2 de setembro de 2018

Visões de Leito de Morte


Relatos de pessoas muito próximas da morte podem conter descrições lúcidas do que nos aguarda além da vida.

Recentemente o JEE - Jornal de Estudos Espíritas - publicou um artigo nosso [1] sobre o tema "Visões de leito de morte". O que são tais visões? Trata-se de um grande número de relatos (encontrados em todas as épocas e povos) de pessoas que testemunham um aparente reacender de consciência de doentes terminais ou pessoas que se avizinham da morte. Durante tais lampejos, o doente descreve encontros ou visitas de pessoas já falecidas. Em [1] mostramos que tais visões: 
  • São relatos feitos por pessoas - moribundos - que não tem qualquer intenção em falsear ou mentir, já que estão muito próximas do fim da existência material.
  • São relatos que se distinguem de meras alucinações, pois não ocorrem sob as mesmas condições que se observam durante alucinações típicas.  
  • São relatos colhidos de testemunhas idôneas (frequentemente parentes) que afirmam ter o moribundo entrado em contato com parentes já falecidos antes de morrer.
  • Mostram que os parentes falecidos vem para ajudar o moribundo em sua "passagem", implicando diretamente na continuidade da vida após a morte;

O termo "Visões de leito de morte" (VLM), em inglês, "Deathbed Visions", tem uma história curiosa na literatura das pesquisas psíquicas. Não é preciso pesquisar muito para descobrir que A. Kardec se referiu a elas conforme informamos em [1]. Entretanto, foi apenas com o trabalho de E. Bozzano (1862-1943) que uma delimitação mais precisa - como uma classe de eventos com características peculiares comuns - foi feita.
E. Bozzano (1862-1943)

Uma ampla busca bibliográfica de artigos e livros já produzidos sobre o tema é feita em [1]. As VLMs são fenômenos que ocorrem todos os dias nos leitos de muitos hospitais. São típicas em mortes de doentes que têm a chance de se comunicar com seus parentes antes do momento final (não é o caso, por exemplo, de morte violentas). Esses parentes tornam-se testemunhas de um desdobramento momentâneo do doente, um recobrar de consciência por brevíssimo período em que o doente goza de uma lucidez incompatível com seu estado físico. A chamada "lucidez terminal" [2] dá origem a diversos fenômenos interessantes que são fáceis de se explicar pela concepção espírita da morte.

Assim, a explicação paras as VLMs é bastante trivial para o Espiritismo. É de se esperar que o enfraquecimento dos laços físicos torne o Espírito mais livre, ainda que ligado a seu corpo antes do desenlace definitivo. Entretanto, também em [1] mostramos que apenas o Espiritismo - como doutrina espiritualista - valorizou as VLMs como provas da continuidade da existência. Pode-se então dizer que apenas para alguns espiritualistas (os espíritas a partir de A. Kardec) as VLMs fazem sentido como relatos de vivências extracorpóreas que comprovam a continuidade da consciência além da morte. Isso pode parecer incrível, mas o leitor encontrará outras doutrinas chamadas "espiritualistas" para as quais tais relatos nada representam.

Nossa conclusão é as VLMs formam um consenso independente da fenomenologia mediúnica, ainda que pouco valorizado, de que vida continua após a morte. Tal conclusão é valida ainda que os relatos sejam desprezados de forma ampla por acadêmicos que têm preguiça em analisar e correlacinar fatos mais extensivos que ocorrem no momento da morte (simultaneidades, aparições, visões inesperadas, cheiros, sensações de presenças correlacionadas). 

Talvez o leitor facilmente tenha notícia de algum parente testemunho de uma VLM. Não deixe de compartilhar qualquer experiência que tenha ouvido falar sobre tais visões nos comentários abaixo. Seu testemunho é importante para o consenso em direção à sobrevivência da alma. 

O artigo [1] pode ser baixado gratuitamente através da plataforma online do JEE.

Referências

1 - Xavier, A. Jr. Fenomenologia das visões de leito de morte: em direção a um consenso sobre a sobrevivência da alma. Jornal de Estudos Espíritas. 6, 010207 (2018)
2 - Nahm, Michael et al. Terminal lucidity: A review and a case collection. Archives of gerontology and geriatrics, v. 55, n. 1, p. 138-142, 2012.






12 de agosto de 2018

Publicação de Julho da Revista "O Fóton" (AFE-Rio)


Foi com grande satisfação que tivemos um de nossos textos publicados na edição de julho de 2018 na Revista "O Fóton". O editor da revista Elton Rodrigues da AFE-Rio explica os objetivos da edição, da revista e dos vários artigos:
Já é chegado o tempo de retirarmos os livros empoeirados da estante e (re)descobrir a doutrina dos espíritos. Porém, agora, de forma diferente de certas atitudes do passado, nossos estudos e experimentações deverão possuir dupla característica, ou duplo objetivo: conhecimento das leis do fenômeno espírita, sabendo que são leis naturais e, por isso, leis de Deus; e ter como intenção a transformação moral dos seres. A AFE-RIO, muito mais do que uma instituição dedicada ao estudo e experimentações é, em seu bojo, um grupo de pessoas interessadas na aproximação de grupos de pesquisas em torno dos objetivos supracitados.
 
Carlos Gomes, dedicado trabalhador de Itajubá, Minas Gerais, e fundador do CONICE - Congresso de Iniciação Científica Espírita, na coluna Estudo Espírita, realizada uma interessante reflexão acerca da importância dos congressos espíritas. 
 
Raphael Vivacqua Carneiro, seareiro de Espírito Santo, nos leva para um interessante passeio em torno da biografia de Charles Richet.
 
José Márcio, colunista da Evangelho e Ciência, vem com toda a sua experiência no estudo aprofundado do evangelho e empreende um belo raciocínio quanto ao que seja a “purificação do templo”. 
 
Na Astronomia e Espiritismo, Natália Amarinho inicia seu artigo comentando sobre a “harmonia das esferas” e realiza uma bela conexão entre matemática, física, astronomia e música. 
 
Cremildo Freitas, na coluna Animismo e Espiritismo, disserta sobre a força psíquica. O que é essa força? Será que existe maneira de testá-la? Alguém já fez algum tipo de pesquisa sobre o assunto?
A revista traz uma apresetação gráfica impecável, com inúmeras figuras e ilustrações que complementam o conteúdo e aguçam a curiosidade do leitor. Com uma proposta de divulgar para o público conteúdo na interface Espiritismo-ciência, é uma das poucas referências no assunto que esperamos tenha um grande futuro. 

Leitores interessados poderão baixar e ler gratuitamente o exemplar de "O Fóton" de julho de 2018 na Ref. 1 Todos os exemplares disponíveis da revista são gratuitos.

Referências

Rodrigues E (2018), Ed. "O Fóton". Edição de julho de 2018. (Acesso agosto de 2018).

10 de junho de 2018

Gêmeos que se lembram de vidas anteriores

As gêmeas Pollock ficaram conhecidas como um caso de reencarnação de irmãs na mesma família: Jacquelie e Joana Pollock que morreram em um acidente de carro em 1957.
A resposta para a vida humana não deve ser 
encontrada dentro dos limites da vida humana.
Carl Jung

São conhecidos inúmeros casos de crianças que se lembram de vidas anteriores [1]. Entretanto, os mais interessantes envolvem gêmeos que, coincidentemente, se lembram de vidas passadas. Essas são evidências notáveis já que, embora seja possível desqualificar lembranças de vidas anteriores de um indivíduo, há que se explicar como duas crianças podem apresentar lembranças espelho de uma existência anterior também como irmãos na mesma família. 

Um caso que ficou conhecido foi o das gêmeas Pollock. Jacqueline (com 6 anos de idade) e Joana (com 11 anos) eram filhas de John e Florence Pollock quando, em 5 de maio de 1957, as duas e um amigo (Anthony Layden) morreram tragicamente em um acidente de carro em Hexham, Inglaterra.

Os pais enlutados tiveram que se conformar, embora o pai, não obstante católico, começou a afirmar que as duas voltariam a ser suas filhas em uma nova existência. O leitor deve guardar esse fato porque ele tem sido invocado por céticos para desqualificar o caso (ver mais abaixo).

Um ano depois do acidente (4 de outubro de 1958), Florence deu a luz a gêmeas que receberam os nomes de Gillian e Jennifer. Quando começaram falar (aos três anos), as gêmeas passaram a demonstrar lembranças típicas das irmãs falecidas em 1957. As lembranças criaram uma identificação de personalidades entre Gillian como Joana e Jennifer como Jacqueline. As identificações iam desde semelhanças entre brincadeiras infantis, como coincidências entre os nomes das bonecas dados por cada uma das irmãs anteriores e diferenças de atividade (uma das irmãs era muito ativa e a outra calma), além de gostos específicos por tipo de roupa, semelhanças quanto ao tipo de comida etc. 

Segundo os pais, as gêmeas também tinham fobia por carros e chegaram a fazer representações do acidente em brincadeiras. Como havia uma diferença de idade entre as irmãs falecidas, uma das gêmeas demonstrava ascendência sobre outra, reproduzindo a diferença.  Como é bastante comum com memórias de crianças sobre vidas anteriores, aos cinco anos de idade, as lembranças desapareceram completamente. 

Crenças céticas sobre o caso e sua análise espírita

A psi-encyclopedia é um site dedicado a prover informação na forma de uma "wikipedia" para os chamados "casos psi". Esse site reproduz críticas céticas do caso das gêmeas Pollock [2], considerando que as afirmações de lembranças foram todas feitas pelos pais, um dos quais acreditava em reencarnação. O argumento geral da crítica segue afirmando que a opinião principalmente do pai contaminou toda a família, embora se reconheça que a mãe não acreditasse em reencarnação. Ela de fato permaneceu cética ao longo de toda a gestação, mas posteriormente apresentou versões coincidentes com o pai sobre o comportamento das meninas e sua identificação com a vida das irmãs anteriores. 

Ora, o que se deve estranhar é sobre como alguém, declarado católico fervoroso como o pai, poderia afirmar que elas retornariam reencarnadas. Não resta dúvidas à visão espírita que o pai, John Pollock, provavelmente foi espiritualmente instruído após a morte de que as irmãs regressariam em breve. Essa instrução espiritual pode acontecer de diversas formas, por exemplo, durante o sono:
Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da presente existência ou de existências anteriores. As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter. [3]
Em suma: a possibilidade do regresso foi adiantada a um dos parentes que manifestou a crença extravagante em discordância com sua fé. Dessa forma, a crítica do céticos de que a crença do pai motivaria a opinião da família em torno da ideia da reencarnação é, de fato, uma evidência de que as irmãs reencaranariam, porque foi obtida provavelmente através de um mecanismo que escapou à apreciação cética. O caso das gêmeas Pollock demonstra a precariedade de explicações que não consideram o contexto espiritual e a possibilidade de assistência que os pais enlutados podem ter diante do episódio devastador da morte dos filhos... 

Uma vez estabelecida a existência da reencarnação, subsistem dúvidas sobre o mecanismo do fenômeno que apreciamos de um ponto de vista muito limitado, pois se não temos acesso a todas as nossas lembranças, muito menos teremos às de terceiros. Casos como o das gêmeas Pollock podem servir para elucidar muitas dessas dúvidas. 

Uma das dúvidas diz respeito à duplicidade de personalidade que permanece por curto período de tempo ao longo da infância. Enquanto ainda é frouxo o laço que prende o espírito ao novo corpo, pode o espírito manifestar tais lembranças. Entretanto, em determinada fase em que ocorre a efetiva "ligação" do espírito ao novo corpo (entre 5 e 7 anos de idade), muitas vezes essa duplicidade desaparece, principalmente na forma de lembranças específicas. Um estudo recente sobre a influência da idade na lembrança de existências anteriores é [6].

A questão dos gostos e aptidões, entretanto, parece continuar como Nubor Facure explicou recentemente aqui no post "O Cérebro e o nascer de novo - afinal, quem somos? Uma hipótese neurológica". 

Não parece existir uma regra com relação ao parentesco anterior. Enquanto no caso das Pollock elas já eram irmãs em existência pregressa, pode não ser o caso com outros gêmeos, embora alguma relação de afinidade seja condição necessária para a reencarnação de gêmeos. Ainda que espíritos diferentes, tais afinidades psíquicas se devem à semelhanças de pensamento, gostos e outras variáveis psicológicas ainda pouco conhecidas.

Outros casos

Outras "explicações" céticas giram em torno da ideia batida de que "tudo se deve a falsas esperanças dos pais enlutados em rever os entes que se foram". Tais explicações simplesmente ignoram marcas de nascença e outras evidências físicas que podem ser investigadas em outros casos semelhantes aos das gêmeas Pollock. 

Ian Stevenson - conhecido pesquisador em reencarnação - descreve detalhes um outro caso de gêmeos (Ramoo e Rajoo Sharma), que se lembraram de existência pregressa [4] em que foram assassinados ao mesmo tempo e seus corpos depositados em um poço. Comparsas revolucionários em uma existência, reencarnaram como gêmeos. O próprio caso das Pollock é explorado por Stevenson em [5]. 

Segundo [7] há casos na literatura de marido e mulher que reencarnaram como irmãos gêmeos (meninos, no caso, com troca de sexo de um dos espíritos). Matlock [7] também cita caso em que apenas um dos gêmeos apresenta o fenômeno da lembrança da vida anterior. Provavelmente, esse deve ser o caso mais comum, o que torna o caso das gêmeas Pollock ainda mais notável. 

Referências
  • [1] Matlock, J. G. (1990). Past life memory case studies. Advances in parapsychological research, 6, 184-267.
  • [2] Artigo sobre as "Pollock Twins" (acesso em junho de 2018).
  • [3] Comentário de A. Kardec à questão 402 de "O Livro dos Espíritos". Citação extraída do site ipeak.com.br (acesso em junho de 2018)
  • [4] Stevenson, I. (1983 b). Cases of the reincarnation type. IV: Twelve cases in Thailand and Burma. Charlottesville, VA: University Press of Virginia.
  • [5] Stevenson, I. (1987a). Children who remember previous lives: A question of reincarnation. Charlottesville, VA: University Press of Virginia.
  • [6] Matlock, J. G. (1989). Age and stimulus in past life memory cases: A study of published cases. Journal of the American Society for Psychical Research, 83(4), 303-316.
  • [7] Matlock, J. G. (1990). Past life memory case studies. Advances in parapsychological research, 6, 184-267.


16 de maio de 2018

Nota de falecimento. Professora Ingedore Koch


Reportamos o falecimento da Prof. Ingedore Grunfeld Villaça Koch, uma das mais influentes e respeitadas pesquisadores da línguistica brasileira. Ela é autora de obras relevantes como "Gramática do português culto falado no Brasil: a construção do texto falado", "Argumentação e linguagem", "Desvendando os segredos do texto", dentre outras.

Um aspecto talvez pouco conhecido é a adesão da Prof. Koch ao Espiritismo. O texto abaixo, enviado por Alexandre Caroli reflete sua avaliação de parte da obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier. Considerando a importância do livro no Espiritismo e o valor que uma pesquisadora como Koch tem  da ciência (ou arte?) de escrever e de interpretar, fazemos por esse meio nossa pequena homenagem a Prof. Koch que tivemos o prazer de conhecer. Nessa conversa particular, ela ressaltou a importância do uso da linguística no estudo de comunicações mediúnicas e de obras psicografadas.

Texto de I. Koch "Obras ditadas pelo Espírito André Luiz e Psicografadas por Chico Xavier".


Neste artigo, falaremos sobre as obras ditadas pelo espírito André Luiz e psicografadas por Chico Xavier, provavelmente o conjunto de obras mais importante do Espiritismo, depois dos livros básicos de Allan Kardec. Sobre as obras básicas de Kardec, veja detalhes na seção Livros.

Nosso Lar
Os Mensageiros
Missionários da Luz
Obreiros da Vida Eterna
No Mundo Maior
Agenda Cristã
Libertação
Entre a Terra e o Céu
Nos domínios da Mediunidade
Ação e Reação
Conduta Espírita
Sexo e Destino
Desobsessão
E a Vida Continua...

Dentre estes, há os que formam a coleção A Vida no Mundo Espiritual, dos quais trataremos em primeiro lugar.

Comecemos por "Nosso Lar", obra indispensável para todos aqueles que querem ter um primeiro vislumbre do que seja a vida do espírito após a morte.

André Luiz foi médico no Rio de Janeiro em sua última existência carnal. Ao desencarnar, permanece em região afastada da crosta, onde padece intensos sofrimentos e é constantemente acusado de suicida pelos irmãos que aí se encontram. Depois de um bom lapso de tempo, é recolhido por uma equipe de espíritos socorristas e levado para uma colônia espiritual – Nosso Lar – onde é tratado num hospital e esclarecido, inclusive quanto à razão de ter sido considerado suicida. Com o tempo e o carinho dos instrutores, vai se familiarizando com a colônia e começa a executar pequenos serviços. Descobre, então, um mundo pleno de vida e de atividades de toda espécie, sua organização, seu modo de vida., onde os espíritos recém-desencarnados passam por estágios de recuperação e educação espiritual. Decorrido um certo tempo, obtém permissão para acompanhar como ‘estagiário’ as equipes socorristas que se dirigem ao Umbral com o objetivo de levar ajuda aos irmãos sofredores, encarnados e desencarnados. Aos poucos, passa a ‘membro efetivo’ dessas equipes e pede aos seus superiores a permissão para enviar aos encarnados, por meio da mediunidade de Chico Xavier, suas observações sobre o mundo espiritual e, em especial, sobre o Nosso Lar.

É um livro rico de detalhes, descrições e esclarecimentos, que nos permite antever como será nossa vida no Além, após nossa passagem para o mundo espiritual.

O segundo livro da série é Os Mensageiros, em que André Luiz descreve as atividades intensas, organizadas e produtivas dos espíritos Superiores que se dedicam ao trabalho do bem. Segundo Emmanuel, trata-se de um relatório incompleto de uma semana de trabalho espiritual dos mensageiros do bem junto aos irmãos encarnados. Nessa narrativa, destaca-se a figura de Aniceto, emissário consciente e generoso, que ministra ensinamentos preciosos aos membros da equipe que o acompanham, destacando as necessidades de ordem moral no quadro dos serviços a que se consagram.

Mostra-nos a interação entre desencarnados e encarnados, e como estes sofrem, por muitas vezes, efeitos desagradáveis da interferência de adversários e inimigos espirituais conquistados nesta ou noutras encarnações, em virtude de sua ações e omissões, ressaltando, porém, que podem sempre contar com o auxílio dos mensageiros do bem, por meio do estudo, das boas ações e, sobretudo, por intermédio da prece.

O terceiro livro desta série é Os missionários da luz, que nos revela os detalhes envolvidos na preparação de Espíritos que estão em vias de reencarnar no plano físico, entre os quais: como se faz o planejamento da reencarnação, a escolha da família que irá recolher o espírito reencarnante, os contornos anatômicos do corpo físico, inclusive imperfeições e deformidades, que serão preciosos auxiliares da evolução; a fecundação e o processo de ligação fluídica entre o reencarnante e os futuros pais.

Fala-nos, também, da responsabilidade na preservação do corpo físico, do suicídio direto e indireto. Dá-nos uma nova visão da tarefa da maternidade/paternidade, das uniões físicas e espirituais, além de esclarecimentos sobre o perispírito e de como pode ser afetado pelos efeitos do alcoolismo e dos excessos alimentares.

Traz, ainda, importantes ensinamentos sobre mediunidade, materializações e outros fenômenos espirituais.

Obreiros da Vida Eterna é o quarto volume da série que estamos estudando.Nesta obra, André Luiz retoma as explicações sobre o mundo espiritual, mostrando como vivem os seres desencarnados e como se preparam para voltar à vida terrena, sempre com a assistência dos irmãos espirituais, preocupados com cada detalhe, para que tudo ocorra com a maior perfeição possível e de acordo com os desígnios divinos.

Deixa patente que a morte não existe e que a vida se renova a cada momento, de modo que o aperfeiçoamento de nosso Espírito prossegue em toda parte, até alcançarmos as esferas superiores. Como diz Emmanuel, no prefácio do livro, "A vida renova, purifica e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União Suprema com a Divindade".

Completam essa série as obras No Mundo maior, Libertação, Entre a Terra e o Céu, Nos Domínios da Mediunidade, Ação e Reação, Evolução em dois mundos (em conjunto com Waldo Vieira), Mecanismos da Mediunidade, Sexo e Destino e E a Vida Continua..., dos quais falaremos nas próximas ocasiões.

Dando continuidade à apresentação das obras ditadas pelo espírito André Luiz a Chico Xavier, trataremos agora de Entre a Terra e o Céu, Libertação e Nos domínios da Mediunidade.

Em todos eles, como nos demais livros desta série, André Luiz, na qualidade de membro de equipes socorristas do espaço, nos narra histórias de vida emocionantes e exemplares, a partir das quais nos esclarece sobre questões como desencarnação, reencarnação, resgate, obsessão, vampirismo, mediunidade, evolução e muitas outras.

Em Libertação, conta-se uma história em que são apresentados ao leitor os processos de obsessão, mostrando os planos que traçam os espíritos perseguidores, chefiados por Gregório, ligados às forças do Mal, para envolver seus perseguidos. Verifica-se como Gregório e seus comparsas são paulatinamente convertidos ao Bem, pelo trabalho dos Irmãos socorristas, que vão lhes minando as resistências por meio do exemplo e conquistando-lhes a confiança ao prestar-lhes ajuda quando necessário. O mais renitente é o chefe, Gregório, que também é finalmente convertido e ao render-se ao chamamento do amor, quando de um emocionante reencontro com sua mãe, que há tempo vinha intercedendo pelo filho extraviado.

Desta forma, a obra revela aspectos do trabalho de intercessão feito pelos Espíritos Superiores em prol dos menos esclarecidos e nos dá provas da misericórdia divina, que não deixa de conceder a todos a oportunidade de libertação.

A história narrada em Entre a Terra e o Céu é uma das mais emocionantes. Conta-nos sobre dois soldados da Guerra do Paraguai que disputavam o amor da mesma mulher e de como um deles envenenou o colega para tê-la a seu lado. A partir daí, seguem-se as conseqüências do ato praticado na mesma e em outras encarnações. Nos vários capítulos, defrontamo-nos com nós mesmos, nossos ódios e nossos amores, nossas paixões enfim, que nos arrastam nos torvelinhos da existência.

André Luiz chama também a atenção para os cuidados que devemos ter com o nosso corpo carnal e a necessidade de nos dedicarmos ao serviço do Bem, para podermos evoluir na escala espiritual.

Nos Domínios da Mediunidade focaliza a questão da comunicação dos espíritos com o mundo espiritual, através da mediunidade. São discutidos com minúcias os diversos aspectos da filtragem mediúnica, como psicofonia, sonambulismo, possessão, clarividência, clariaudiência, desdobramento, fascinação, psicometria e efeitos físicos, entre outros. Nesse livro, o Autor enaltece o esforço dos médiuns que se mantêm fieis ao mandato que receberam ao reencarnar e adverte, também, sobre os riscos do intercâmbio viciado entre o mundo físico e o espiritual.

Trata-se, na verdade, de um verdadeiro manual sobre mediunidade, no qual se encontram elevadas conceituações dos mentores espirituais, indispensáveis a todos os que se dedicam a estudar o tema.



Ingedore Koch

Referência