13 de setembro de 2011

Uma abordagem estatística para a determinação do tempo de vida entre encarnações sucessivas.


Durante o 7 ENLIHPE (20/8/2011), tivemos a oportunidade de apresentar o trabalho: "Uma abordagem estatística para a determinação do tempo de vida entre encarnações sucessivas."

Como se sabe, o Espiritismo introduzido por A. Kardec foi o primeiro movimento espiritualista no ocidente a compreender a importância da reencarnação. Este é o único mecanismo que pode explicar tanto anomalias observadas na personalidade humana com também fornecer uma visão do mundo mais de acordo com os princípios de justiça natural e equidade. Portanto, é importante compreender as consequências da reencarnação não somente para cada um de nós como indivíduos, mas também como um fenômeno social e, principalmente, demográfico. Assumindo a reencarnação como uma das leis da Natureza que é válida para todos os seres humanos, ela certamente tem consequências coletivas que apenas começamos a vislumbrar.

O objetivo do trabalho foi construir um modelo numérico para calcular o intervalo de tempo entre reencarnações sucessivas de uma individualidade humana O trabalho baseou-se nos seguintes princípios:
  1. Existe uma base de tempo única que pode ser usada para determinar o intervalo de tempo entre duas existências (o que chamamos de 'tempo de erraticidade');
  2. Existe conservação da 'individualidade', isto é, a personalidade humana sobrevive à morte física e conserva sua consciência (que é, de fato, a fonte dessa personalidade). A consciência é conservada em uma unidade não material (ou incorpórea) chamada 'Espírito' (note a letra maiúscula 'E');
  3. O Espírito não pode ser 'destruído' (não existe uma 'segunda morte');
  4. Para cada Espírito está associado um único corpo durante uma encarnação;
  5. A reencarnação implica na existência de competição entre populações desencarnadas distintas no mundo espiritual (que distinguimos entre uma vizinhança no 'plano físico' e de 'outros planos' ou zonas espirituais distantes da Terra);
  6. No plano físico (mundo terreno), cada indivíduo nasce de outros dois. Entretanto, no que concerne à origem dos Espíritos, não se conhece o mecanismo de seu nascimento. De fato, a origem dos Espíritos é um mistério. Para todos os efeitos, podemos assumir que existe um reservatório infinito de individualidades desencarnadas no mundo espiritual (desde que o Universo é infinito);
  7. A existência humana no plano físico é limitada à vida do corpo físico. Não existe um limite para a existência do Espírito (conforme o princípio #3);
Os princípios estabelecidos acima são baseados em questões dadas pelos próprios Espíritos conforme o 'Livro dos Espíritos' (LE). Por exemplo: o princípio #1 está baseado na questão LE#224; o princípio #2  em LE-Q#92 e 150; o princípio #3 em LE-Q#83; o princípio #4 em LE-Q#137; princípio #5 em LE-Q#172 e 173; o princípio #6 em LE-Q#81 e, finalmente, o princípio #7 em LE-Q#68.

No trabalho, fizemos várias predições concernentes à maneira como as populações em ambos os planos físico e espiritual interagem, utilizando um conjunto de assunções adicionais sobre o estado atual da população total. Nós finalmente fizemos alguns cálculos numéricos mostrando que o 'tempo de erraticidade' está oculto na taxa de natalidade da população do plano físico.

O gráfico abaixo mostra a evolução temporal da expectativa de vida no plano físico (esquerda) e o tempo de erraticiadde (direita) em anos para a população brasileira segundo nosso modelo.  Ambos intervalos são dados como função do tempo desde 1970 a 2000.


Como tais predições poderiam ser validadas? Se for possível rastrear uma vida anterior para um grupo de indivíduos (uma população, digamos de 100 pessoas), encontrando-se a data de falecimento anterior - o que, de certa forma, pode ser feito conforme demonstrou I. Stevenson (1966) - o tempo de erraticidade poderia ser estatisticamente calculado uma vez que a data de nascimento da vida presente é conhecida. Isso abriria a possibilidade de se testar nossas assunções, o que caracterizaria uma extensão das teorias de dinâmica populacional (só que agora englobando componentes desencarnadas).

Tais resultados mostram a fertilidade heurística dos princípios espíritas, que não somente admitem a sobrevivência da personalidade à morte física, mas também que ela evolui ao longo de muitas vidas no plano físico.

Referências
  • Kardec A. (1857). 'O Livro dos Espíritos'. Há muitas edições (inclusive eletrônicas) desta obra;
  • Stevenson I. (1966) Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. (1966). (Second revised and enlarged edition 1974), University of Virginia Press, ISBN 0813908728.

2 comentários:

  1. Oi, Ademir!

    Que bom que você publicou este texto! Particularmente, gosto muito desta exploração de hipóteses.

    Um ponto que gostaria de chamar a atenção é em relação a possibilidade de se calcular estatisticamente o tempo de erraticidade baseado em informações de vidas passadas. Para ter validade seria necessário que o grupo de 100 indivíduos fosse aleatório.

    É possível que as lembranças de outras vidas se dêem nas crianças cujos tempos de erraticidade foram mais curtos dado que na vida terrena nos esquecemos mais facilmente de eventos de um passado mais distante.

    Abraço!

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  2. Ola Vital

    Grato por seus comentários. Certamente é algo que pode ser testado 'experimentalmente', caso se desenvolva um jeito de reconhecer vidas anteriores em grupos grandes de pessoas como vc diz.

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