22 de agosto de 2011

Sobre o 7o ENLIHPE (Agosto de 2011)

Tive a oportunidade de participar do último 'Encontro Nacional da Liga dos Historiadores e Pesquisadores de Espiritismo' e me vi cercado por uma atmosfera de seriedade e profundo interesse em estudar e fazer avançar a temática de estudos espíritas. Muitos poderiam se perguntar o que representaria essa iniciativa, já que 'Espiritismo' é francamente visto apenas como mais uma religião. Para o movimento espírita, os livros de Kardec e algumas obras consideradas fundamentais representam tudo o que o adepto deve procurar conhecer a respeito de sua doutrina. Para os críticos e céticos, é mais uma mania religiosa que provavelmente terminará algum dia.

O sucesso de encontros como o do ENLIHPE demonstram que qualquer que seja a impressão, venha ela de onde for, ela não corresponde à realidade. O Espiritismo, muito mais que um movimento religioso, fundamenta-se como uma maneira de raciocínio filosófico que tem amplas consequências para diversas áreas do conhecimento. É um empreendimento intelectual complexo, de muitas sutilezas, capaz de fornecer respostas que, muitas vezes, nem seus adeptos mais esclarecidos e, muito menos, seus críticos podem imaginar. Em primeiro lugar porque ele nasce a partir de eventos singulares na Natureza, muitas vezes considerados 'insólitos', mas que perdem seu caráter de anormalidade, uma vez que os postulados espíritas sejam compreendidos de forma correta, sem serem exagerados ou desprezados. Depois, porque os princípios espíritas, uma vez admitidos, têm alcance e validade que apenas começamos a vislumbrar. Isso ocorre com toda nova ciência ou novo conhecimento, pois é muito difícil aos pioneiros prever as consequências de um conhecimento genuíno a longo prazo. 

No meu entender, embora se possa professar o ponto de vista de que o lugar onde se deve fazer avançar o conhecimento espírita seja o centro espírita e não a Universidade, ou, segundo outros, que a Universidade representa esse ambiente, associações como o ENLIHPE surgem como entrepostos avançados onde é possível discutir a temática espírita com liberdade, sem a pretensão de se desviar a arena verdadeira onde esse conhecimento se desenvolve. Na verdade, onde deve o conhecimento nascer? Parece-nos que ele pode nascer em qualquer lugar e a partir de qualquer indivíduo que tenha diante de si a chave para resolver um determinado problema. Para isso é preciso ter competência e conhecimento, além de recursos adequados para se fazer avançar o conhecimento. 

O ENLHIPE é uma iniciativa desse tipo que, infelizmente, ainda não parece ter recebido a devida atenção do movimento espírita. Sua maior vantagem é agregar pessoas com interesses comuns, em que pese a ampla gama de disciplinas que contribuem na realização dos estudos. Entretanto, mesmo essa característica é um ponto favorável, já que ela permite o intercâmbio de ideias entre pesquisadores de várias áreas de conhecimento.

Alguns exemplos

Na edição deste ano (2011), muito me impressionou saber que psicólogos e psiquiatras debruçam-se sobre o problema dos gêmeos siameses ou pessoas que nascem irremediavelmente conectadas de forma vital e que permanecem assim por toda uma existência. Reza o conhecimento contemporâneo sobre o desenvolvimento da personalidade humana, que ela é formada pela contribuição de fatores genéticos e de influências do ambiente. Entretanto, como explicar que gêmeos siameses idênticos, tendo permanecidos conectados fisicamente por toda uma existência apresentem diferenças marcantes em suas personalidades? O psicólogo clínico Júlio Peres expôs esse problema durante o evento. Tal evidência demonstra a preexistência da personalidade humana, não depois da chamada 'morte' mas antes do que chamamos 'vida' ou nascimento.

A comunicação de projeto de Nadia Luz: "Simetrias Históricas: o conceito teórico e a prática na metodologia de Hermínio Miranda", também me impressionou bastante. Trata-se possivelmente de uma contribuição importante aos desenvolvimentos e estudos em historiografia utilizando um conceito que pode ser validado no futuro, à medida que identificações de personalidades em múltiplas existências tornarem-se mais frequentes. O trabalho de Nadia Luz, baseado em uma contribuição de Hermínio Miranda, parece revelar mais um tipo de simetria, daqueles que são tão frequentes na Natureza que, realmente, gosta bastante de simetrias. Elas nos permitem descrever o que está 'do outro lado', no caso, revelar o passado oculto de uma personalidade, baseado nos registros dos acontecimentos mais recentes de sua vida. A tese das simetrias que se apresenta como uma conjectura tem assim a vantagem de ser testável. 

Em uma era de incertezas e contestações, de quebras de paradigmas e recrudescimento de dúvidas, iniciativas como o ENLHIPE são muito bem vindas.

Para mais informações, consulte o site do CCDPE-ECM.

21 de agosto de 2011

Lançamento de Livro no 7o ENLIHPE


O Espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais. Textos selecionados.

Sumário

  1. Introdução
  2. Uma análise espírita da obra "A Física da Alma" de Amit Goswami
  3. Conjectura e proposta esperimental para detecção de movimentos de fluidos nas cercanias de médiuns de efeitos físicos;
  4. As narrativas de vida nas rodas de conversas com mulheres na educação de aldultos: um lugar privilegiado de produção de saber na perspectiva espírita;
  5. Espiritismo e engajamento político;
  6. Diálogos e ritmos: em busca de uma ideia de sujeito (na perspectiva espírita) no trabalho com juventudes;
  7. Investigando relações entre voluntariado e contexto sociocultural numa instituição espírita: Contribuições da Fenomenologia;
  8. O Espiritismo em teses e dissertações: um mapeamento da produção acadêmica brasileira;
  9. O Espiritismo na Mídia: uma análise de conteúdo na maior revista semanal do Brasil de 1968 a 2010;
  10. Memória de uma jornada.
Detalhes

Autores: Ademir Xavier, Aldenora Guedes, Alexandre Fontes da Fonseca, Ângela Linhares, Benedito Dagno Moreira, Francisco Antonio Barbosa Vidal, Gardner Arrais, Josael Jario Santos Lima, Kátia Penteado, Marco Antonio F. Milani Filho, Miguel Mahfound, Sinuê Neckell Miguel, Tiago Paz e Albuquerque, Yuri Elias Gaspar.

Organizadores: Jeferson Betarello e Jáder dos Reis Sampaio.

Editora: UNIFRAN / CCDPE-ECM
Ano de Edição: 2011

Para adquirir a obra, consulte o site do CCDPE.