer desses videos do ponto de vista espírita?</i></p><p style="text-align: justify;">É certo que fenômenos de efeitos físicos existem sejam eles associados ou não a médiuns aparentes. Entretanto, é preciso ponderação na aceitação desses videos como provas de manifestações físicas (que são tão antigas quanto a Humanidade). Pois, tão certo e antigo como o fenômeno é a existência de uma multidão de mistificadores, farsários e pessoas interessadas nos lucros que videos com essas supostas manifestações podem trazer. </p><p style="text-align: justify;">Antes da invenção da internet, sempre houve mistificadores em busca de sensacionalismo ou na venda de um "furo de reportagem" com uma "manifestação sobrenatural". Esses videos eram exibidos na TV (então aberta), onde recebiam tratamento condizendo com o interesse da emissora e o tipo de programa em que apareciam. Uma vez exibidos, a agitação pública em torno deles durava apenas alguns dias e permanecia apenas na memória dos mais interessados. Não existiam então os meios de armazenamento privado de imagens e videos. Com a internet e a possiblidade de qualquer pessoa ter seu próprio canal de entretetimento online, uma indústria de dimensões inimagináveis surgiu.</p><p style="text-align: justify;">Em certo sentido, não importa muito o que esses vídeos querem dizer do ponto de vista espírita. Assim, a palavra "real" associada a "fantasmas", que aparecem em plataformas como youtube e outros, não vale nada de seu significado original. É apenas uma maneira de atrair a atenção de uma multidão ávida por entretetimento.</p><p><b>Da impossibilidade de se saber o que é verdade nos videos</b></p><p style="text-align: justify;">Considerando o interesse comercial, a precariedade das gravações e a enorme disponibilização de <i>softwares</i> de edição de imagem, a única verdade é que é impossível hoje em dia tentar conhecer a fenomenologia de efeitos físicos por meio desses videos. Qualquer pessoas minimamente bem informada em sistemas de informação pode facilmente gerar um vídeo do tipo (ou modificar, manipular e exageraar outros existentes). Em termos da pura lógica, isso significa que:</p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li>Do ponto de vista evidencial, esses vídeos contém indícios fraquíssimos que não podem ser levados a sério;</li><li>Porém, isso não exclui a possibilidade de <i>alguns deles </i>serem autênticos. </li><li>Mas, é impossível "separar da imensa montanha de joio do trigo verdadeiro" nesses vídeos.</li></ul><p></p><p style="text-align: justify;">É uma grande feira livre, onde a verdade se mistura com a mentira numa tentativa de fazer a audiência acreditar ou simplesmente se emocionar com a impressão de verdade. E não faltam pessoas que acreditam (ou dizem acreditar) estar "divulgando o Espiritismo" com a exibição desse tipo de conteúdo de entretetimento. </p><p style="text-align: justify;">Mais do que um fenômeno isolado, esses videos são uma manifestação pura da situação presente em que vivemos, o chamado "<i>mundo da pós-verdade</i>". Uma definição desse termo pode ser lida na Wikipedia [2]:</p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"></span></p><blockquote><span style="color: #274e13;">Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">De fato, não só os fenômens espíritas podem ser objeto de manipulações em que a verdade é menos relevante do que a crença pessoal das massas. Todo e qualquer fenomeno físico está sujeito a esse tipo de desvirtualmento. É muito fácil forjar imagens e sons para imitar qualquer ocorrência natural. Por exemplo: o que dizer das inúmeras imagens estáticas que chegam a nós "supostamente" do planeta Marte, enviadas por sondas espaciais? Seriam elas verdadeiras? </p><p style="text-align: justify;">No meu ponto de vista, as imagens da NASA e de outras agências espaciais têm seu status de verdade muito mais ameaçado do que a dos vídeos de fantasmas. Pois, com esses últimos, sempre há a chance de a pessoa experimentar o fenômeno por si, de ser testemunha dele (sem a intervenção de nenhum vídeo). Mas, jamais teremos a chance de pisar em Marte. </p><p style="text-align: justify;">A grande questão é: como nos livraremos do mundo da pós-verdade? O maior risco é o de recursos financeiros serem desvirtuados da pesquisa e do interesse científico genuíno em nome da aparente fraqueza das evidências registradas. Por causa disso, a educação científica (no Espíritismo, o estudo doutrinário) surgem como remédios indispensáveis. Eu sei da existência dos Espíritos e das manifestações de efeitos físicos mesmo sem nunca ter visto ou presenciado qualquer fenômenos por mim mesmo. Eu sei que as imagens são do planeta Marte, mesmo sem nunca ter pisado lá. Esse resultado é fruto de uma imensa cadeia de estudos e meditações onde muitos ingredientes intangíveis são necessários. </p><p style="text-align: justify;">Saber lidar com a verdade e com a mentira é uma das lições que nós, como Espíritos encarnados, temos que aprender. </p><p style="text-align: justify;"><b>Referências</b></p><p style="text-align: justify;">[1] "Sinistro" de #HenridrickAlves (<a href="https://www.youtube.com/c/SINISTROHenridrickAlves">https://www.youtube.com/c/SINISTROHenridrickAlves</a>). O leitor poderá acessar milhares de outros canais se expandir sua busca com termos em inglês. </p><p>[2] Wikipedia (2022). "Pós-verdade" (<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-verdade">https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-verdade</a>)</p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-50406865236172393282022-02-07T15:41:00.002-03:002022-04-23T09:09:34.198-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - II<div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjwtdPozxBMUGCnECxvMcptDlqf1J7YdimXpS2DdIBff3wdiOMIx6xDXCqAUXI9MzESs-kgYxf-SANVO3SGEh3E-j0xLPjXqQH4ejCjwxYELQN5dm6BMjeXnHKSHt8g3sDNtrAqACmwUhSKW6ioU54mA8_cYRFwHLq7fEwaPI4KnzNMVtcX8R-nAoGSuA=s687"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjwtdPozxBMUGCnECxvMcptDlqf1J7YdimXpS2DdIBff3wdiOMIx6xDXCqAUXI9MzESs-kgYxf-SANVO3SGEh3E-j0xLPjXqQH4ejCjwxYELQN5dm6BMjeXnHKSHt8g3sDNtrAqACmwUhSKW6ioU54mA8_cYRFwHLq7fEwaPI4KnzNMVtcX8R-nAoGSuA=w233-h400" /></a></div>Detalhe de "Remanescentes orgânicos restaurados" conforme a <i>Penny Magazine</i> de 1833. Extraído de uma digitalização do documento original em archive.org. <br /><br />Continuação do post anterior: "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2022/01/comentarios-sobre-genese-organica-de.html" target="_blank">Comentários sobre a Gênese Orgânica de 'A Gênese' - I</a>". Estudo sobre o Cap. X de "A Gênese" de A. Kardec.<br /><p><b>Formação primária dos seres vivos</b></p><p style="text-align: center;">1</p><p style="text-align: justify;">A "formação primária" é a própria criação original da vida. A "formação secundária" se dá pelo conhecido processo de reprodução, pelos quais as espécies se propagam. Neste parágrafo Kardec apresenta o problema do aparecimento da vida, visto que "tempo houve em que não existiam animais" [1]. O problema se apresenta porque não é certo que a origem primária tenha se dado pelo mesmo processo de reprodução a partir de um primeiro casal (a crença bíblica da criação por ato divino dos primeiros casais). No começo, não existiam as mesmas "condições necessárias à existência delas". Esse é, em termos simples, o problema científico da origem das espécies e da própria vida. Por fim, Kardec declara o status do problema em sua época:</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">A Ciência ainda não pode resolver o problema; pode entretanto, pelo menos, encaminhá-lo para a solução.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Passados mais de 150 anos dessa declaração e não obstante todo o avanço em diferentes áreas do conhecimento (bioquímica, genética, evolução etc), com relação à questão da origem da vida, a situação não se alterou como veremos numa sequência de posts. </p><p style="text-align: center;">2</p><p style="text-align: justify;">Talvez por uma questão didática para os espíritas conhecedores das crenças cristãs, Kardec apresenta neste Parágrafo o problema da vida em termos do nascimento de: um "casal primitivo", em um certo e único lugar na Terra, ou de muitos casais em lugares diferentes. É uma referência ao antigo enclave entre a "poligenia" e a "monogenia", ou debate cristão sobre a criação de muitos ou apenas um único casal na origem dos tempos.</p><p style="text-align: justify;">O fato é que, desde meados do Século XVIII já se sabia da existência de animais que podiam se reproduzir de <i>forma assexuada, </i>a partir de pesquisas feitas pelo cientista suíço Charles Bonnet (1720-1793), Figura 1. Esse é o fenômeno da <i>partenogênese</i> que Bonnet descobriu em pulgões. Posteriormente, também se descobriu que muitos outros animais podem se reproduzir sem sexo. A existência de reprodução assexuada é uma importante contraposição à crença bíblica da "criação de casais" (como inferido da arca de Noé em Geneses 7:2*) porque mostra que o sexo<i> não é </i>condição necessária para a reprodução das espécies. </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4pvreq8eOxDvNUZbB5eFq2BMTkTGU4THjjpPmHcX7qmxM5ffKaWIcpBfm5Pemwhj_O4rOI3xLw-gNuQrGvf7KOUPGzw-bhh4-nDMO0-e3rFc2aeq_n0_qAuKByNuLMAzIosVx4lSTcrYof7R-Qn6qSiPRoVBtFjjbMcA1u5wNvyfAa-4xbibPPcvmRA=s372" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="372" data-original-width="300" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4pvreq8eOxDvNUZbB5eFq2BMTkTGU4THjjpPmHcX7qmxM5ffKaWIcpBfm5Pemwhj_O4rOI3xLw-gNuQrGvf7KOUPGzw-bhh4-nDMO0-e3rFc2aeq_n0_qAuKByNuLMAzIosVx4lSTcrYof7R-Qn6qSiPRoVBtFjjbMcA1u5wNvyfAa-4xbibPPcvmRA=w258-h320" width="258" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div style="text-align: left;">Fig. 1 Charles Bonnet (1720-1793), naturalista e filósofo suíço</div><div style="text-align: left;">que descobriu a reprodução assexuada.</div></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;">Considerando a existência em larga escada da reprodução assexuada, também parece fazer sentido admitir que o sexo não nasceu junto com a vida, mas veio muito tempo depois, tal como fez Kardec em admitir a maior plausibilidade da poligenia - e isso com base em evidências científicas:</div><div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #073763;">Com efeito, o estudo das camadas geológicas atesta, nos terrenos de idêntica formação, e emproporções enormes, a presença das mesmas espécies em pontos do globo muito afastados uns dos outros. Essa multiplicação tão generalizada e, de certo modo, contemporânea, fora impossível com um único tipo primitivo.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Essa não seria apenas uma evidência da poligenia, mas também (como foi descoberto bem mais tarde) da chamada <i>deriva dos continentes </i>ou<i> tectônica das placas continentais </i>[2]<i>. </i>Kardec apresenta, porém, uma justificativa muito mais lógica para a criação poligênica que foi <span style="color: #274e13;">a chance muito maior que a vida teve em sobreviver em vários lugares da Terra do que teria tido em apenas um único ponto</span>:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #073763;">Doutro lado, a vida de um indivíduo, sobretudo de um indivíduo nascente, está sujeita a tantas vicissitudes, que toda uma criação poderia fcar comprometida, sem a pluralidade dos tipos, o que implicaria uma imprevidência inadmissível da parte do criador supremo.</span></blockquote></div><p style="text-align: center;">3</p><p style="text-align: justify;">Neste parágrafo Kardec <span style="color: #274e13;">estabelece uma base para a pesquisa da origem da vida, que é a química orgânica</span>. O motivo, prossegue Kardec, é que os seres vivos são compostos por substâncias orgânicas. Portanto, antes de querer encontrar uma origem dos seres é necessário compreender a gênese dessas substâncias. Essa princípio foi validada posteriormente, quando se desobriu a "<i>hélice da vida</i>" e seus blocos constituintes na forma de cadeias de nucleotídeos [3], assim como todo o desenvolvimento da <i>bioquímica</i>. Depois, com o famoso experimento de Oparin [4] que será descrito neste blog mais adiante, foi possível traçar parte de uma rota para a síntese natural das bases da vida a partir de um ambiente primitivo possível da Terra depois de sua formação. O experimento de Oparin, entretanto, não resolveu o problema da "formação primária" dos seres vivos. </p><p style="text-align: justify;">Porém, como se pode perceber, a lógica de Kardec não é outra senão a própria lógica da ciência que não mudou desde sua época, não obstante o que a <i>ciência específica</i> diz ter mudado. Tendo as evidências científicas e a química orgânica como base, Kardec em "<i>A Gênese</i>" tece um relato em que a origem da vida será descrita em termos de uma nova fronteira do conhecimento. Essa fronteira avançou desde então, sem que seus fundamentos se modificassem. Esses aspectos imutáveis tornam possível entender "<i>A Gênese</i>" como um texto ainda atual, inobstante as atualizações que sofreram algumas teorias da vida defendidas pela ciência da época em que "<i>A Gênese</i>" foi publicada.</p><p style="text-align: justify;"><b>Notas</b></p><div style="text-align: justify;">* <i>"De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea."</i> (Gênese 7:2)</div><p style="text-align: justify;"><b>Referências</b></p>[1] Kardec. "A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo". 34a Edição. FEB.Trad. de Guillon Ribeiro. (1991).<br />[2] Frankel, H. R. (2012). The continental drift controversy (Vol. 2). Cambridge University Press.<br />[3] Ver, por exemplo, o que a Wikipei descreve sobre o DNA: a https://en.wikipedia.org/wiki/DNA<br />[4] Tirard, S. (2010). Origin of life and definition of life, from Buffon to Oparin. Origins of life and evolution of biospheres, 40(2), 215-220.</div><div><div><br /></div></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-4186217881519131332022-01-15T16:22:00.007-03:002022-08-23T07:56:55.533-03:00Comentários sobre a Gênese Orgânica de "A Gênese" - I<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiJkmCO34HTrAY6um6-nYfqd_SUyiOczfy5s5iU_Iji0CqtOSCfVFFVlxGPdzN9dMV84bpEN910otN04iXPXYJwsCog-ENF3i9ltiIZ8v7xD9GBFs30JzyLCOBmJGk4aRh575AMR8g7stVE_LonxN4MM7gzoxipRB8gOg6yScFeoWaJibilWPzsjMtDew=s434" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="337" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiJkmCO34HTrAY6um6-nYfqd_SUyiOczfy5s5iU_Iji0CqtOSCfVFFVlxGPdzN9dMV84bpEN910otN04iXPXYJwsCog-ENF3i9ltiIZ8v7xD9GBFs30JzyLCOBmJGk4aRh575AMR8g7stVE_LonxN4MM7gzoxipRB8gOg6yScFeoWaJibilWPzsjMtDew=s320" width="248" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração representando diferentes ordens de "<i>Intestina et Mollusca Linnaei</i>" do "<i>The Genera Vermium</i>" de Charles Linneus (1707-1778). Fonte: Wikipedia.</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Continuamos nosso estudo online de "A Gênese", desta vez com o Capítulo X. Exploraremos esse capítulo em uma nova contextualização, trazendo algumas novidades mais recentes sobre o assunto.</p><p style="text-align: justify;">Ao se consultar a organização em que alguns temas sobre a criação do mundo estão expostos em "A Gênese", vemos que Kardec conferiu uma sequência pedagógica e temporal a eles:</p><p style="text-align: justify;"></p><ol><li style="text-align: justify;">A "<b>Uranografia Geral</b>" (que foi tema de nossos comentários em uma sequência de posts anteriores, ver "Comentários sobre "<a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/10/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank"><i>Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - CONCLUSÃO</i></a>") está o Capítulo VI. Contextualiza a origem dos sistemas estelares e do Universo, que deram origem à Terra;</li><li style="text-align: justify;">O "<b>Esboço geológico da Terra</b>" até "<b>Revoluções do globo</b>" dos Capítulos VII a IX que continuam a gênese para tratar de um imenso período que existiu entre a formação da Terra e a origem da Vida;</li><li style="text-align: justify;">A "<b>Gênese Orgânica</b>" no Cap. X sobre a origem dos seres vivos;</li><li style="text-align: justify;">A "<b>Gênese Espiritual</b>" no Cap. XI, não que tenha ocorrido depois da criação dos seres, mas para demarcar o início da consciência entre os animais com a junção da matéria ao princípio espiritual;</li><li style="text-align: justify;">A "<b>Gênese Moisaica</b>" no Cap. XII que discorre sobre as concepções religiosas dominantes com relação à origem do mundo com base na Bíblia. </li></ol><p></p><p style="text-align: justify;">A existência de um capítulo inteiro dedicado à "Gênese Moisaica" tem relevância moderna, considerando os debates recentes entre os proponentes do "Desenho Inteligente" (em essência, uma "teoria" simplista que credita a origem da vida a uma <i>intervenção direta</i> de Deus) e os cientistas. Discutiremos sobre esse debate oportunamente em nossa releitura do Capítulo X.</p><p style="text-align: justify;">O Capítulo X está dividido em vária seções que se iniciam plea "Formação primária dos seres vivos" e termina em "O homem corpóreo", considerando também uma possível "escala dos seres orgânicos". Vale a pena rever o que Kardec escreveu, tendo com base a 5a edição que foi publicada no Brasil pela FEB com tradução de Guillon Ribeiro.</p><p style="text-align: justify;">Importante considerar que esse capítulo passa pela apresentação feita por Kardec sobre a teoria da "geração espontânea", uma concepção inicial sobre a criação dos seres típicas do ambiente "pré-evolucionista" do Século XIX que culminaram com a publicação em 1859 de "<i>A Origem das Espécies</i>" de C. Darwin (1809-1882) . </p><p style="text-align: justify;">Se o famoso tratado de Darwin foi publicado antes de "A Gênese", qual a razão para não existir nenhuma referência a ele no texto de Kardec? Essa é uma das questões que responderemos. Já tocamos nesse assunto quando publicamos o post "<i><a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2013/11/sera-que-kardec-leu-darwin.html" target="_blank">Será que Kardec leu Darwin ?</a></i>" Agora aprofundaremos o assunto no contexto do Capítulo X.</p><p style="text-align: justify;">Nossa estudo revisitará esse período da história da ciência e mostrará que, não obstante a geração espontânea não ter hoje qualquer papel a desempenhar nas modernas teorias científicas da biologia, as questões sobre a origem dos seres colocadas por Kardec em "A Gênese" ainda permanecem <i>sem resposta. </i>Assim, de certa forma, podemos reviver o debate sobre a origem da vida, considerando agora os princípios majoritariamente aceito da <i>abiogênese</i>. </p><p style="text-align: justify;">O problema da origem da vida é muito pouco falado pela mídia especializada em divulgação científica, pois quase sempre se admite que ele já foi resolvido, o que <i>não é verdade</i>. Por causa disso, o assunto certamente continua no cerne dos objetivos de "A Gênese" de A. Kardec e é relevante para os princípios do Espiritismo.</p><p style="text-align: justify;">Aguardem!</p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-74585594550160579402021-12-18T09:45:00.006-03:002021-12-18T10:10:21.258-03:00Finalistas do Concurso Bigelow sobre provas da Imortalidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjH5Qp6aW46OuPKCeYizvYBSZCCun-J3ecbfLOdU_UZ4fk88CiGLDY_dtpF11-TZU8Kq1eRKH7slunued2Uglk6f48ZjZHtVc3N91MxXMdip_UZ5KgN9g0ytRdw-Wo12A24-C3DFWzbqfyj48W7LTyMyj-3cooGBw-Bjv3NUalwKukbG4REfSTB5Xm36A=s254" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="87" data-original-width="254" height="87" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjH5Qp6aW46OuPKCeYizvYBSZCCun-J3ecbfLOdU_UZ4fk88CiGLDY_dtpF11-TZU8Kq1eRKH7slunued2Uglk6f48ZjZHtVc3N91MxXMdip_UZ5KgN9g0ytRdw-Wo12A24-C3DFWzbqfyj48W7LTyMyj-3cooGBw-Bjv3NUalwKukbG4REfSTB5Xm36A" width="254" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">O Instituto Bigelow acaba de publicar integralmente os ensaios vencedores do concurso "BICS Contest" - BICS pelo nome do instituto: <i>Instituto Bigelow de Estudos da Consciência.</i> Esse concurso premiou ensaios que discorreram sobre as "melhores provas" da imortalidade. O prêmio foi dividido em categorias, com destaques para os três primeiros lugares:</div><div style="text-align: justify;"><ol><li>Lugar: Jeffrey Mishlove Ph.D.: Beyond the Brain: <i>The Survival of Human Consciousness After Permanent Bodily Death</i> ("Além do cérebro: a sobrevivência da consciência humana depois da morte permanente do corpo")</li><li>Lugar: Pim van Lommel M.D.: <i>The Continuity of Consciousness: A concept based on scientific research on near-death experiences during cardiac arrest</i> ("A continuidade da consciência: um conceito baseado em pesquisa científica sobre experiências de quase morte durante paradas cardíacas")</li><li>Lugar: Leo Ruickbie Ph.D.: <i>The Ghost in the Time Machine</i> ("O fantasma na máquina do tempo")</li></ol></div><p style="text-align: justify;">Detalhes sobre o concurso podem ser lidos em <i><a href="https://www.bigelowinstitute.org/about.php" target="_blank">Purpose of BICS Essay Competition</a></i>. (ref. como acessível em dezembro de 2021). Uma das razões para o concurso segundo essa referência é</p><div style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;"><blockquote>Não obstante intrigantes evidências, o número de grupos de pesquisa e fomento dedicados a investigar a sobrevivência da consciência humana além da morte é excessivamente pequeno no mundo ocidental. Ainda que todas as 7,8 bilhões de pessoas no planeta Terra venham a morrer eventualmente, muito pouca pesquisa de qualidade é feita nessa que é talvez uma das questões mais fundamentais a desafiar nossa espécie.</blockquote></span></div><p style="text-align: justify;">Dentre os fatos interessantes ocorridos durante o concurso está a defesa do BICS contra críticas de céticos que parecem ter insistido contra o concurso. Por exemplo, em <a href="https://www.bigelowinstitute.org/News1.php" target="_blank">uma das notas publicadas pelo patrono do BICS</a>, podemos ler essa insistência nas entrelinhas: </p><p style="text-align: left;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Reconhecemos que muitas pessoas e organizações não necessariamente acreditam que a consciência humana sobrevive à morte do corpo. O BICs está simplesmente tentando gerar debates e discussões, e apresentar argumentos que possam esclarecer ou gerar mais discussões sobre esse importante tópico.</span></blockquote><p></p><div style="text-align: justify;">Isso é complementado pela declaração:</div><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Gostaria de declarar que o Concurso de Ensaios do BICS não é uma reflexão sobre se eu ou a equipe do BICS temos ou não nossas opiniões pessoais sobre se a consciência humana sobrevive à morte do corpo. Naturamente, todos temos opiniões. Eu pessoalmente acredito que a consciência humana sobrevive e que provavelmente conta o que você faz com sua vida aqui.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Em suma, sendo o dinheiro do prêmio de origem privada, não há o que se falar contra o concurso.</p><p style="text-align: justify;">Uma grata surpresa foi a presença de brasileiros entre os premiados. Em especial citamos a premiação de Alexandre Caroli Rocha, Marina Weiler e Raphael Fernandes Casseb com o ensaio:</p><p style="text-align: justify;"><i><a href="htthttps://www.bigelowinstitute.org/Winning_Essays/Alexandre_Roch_et_al.pdf" target="_blank"></a></i></p><blockquote><i><a href="https://www.bigelowinstitute.org/Winning_Essays/Alexandre_Roch_et_al.pdf" target="_blank">Mediumship as the Best Evidence for the Afterlife: Francisco Candido Xavier, a White Crow </a></i> (Mediunidade como a melhor evidência do além-túmulo: Francisco Cândido Xavier, um corvo branco)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">A referência ao "corvo branco" remete a caráter especialíssimo do "caso Chico Xavier" que se distingue como um corvo branco no meio da imensa maioria de "corvos pretos" da opinião comum. O ensaio completo pode ser acessado no link acima (conforme disponível em dezembro de 2021).</p><p style="text-align: justify;">Os ensaios vencedores estão disponíveis gratuitamente para acesso em: <a href="https://www.bigelowinstitute.org/contest_winners3.php" target="_blank"><i>All Twenty Nine Winning BICS Contest Essays are Published Here!</i> </a></p><p style="text-align: justify;">Parabéns aos premiados nacionais e que venham outros concursos desse tipo!</p><p><b>Referências</b></p><p>Instituto Bigelow de Estudos da Consciência: <a href="https://www.bigelowinstitute.org/index.php">https://www.bigelowinstitute.org/index.php</a></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-5340892084525685742021-10-03T07:19:00.005-03:002021-10-03T20:38:45.382-03:00Comentários sobre "Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - CONCLUSÃO<p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1XDgr3TViu3nrxGwsCjV941xGMrhFvPFQ/view?usp=sharing" target="_blank"></a><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="347" data-original-width="255" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-P36o_QTz6OE/YUCyxZ7AIKI/AAAAAAAARho/oDKG0dfRhgEF2IY7acpMyQ5OgNNdwH3EgCNcBGAsYHQ/s320/coverastrop.png" width="235" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa do compêndio dos comentários na forma de um <i>e-book</i> (link abaixo). </td></tr></tbody></table></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><i>E</i></span>m comemoração ao 217<span face=""Segoe UI", "Segoe UI Web", wf_segoe-ui_normal, "Helvetica Neue", "BBAlpha Sans", "S60 Sans", Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #1e1e1e; font-size: 16px; text-align: left;">º</span> aniversário de A. Kardec, apresentamos aqui uma primeira versão compilada de todos os comentários feitos sobre <i>Uranografia Geral</i>, o Capítulo VI de <i>A Gênese</i>. Nesse compêndio, os leitores também encontrarão, na Parte 3, nossas conclusões anunciada no último post.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Desde quando os comentários foram iniciados algumas novas descobertas astronômicas surgiram, o que nos deu a oportunidade de integrá-las ao texto e relacioná-las ao assunto já tratado em <i>Uranografia Geral</i>. Esses comentários foram então revisados, aumentados e melhorados a partir das versões disponíveis neste blog publicadas desde janeiro de 2021.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">O trabalho em PDF pode ser baixado no link:</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><span style="color: #2b00fe;">"<a href="https://drive.google.com/file/d/1XDgr3TViu3nrxGwsCjV941xGMrhFvPFQ/view?usp=sharing" target="_blank"><b>Comentários sobre Uranografia Geral de A. Gênese de A. Karde</b>c</a>". </span><span>(2.7Mb, 85 páginas).</span><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Na Fig. 1 apresentamos uma imagem do índice proposto, que segue a ordem de assuntos tratados no texto original. O arquivo fonte foi editado em <i><a href="https://www.latex-project.org/" target="_blank">Latex</a></i> e foram programados links tanto para as diversas seções como para o conteúdo externo referenciado.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-E26lpOsfejw/YT8vL1TwDFI/AAAAAAAARhc/m94nnCHTruYxMj6NdPp_H0F1Dn5xHbfpwCNcBGAsYHQ/s593/index.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="593" src="https://1.bp.blogspot.com/-E26lpOsfejw/YT8vL1TwDFI/AAAAAAAARhc/m94nnCHTruYxMj6NdPp_H0F1Dn5xHbfpwCNcBGAsYHQ/s16000/index.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 1 Índice dos <i>Comentários</i>. </td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Trata-se do primeiro <i>e-book</i> da Era do Espírito que disponibilizamos aos leitores do blog. A obra contém ainda uma lista de 43 referências atualizadas e expandidas em relação àquelas indicadas nos textos originais. Outras referências são fornecidas nas notas de rodapé.</div><p></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-19668686983466880592021-09-08T08:07:00.001-03:002021-10-03T07:33:02.053-03:00Comentários sobre "Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - IX<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Gg0P6If9L_Q/YSaXM4ETBRI/AAAAAAAARc8/-Uaa019l29cgM6UCD3Aa5yNw06exQImSQCNcBGAsYHQ/s350/newEarth.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="243" data-original-width="350" src="https://1.bp.blogspot.com/-Gg0P6If9L_Q/YSaXM4ETBRI/AAAAAAAARc8/-Uaa019l29cgM6UCD3Aa5yNw06exQImSQCNcBGAsYHQ/s16000/newEarth.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="text-align: left;">Concepção artística da Terra em "fase nova" vista desde a lua. De "<i>Popular Science Monthly</i>", Volume III, maio-outubro de 1873. [1]</span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/08/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank">Comentários sobre "Uranografia geral" de "A gênese" de A. Kardec - VIII</a>.</p><p style="text-align: justify;"><a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/10/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank">Obra completa contendo todos os comentários e a conclusão.</a></p><p><b>Comentários sobre "A vida universal".</b></p><p style="text-align: center;">53</p><p style="text-align: justify;">O autor se propõe a correlacionar o assunto tratado em "Uranografia Geral" com a imortalidade da alma. Tendo afirmado anteriormente a sucessão de mundos - que voltam a se formar a partir dos restos dos mundos anteriores - ele ressalta a ligação entre essa sucessão e a imortalidade da alma como consequência da perfeição Divina.</p><p style="text-align: center;">54</p><p style="text-align: justify;">Considera isenta de dúvida a questão da existência de seres em outros mundos - pois "as obras de Deus foram criadas para o pensamento e a inteligência". Hoje podemos ler essa declaração como uma formulação do chamado "<i>Princípio Antrópico</i>" [2], ou seja, que o Universo existe dessa forma para que a vida e a consciência nele possam existir e se desenvolver. </p><p style="text-align: justify;">É relevante agora considerar se, além disso, esses seres estão ligados uns aos outros, tendo em vista que os mundos onde habitam estão certamente ligados de alguma forma. Há vínculos de natureza gravitacional entre os mundos, então, haveria influências equivalentes entre os seres?</p><p style="text-align: center;">55</p><p style="text-align: justify;">Tanto hoje como na época de <i>A Gênese</i> esses mundos distantes são quase sempre representados como "simples massas de matéria inerte e sem vida". Como exemplo, consultemos o resultado de uma busca do <a href="https://br.pinterest.com/" target="_blank">Pinterest</a> para "<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Chesley_Bonestell" target="_blank">Chesley Bonestell</a>", que foi um dos grandes ilustradores da "arte espacial" no Século XX. Quase todas as imagens (Fig. 1) representam mundos sem atmosfera, com superfícies secas e aparentemente estéreis como a lua.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-fSHYdeyN-ZY/YSabUp-7TFI/AAAAAAAARdE/2W0querv5Tk38wUZxWZHbpTFvufMufRrQCNcBGAsYHQ/s500/otherwords.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="374" data-original-width="500" src="https://1.bp.blogspot.com/-fSHYdeyN-ZY/YSabUp-7TFI/AAAAAAAARdE/2W0querv5Tk38wUZxWZHbpTFvufMufRrQCNcBGAsYHQ/s16000/otherwords.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 1 Resultado da busca de imagens associadas a "Chesley Bonestell" no <a href="https://br.pinterest.com/" target="_blank">Pinterest</a> um dos grandes ilustradores em arte espacial no Século XX. Mundos alienígenas são quase sempre representados como corpos estéreis e sem vida.</td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">Sobre isso, o autor qualifica:</p><p style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0"></span></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Custa-lhe a pensar que não haja, nessas regiões distantes, magnífcos crepúsculos e noites esplendorosas, sóis fecundos e dias transbordantes de luz, vales e montanhas, onde as produções múltiplas da natureza desenvolvam toda a sua luxuriante pompa. </span></blockquote><div style="text-align: center;">56</div><p></p><p style="text-align: justify;">O autor toca em uma questão que receberia grande atenção do público apenas 80 anos mais tarde da publicação de <i>A Gênese</i>:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Uma mesma família humana foi criada na universalidade dos mundos e os laços de uma fraternidade que ainda não sabeis apreciar foram postos a esses mundos. S<i>e os astros que se harmonizam em seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão de encontrar temporariamente segundo suas funções de vida e suas mútuas simpatias</i>. É a grande família dos espíritos que povoam as terras celestes; é a grande irradiação do espírito divino que abrange a extensão dos céus e que permanece como tipo primitivo e final da perfeição espiritual. </span>(destaque do autor)</blockquote><p style="text-align: justify;">Trata-se da questão da existência de <i>seres extraterrestres </i>ou<i> alienígenas</i>. </p><p style="text-align: justify;">O que seriam eles? O autor se adianta muito para sua época e declara que eles são seres harmonizados entre si - dentro do concerto grandioso da vida universal - formando uma "grande família de espíritos". Considera ainda que eles se encontrarão conforme suas "funções de vida e múltiplas simpatias". Tais afirmações eram completamente estranhas às concepções antigas e religiosas, embora hoje elas façam muito mais sentido. </p><p style="text-align: justify;">De fato, para quem considera seriamente a sobrevivência e a existência de outros seres vivos nos diversos mundos do Universo, são as mesmas as leis que regulam a encarnação. Portanto, a natureza dos Espíritos deve ser a mesma (dai seus laços de fraternidade). Isso é assim ainda que seus corpos, estágios evolutivos e aparências sejam muito diferentes, posto que obedecem a diferentes condições de habitabilidade e se encontram em diferentes graus de progresso.</p><p style="text-align: center;">57</p><p style="text-align: justify;">Faz-se aqui uma referência às doutrinas religiosas que negavam (e ainda o fazem) a possibilidade de vida extraterrestre, considerando que o homem na Terra é o único destinado à salvação. Por isso "negaram à imortalidade as vastas regiões do éter", ou seja, negam às almas salvas o acesso ao resto do Universo, já que o destino de parte delas é um céu que nada tem a ver com esse mesmo Universo. </p><p style="text-align: justify;">Quanto ao resto, vão para o inferno que também nenhuma relação guarda com as magnificências relevadas pela Astronomia.</p><p style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;">Comentários sobre "Diversidade dos mundos".</b></p><p style="text-align: center;">58</p><p style="text-align: justify;">Parágrafo que sumariza um retrospecto. Tendo se dedicado a realizar um "excursão celeste", onde os inúmeros detalhes de recentes descobertas da Astronomia puderam assombrar o espírito antigo e revelar um destino completamente novo à alma, resta a obrigação de uma conclusão.</p><p style="text-align: center;">59</p><p style="text-align: justify;">O autor se propõe a fazer uma interpretação "moral" da grandiosidade do Universo e da pequenez da vida humana diante dele. Se somos minúsculos diante desse Universo, o que significaria isso além das diferenças de escala? Não é que nada somos desde esse ponto de vista moral, mas que ainda temos muito a progredir.</p><p style="text-align: center;">60</p><p style="text-align: justify;">Carentes de ilustrações ou provas tangíveis da realidade em outros mundos, quase sempre projetamos neles o que temos aqui na Terra. Por isso, o autor faz uso de uma comparação:</p><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Lançai por um instante o olhar sobre uma região qualquer do vosso globo e sobre uma das produções da vossa natureza. não reconhecereis aí o cunho de uma variedade infinita e a prova de uma atividade sem par? não vedes na asa de um passarinho das canárias, na pétala de um botão de rosa entreaberto a prestigiosa fecundidade dessa bela natureza?</span></blockquote></div><p style="text-align: justify;">Portanto, da mesma forma como se vê variedade assombrosa de arranjos e estruturas na vida na superfície de um planeta que traz em si condições uniformes de habitabilidade, devemos esperar enormes variedades de formas de vida nos diversos mundos habitados para os quais essas condições variam de múltiplas formas. Segundo o autor, a "<span style="text-align: left;">natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una </span><span style="text-align: left;">em sua harmonia geral, mas múltipla em suas produções". </span></p><p style="text-align: center;"><span style="text-align: left;">61</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Desta forma, o autor finaliza seu estudo com uma importante exortação:</span></p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Não vejais, pois, em torno de cada um dos sóis do espaço, apenas sistemas planetários semelhantes ao vosso sistema planetário; não vejais, nesses planetas desconhecidos, <i>apenas os três reinos que se estadeiam ao vosso derredor.</i> Pensai, ao contrário, que, assim como nenhum rosto de homem se assemelha a outro rosto em todo o gênero humano, também uma portentosa diversidade, inimaginável, se acha espalhada pelas moradas eternas que vogam no seio dos espaços. </span>(grifo nosso)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Outros reinos existem nesses mundos - a referência aos "três reinos" implica naqueles então conhecidos: mineral, vegetal e animal - reinos que podem inclusive estar completamente fora de nossa capacidade de percepção.</p><p style="text-align: justify;">Por isso, não devemos concluir que as "milhões e milhões de terras que rolam pela amplidão sejam semelhantes" à Terra. Essas diferenças se mostram, de certa forma, na maneira como exoplanetas recentemente descobertos se dispõem ao redor das estrelas. Há uma variedade imensa de dimensões, tipos de órbita, prováveis temperaturas e composições químicas. </p><p style="text-align: justify;">Tais descobertas recentes da astronomia aprofundaram ainda mais o fosso que existe entre as antigas concepções do mundo (centradas no homem como única criação inteligente de Deus) e uma nova concepção que torna o homem parte desse Universo imenso. </p><p style="text-align: justify;">Ele sempre viverá graças a alguns parcos recursos distribuídos em equilíbrio restrito ao redor de uma estrela sem importância, e a peregrinar por tempo indeterminado junto a seus irmãos de outros mundos, alguns inferiores e outros superiores, mundos que muito embelezam as inumeráveis estrelas a iluminar o firmamento de seu mundo insignificante.</p><p style="text-align: justify;">No próximo post: <b>nossa conclusão</b>.</p><p><b>Referências</b></p><p>[1] <a href="https://archive.org/details/popularsciencemo03newy/">https://archive.org/details/popularsciencemo03newy/</a></p>[2] Comitti, V. S. (2011). Princípio antrópico cosmológico. Revista Brasileira de Ensino de Física, 33. <a href="https://www.scielo.br/j/rbef/a/3K3fKStqHd5zmbdyW9H6QPD/?lang=pt">https://www.scielo.br/j/rbef/a/3K3fKStqHd5zmbdyW9H6QPD/?lang=pt</a> Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-51396438399352002012021-08-05T08:07:00.008-03:002021-10-03T07:32:36.428-03:00Comentários sobre "Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - VIII<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVZnFFRMVHuI-ZsaBdJgcz5tN8xJGazJJS1yZLp5xbA59371KrU_TrMXV-UX2PQ3Vog63SdGR_5ykJVwDOtz8dTp3K4pENOJPAXoXk9rKW-3xLxKI9mPNbzOh0OpN7y69MZt7y2aCS2Ok/s337/globcluster.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVZnFFRMVHuI-ZsaBdJgcz5tN8xJGazJJS1yZLp5xbA59371KrU_TrMXV-UX2PQ3Vog63SdGR_5ykJVwDOtz8dTp3K4pENOJPAXoXk9rKW-3xLxKI9mPNbzOh0OpN7y69MZt7y2aCS2Ok/s16000/globcluster.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O "grande glomerado do sul" conforme ilustração de 1848. Fonte: "Mundos planetários e estelares: um exposição popular das grandes descobertas e teorias da moderna astronomia" [1].</td></tr></tbody></table><p></p><p style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: Comentários sobre "Uranografia geral" de "A gênese" de A. Kardec - VII.</p><p style="text-align: justify;"><a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/10/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank">Obra completa contendo todos os comentários e a conclusão.</a></p><p><b>Comentário sobre "Os desertos do espaço"</b></p><p style="text-align: center;">45</p><p style="text-align: justify;">Relembra-se o espaço aparentemente vazio que existe entre as estrelas e entre os "aglomerados de estrelas", entendidos como associações estelares reunidas pela força da gravidade. Como vimos, na época de "A Gênese" a ideia de "galáxia" ainda não existia. Assim, o autor de "Uranografia Geral" não só defendeu a ideia de que o sol faz parte de um imenso aglomerado, mas também que há outros aglomerados no Universo, que ele denomina "ilhas estelares". O que existiria entre esses?</p><p><span style="color: #274e13;"></span></p><blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Inimaginável deserto, sem limites, se estende para lá da aglomeração de estrelas...</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">A solidões sucedem solidões e incomensuráveis planícies do vácuo se distendem pela amplidão afora.</span></p><p style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0"><span style="color: #274e13;">...essas solidões mudas e baldas de toda aparência de vida...</span></span></p></blockquote><p style="text-align: justify;">Hoje se sabe que a nossa Via-Láctea tem um diâmetro de 100 mil anos luz, enquanto que a distância média entre as estrelas na galáxia varia enormemente conforme a posição da estrela na galáxia. Por exemplo, próximo ao núcleo das galáxias, a distância média é da ordem de frações de anos luz, enquanto que mais próximo da borda essa distância chega a dezenas de anos luz. Isso significa que a razão do diâmetro da galáxia para essa distância média varia várias ordens de magnitude.</p><p style="text-align: center;">46</p><p style="text-align: justify;">Esse "deserto celeste" é afirmado como fazendo parte da "trama da criação". De fato, como podemos nós hoje afirmar que ele é absolutamente vazio? Preenchido por substância de densidade sutilíssima, esse vácuo que separa as ilhas estelares é o substrato de uma substância capaz de criar qualquer coisa - inclusive a matéria. Seria ele uma enorme reserva potencial de energia, validando a "visão e o poder infinito do Altíssimo", conforme descrito.</p><p style="text-align: center;">47</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Sucedem-se lá os agregados longínquos de substância cósmica, que o profundo olhar do telescópio percebe através das regiões transparentes do nosso céu e a que dais o nome de nebulosas irresolúveis, as quais vos parecem ligeiras nuvens de poeira branca, perdidas num ponto desconhecido do espaço etéreo.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">A descrição das ilhas estelares é contextualizada pelo autor ao descrever as chamadas "nebulosas irresolúveis" que foi também alvo de um comentário de A. Kardec: </p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #20124d;">Dá-se, em Astronomia, o nome de nebulosas irresolúveis àquelas em que ainda se não puderam distinguir as estrelas que as compõem. Foram, a princípio, consideradas acervos de matéria cósmica em vias de condensação para formar mundos; hoje, porém, geralmente se entende que essa aparência é devida ao afastamento e que, com instrumentos bastante poderosos, todas seriam resolúveis.</span></blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Kardec se refere aqui às "nebulosas espirais" que, como já vimos, foram tomadas inicialmente como provas da teoria de Laplace. Seu aspecto lenticular lembrava os vórtices postulados como origem para sistemas planetários. Pelo fato de não serem facilmente decompostas em estrelas menores, muitos astrônomos antigos nunca chegaram a considerá-las outros "universos ilhas". Algumas das conclusões de Kardec (feita no comentário à seção 47, ver Fig. 2) somente devem ser revisadas para cima: de fato, o número de estrelas em nossa galáxia é da ordem de centenas de bilhões e não "30 milhões de estrelas", o que eleva consideravelmente o número de mundos habitados e torna ainda mais assombrosa a "insignificância" da Terra no Universo.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSrT6W6kK2_cDIv362Y9PkKLDXwIkb4xmmyd2lkF1fxy_t7cFFsyOZ-CkarueTAdZHJ1qfkuu1_JE5_TPOgWUne228Wph-ui1bLOU7E-kNCLgQag6Jb2rawW1Sp5_KebGDKhLljgkjX_s/s600/fignebulae.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="367" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSrT6W6kK2_cDIv362Y9PkKLDXwIkb4xmmyd2lkF1fxy_t7cFFsyOZ-CkarueTAdZHJ1qfkuu1_JE5_TPOgWUne228Wph-ui1bLOU7E-kNCLgQag6Jb2rawW1Sp5_KebGDKhLljgkjX_s/s16000/fignebulae.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig.1 - Ilustração de diversos tipos de nebulosas: Em (a) vemos uma galáxia espiral típica que se apresentava como "nebulosa lenticular" aos astrônomos do século 19. Sem resolução suficiente, era considerada na verdade uma nebulosa de formação planetária ou prova da teoria de Laplace. Com o desenvolvimento das técnicas de medida de distância (apenas na década de 1920), provou-se definitivamente que eram outros "universos ilhas" ou "galáxias" na acepção moderna. Em (b) temos a imagem de uma nebulosa planetária, verdadeiramente "irresolúvel" já que é formada por gás da explosão de uma estrela. A nebulosa de Órion (b') é outro exemplo de nebulosa irresolúvel. Tais nebulosas formadas de gás são muito menores que a galáxia que as abriga. Em (c) é ilustrado o aspecto de um aglomerado globular a vista desarmada. Ao se usar um telescópio, sua verdadeira constituição é revelada (c') como composta de milhares de estrelas - é uma nebulosa resolúvel. Tais objetos são muito menores que a galáxia, de forma que separar cada um desses objetos em classes distintas foi um grande desfio na astronomia. </td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;">O aspecto nebuloso dessas formações celestes depende, de fato, do "poder de resolução" do instrumento óptico usado para observá-las. A vista desarmada muitos aglomerados estelares nada mais parecem do que meras manchas ou nuvens luminosas (Fig. 1). Ao se utilizar um telescópio mais potente, esses aglomerados se desfazem em milhares de estrelas. A descrição apresentada por Kardec corresponde, de fato, à opinião de um dos mais ilustres astrônomos europeus do Séc 18, que foi <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/William_Herschel" target="_blank">Sir W. Herschel</a>, conforme descreve H. Curtis [2]:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">A história das descobertas científicas oferece muitos exemplos quando homens, com algum estranho dom de intuição, olharam para a frente a partir de dados escassos, e vislumbraram ou adivinharam verdades que foram totalmente verificadas após décadas ou séculos somente. Herschel foi um gênio muito afortunado. Do próprio movimentos de muito poucas estrelas, ele determinou a direção do movimento do sol quase com a mesma precisão que as investigações mais modernas, devido a uma feliz seleção de estrelas para esse propósito. Ele notou que os aglomerados de estrelas que aparecem nebulosos em textura em telescópios menores e com menor potência são resolvidos em estrelas com instrumentos maiores e mais poderosos. A partir disso, argumentou que todas as nebulosas poderiam ser resolvidas em estrelas pela aplicação de ampliação suficiente, e que as nebulosas eram, de fato, unidades separadas, uma teoria que havia sido sugerida anteriormente de forma puramente hipotética por Wright, Lambert e Kant. A partir de sua aparência no telescópio, ele, novamente com presciência quase sobrenatural, excluiu algumas poucas nebulosas definitivamente como gasosas e irresolúveis.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">O autor de "Uranografia Geral" corretamente identificou as verdadeiras "nebulosas irresolúveis" como "<span style="text-align: left;">os agregados longínquos de substância cósmica" já identificado por ele como responsáveis pela criação da vida. </span></p><p style="text-align: justify;">De forma distinta, para ele os outros aglomerados estelares (as galáxias) são onde "<i>se revelam e desdobram novos mundos, cujas condições variadas e diversas das que são peculiares ao vosso globo lhes dão uma vida que as vossas concepções não podem imaginar</i>". </p><p style="text-align: justify;">Essas declarações podem ser vistas como audaciosas no contexto das dificuldades na época de <i>A Gênese</i>, quando não se fazia qualquer ideia das distâncias envolvidas e, portanto, da real dimensão que esses diversos objetos tinham (Fig. 1).</p><p style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;">Comentário sobre "Eterna sucessão dos mundos"</b></p><p style="text-align: center;">48 </p><p style="text-align: justify;">Recapitula-se como introdução ao tema a ideia de uma lei universal única, "primordial e geral", que "assegura eternamente" a estabilidade do Universo. Reafirma-se a harmonia do Universo como consequência dessa lei.</p><p style="text-align: center;">49</p><p style="text-align: justify;">Ressalta-se que a mesma lei que preside á formação dos mundos, pela agregação da matéria cósmica disseminada no espaço, também resulta na sua destruição: </p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Se é exato dizer-se, em sentido literal, que a vida só é acessível à foice da morte, não menos exato é dizer-se que para a substância é de toda necessidade sofrer as transformações inerentes à sua constituição.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">O termo "substância" aqui deve ser entendido como as entidades mais fundamentais que existem no Universo. Por exemplo, a matéria e o espírito. Ambos estão sujeitos à vida e a morte como disfarces da lei de transformação. Portanto, nascimento e morte de mundos no espaço são estágios de uma transformação incessante levada a cabo pela ação da lei universal sobre o princípio material.</p><p style="text-align: center;">50</p><p style="text-align: justify;">Como entender o destino dos astros cadaverizados? Se na Terra, o corpo que morre retorna ao solo para reintegrar-se aos elementos e dar vida à novas formas de existência, como entender o destino dos astros que não mais cumprem a missão de abrigar a vida? É isso o que o autor pretende discutir quando pergunta:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Ora, dar-se-á que essa terra extinta e sem vida vai continuar a gravitar nos espaços celestes, sem uma finalidade, e passar como cinza inútil pelo turbilhão dos céus? Dar-se-á permaneça inscrita no livro da vida universal, quando já se tornou letra morta e vazia de sentido? </span></blockquote><p style="text-align: justify;">A própria questão da "morte das estrelas" era de difícil abordagem no Século 19, visto que não havia ainda uma teoria que explicasse a evolução estelar, pois nem mesmo se sabia como brilhavam as estrelas. Portanto, de novo, o autor de "Uranografia Geral" se adianta para sua época. E a resposta está na mesma lei universal. Através dos bilhões e bilhões de anos, a matéria residual de planetas e estrelas "falecidas" torna a se agregar e compor novas nebulosas. Essas reciclam o material antigo para criar novas estrelas e planetas. Entretanto, tal ideia era de difícil comprovação pela evidência. </p><p style="text-align: justify;">Modernamente se sabe que as estrelas e planetas atuais foram formados a partir dos resíduos reciclados de primitivas estrelas que existiram no universo primordial [3]. Não sabemos que mundos já teriam existido muito antes dos planetas de hoje. Mas, há evidências de que a matéria que compõe os nossos corpos já esteve presente em antiquíssimas estrelas. Foi o que quis dizer o cientista e distinto divulgador de ciência <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan" target="_blank">Carl Sagan</a> com a frase "<i>We are made of star stuff</i>" (somos feitos de matéria estelar). Precisamente a mesma coisa diz o autor de "Uranografia Geral", mas com relação aos astros presentes:</p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Esses elementos vão retornar à massa comum do éter, para se assimilarem a outros corpos, ou para regenerarem outros sóis. E a morte não será um acontecimento inútil, nem para a terra que consideramos, nem para suas irmãs. Noutras regiões, ela renovará outras criações de natureza diferente e, lá onde os sistemas de mundos se desvaneceram, em breve renascerá outro jardim de flores mais brilhantes e mais perfumadas.</span></blockquote><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirJuXv_Pzrc_ojnjgRUr280zjXDM9_li6eVPk_5knU-ZgiWa8ZVRD6je7iFHQBnEhbAPDtT1lmB4vPPKo_qWI8we4ALubwdEHpTp2sdTljnm1dmnmlGToRvOJm1rkWBal0X0JXdnZLT8Y/s450/Hubble_Ultra_Deep_Field01.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="392" data-original-width="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirJuXv_Pzrc_ojnjgRUr280zjXDM9_li6eVPk_5knU-ZgiWa8ZVRD6je7iFHQBnEhbAPDtT1lmB4vPPKo_qWI8we4ALubwdEHpTp2sdTljnm1dmnmlGToRvOJm1rkWBal0X0JXdnZLT8Y/s16000/Hubble_Ultra_Deep_Field01.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: justify;">Fig. 2 Imagem de campo ultra profundo do telescópio Hubble (Wikipedia). Cada ponto é uma galáxia ou "universo ilha" (há apenas uma estrela na imagem). Isso nos faz lembrar a descrição de Kardec: "<i>Transportando-nos pelo pensamento às regiões do espaço além do arquipélago da nossa nebulosa, veremos em torno de nós milhões de arquipélagos semelhantes e de formas diversas, contendo cada um milhões de sóis e centenas de milhões de mundos habitados</i>", conforme se lê no comentário à seção 47. Trata-se de uma descrição bastante audaciosa para a época, mas que se revelou muito precisa como demonstra esta imagem. </td></tr></tbody></table><p style="text-align: center;">51 </p><p style="text-align: justify;">Descreve-se a aparência presente do Universo diante do fato de que a luz leva certo intervalo de tempo (que pode ser considerável) para atravessar as distâncias "inimagináveis" entre as estrelas. Isso significa que muitos dos sistemas estelares que acreditamos ver podem, na realidade, já não mais existir: </p><blockquote style="text-align: justify;"><span style="color: #274e13;">Onde os vossos olhos admiram esplêndidas estrelas na abóbada da noite, onde o vosso espírito contempla irradiações magníficas que resplandecem nos espaços distantes, de há muito o dedo da morte extinguiu esses esplendores, de há muito o vazio sucedeu a esses deslumbramentos e já recebem mesmo novas criações ainda desconhecidas.</span></blockquote><p style="text-align: justify;">As criações novas são "desconhecidas" porque ainda não se tornaram visíveis as mudanças carregadas pela propagação dos sinais luminosos gerados nessas criações. Essa observação é reforçada por Kardec por meio de um comentário. Portanto, o autor conclui que os seis mil anos de nossa história conhecida nada são diante dos intervalos de tempo (que hoje sabemos chegam a bilhões de anos) que a luz leva para atualizar o aspecto do Universo observável <i>localmente</i>. Isso representa uma severa limitação ao que podemos conhecer presentemente no Universo: quanto mais distante contemplamos, mais antiga e, portanto, desatualizada, será sua imagem para nós. </p><p style="text-align: center;">52</p><p style="text-align: justify;">O autor conclui pela insignificância do homem e de seu planeta diante da enormidade do espaço e das criações no Universo. Também conclui que, ainda que o pensamento se esforce para entender essas construções do espaço, tal esforço apenas pode abarcar uma parte muito pequena do que é visível, dada nossa pequenez e nossas limitadas percepções. Como consequência da lei de evolução, apenas quando "houvermos habitado esses diversos degraus da nossa hierarquia cosmológica" é que seremos capazes de realmente compreender a "sucessão ilimitada de mundos" e a perspectiva da "eternidade imóvel". </p><p style="text-align: justify;"><b>Referência</b></p><p style="text-align: justify;">[1] O. M. Mitchel (1848). "The planetary and stellar worlds: a popular exposition of the great discoveries and theories of modern astronomy. New York, Baker & Scribner.</p><p style="text-align: justify;">[2] <a href="http://legacy.adsabs.harvard.edu/pdf/1920JRASC..14..317C" target="_blank">Curtis, H. D. (1920). Modern theories of the spiral nebulae. Journal of the Royal Astronomical Society of Canada, 14, 317.</a></p><p style="text-align: justify;">[3] <a href="https://arxiv.org/pdf/astro-ph/0503021.pdf" target="_blank">Frebel, A., Aoki, W., Christlieb, N., Ando, H., Asplund, M., Barklem, P. S., ... & Yoshii, Y. (2005). Nucleosynthetic signatures of the first <span style="background-color: white;">star</span>s. Nature, 434(7035), 871-873.</a></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p><span class="fontstyle0"><br /></span></p><p><span class="fontstyle0"><br /></span></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7413136687672217021.post-26966937468272682402021-07-07T12:19:00.001-03:002021-10-03T07:32:07.744-03:00Comentários sobre "Uranografia geral" de "A Gênese" de A. Kardec - VII<div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3schvBjZK0I7_wfaaYVeAcUi9pS-2gFFnhUZeM1YRi3i9dk3Q7gC3sP-B8IWT3B2PvGMiG6oN7qHPMESf7b6uI9WPUejn2gvw9tgMak-yi5aJ-mQvGnEfzy61JlVhkcCWk26iqLXS-z4/s466/leciel.png"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3schvBjZK0I7_wfaaYVeAcUi9pS-2gFFnhUZeM1YRi3i9dk3Q7gC3sP-B8IWT3B2PvGMiG6oN7qHPMESf7b6uI9WPUejn2gvw9tgMak-yi5aJ-mQvGnEfzy61JlVhkcCWk26iqLXS-z4/s320/leciel.png" /></a></div><div><br /><div style="text-align: justify;">Continuação do post anterior: <a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/06/comentarios-sobre-uranograifa-geral-e.html" target="_blank">Comentários sobre "Uranografia geral" de "A gênese" de A. Kardec - VI</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://eradoespirito.blogspot.com/2021/10/comentarios-sobre-uranografia-geral-de.html" target="_blank">Obra completa contendo todos os comentários e a conclusão.</a></div><br /><b>Comentário sobre "As estrelas fixas".</b><br /><div><br /><div style="text-align: center;">37</div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Trata-se de uma descrição precisa do que entendemos como sendo a Via-Láctea como vista desde a Terra, ou seja, como a projeção da <i>galáxia Via-Láctea</i> no céu. De fato, a imensa maioria das "estrelas fixas" pertencem à nossa galáxia. As que estão muito distantes fundem-se na forma de uma nuvem de estrelas - exatamente como cada molécula de vapor se funde para formar uma densa névoa. Nenhuma delas está absolutamente imóvel: a influência gravitacional entre elas é responsável pelo seu movimento, assim como a energia dinâmica herdada da nebulosa primordial que as criou confere a elas um movimento próprio.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">38</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Destaca-se, em especial, a passagem:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Esses diversos sóis estão na sua maioria, como o nosso, cercados de mundos secundários, que eles iluminam e fecundam por intermédio das mesmas leis que presidem à vida do nosso sistema planetário. Uns, como sírio, são milhares de vezes mais magníficos em dimensões e em riquezas do que o nosso e muito mais importante é o papel que desempenham no universo. também planetas em muito maior número e muito superiores aos nossos os cercam. outros são muito dessemelhantes pelas suas funções astrais. </span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">que confere especial valor profético ao autor. Na época em que essa mensagem foi dada, a existência de planetas ao redor de outras estrelas era mero tema de ficção. Ele dependia mais da crença de alguns astrônomos, com base em suposições sem qualquer base experimental ou alicerçada em dados. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hoje, esses novos mundos têm um nome: <i>exoplanetas </i>ou planetas<i> extra-solares.</i> Uma lista desses exoplanetas pode ser encontradas em: <a href="http://exoplanet.eu/catalog/">http://exoplanet.eu/catalog/</a>, que conta com aproximadamente 4800 entradas em 2021. O que foi descoberto confirma a descrição do autor de <i>Uranografia Geral</i>, embora os tipos de planetas detectáveis dependa demais das técnicas de medida disponíveis. Estima-se em trilhões em nossa galáxia os planetas do tamanho da Terra. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzQgbFgMS6Tqfgg1vZ8rbU9xGrc1XfqKgwtTNwOBT_5MjVNathlHqIVk7Fxz_WQqAONkqJ71KOKObu_fnLc83pmpvozDifu2ogvU-HoP0BFwderlwdfoFO2lxgzKtXZf_EaVM1giFx8e0/s450/exoplanet.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="220" data-original-width="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzQgbFgMS6Tqfgg1vZ8rbU9xGrc1XfqKgwtTNwOBT_5MjVNathlHqIVk7Fxz_WQqAONkqJ71KOKObu_fnLc83pmpvozDifu2ogvU-HoP0BFwderlwdfoFO2lxgzKtXZf_EaVM1giFx8e0/s16000/exoplanet.png" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Fig 1. Concepção artística moderna da superfície de um planeta em um sistema de três estrelas. Esse assunto é tema de um comentário de Kardec na seção 38. Fonte: pixels.com. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O autor continua e chama a atenção para os sistemas de múltiplas estrelas, ou seja, sistemas em que mais de uma estrela formam arranjos ligados por forças gravitacionais. Essa informação resultou no comentário de Kardec:</div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #0c343d;">É o a que se dá, em Astronomia, o nome de “estrelas duplas”. São dois sóis, um dos quais gira em torno do outro, como um planeta em torno do seu sol. De que singular e magnífico espetáculo não gozarão os habitantes dos mundos que formam esses sistemas iluminados por duplo sol! Mas, também, quão diferentes não hão de ser neles as condições da vitalidade!</span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">Uma representação artística moderna do "singular e magnífico espetáculo" que Kardec comenta acima pode ser visto na Fig. 1. De fato, dada a possibilidade de estrelas de cores diferentes, a superfície dos planetas que orbitam esses sistemas deve mostrar uma policromia jamais vista na Terra. Por condições de vitalidade, entendemos as condições de posição, distância e rotação que os planetas nesses sistemas devem ter para que seja possível haver vida neles. Se o tipo de vida terreno for assumido, provavelmente os planetas devem, por exemplo, se localizarem a distâncias maiores das estrelas que os abrigam para evitar o excesso de luz. Isso tornaria os anos (como revoluções em torno de uma estrela principal) bem mais longos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Da mesma forma como há estrelas cercadas de inúmeros planetas, "outros astros, sem cortejo, privados de planetas, receberam os melhores elementos de habitabilidade". Desnecessário dizer que a comprovação da existência de estrelas desacompanhadas de planetas é muito mais difícil. Para isso, seria necessário vencer as distâncias imensas até essas estrelas e constatar que elas não possuem planetas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">39</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Reafirma-se corretamente que as estrelas fixas vistas da Terra pertencem à Via-Láctea que nada mais é do que uma das galáxias na "ordem das nebulosas" que compõem o Universo visível.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">40</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O autor explica que as constelações (e, por derivação as ideias astrológicas ligadas a essas figuras no céu) são meras ilusões. O conteúdo do que é explicado nessa seção é ilustrado na Fig. 2.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj04MKv4ByHILF4qhPePJv3zPD6WbYXhvjtCA78xoeDwzH-1FTxYUobMu4urEds7qJH6-AmMMfzOVD-_9RqqLUK7h4gJSpuDU0tWNeBjhE9tHm_mIyEGlzbkQ9Um4jQS6DAHpxjD_A5d4/s140/fig02constelacoes.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="118" data-original-width="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj04MKv4ByHILF4qhPePJv3zPD6WbYXhvjtCA78xoeDwzH-1FTxYUobMu4urEds7qJH6-AmMMfzOVD-_9RqqLUK7h4gJSpuDU0tWNeBjhE9tHm_mIyEGlzbkQ9Um4jQS6DAHpxjD_A5d4/s0/fig02constelacoes.png" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption"><div style="text-align: justify;">Fig. 2 Constelações são projeções sem perspectiva na esfera celeste de conjunto de estrelas que podem estar, na verdade, muito distantes entre si.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">41</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O autor reintroduz o assunto do movimento das estrelas que compõem a Via-Láctea afirmando que essas estrelas:</div><div style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0"><span style="color: #274e13;"><blockquote>Rolam, não segundo roteiros traçados pelo acaso, mas segundo órbitas fechadas, cujo centro um astro superior ocupa.</blockquote></span></span></div><div style="text-align: justify;">ou seja, que "em parte nenhuma existe o repouso absoluto". No que segue, é dado como exemplo o movimento do sol.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">42</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O movimento do sol descrito pelo autor é chamado modernamente de "movimento solar próprio". Todas as estrelas têm também um "movimento estelar próprio", o que foi descoberto por E. Halley em 1677 em suas observações na Ilha de Santa Helena [1]. Esse movimento modifica o aspecto do céu ao longo de milhares de anos, visto que ele é imperceptível no tempo médio de uma vida humana. Isso é ilustrado na Fig. 3.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmZjoMk-tHu75keYyht0vn07wmzWeQFxiKmhNwG2NxrSyN_UtSLb5kmPmAnosUvkPe4WX26urKePnP6VDixVh4Yv0ENED8_lNPZWe8v9_qyYI7soxXH589RfqGmCP0QnoOMq7I5uuwFxU/s256/properstellarmotion.gif" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="256" data-original-width="256" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmZjoMk-tHu75keYyht0vn07wmzWeQFxiKmhNwG2NxrSyN_UtSLb5kmPmAnosUvkPe4WX26urKePnP6VDixVh4Yv0ENED8_lNPZWe8v9_qyYI7soxXH589RfqGmCP0QnoOMq7I5uuwFxU/w320-h320/properstellarmotion.gif" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fig. 3 Animação do movimento próprio na constelação da Ursa Maior conforme os anos gravados na parte superior em verde. Como tempo, o aspecto do céu muda pois cada estrela está dotada de um movimento particular.</td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: center;">43</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Considerando a influência gravitacional mútua exercida entre as estrelas, o autor pondera que nosso sol é um corpo secundário a se mover conforme a força exercida por outro corpo maior. Hoje sabemos que o movimento do sol - e de sua vizinhança estelar - é regido por forças que se dirigem para o centro da galáxia, ou seja, esse movimento se dá em torno dela. Isso resulta no conceito de "ano galático" como o tempo que o sol leva para dar uma volta completa em sua órbita em torno do centro galático, que é da ordem de 230 milhões de anos. Em torno desse centro, o sol se move à velocidade de 830.000 km/h ou 1/13000 da velocidade da luz. Essas medidas não eram conhecidos no Sec. XIX. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Repete-se o número de estrelas do sistema "Via-Láctea" já apresentado anteriormente:</div><div style="text-align: justify;"><span class="fontstyle0"><blockquote><span style="color: #274e13;">...uma trintena de milhões de sóis se pode contar na Via Láctea.</span></blockquote></span></div><div style="text-align: justify;">Esse número é uma estimativa baseada nas estrelas visíveis, ou seja, acessíveis por meio da tecnologia óptica e não fotográfica. O número de estrelas visíveis a vista desarmada em uma noite límpida é da ordem de 6000. Ao se usar instrumentos, esse número cresce consideravelmente, pelo que se chega ao valor de 30 milhões. Com a descoberta do formato real da Via-Láctea [2] e de que a maior parte dela está oculta de nossa observação, esse número subiu consideravelmente, embora não seja possível conhecer o número exato ou mesmo com marge de erro inferior a, digamos, 10%. Estima-se, entretanto, como 300-400 bilhões o número dessas estrelas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;">44</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">À guiza de conclusão e introdução do próximo assunto, o autor relembra que: </div><div style="text-align: justify;"><blockquote><span style="color: #274e13;">Em parte nenhuma há imobilidade, nem silêncio, nem noite! O grande espetáculo que então se nos desdobraria ante os olhos seria a criação real, imensa e cheia da vida etérea, que no seu imenso conjunto o olhar infinito do criador abrange. </span></blockquote></div><div style="text-align: justify;">Isso para introduzir o conceito de que a Via-Láctea é apenas um dos sistemas perdidos na imensidade do Universo. Apoiado em uma ideia que não tinha comprovação na época em que <i>A Gênese</i> foi escrita, o autor defende vivamente a "hipótese dos universos-ilhas" pela qual nossa Via-Láctea é apenas uma "ilha no arquipélago infinito". </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Para ver isso, basta consultar a referência [3] para a qual a ideia era considerada "audaciosa e pitoresca, que falava alto à imaginação de escritores populares de astronomia e que foi mantida pela literatura astronômica por muitos anos". Isso até 1870 e, por volta de 1900, diversas descobertas tornaram a teoria de "universos-ilhas" suspeita.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas isso será assunto de um próximo post.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><b>Referências</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">[1] Brandt, J. C. (2010). St. Helena, Edmond Halley, the discovery of stellar proper motion, and the mystery of Aldebaran. Journal of Astronomical History and Heritage, 13, 149-158.</div>[2] Xu, Y., Reid, M., Dame, T., Menten, K., Sakai, N., Li, J., ... & Zheng, X. (2016). The local spiral structure of the Milky Way. Science Advances, 2(9), e1600878.<br />[3] MacPherson, H. (1919). The problem of island universes. The Observatory, 42, 329-334.</div><div><div><br /></div><div><br /><p><br /></p></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div></div>Ademir Xavierhttp://www.blogger.com/profile/03107983671695146764noreply@blogger.com2