14 de outubro de 2012

O prisma de James: uma metáfora para entender a fonte verdadeira da consciência humana.

"Como disse, a consequência fatal não é coerciva, a conclusão do materialista se deve exclusivamente a sua maneira unilateral de compreender a palavra 'função'. E, sem se importar com  a questão da imortalidade, temos a obrigação, como meros críticos investigando cuidadosamente as dúvidas da humanidade, de insistir em considerar como ilógica essa negação baseada na ignorância total de uma alternativa palpável. Tanto mais ainda devemos insistir, como amantes da verdade, quando tal negação é de importância vital para a humanidade!" (William James, ref. 1)

William James (1842-1910) foi um dos pais fundadores da psicologia norte americana. Em uma palestra  entitulada “Lecture on Human Immortality” (2), James chama a atenção para uma particularidade interessante entre os tipos de função e sua relação com objetos ou dispositivos que as geram. Ele explora essa particularidade na compreensão da gênese da consciência humana. Em particular, W. James nota que fisiologistas (ou neurocientistas mais recentemente) costumam considerar a consciência como ‘gerada pelo cérebro’ do mesmo modo que o movimento é gerado pelo trabalho do motor de um automóvel ou, para usar o exemplo dado por James, ‘como o vapor é gerado pela água fervente na chaleira’ ou como a música é produzida pelo instrumento musical. Dessa forma, a consciência seria gerada pelo cérebro da mesma forma como a digestão do alimento é feita pelo estômago ou o metabolismo de substâncias tóxicas é feito pelo fígado. “Conforme a função, assim é o órgão”, como se diz. Acho que poucos discordariam que essa é a ideia dominante entre especialistas no assunto, gozando inclusive de larga popularidade.

Porém, afirma James, essa não é a única maneira de se entender como uma função está aparentemente relacionada ao objeto que a produz. Há também as funções transmissivas que se contrapõem à ‘função produtiva’ como no caso do som e instrumento musical que o produz. O que seria isso? Alguns exemplos simples são suficientes para esclarecer: o teclado do órgão não produz o som, que é na verdade gerado no interior dos tubos por onde passa o ar sob pressão. Nesse caso, o teclado é apenas um veículo para transmissão da informação que irá produzir o som. Do mesmo modo, lentes ou sistemas ópticos não geram os padrões de luz, mas apenas transmitem e modificam a luz original que neles penetra. Seria errôneo acreditar que a luz é produzida no interior desses dispositivos. Mais recentemente poderíamos incluir a televisão e o telefone como exemplos de funções transmissivas: ninguém realmente acredita que os sons e imagens gerados por esses equipamentos sejam efetivamente gerados no interior deles.

No que isso pode ajudar a esclarecer o problema da consciência e imortalidade? Aqui fazemos uso de um exemplo que chamamos de ‘Prisma de James’ (Fig. 1).  Todos sabemos que luz branca, ao passar por um prisma é refratada e se decompõe em diversas cores (um fenômeno chamado ‘espectro’).

Destacamos:
  • As cores não são geradas pelo prisma, mas são uma propriedade da luz. O prisma torna evidente esse as cores, mas não a fonte delas;
  • Se o prisma for feito de material cristalino e incolor, todas as cores estarão presentes no espectro.
  • Se o prisma for feito de material cristalino, mas colorido (por exemplo, vermelho), todas as cores desaparecerão exceto aquela semelhante à cor do prisma (vermelho);
  • Se uma luz originalmente colorida incide sobre o prisma, ele não poderá gerar cores diferentes;
  • A largura do espectro “produzido” pelo prisma é função de uma propriedade do material e da geometria do prisma. Essa influência forte da geometria e material é enganadora para aqueles que não sabem que o prisma não é a causa das cores, que já estão presentes na luz branca original.
Fig. 1 O prisma de James como metáfora do modelo transmissivo para a consciência. O cérebro tem a mesma função do prisma que não gera as cores (personalidade). Essas estão sempre presentes na luz branca (Espírito). A figura é meramente uma ilustração de um prisma e não reproduz o comportamente geométrico exato.

 Fazendo uso dessa analogia simples afirmamos nossa comparação (Fig. 1):
“A personalidade humana (espectro) é uma manifestação da consciência (luz branca), ou seja, o prisma (cérebro) não gera as cores (personalidade humana, comportamentos, psicologia etc) que preexiste na luz branca (consciência). Ou, de outro modo: o prisma (cérebro) tem função transmissiva, permitindo que a luz branca (consciência) se manifeste de várias cores (personalidade), conforme a disposição geométrica e material do prisma (cérebro)."
Essa analogia é muito interessante pois, tanto no caso do prisma como no caso do cérebro é muito difícil separar as duas coisas, o instrumento, órgão ou dispositivo, da fonte original que é independente e inacessível. É impossível separar as cores sem usar um prisma (ou uma rede de difração), da mesma forma como não é possível acessar o Espírito ou a consciência sem o cérebro. Repetimos: as cores são propriedades da luz e não do prisma, assim como a personalidade é gerada pelo Espírito e não pelo cérebro (com todas as considerações de 'carga genética' junto...).

Assim, materialistas que consideram a consciência um produto da atividade cerebral estão erroneamente tomando o instrumento como causa. É como se acreditassem que o prisma gera as cores.

E, também, qualquer modificação aparente no espectro visível (aquilo que é tangível) pode ser explicada como um processo de modulação da fonte original por alguma mudança intrínseca no dispositivo: colorindo-se o cristal do prisma faz-se o espectro desaparecer exceto pela cor escolhida. A atuação de substâncias neuroquímicas não produz, de fato, a alteração da consciência, mas apenas igualmente modula sua fonte original produzindo um comportamento diferente. A luz não desaparece no interior do prisma pela coloração desse, da mesma forma como a consciência ou Espírito não desaparece no cérebro, mas antes sua manifestação é suprimida ou amplificada pela atuação dessas substâncias ou por outros motivos.

Conclusão

Será que o cérebro é o único órgão que tem função transmissiva? A resposta é não. Os nervos, por exemplo, transferem impulsos elétricos – que têm claramente origem no cérebro – e não são primariamente responsáveis pelos movimentos dos músculos. O sistema nervoso periférico tem assim uma função gradativamente transmissiva, passando pelo sistema nervoso central até a fonte original de tudo que é a consciência ou Espírito. Esse, por sua vez, permanece e sobrevive à desintegração do cérebro tal como a luz branca continua a existir ainda que suas cores não sejam plenamente visíveis por causa da destruição do prisma.

O cérebro tem papel nos processos mentais como o de um filtro óptico ou sistema de transmissão. Em que pese todos os esforços no sentido do mapeamento de funções mentais em compartimentos bem definidos no cérebro, isso nada significa realmente no sentido de estarmos acessando a fonte original dessas funções (3). Portanto, até o momento, a ideia ou noção de que o cérebro é a fonte original da consciência somente pode ser defendida como uma hipótese que depende da validade da teoria produtiva aplicada ao cérebro. Para torná-la completamente válida, seria necessário explicar ou ‘reduzir’ os processos mentais a operações elementares no cérebro, um passo que não para na bioquímica, talvez envolva a física e está muito longe de ser feito.

O prisma de James é uma metáfora para entender a origem da consciência. Ela torna compreensível uma via para entender o dualismo, mas é limitada. Discutiremos no futuro outras considerações e detalhes pertinentes em direção a uma explicação mais completa e abrangente para o problema.

Referências

(1) Original em inglês (ver ref. 2):
"As I said, then, the fatal consequence is not coercive, the conclusion which materialism draws being due solely to its onesided way of taking the word 'function'. And, whether we care or not for immortality in itself, we ought, as mere critics doing police duty among the vagaries of mankind, to insist on the illogicality of a denial based on the flat ignoring of a palpable alternative. How much more ought we to insist, as lovers of truth, when the denial is that of such a vital hope of mankind!"
(2) Agradeço a Jime Sayaka (blog http://subversivethinking.blogspot.com.br/) por ter me passado a referência original do trabalho de William James 'Human Immortality' que está reproduzida nesta página (em inglês):  http://godconsciousness.com/humanimmortality.php

(3) William James' prism analogy and Corliss Lamont's objection to it. Does Lamont's objection work?

7 de outubro de 2012

Palestra do Dr. Raymond Moody sobre Experiências de quase-morte compartilhadas. (Set, 2011)


O Dr. Raymond Moody é conhecido expoente e divulgador de ocorrências de NDE (near death experiences), tendo editado vários livros muito conhecidos sobre o assunto (1). Nesta palestra, proferida durante uma conferência em Durham em Setembro de 2011 e que foi disponibilizada pelo IANDS, ele nos fala sobre experiências compartilhadas.A duração do vídeo é de aproximadamente 14 minutos.

Essas são experiências pelas quais passam pessoas próximas a pacientes de NDE ou a pessoas em processo de falecimento. Essas 'testemunhas e NDE' registram diversas ocorrências com características semelhantes aos pacientes de NDE. Visões de luzes, músicas, modificações na percepção da geometria da sala e até compartilhamento de lembranças estão entre os fenômenos (2), além da observação, por tais testemunhas, de uma réplica transparente da pessoa falecida nos momentos que antecedem a morte.

A explicação 'naturalista' para as NDE é de que elas seriam causadas por privação de oxigênio no cérebro por ocasião da experiência. Entretanto, os relatos das testemunhas vem apoiar o fato de que essa explicação não é a correta, pois esse estado alterado de privação de oxigênio não se aplica a tais testemunhas. 

Nota

1- Dentre os livros do Dr. Moody podemos citar 'Life after life' e 'Glimpses of Eternity'. O mais famoso, sem dúvida, é 'Life after life' que é conhecido na sua tradução em Português como 'Vida depois da vida'.

2- Para saber mais sobre o assunto, veja nossa resenha de um artigo de M. Nahm: Reflexões sobre o contexto de experiências de quase-morte: artigo de Michael Nahm (2011) - 1/2.

3 de outubro de 2012

Em memória a Kardec (Amália Domingo y Soler)


Amália Domingos Y Soler (1835-1909)
Com profunda gratidão minh'alma ferida,
Bendiz-te Kardec e a tua memória,
Com doce entonação e voz sentida,
Quero cantar a tua história:
Quero expressar que te devo a vida. 
Os Lázaros a dormir virando ateus
Em profundo sono que entedia:
A ignorância lançava sobre eles seus troféus;
Sentiam n'alma o triste frio
Do perder no nada os desejos seus!

Como novo Pigmalião sobre o mármore sólido
À consciência gélida deste o alento;
Ao ontem, ao presente e ao dia vindouro,
Concedeste ação e movimento,
E o homem viu então o seu futuro.

Quem é maior que tu? Não o advinho;
O que para ti são os gladiadores,
Posto que lutar e vencer foi teu destino.
Verdugos jamais! Conquistadores!
Que com sangue afrontaram o teu caminho!

Tu com amor e nobre inteligência
Concedeste ao simples mortal o telescópio;
E ele então contemplou a Providência.
E, depois, inventaste o microscópio,
Com que enxergou o homem sua consciência. 
Brilhou a luz! E as multidões enlevadas
Contemplam a vida na alvorada
Difundida em muitas latitudes:
Dobre-se diante do Eterno a raça humana
Que ela siga o exemplo fiel de tuas virtudes.

Mensagem original: Un Recuerdo a Kardec


Mensagem original enviada por Felipe Gonçalves que faz um excelente trabalho de pesquisa histórica divulgado no seu blog:

 espiritismohistoria.blogspot.com.br

Segundo o Felipe, a fonte original é a revista "El Criterio Espiritista", ano XI. N. 4 - Abril de 1878. O texto original é reproduzido abaixo.

Con gratitud profunda mi alma herida,
Te bendice, Kardec, y á tu memoria
Con dulce entonación, con voz sentida,
Quiero cantar un algo de tu historia:
Quiero espresar que te debí la vida.

Cual Lázaros, dormidos los ateos,
En el profundo sueño del hastío:
La ignorancia nos daba sus trofeos;
¡Sentíamos en el alma el triste frío
Del que pierde en lo nada sus deseos!

Cual nuevo Pigmalion al mármol duro
De la conciencia helada diste aliento;
Y al ayer, y al présente, y al futuro,
Le prestásteis acción y movimiento,
Y el hombre vio su porvenir seguro.

¿Quién más grande que tu? No lo adivino;
¿Pues qué son para tí los lidiadores.
Que luchar y vencer fué su destino?
¡Verdugos nada más! ¡Conquistadores!
¡Que con sangre alfombraron su camino!

Tú con amor, con noble inteligencia
Le distes al mortal un telescopio:
Y con él contempló la Providencia;
E inventastes después un microscopio,
Y con el leyó el hombre en su conciencia.

¡Brilló la luz! Y absortas multitudes
Contemplaron la vida del mañana
Difundida en diversas latitudes:
¡Plegué al Eterno que la raza humana
Siga el ejemplo fiel de tus virtudes.



23 de setembro de 2012

Algumas considerações sobre o passe.


O passe é prática muito popular na maioria das casas e centros espíritas. Práticas semelhantes ao do passe também são ou foram comuns em outras religiões e filosofias espiritualistas (1).  São abundantes também descrições encontradas nos evangelhos de que essa prática também era comum no cristianismo primitivo (1). Tanto que esse costume evangélico cristalizou-se na forma de rituais de proferimento de 'bênçãos' e 'imposição de mãos' que se tornaram comuns entre diversas igrejas no movimento cristão posterior. 

À medida que o conhecimento da Humanidade se esclarece, porém, ocorre um processo de liberação de antigos hábitos e rituais. Antigamente a prática médica era indistinguível da magia e do preparo de poções. Da mesma forma, o passe não deve ser visto como um ritual em si, mas como um recurso terapêutico sobre o qual ainda muito é necessário pesquisar. Essa pesquisa se faz necessária tanto para dizer a extensão da atuação da prática como também o que ela não é capaz de fazer.

A mim parece que não se pode considerar como objetivo do passe, por exemplo, obter cura de doenças.  Entretanto, como o ser humano é um sistema muito complexo, é possível que determinadas patologias possam encontrar no passe um valioso recurso adicional para se obter a cura. Isso é diferente de se dizer que o passe cura. Do mesmo modo, com muitas doenças - principalmente aquelas que têm mecanismo bioquímico bem conhecido - há procedimentos e explicações médicas que, não obstante reconhecidas como suficientes para a compreensão e o tratamento, não deixam de sofrer a influência de outros fatores.   

De qualquer forma, o passe espírita é uma prática que deve ser estudada dentro da ciência espírita de forma geral, a fim de que os mecanismos operacionais sejam mais bem compreendidos. Quanto mais isso ocorrer, tanto menor será a 'carga ritualística' sobre essa prática, já que a maioria das pessoas, por falta de esclarecimento ou tendências atávicas (2), se acostuma a considerar o passe dessa forma.

Minha experiência pessoal

Ainda é difícil delimitar e especificar todos os fatores que interferem na eficácia da prática do passe. Por exemplo, é reconhecido em geral que qualquer pessoa em estado de equilíbrio emocional e físico pode aplicar o passe. Por outro lado, também existem 'médiuns curadores' (3), cuja força ou eficiência de atuação através do passe é muito maior do que de uma pessoa comum e bem intencionada. Ora, entre um extremo (4) e outro se pode assumir que há uma gradação enorme de indivíduos com variadas capacidades de atuação, a respeito das quais não se tem nenhuma indicação ou evidência direta.

O efeito do passe parece estar intrinsecamente ligado ao estado psicológico de quem o recebe. Assim, para promover um estudo sistemático, é preciso isolar fatores diversos que interferem no processo (algo que é parecido a se estabelecer 'controle' sobre um experimento (5)). De início já confirmamos que a interação entre os vários elementos que compõem a prática do passe constitui um sistema muito complexo, sujeito a uma ampla gama de fatores intrínsecos e extrínsecos. Ou seja, o estudo do passe é um tema difícil.

Passo a narrar minha experiência pessoal com o assunto. Era bastante comum que experimentássemos, na troça de estações dentro de um ano, uma sequência de resfriados ou gripes que podiam apresentar sintomas mais sérios (como febre, indisposição etc). Esse estado é particularmente comum e, por muitos anos, notamos que ele se apresentava de forma regular (com uma ou duas ocorrências anuais mais 'sérias'). 

Entretanto, essa sequência parece ter sido interrompida depois que passamos a frequentar regularmente aplicações de passe. Entendemos que, se estamos com um resfriado ou gripe mais forte, não se observa 'cura' ou, ao menos, redução do tempo normal de recrudescimento do estado febril ou da gripe. Ao contrário, após uma sucessiva sequência de aplicações, notamos que, depois de certo tempo, as chances de se 'pegar uma gripe' reduziram drasticamente.

Como podemos explicar esse fenômeno? É possível que outras pessoas tenham experimentado a mesma situação, mas não descrevam resultados semelhantes (de fato, fenômeno não ocorreu apenas comigo, mas também com outros parentes). Talvez seja possível se acumular evidências fortes com  relação à ocorrências do mesmo tipo. É provável que o passe, atuando por mecanismos ainda inexplicados sobre o corpo espiritual, equilibre o estado emocional de forma que o sistema imunológico se fortalece. É bem conhecido que estados 'psicológicos' tem influência direta sobre o sistema imunológico (6). Como e por quanto tempo é possível atuar sobre esse estado interno do ser humano é algo ainda desconhecido. De qualquer forma, parecem ser inegáveis os benefícios da aplicação do passe (pelo menos no nível da experiência pessoal). Essa é também a razão porque ele seja tão popular.

Ainda há muito a ser pesquisado

É preciso levantar os fatores externos que afetam diretamente seu mecanismo de sua atuação, as condições necessárias para 'amplificar' seus efeitos, bem como suas limitações. É preciso separar causas e efeitos em um contexto em que existem uma multiplicidade de causas atuantes. Dessa forma, algumas questões para respostas empíricas são:
  1. Qual seria o meio mais eficiente de se acessar os benefícios do passe (definição de um indicador de eficiência)?
  2. Onde se observam o maior impacto (animo do indivíduo, facilidade de recuperação de uma doença, resiliência etc)?
  3. Mantido todos os outros fatores invariantes, há dependência dos efeitos com o tempo de aplicação? (durante qual etapa do processo de aplicação ocorrem os maiores benefícios?)
  4. Qual a dependência dos efeitos com a experiência acumulada do passista ? (há dependência com o tempo em que o aplicador se dedicou à atividade do passe)?
  5. Como se comporta o indicador de eficiência como função da idade do indivíduo que recebe o passe?
  6. Qual a dependência dos efeitos com a distância do aplicador?
  7. Qual a dependência com o modo de aplicação?
É possível que, no futuro, o passe se insira como recurso de profilaxia de larga escala, mas antes que isso venha acontecer é preciso conhecer seus mecanismos e, principalmente, dissociá-lo de qualquer ritualística. Relatos que temos de experimentos feitos fora do Brasil informam que o passe pode não estar tão ligado à operação da vontade de quem o aplica e que não está sujeito à limitações de distância (7). Mas, talvez, essa 'independência da vontade' esteja ligado a que o aplica e não possa ser generalizada. Tais aspectos exigem uma abordagem totalmente diferente na explicação e operação do passe, uma abordagem que dificilmente métodos puramente materialistas terão qualquer sucesso.

Referências e notas

(1)  Um exemplo é o do Reiki e o Jorei em tradições espiritualistas japonesas (ver Igreja Messiânica). No cristianismo primitivo, temos como exemplo o Evangelho de Marcos, Cap. 3 e versículo 23: "E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva".

(2) 'Atavismo' é um termo usado em ciências sociais para designar práticas (cultos, ritos etc) que relembram ou invocam costumes e práticas anteriores (de 'atavus' ou ancestral). Assim, na casa espírita, o passe pode ser visto como uma substituição de ritos de outras denominações religiosas por conta da influência de pessoas convertidas que trazem inconscientemente a necessidade das práticas anteriores;

(3) Para saber mais, considere Kardec:
  • 'O livro dos Médiuns', 2a Parte, Das manifestações espíritas, Cap. XIV, Dos médiuns, Médiuns Curadores (via www.ipeak.com.br);
  •  Revista Espírita de março de 1868 (Ensaio teórico das curas instantâneas). 
Um excelente texto sobre o assunto é "Um Estudo sobre o Passe', de Clarice Chibeni".

(4) Na Revista Espírita de 1865, Edição de Setembro, encontramos no item 7 de uma resposta de A. Kardec a uma carta sobre a questão da mediunidade curadora.

(5) Não somos adeptos, no estudo de fenômenos psíquicos do uso da palavra 'controle'. Certamente, a crítica cética e materialista de que é necessário estabelecer critérios rigorosos sobre fenômenos psíquicos (ou psicológicos) não procede pois, ao se fazer isso, é possível que estejamos 'anulando' as causas. Portanto, preferimos sugerir que se isolem ao máximo fatores adversos e se dê livre curso à ocorrência dos fenômenos.

This article reviews evidence for the hypothesis that psychological interventions can modulate the inumme response in humans and presents a series of models depicting the psychobiological pathways through which this might occur. Although more than 85 trials have been conducted, meta-analyses reveal only in modest evidence that interventions can reliably alter immune parameters. The most consistent evidence emerges from hypnosis and conditioning trials. Disclosure and stress management show scattered evidence of success. Relaxation demonstrates little capacity to elicit immune change. Although these data provide only modest evidence of successful immune modulation, it would be premature to conclude that the immune system is unresponsive to psychological interventions. This literature has important conceptual and methodological issues that need to be resolved before any definitive conclusions can be reached.

(7) Efeitos de passe a distância são narrados também pelo Dr. Bengston. Ver: William Bengston e a pesquisa de curas por imposição das mãos (passes de cura).