9 de março de 2016

Anomalias possíveis na psicologia de pacientes transplantados


O magnetismo animal pode assim ser definido: 
ação recíproca de dois seres vivos por meio de 
um agente especial chamado fluido magnético. 
(A. Kardec, Instruções práticas 
sobre as manifestações espíritas. 
Vocabulário Espírita. Magnetismo animal.

Todos os objetos que você vê 
emoldurados por substâncias fluídicas 
acham-se fortemente lembrados 
ou visitados  por aqueles que os possuíram. 
(André Luiz, "Nos domínios da mediunidade".)

Quero um coração. Pois cérebros não nos fazem felizes
 e a felicidade é melhor coisa do mundo. 
L. Frank Baum, "O mágico de Oz".


Este texto complementa o artigo "Mudança de personalidades em transplantados cardíacos" que foi publicado no site "O Consolador".
Quase sempre as evidências para a natureza espiritual do ser humano são encontradas em fenômenos invulgares, onde menos se espera. Esse é o caso de reportes sobre mudanças inesperadas de gostos ou "traços" psicológicos em pessoas que receberam órgãos transplantados. Numa época em que se diz que tudo é "gerado pelo cérebro", no mínimo essa anomalia é bastante bizarra a ponto de atrair a rejeição feroz de céticos que dizem ser o fenômeno irreal.

O fenômeno é raro, mas nem por isso pouco notado. Além disso, é mais comum em pacientes que receberam transplantes de coração. Tornou-se famoso o caso de Claire Sylvia (1,2):
No dia 29 de maio de 1988 uma mulher norte-americana chamada Claire Sylvia recebeu um coração transplantado no hospital de Yale, em Connecticut. A ela foi dito apenas que seu doador foi um homem de dezoito anos de idade, residente no Maine (nos Estados Unidos) e que morreu de um acidente de motocicleta. Logo após a operação, Sylvia declarou sentir como se tivesse bebido cerveja, algo que ela nunca teve atração. Mais tarde, passou por uma vontade incontrolável de comer nuggets de frango e uma tendência inesperada de vistar restaurantes da cadeia KFC. Também desenvolveu interesse por pimenta verde, o que, particularmente, ela nunca tinha gostado antes. Começou então a ter sonhos recorrentes, onde aparecia um nome, Tim L, que ela imaginou ser o dono do coração. Com base em uma pista que lhe foi concedida, buscou no obituário e jornais da região do Maine e pôde identificar o jovem cujo coração ela tinha recebido. Seu nome, de fato, era Tim. Depois de visitar a família de Tim, teve confirmado seu gosto por nuggets de frango, pimenta verde e cerveja. (Itálicos nossos).
Outros casos podem ser lidos em (3), registrando-se, inclusive, mudança de orientação sexual (ver caso 5 na ref. (3)). No Brasil, uma novela foi feita explorando o fenômeno (3b).  Obviamente existem muitas explicações céticas para ele (4), desde aquelas que desqualificam esses relatos (com o título odioso de "evidência anedótica"), que o tornam irrelevante pela sua raridade ou que explicam tudo por efeitos de medicação. Segundo esse proposta cética, ainda que existam tais relatos, eles são tão raros que são esperados estatisticamente e seriam frutos de impressões errôneas nos pacientes, ou seja, ocorreram mudanças de gostos etc, mas elas foram erroneamente atribuídas ao transplante (4).

Do ponto de vista puramente materialista, a explicação de tais memórias anômalas é dependente da existência de "memórias celulares", o que é frequentemente adotado pelos que consideram esses relatos (5). Essencialmente: a informação sobre gostos, tendências etc estaria registrada em algum mecanismo celular, dependente ou não da genética, e essa informação seria acessada pelo corpo do paciente transplantado gerando a mudança de comportamento.  

Influência magnética do órgão transplantado ?

Do ponto de vista espírita, não esperamos que tais ocorrências sejam comuns mesmo. Para existirem, provavelmente um conjunto mais extenso de condições deve prevalecer, e não somente um transplante.  Uma delas é uma sensibilidade do receptor ou indivíduo sobre o qual a influência se estabelece. Essa sensibilidade não está distribuída de maneira uniforme e frequente na população.  

Sabe-se que as fontes de influência sobre a personalidade de um Espírito (esteja ele encarnado ou não) são múltiplas e, envolvem, segundo o Espiritismo, um meio de transporte conhecido como fluido. Esse conceito não é o mesmo encontrado em física - o de uma substância sobre a qual não persistem forças de cisalhamento etc - mas tem uma concepção integralmente nova. 

Um fluido é uma substância de natureza "semi-material" que, tanto quanto nos é possível inferir pela literatura espírita, é produzida pelo perispírito (que não existe, alias, desacompanhado de seu espírito) em combinação com fluidos ambientes - ou todas as coisas com as quais o Espírito entra em contato. É através do perispírito que a mente sente o mundo a sua volta:
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico. ("A Gênese", Capítulo XIV. Os fluidos II. Parágrafo 22.)
A ação dos fluidos é bastante discutida por A. Kardec nas suas diversas obras e é um componente importante para a teoria espírita da mediunidade, em particular nas suas explicações para a mediunidade curadora. Não são incomuns, durante as incorporações, que médiuns descrevam sensações, impressões e até mesmo lembranças associadas à Entidade comunicante. Essa influenciação se dá por meio dos fluidos da Entidade que atuam sobre o perispírito do médium.

Entende-se assim um fluido espiritual como um elemento intermediário, capaz de transportar características que são tipicamente associadas ao Espírito (gostos, impressões e memórias), porém, por meio de algo que  é localizado no espaço e no tempo e que pode ficar impregnado em coisas materiais, inclusive objetos. As sensações dilatadas do Espírito são assim explicadas de forma independente dos cinco sentidos ordinários, o que permite entender uma grande quantidade de fenômenos psíquicos.

Obsessão ?

 Ação fluídica desse tipo estabelece-se particularmente nas chamadas "obsessões":
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. ("A Gênese", Capítulo XIV. Os fluidos II. Parágrafo 45.)
Porém, não há porque sustentar que, depois de um transplante, exista qualquer influência obsessiva do desencarnado doador com o transplantado. Certamente, tal possibilidade existe, mas seria sempre provocada por outros fatores, todos eles comumente associadas aos processos típicos de obsessão, jamais por causa do novo órgão. Se fosse obsessão, por que a mudança seria mais observada com o coração ? Não seria ela ligada a todos os órgãos? 

A explicação que nos parece mais plausível para essas raras mudanças de personalidade com os transplantes estão fundamentadas na impregnação do tecido do órgão com o fluido do desencarnado, fluido esse que pode influenciar o perispírito do transplantado, fazendo surgir nele alguns traços associados à personalidade desencarnada. Não se trata, porém, de uma mudança integral de personalidade, o que exigiria um estado completamente passivo do transplantado. Se isso for possível, sua ocorrência seria bastante transitória e ainda mais rara.

Assim, tudo se passa como em um fenômeno de psicometria (7). Esse termo não pode ser encontrado na obra de A. Kardec, mas seu conceito é anterior a ele (6). Kardec chama de "dupla vista" uma grande variedade de fenômenos psíquicos dentre os quais se inclui a psicometria (6b). Portanto, a raridade das ocorrências de alteração de personalidade em transplantados fica estabelecida sobre uma sensibilidade peculiar, que talvez não seja tão rara como no caso da psicometria clássica, mas que não deixa de se manifestar de forma continuada, por causa da influência do objeto imantado de fluido do desencarnado, em seu novo recipiente. Esse contato é de tal natureza (trata-se da conexão de um órgão vital) que a modificação se estabelece de maneira bastante perceptível pelo transplantado.

Não é difícil imaginar também, para que a intensidade do efeito seja maior, que deva existir uma afinidade entre o fluido impregnado no órgão e o do perispírito do paciente transplantado. Aqui apenas especulamos com base em um paralelo que podemos fazer entre esse fenômeno e o da própria mediunidade, que exige essa afinidade em outra ordem de fenomenologia. 

E por que o coração?
"E, naturalmente, o cérebro não é absolutamente
responsável por qualquer sensação.
A visão correta é que a sede e a fonte
das sensações é a região do coração."
(Aristóteles, 8b)

É crença comum que o principal órgão responsável pela sensibilidade é o cérebro. Em consonância com a tese materialista, tudo é produto do cérebro e o coração é apenas uma bomba de sangue. Porém, mesmo numa descrição puramente material, neurônios (ou células nervosas) não existem exclusivamente no cérebro.

Recentemente descobriu-se que o coração é sede de aproximadamente 40 mil neurônios (8), o que foi chamado "pequeno cérebro do coração". Essa descoberta fez crescer a importância dos relatos de mudanças de personalidade em transplantados cardíacos, como a Ref. 9 mostra, e relembra a explicação Aristotélica da sede das sensações (8b).

O cérebro provavelmente é a interface mais importante, do lado material, para o Espírito, que armazena muitos fluidos a se relacionar com o perispírito e facultar à mente suas sensações. Isso implica, do ponto de vista espírita, que tais fluidos espirituais, capazes de produzir modificações parciais ou completas na personalidade no Espírito sob sua influência, bem como em suas sensações, encontram-se disseminados por todo o corpo, provavelmente mais adensados no sistema nervoso central (11).

Não é verdade, porém que, com o transplante, as conexões neurais preexistentes sejam restabelecidas (10). Isso não acontece, ou seja, os "neurônios cardíacos" do coração transplantado ficam sem função. Uma possível via de compreensão maior desse fenômeno é através de estruturas no corpo espiritual, conforme descritas por vários autores como André Luiz em "Evolução em dois mundos" (12). Portanto, a mudança de personalidade e surgimento de novas sensações (que precisam ser melhor caracterizadas e descritas) abre espaço potencial para a validação da tese da existência de órgãos no perispírito.

Outra conclusão é que, enquanto o sucesso físico do transplante de um órgão exige condições entre doador e recipiente, para que um "pedaço" ou "traço" da personalidade seja "transplantado", deve existir uma condição de sintonia entre fluidos, assim como algum grau de passividade no transplantado.

Teste seu conhecimento

A partir deste post, apresentamos algumas questões para participação dos leitores, que podem enviar suas respostas pela seção de comentários. Não há prazos nem limites de participação. Nas suas respostas, faça referência  à numeração das questões.

Participe!
  1. De acordo com a tese dos fluidos espirituais: elabore uma explicação ou predição sobre o que se espera com relação à mudança de personalidade de transplantados com a idade do paciente. O fenômeno seria mais comuns em crianças ou adultos?
  2. Imagine o seguinte caso: um paciente que recebeu um transplante de coração vive durante muito tempo com ele, mas vem a falecer por outra causa. Seu coração é então transplantado em outro paciente. Se as condições forem satisfeitas, elabore o que se esperaria com relação à mudança de personalidade: (a) Usando a teoria materialista de "memória celular"; (b) Usando a teoria espírita. (Dica: seria possível a coexistência de traços de duas personalidades no segundo transplantado?)
  3. Elabore uma discussão sobre a validação da tese espírita dos fluidos magnéticos impregnados no órgão doado usando a resposta da questão anterior;
  4. Usando o conhecimento espírita e o comentário (10) abaixo, disserte sobre a via de influência sobre o perispírito em transplantados cardíacos. Quem mecanismos perispirituais poderiam substituir as vias rompidas para o transporte das sensações a partir do coração? 
Referências

1 Sylvia, Claire. A Change of heart: a memoir. New York; Warner Books, 1997. O que descrevemos aqui é um comentário algo hilário, mas que reflete a forma direta que americanos costumam fazer em textos populares.

2 http://galileu.globo.com/edic/102/con_transp1.htm (acesso em janeiro de 2015).

http://www.paulpearsall.com/info/press/3.html (acesso em janeiro de 2015).


4. Em http://bigthink.com/neurobonkers/dont-be-taken-in-by-the-bad-science-of-cell-memory-theory (acesso em janeiro de 2016) encontramos um texto que se opõe (corretamente) às explicações do tipo "memória celular", mas que faz isso negando as evidências. Uma desqualificação mal feita pode ser constatada ao se ler isto:
"Only 6% (three patients) felt their personality had changed due to their new heart — a finding that could clearly be due to either random chance, or the patients misattributing the real cause of any change in their personality. Both of the studies are approximately two decades old, if this is the best evidence for a claim that would have such profound implications for our understanding of the workings of the human body, then I think we can safely assume the theory is bunk." "Tradução: Apenas 6% (três pacientes) sentiram suas personalidades mudar com o novo coração - uma descoberta que pode claramente ser explicada por pura sorte ou pelo paciente atribuir erroneamente ao transplante a causa real da mudança. Ambos estudos têm aproximadamente duas décadas de existência e, se essas são as melhores evidências para uma alegação que teria tamanha implicância no nosso conhecimento do funcionamento do corpo humano, acho que podemos seguramente refutar a teoria.  
5 Pearsall, P., Schwartz, G. E., & Russek, L. G. (2000). Changes in heart transplant recipients that parallel the personalities of their donors. Journal of Near-Death Studies, 20(3), 191-206.  http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10882878

6. Uma descrição recente de psicometria foi feita por Jader Sampaio em http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/2013/01/o-que-e-psicometria.html

6b. A "Revue Spirite de janeiro de 1866 traz, por exemplo, a descrição de uma jovem cataléptica da Suábia, com manifestações típicas de psicometria.

7. Dissemos "como em um" e não "exatamente como".  A mudança de gostos com o transplante parece ser algo novo que merece melhores estudos.

8. Armour, J. A. (2007). The little brain on the heart. Cleveland Clinic journal of medicine, 74, S48.

8b. Gross, C. G. (1995). Aristotle on the brain. The Neuroscientist, 1(4), 245-250.

9 . Your Second Brain is in your Heart Neurons. Trust your Gut Feelings. Acesso em janeiro de 2016. http://hubpages.com/education/your-second-brain-is-in-your-heart

10. De fato, em uma explicação para pre-transplantados, a referência da clínica Vanderbilt:


podemos ler
"The transplanted heart fills with blood and pumps as any other normal heart. However, the transplanted heart is "denervated." This means that the nerves from the central nervous system that supplied connections to your other heart do not supply connections to your transplanted heart. These nerves were divided upon removal of your own heart." Tradução: O coração transplantado se preenche de sangue que é bombeado como qualquer outro coração normal. Entretanto, o coração transplantado é "desenervado". Isso significa que os nervos do sistema nervoso central, que fornecem as conexões para o outro coração, não vão fazer o mesmo com o coração transplantado. Esses nervos foram rompidos com a remoção de seu coração original.
O esclarecimento prossegue informando que transplantados cardíacos não sofrem jamais de angina porque as conexões neurais foram, de fato, rompidas. Isso torna suspeitas as explicações de mudança de personalidade com base em "memórias celulares", e caracteriza o fenômeno como de uma natureza bastante diferente, que pensamos pode estar ligada à influência dos fluidos espirituais. 

11. Não se poderia excluir também o fato de transplantes de coração serem bastante comuns (dai porque os relatos de alteração de personalidade são mais comuns com eles). Porém, mais comuns ainda são os de rins e fígado.

12. C. Xavier e W. Vieira. Evolução em Dois Mundos. Uma versão em pdf pode ser encontrada em:
http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l17.pdf


25 de fevereiro de 2016

Arquivos históricos com imagens de periódicos espiritualistas antigos.

Imagem  do "Almanaque del Espiritismo", edição de 1873 (ano I) editado em Madri (1).
Fonte: Biblioteca Nacional de Espanha.

A IAPSOP (2, International Association for the Preservation of Spiritualist and Occcult Periodicals) ou "Associação Internacional para preservação de periódicos espiritualistas e de ocultismo" disponibiliza uma página na internet com diversas imagens de periódicos antigos e raros relacionados aos temas espiritualistas. 

O acesso se dá por um link em língua inglesa:

http://www.iapsop.com/archive/materials/index.html (acesso em Fevereiro de 2016)

Dentre as preciosidades, podemos acessar:


dentre outros. Tais referências são fontes relevantes para pesquisadores em diversas áreas e representam memória importante, em particular, para o movimento espírita e espiritualista ao longo dos séculos XIX e XX.

Agradeço ao Chyristiann Lavarini por nos comunicar o link.


Referências

1 -Ver:
 http://www.iapsop.com/archive/materials/almanaque_del_espiritismo/almanaque_del_espiritismo_1873.pdf
2 - http://www.iapsop.com/ (acesso em fevereiro de 2016)

5 de fevereiro de 2016

O texto mais importante do "Evangelho segundo o Espiritismo"

"A luz do Tabor". C. H. Bloch (1800).
O consolador... ele vos ensinará todas as 
coisas e vos fará lembrar tudo o que disse. (João, 14:26)

O que o homem destroi ou mata, 
a lei de Deus (que é a lei da Natureza) 
recria e reconstrói em outro lugar.

Qual é o texto mais importante no "Evangelho segundo o Espiritismo" (ESE)? Por "importância" entendemos um grau de relevância que certamente depende do momento que vivemos. Sugerimos aqui a leitura de um texto exemplar, motivado não só pelos ataques terroristas recentes em nome da religião, mas também pelos sempre presentes problemas humanos da sobrevivência e significado da vida.

Lançado por Allan Kardec em 1864 como uma nova interpretação dos Evangelhos, o "Evangelho segundo o Espiritismo" (ESE) (em frances L'Évangile Selon le Spiritisme) é um compêndio de máxima de Cristo interpretadas de acordo com o ensinamento dos Espíritos no contexto dos movimentos espírita e espiritualista que apareceram na Europa no último quartel do século XIX.  

Mas aqui um situação curiosa se nos apresenta. Os ensinos dos Espíritos sempre foram rejeitados pela imensa maioria das denominações cristãs (protestantes e católicas), tanto com base nas implicações desses ensinos (aceitação da reencarnação, por exemplo, é vista como a negação desses credos), como nas proibições existentes no Velho Testamento de se invocar Espíritos. Se Espíritos não podem ser invocados é porque eles existem, mas, ainda assim, a proibição foi mantida como um dogma que contrasta claramente com tantos outros abandonados pela sociedade moderna. Além disso, a internet complicou ainda mais a situação porque agora podemos contactar muitas outras pessoas ao redor do planeta, pessoas que pertencem a culturas com ideias muito diferentes em questão de religião, o que reduz ainda mais a importância de se manter uma postura dogmática.

Ao invés disso, o ensino dos Espíritos expõe o ridículo e o erro das interpretações presentes dos ensinos de Cristo e de muitas outras religiões dogmáticas que vieram depois. O Espiritismo é o novo consolador, o "advogado" que veio para restabelecer todas as coisas e relembrar o que Cristo disse, mas que foi esquecido. Avanços na ciência tornaram tópicos como mediunidade e reencarnação possibilidades tangíveis a continuamente ameaçar religiões estabelecidas de base dogmática. Que visão religiosa poderia atualizar o pensamento diante das conquistas da ciência? Que nova doutrina pode fornecer bases sólidas para a aceitação dos ensinos de Cristo depois de tantas interpretações equivocadas? 

ESE Capítulo 2: Meu Reino não é deste Mundo. "Um ponto de vista". 

Na seção que abre o Capítulo 2 ("Meu Reino não é deste Mundo"), "A Vida Futura", Kardec esclarece porque o assunto desse capítulo é de maior importância:
Esse princípio pode, portanto, ser tomado como o eixo do ensino do Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares a frente desta obra. É que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justiça de Deus. 
Aceitar e entender bem a vida futura é um ponto crucial, uma "bifurcação" de pensamento que está destinada a mudar a Humanidade para sempre. Sem considerar a falta de aceitação universal desse princípio, a sobrevivência é a única possibilidade de acordo com a Justiça Divina ("Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo", ESE Capítulo 4 e Fig. 1).  A outra opção é o materialismo e a não existência eterna. Com a certeza na vida futura - assim como os detalhes de sua realidade ("de uma maneira clara e precisa") - fornecida de forma científica, a Humanidade alcança um novo patamar, uma nova compreensão da vida bem como outro objetivo.

Fig. 1 A noção da reencarnação é a chave para se reestabelecer o significado original dos ensinamentos de Cristo e para se sustentar a ideia básica da justiça Divina, não importa sua consequência para o dogma estabelecido. Ver ESE, Capítulo 4. O que o homem destrói e mata, a lei de Deus (que é a lei natural) recria e reconstrói em outra parte. 

O texto abaixo intitulado "Ponto de Vista" foi escrito por Kardec e representa uma argumentação brilhante que sumariza as consequências e as implicações lógicas da sobrevivência. Lembramos que esse texto foi escrito antes de 1864, portanto antes da fundação da "Sociedade de Pesquisa Psíquica" em Londres pelos pais fundadores da pesquisa psíquica ou do movimento teosófico. Esse trecho do ESE testifica a profundidade de pensamento de Kardec já no terceiro quartel do século XIX como conclusão de sua própria pesquisa no assunto.
A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num país ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. À morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor. 
Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes. Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corpórea, no lugar mesmo em que ele aí se encontra, vastas proporções assume tudo o que o rodeia. O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, grande importância adquire aos seus olhos. Àquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posições, como os monumentos. Suba ele, porém, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecerão homens e coisas. 
É o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que por tão pouco tempo conservarão. Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura.
Mas "se toda a gente pensasse dessa maneira, dir-se-ia, tudo na Terra periclitaria, porquanto ninguém mais se iria ocupar com as coisas terrenas" continua Kardec, como que prevendo uma contra-argumentação na forma de um moderno mergulho na "idade das trevas" com a aceitação da sobrevivência. Contra isso, Kardec considera: 
Não; o homem instintivamente, procura o seu bem-estar e, embora certo de que só por pouco tempo permanecerá no lugar em que se encontra, cuida de estar aí o melhor ou o menos mal que lhe seja possível. Ninguém há que, dando com um espinho debaixo de sua mão não a retire, para se não picar. Ora, o desejo do bem-estar força o homem a tudo melhorar, impelido que é pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas leis da Natureza. Ele, pois, trabalha por necessidade, por gosto e por dever, obedecendo, desse modo, aos desígnios da Providência que, para tal fim, o pôs na Terra. Simplesmente, aquele que se preocupa com o futuro não liga ao presente mais do que relativa importância e facilmente se consola dos seus insucessos, pensando no destino que o aguarda. (Parágrafo 6)
Além da defesa de Kardec do bem estar do homem citado acima, poderíamos acrescentar a importância de se compreender bem as condições operacionais da vida futura. Pois ela não é um estado conseguido de graça, não pode ser igualada à entrada em um paraíso ou, do contrário, a um estado de eterna separação do bem eterno conforme ainda ensinam muitas concepções cristãs. O esforço contínuo que a alma deve fazer para progredir torna cada segundo bem gasto nesta vida material uma benção e uma oportunidade que nunca deve ser desprezada. Para Espíritos ainda em evolução - uma condição de praticamente toda a Humanidade - a vida futura é, de certa forma, uma garantia de retorno à vida material, de forma que quanto mais o ser se dedica a melhorar a si mesmo, ajudando os outros, tanto mais rápido ele é capaz de se libertar deste mundo. Do contrário, quanto mais uma pessoa susta o progresso destruindo, matando ou prejudicando seu próximo, tanto mais lenta será sua capacidade de lidar com a vida futura: ele terá que restituir tudo o que destruiu porque assim exige a lei Natural.

Não existe avanço instantâneo da alma, não há entrada fácil na "Glória Eterna" e isso é, compreensivelmente, bastante combatido pelo pensamento cristão tradicional. Entretanto, é ainda mais claro que a vida futura, entendida em dimensão mais dilatada, dificilmente imporá à Humanidade um retorno a uma idade de descuidados com a vida material. Ao invés disso, a evolução requer cuidado e atenção com a presente vida em todos os aspectos, tanto morais como materiais. 

Referências

(1) A. Kardec. "O Evangelho segundo o Espiritismo. As citações do ESE apresentadas neste texto foram reproduzidas de versões do site www.ipeak.com.br.

4 de janeiro de 2016

S. José de Cupertino e a mediunidade de efeitos físicos


Não menos positivo é o fato do erguimento de uma pessoa; 
mas, é algo muito mais raro, porque é mais 
difícil de ser imitado. É sabido que o Sr. Home se elevou 
mais de uma vez até ao teto, dando assim volta à sala.
Dizem que S. Cupertino possuía a mesma faculdade, 
não sendo o fato mais miraculoso com este do que com aquele.

A. Kardec, "A Gênese", Cap. XIV, "Os fluidos", II - 
Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais.

Estaria o Século XXI pronto para confrontar 
o fenômeno destruidor de paradigmas, a levitação?  (M. Grosso, 1)

O fenômeno mediúnico manifesta-se das mais variadas maneiras, numa escala de força e tempo que ainda nos é desconhecida. Quando surgem as circunstâncias favoráveis, eclodem sem consideração por fé, crença ou ponto de vista. Se há manifestações tão singelas e apagadas que passam desapercebidas da maioria, por outro lado, há as que causam admiração e espanto, tamanho o grau de aparente desrespeito às leis naturais - porque representam operação  de leis desconhecidas - que imprimem as suas testemunhas. A revista "Edge Science" de Dezembro de 2015 (número 24, 1) traz um artigo interessante de Michael Grosso sobre uma figura lendária da Igreja, o santo S. José de Cupertino (160-1663). José de Cupertino (Giuseppe da Copertino) foi canonizado por Clemente XIII em 1767 e, até hoje, é adorado por Católicos que veem nele uma das 200 derrogações (ou suspensões) das leis naturais por obra direta de Deus que a Igreja conta entre seus santos. Por que? Eis uma das histórias que se conta, segundo M. Grosso (1):
Próximo ao natal de 1632, o Padre Giuseppe convidou alguns pastores a trazer seus instrumentos musicais para tocar na igreja de Grotella, na Itália. Ao entrarem na igreja, começou José a cantar e dançar. Mais tarde os pastores narraram sob juramento o que aconteceu: "Padre Giuseppe estava tão feliz que começou a dançar no centro da nave aos som das flautas. De repente, suspirou em voz alta e gritou, voando pelos ares como um pássaro, até metade da distância do teto, onde continuou a dançar acima do altar principal. Isso foi ainda mais formidável, pois o altar estava repleto de velas acesas e ele permaneceu entre elas sem derrubar nenhuma. Ficou naquela posição, com seus joelhos acima do altar, abraçado ao tabernáculo por cerca de quinze minutos e então retornou, sem causar qualquer transtorno. Seus olhos estavam cheios d'água e disse: 'Louvado seja Deus, meus irmãos'. Permanecemos todos em admiração e disse comigo mesmo: 'Isso sim é que é um milagre' " (2)
José de Copertino tinha a incrível capacidade de levitar, fenômeno que ocorreu por 35 anos ininterruptos até seu falecimento. Antes da manifestação de voo, José caia numa espécie de "êxtase", conforme descrito por seus biógrafos. O mais difícil é desacreditar as milhares de testemunhas que viram José levitar sob pena de se chegar a uma explicação ridícula ou anacrônica. Nas palavras de M. Grosso (1):
Poderíamos nos perguntar: dado que José era tão submisso e aparentemente pouco inteligente (6), como pôde ele enganar tantas pessoas, algumas inclusive bastante ilustres? De acordo com registros históricos, José levitou diante do Papa Urbano VIII, vários cardiais, médicos, o Rei da Polônia, o Duque de Brunswick, a Princesa de Savoia e numerosas outras personalidades VIPs. Podemos concluir que nenhum deles era esperto o suficiente para desmascarar esse impostor? Poderia José ter enganado o Papa Bento XIV (Prosper Lambertini), conhecido por ser um racionalista? A alternativa a essa explicação é que todos esses dignatários eram parte de uma ilusão em massa para criar a imagem de um padre voador. Mas, com que objetivo? E, por que, depois de tantos séculos, ninguém se apresentou para revelar a verdade sobre tal conspiração?
As evidências de levitação de José de Cupertino têm um peso ainda maior porque, segundo (1), durante a contra-reforma protestante, a Inquisição chegou a encarcerar José, proibindo-o de realizar a missa ou participar de procissões públicas. As autoridades inquisitoriais não queriam que a população o vissem voar e, assim, buscassem no padre curas e outros milagres, como está fartamente registrado em autos de várias paróquias como Grotella, Nápoles, Roma, Nardo, Pietra Rubbia, Osimo e Fossombrone (1). Pode-se dizer qualquer coisa da ética dos métodos e das motivações do tribunal do Santo Ofício, mas o fato é José foi preso justamente pela comoção pública causada por seus voos, e seria ele um caso de fogueira se descobrissem uma impostura. O estado de êxtase em que a população ficava ao ver o fenômeno alarmou outras paróquias que procuram na Inquisição uma maneira de parar as manifestações.  
"S. José de Cupertino voa 
diante da Basílica de Loreto" por 
Ludovico Mazzanti (1686–1775)

José de Cupertino e a mediunidade de efeitos físicos

Segundo M. Grosso em (1), a época de José de Cupertino era um tempo que pessoas eram queimadas vivas caso não tivessem as "credenciais de fé" necessárias. Portanto, os registros históricos confirmam a realidade do fenômeno da levitação e criam um problema difícil para os céticos. É o que chamamos de "anomalia". A explicação do fato, portanto, deve ser outra. Ainda segundo Grosso:
Quando olho para as fontes históricas das narrações sobre José, encontro registros bem documentados, narrativas que descrevem fenômenos estranhos, não somente levitação: histórias de fragrâncias inexplicáveis que persistiam por meses ou anos impregnadas a objetos, descrições sobre curas, do que hoje se chama de "telepatia" ou que, no Século XVII, era conhecido com "leitura dos corações" ou "discernimento" e, finalmente, a vida de José foi capaz de gerar muitos documentos que descrevem suas profecias e clarividência. Domenico Bermini, um historiador eclesiástico, afirma em uma biografia de José (de 1722) que ele registrou 22 profecias de pessoas que iriam falecer. (1)
Manifestações de efeitos físicos são pródigas em fenômenos de levitação (o caso das mesas girantes) e curas. E as tais "profecias" descritas pelos biógrafos de José de Cupertino atestam sua capacidade mediúnica intelectual, sua habilidade de ouvir ou receber informações dos Espíritos sobre fatos à distância - particularmente associados ao estado de pessoas próximas à desencarnação. Ainda que Espíritos não apareçam (6) no que se produziu dos relatos do santo (e não poderiam aparecer, pois aquela era uma época de perseguições aos que não estavam de acordo com a fé ortodoxa), o que temos dos relatos é suficiente para caracterizá-lo como um dos mais poderosos médiuns que já passou pela Terra. 

Sobre S. Cupertino, comenta Kardec (3):
Os fenômenos espíritas, bem como os magnéticos, antes que suas causas fossem conhecidas, tiveram que passar por prodígios. Ora, como os céticos, os espíritos fortes, isto é, os que têm o privilégio exclusivo da razão e do bom-senso, não creem que uma coisa seja possível desde que não a compreendem. É por isso que todos os fatos tidos como prodigiosos são objeto de suas zombarias. Como a religião contém grande número de fatos desse gênero, não creem na religião. Daí à incredulidade absoluta há apenas um passo. Explicando a maioria desses fatos, o Espiritismo lhes dá uma razão de ser. Ele, pois, vem em auxílio à religião, demonstrando a possibilidade de certos fatos que, por não mais terem caráter miraculoso, não são menos extraordinários; e Deus nem é menos grande, nem menos poderoso por não haver derrogado as suas leis. De quantos gracejos não foram objeto as levitações de São Cupertino? Ora, a suspensão no ar dos corpos pesados é um fato explicado pelo Espiritismo. Nós, pessoalmente, fomos testemunha ocular, e o Sr. Home, como outras pessoas de nosso conhecimento, repetiram várias vezes o fenômeno passado com São Cupertino. Assim, o fenômeno entra na ordem das coisas naturais.
Além da citação acima, Kardec mais de uma vez comentou sobre a descrença e escárnio que sempre acompanhava as referências a José de Cupertino. Na Revista Espírita de Outubro de 1859, artigo "Os Milagres", escreve: "De quantas graçolas não foram objeto as levitações de São Cupertino?" Tal fenômeno tem a mesma causa dos médiuns (4, 5) D. D. Home (1833-1886) e C. C. Mirabelli (1889-1951), por exemplo, que realizaram levitações no Século XIX na Europa e XX no Brasil, respectivamente. Mas, no artigo de M. Grosso, temos a confirmação da mediunidade de José de Cupertino, pela presença de outras manifestações espontâneas, típicas da mediunidade de efeitos físicos e intelectuais. 

Qualquer que seja o ponto de vista que se tenha sobre os voos de S. Cupertino, os registros históricos permanecem como seus testemunhos e não permitem fácil interpretação em termos de teorias de conspiração, alucinação em massa ou fraude. Fazem eles parte de uma época em que fraudes teriam vida curta, tanto por conta da existência de uma polícia doutrinária que punia severamente os que se aventuravam a zombar da fé hegemônica, como pela titularidade e inteligência dos notáveis que assistiram o fenômeno mais de uma vez.

Ilustração da levitação de D. D. Home. Fonte: Wikipedia
Continuarão os céticos a duvidar dentro de seu direito. No Século XXI,  qualquer registro fotográfico de um genuíno fenômeno de levitação seria facilmente explicado como manipulações de softwares como o "Photoshop". Céticos mais duros exigiriam, para sua aceitá-lo, um número arbitrário de demonstrações nas mais exóticas condições possíveis, que levariam o médium à loucura. De nossa parte, ficamos contentes em descobrir na história mais um exemplo de mediunidade rara de efeitos físicos, que confirma as regularidade - não obstante peculiaridade - das manifestações mediúnicas descobertas pelos pioneiros do Espiritismo. Podemos dizer que José de Cupertino, duzentos anos antes, antecedeu o fenômeno das mesas girantes do alvorecer do Espiritismo; tendo sido provavelmente ajudado por muitos Espíritos em suas manifestações de voo. Seu caráter piedoso o tornou insuspeito ao Santo Ofício, que procurou cercear entretanto as manifestações. Tivesse as mesas girantes surgido naquela época, tal como aconteceu no Século XIX, muitas pessoas teriam ido para a fogueira.

Referências

1. M. Grosso (2015) Ectasy and Gravitation: The Levitation of Joseph of Copertino. Edge Science, n. 24. Um publicação da Society for Scientific Exploration. A revista pode ser acessada em:

http://microver.se/sse-pdf/edgescience_24.pdf (Acesso: dez. 2015)

2 M. Grosso (2016). The Man Who Could Fly: St. Joseph of Copertino and the Mystery of Levitation. Rowman & Littlefield, p. 79.

3. A. Kardec (1860)  O Maravilhoso e o sobrenatural. Revista Espírita, Edição de setembro.

4. Outros médiuns menos conhecidos e associados à manifestações de levitação são: Amadee Zuccarini, Einer Nielsen, Boerge Michaelsen e Colin Evans, esse último, entretanto, considerado um impostor segundo os autores céticos da Wikipedia. Há ainda o caso de uma levitação do faquir  Subbayah Pullavar. 

5. Ver http://www.spiritarchive.org/levitation-of-humans.html

6.  De acordo com http://capuchinhosprsc.org.br/santos-capuchinhos-2/jose-de-cupertino-18:
Ele era carente de capacidade intelectual a ponto de chamar-se a si mesmo de “Frei Burro”. Mas, cheio de luzes sobrenaturais, discorria em profundidade sobre temas teológicos e resolvia intrincadas questões que lhe eram apresentadas.