5 de agosto de 2013

Repositório de teses e trabalhos acadêmicos com temática espírita (por Tiago Paz)

O pesquisador Tiago Paz disponibilizou um diretório que contém um acervo digital de trabalhos acadêmicos (teses de mestrado, doutorado de 1982 a 2013) que tocam ou tratam de forma central a temática espírita. No futuro, esse diretório irá abrigar também um levantamento de artigos, livros e capítulos referentes a trabalhos de pesquisa na temática espírita. O pesquisador interessado em conhecer a produção nacional sobre o tema poder acessar o diretório nos endereços:

Via Google Drive:

https://drive.google.com/folderview?id=0B83qwlZWJJPXV2w1dEc4NjJxMVU&usp=sharing

Via Dropbox:

https://www.dropbox.com/sh/11r9bjy9fdx5yas/V5OWqY4f5i

Este é um link para um serviço do Google (google drive). Conheça os autores dos trabalhos listados abaixo, a área de pesquisa, o resumo e o ano de defesa através de uma lista em MSExcel (listagem e resumo das TDs no repositório) disponível no diretório acima. Essa iniciativa demonstra o grau de maturidade da pesquisa com temática espirita no ambiente acadêmico nacional.

Vale a pena visitar periodicamente o repositório que é constantemente atualizado pelo Tiago.

Para mais informações, ver também a página Pesquisando o Espiritismo.

Títulos disponíveis

Os seguintes títulos estão disponíveis:
  1. O mundo invisível: cosmologia, sistema ritual e noção de pessoa no espiritismo
  2. Vida e Morte: o homem no labirinto da eternidade
  3. As Artes de Curar: medicina, religião, magia e positivismo na República Rio-Grandense (1889-1928)
  4. O êxtase: entre a imagem e a palavra: estabelecimento de um modelo descritivo para o estudo antropológico das manifestações extásicas
  5. Preto velho: as várias faces de um personagem religioso
  6. Religião em confronto: o espiritismo em Três Rios (1922-1939)
  7. Os espíritas e as letras: um estudo antropológico sobre cultura escrita e oralidade no espiritismo kardecista
  8. Demônios e anjos (o embate entre espíritas e católicos na república brasileira até a década de 60 do século XX)
  9. Relaxamento mental, imagens mentais e espiritualidade na re-significação da dor simbólica da morte de pacientes terminais
  10. Morte no corpo, vida no espírito: o processo de luto na prática espírita da psicografia
  11. Pedagogia espírita: um projeto brasileiro e suas raízes histórico-filosóficas
  12. Apoio social e religião: uma forma de enfrentamento dos problemas de saúde
  13. A poesia transcendente de Parnaso de Além-túmulo
  14. As estratégias da pedagogia do assistencialismo em Belo Horizonte, 1930-1990: educação e caridade
  15. História do Espiritismo: criação e elaboração de um livro sob Encomenda. Experiência de Comunicação Midiática sob o prisma de um redator
  16. Chico Xavier: imaginário religioso e representações simbólicas no interior das Minas Gerais - Uberaba, 1959/2001
  17. A educação da alma: o trabalho voluntário na CEA-AMIC “onde está teu coração, está teu tesouro” - um estudo de caso
  18. Os filhos-ausentes e as penosas de São Sebastiaozinho - Etnografia da festa da Catingueira/PB
  19. Adoção de crianças por homossexuais: crenças e formas de preconceito.
  20. Uso das práticas espirituais em instituição para portadores de deficiência mental
  21. Medicina e religião no espaço hospitalar
  22. Voluntários: um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura em uma organização do terceiro setor
  23. Educação, profissão perigo: burnout, depressão e o tratamento espiritual no espiritismo
  24. Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas
  25. Os desafios da fé cristã na ressurreição de Jesus diante da crença na reencarnação, presente no espiritismo kardecista do Brasil, nos últimos cinquenta anos
  26. Intenção do texto: o diabo e a guerra santa no imaginário dos pentecostais: espiritismo em confronto
  27. Eurípedes Barsanulfo: um educador espírita na primeira república
  28. Eurípedes Barsanulpho e o Collégio Allan Kardec: capítulos de história da educação e a gênese do espiritismo nas terras do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro (1907/1918)
  29. Análise de assunto de conto espírita por meio do percurso figurativo e do percurso temático
  30. A evolução (1892-1893): uma amostra dos fatores constituintes do sistema literário
  31. O mito de Chico Xavier: os usos, apropriações e seduções do simbólico em Uberaba-MG
  32. Cultura e sujeito: o papel das crenças na organização do pensamento humano
  33. As artes do daimon: à procura de uma poética perdida
  34. Álvaro Reis pastor, pregador e polemista: uma breve análise sobre seu discurso
  35. Almas enclausuradas: práticas de intervenção médica, representações culturais e cotidiano no Sanatório Espírita de Uberlândia (1932-1970)
  36. As práticas religiosas atuando na recuperação de dependentes de drogas: a experiência de grupos católicos, evangélicos e espíritas
  37. Significados de religiosidade segundo idosos residentes na comunidade: dados do PENSA
  38. Práticas educativas no movimento espírita: um estudo sobre a Casa da Vovozinha
  39. Eu e o outro: uma reflexão acerca dos processos de identificação no espiritismo
  40. Pretos-velhos: oráculos, crença e magia entre os cariocas
  41. Do púlpito ao baquiço: religião e laços familiares na trama da ocupação do sertão da ressaca
  42. Uma fábrica de loucos: psiquiatria x espiritismo no Brasil (1900-1950)
  43. Médicos, médiuns e mediações: um estudo etnográfico sobre médicos-espíritas
  44. Doutor Fritz andou de disco voador: hibridações e sincretismo na terapia espiritual da Chico Monteiro
  45. Potencialidades para o desenvolvimento local na comunidade espírita amor e caridade e nos postos de assistência Centro Espírita Francisco Thiesen e Associação Espírita Anália Franco: subsídios para política pública de assistência social no contexto local
  46. Segura na mão de deus e vai: tratamentos clínicos espíritas e suas condições de felicidade
  47. O espiritismo em Ponta Grossa - PR: perspectivas de um espaço do além e para o um além do espaço
  48. Uma escritora na periferia do império: vida e obra de Emília Freitas (1855-1908)
  49. Anália Franco e a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva :idéias e práticas educativas para a criança e para a mulher (1870 – 1920)
  50. Entre a macumba e o espiritismo: uma análise comparativa das estratégias de legitimação da Umbanda durante o Estado Novo
  51. A nova política de saúde mental: entre o precipício e paredes sem muros (Uberlândia 1984/2006)
  52. “De fora do terreiro”: o discurso católico e kardecista sobre a umbanda entre 1940 e 1965
  53. Espíritas enlouquecem ou espíritos curam? Uma análise das relações, conflitos, debates e diálogos entre médicos e kardecistas na primeira metade do século XX (Juiz de Fora-MG)
  54. Céu, inferno e purgatório: representações espíritas do além
  55. O gabinê fluidificado e a fotografia dos espíritos no Brasil: a representação do invisível no território da arte em diálogo com a figuração de fantasmas, aparições luminosas e fenômenos paranormais
  56. Afinal, espiritismo é religião? A doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira
  57. Psicanálise e Doutrina Espírita: o percurso de um desencontro epistemológico e a audição de vozes
  58. Chico Xavier, caridade e o mundo de césar: um olhar sobre o modo de gestão da assistência social espírita em Uberaba-MG
  59. A aporia da cidadania em tempos neoliberais: estudo da instituição assistencial educacional Amélia Rodrigues em Santo André - SP
  60. “Deus e a Pátria”: Igreja e Estado no Processo de Romanização na Paraíba (1894-1930)
  61. As origens do espiritismo no Brasil: razão, cultura e resistência no início de uma experiência (1850-1940)
  62. O movimento espírita pelotense e suas raízes sócio-históricas e culturais
  63. Representação social de ministros religiosos cristãos sobre a doença mental
  64. De médicos e médiuns: medicina, espiritismo e loucura no Brasil da primeira metade do século XX
  65. Machado de Assis e o espiritismo: diálogos machadianos com a doutrina de Allan Kardec (1865-1896)
  66. O caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade
  67. A emoção "maquiada" de razão: aspectos prosódicos e argumentativos de uma palestra espírita kardecista
  68. Morte: a crise ante a morte e a reconfiguração da identidade religiosa do adulto na sociedade contemporânea
  69. A representação social de perfeição na memória das personalidades do Espiritismo
  70. Técnica Apométrica: uma investigação sob bases epistemológicas
  71. Unir para difundir: o impacto das federativas no crescimento do espiritismo
  72. A noção de ciência e educação no espiritismo
  73. O significado da religiosidade para pacientes com câncer e para profissionais de saúde
  74. O centro espírita no itinerário terapêutico em situações de vida
  75. Educandário Espírita Ituiutabano: caminhos cruzados entre a ação inovadora e sua organização conservadora. Ituiutaba, Minas Gerais (1954-1973)
  76. Lar Escola Dr. Leocádio José Correia: história de uma proposta de formação na perspectiva educacional espírita (1963 - 2003)
  77. Anália Franco e sua ação sócio-educacional na transição do império para República (1868-1919)
  78. Religião e cultura local: estudo de dois grupos espíritas potiguares
  79. A plausibilidade da ordo amoris espírita no contexto da crise ética contemporânea
  80. Motivação para o trabalho voluntário contínuo: um estudo etnográfico no Núcleo Espírita Nosso Lar
  81. A reencarnação e sua interface com a Bioética
  82. Deus é para todos?: travestis, inclusão social e religião
  83. Vale de lágrimas: um estudo a respeito da noção de doença sob o ponto de vista de religiões brasileiras no início do século XXI
  84. Moderno-espiritualismo e espaço público republicano: maçons, espíritas e teosofistas no Ceará
  85. Educação de pais gestantes: uma pedagogia possível segundo o espiritismo como saber emergente e educação integral do ser humano
  86. Imposição de mãos: um estudo de religiões comparadas.
  87. Recomposições identitárias na integração religiosa e cultural da Igreja Messiânica no Brasil
  88. Instituições para a educação infantil em Jundiaí (1880-1984)
  89. O Lenine maranhense: fuzilamentos e cultura histórica no interior do Maranhão – 1921
  90. Os combates de Luiz Mattos (1912-1924): O Espiritismo Kardecista e o Tratamento Médico da Doença Mental
  91. Vida após a morte dentro do conceito bíblico - reencarnação e ressurreição, semelhanças e diferenças
  92. Vassouras, ciganas e extraterrestres: médiuns e emoções no campo religioso espírita de Natal (RN)
  93. Ser voluntário, ser realizado: investigação fenomenológica numa instituição espírita
  94. Espiritismo e Apoio Social: o princípio da universalidade aplicado ao Departamento de Assistência e Promoção Social em dois Centros Espíritas de Natal/RN
  95. Raça e religião: uma análise piscossocial dos discursos acerca das religiões afro-brasileiras
  96. O empirismo radical e os estados excepcionais da consciência para uma ciência da mente em William James
  97. As associações médico-espíritas e a difusão de seu paradigma de ciência e espiritualidade
  98. Intelectuais, espíritas e abolição da escravidão: os projetos de reforma na imprensa espírita (1867-1888)
  99. Na discursivização de Nosso Lar: as verdades do espiritismo
  100. Metamorfoses do espírito: usos e sentidos das crenças e experiências paranormais na construção da identidade de médiuns espíritas
  101. Fluxos do espiritismo kardecista no Brasil: dentro e fora do continuum mediúnico
  102. Espiritismo e conversão: fatores motivacionais na migração religiosa para o espiritismo, no Brasil
  103. As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica
  104. Chico Xavier e o mundo dos espíritos: um estudo de representações sociais

28 de julho de 2013

Programação do 9o ENLIHPE (2013)


Tema: Espiritismo e Ciência


Para saber mais sobre o 9o. Enlihpe: convite antecipado para participação do 9o ENLIHPE.

24/08/13 - Sábado

8:00 Recepção, credenciamento e entrega de material

8:30 Prece de Abertura

8:35 Palavras iniciais: LIHPE / CCDPE-ECM – Marco Milani e Júlia Nezu

8:45 Lançamento do livro (8º ENLIHPE) – Jáder Sampaio

9:00 Tema 1: Uma investigação estilística sobre uma peça musical atribuída ao Espírito de Wolfgang Amadeus Mozart - Érico Bomfim

9:20 Perguntas e comentários

9:35 Tema 2: Anália Franco e a “obra” espírita: o nascimento dos primeiros asilos ou abrigos espíritas para a infância no Brasil - Alexandre Ramos de Azevedo 

9:55 Perguntas e comentários

10;10 Intervalo (com visita à sala de pôsteres) e mesa de autógrafos: Livro do ENLIHPE

10h40 Tema 3: Espiritismo e métodos de pesquisa em ciências hermenêuticas e fenomenológicas - Jáder Sampaio

11:00 Perguntas e comentários

11:15 Tema 4: Terceiro Setor e Fundamentos da Doutrina Espírita - Daniella Leite

11:35 Perguntas e comentários

12:00 Lançamento de periódico (JEE) e discussão sobre a divulgação científica – Alexandre Fontes da Fonseca

12:20 Orientações gerais e intervalo para o almoço e visita à sala de pôsteres

13:45 Atividade artística

14:00 Convidado 1: O que é pesquisar a sobrevivência? Sílvio Seno Chibeni

14:50 Perguntas e comentários

15:05 Convidado 2: As provas da sobrevivência. Ademir Xavier

15:55 Perguntas e comentários

16:10 Intervalo (com visita à sala de pôsteres)

16:30 Apresentação: Victor Hugo Não Morreu - Uma Abordagem Inédita - Washington Fernandes

16:50 Perguntas e comentários

17:05 Encerramento das atividades do dia


25/08/13 - Domingo 


8:00 Assembleia da LIHPE 

9:00 Prece de Abertura e comentários gerais 

9:05 Lançamento do livro (Col. Espiritismo na Universidade) – Nadia Luz / Yuri Gaspar 

9:20 Tema 5: Geografia(s) do mundo espiritual - Chrystiann Lavarini 

9:40 Perguntas e comentários 

9:55 Apresentação de livro: O observador e outras histórias. Jáder Sampaio 

10:15 Intervalo (com visita à sala de pôsteres) e mesa de autógrafos 

10:45 Tema 6: Reencarnação: uma associação entre o mito de Er e o Espiritismo - Kátia Penteado 

11:05 Perguntas e comentários 

11:20 Tema 7: A confessionalidade espírita em Instituições de Ensino Superior: um estudo comparativo - Marco Milani 

11:40 Perguntas e comentários 

11:55 Homenagem a Hermínio Miranda. Alexandre Rocha 

12:15 Comentários finais e prece de encerramento 

12:30 Almoço de confraternização



18 de julho de 2013

Deus, o Universo e o Princípio Antrópico.


"Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa." (Comentário de A. Kardec à questão #7 de "O Livro dos Espíritos")

Anteriormente (1), vimos que a teoria do "Big Bang" não é uma descrição completa da origem do universo, embora ela seja a teoria mais aceita. Isso porque, além de explicar o aparecimento e evolução da matéria em nosso universo, ela teria que explicar como as leis que observamos nele apareceram. Isso seria resolvido se dispuséssemos de uma explicação auto consistente do Universo, onde não só a matéria, mas também suas leis aparecessem naturalmente.

É uma princípio frequentemente adotado em teorias e hipóteses científicas de que a Natureza não exibe nenhum tendenciosismo especial em relação as suas causas ou na produção de seus efeitos. Leis cegas governam o universo onde vivemos, sem nenhum tipo de preferência, qualquer que ela seja. Sendo um princípio, ele não pode ser provado, mas é amplamente aceito como orientador para o desenvolvimento de muitas teorias científicas. Sua validade não é contestada, porque os fenômenos onde ele se aplica são observados como obedecendo as suas consequências: a da não existência de causas adicionais  responsáveis exatamente pelas propriedades observadas nesses fenômenos.

Curiosamente, esse princípio está em contradição com algumas observações de natureza cosmológica, ou, mais particularmente quanto à liberdade que o universo primordial teria em decidir quais leis físicas que iriam nele imperar. Se o universo se deve a nenhuma causa, não há razão para acreditar que suas leis teriam que  ser "específicas" ou "especiais". Acontece que, pelo menos no Universo em que vivemos, muitas leis são exatamente o oposto disso. 

Elas são "leis especiais". O que sabemos dessas leis é suficiente para afirmarmos que elas são o que são justamente para favorecer a química dos átomos de carbono e, como corolário, o aparecimento da vida na Terra que, por enquanto, é a única vida reconhecida ordinariamente.

O princípio Antrópico

Essa constatação é frequentemente conhecida como "princípio antrópico" e permanece como uma das poucas "pontes" entre a religião e a ciência. Segundo J. M. Fink (2), foi Alfred Russel Wallace, um dos pais do evolucionismo e grande espiritualista, quem primeiro observou que o grau de complexidade observado no Universo não era mera coincidência, mas algo necessário para que Humanidade aparecesse e evoluísse. Na sua forma fraca ele é enunciado (2) como:
Os valores observados em todas as quantidades físicas e cosmológicas não são quaisquer, mas assumem valores submetidos à exigência de que existam lugares no universo onde vida baseada no carbono possa evoluir e que o universo seja antigo o suficiente para que essa vida possa existir.
Como bem observado por Fink em (2), esse enunciado não exige que todas as leis do universo tenham sido ajustada para que a vida aparecesse, mas que algumas delas, necessariamente, foram. Isso porque não dispomos de uma descrição totalmente exaustivas das leis (muitas ainda devem ser descobertas) e outras não guardam relação com a vida. Entretanto, como há uma conexão entre o "micro" e o "macro", o principio antrópico tem um peso grande na escolha das principais leis físicas que deveriam vingar no universo.

Uma imagem do céu profundo tirado pelo telescópio Hubble. O Universo é exatamente o que ele é (nem velho demais, nem novo demais) para que a vida nele possa existir.
O princípio antrópico também tem uma forma forte, pela qual se afirma que necessariamente as leis foram "escolhidas" de forma que vida biológica surgisse no universo. Isso torna a existência de Deus praticamente uma necessidade, o que é suficiente para irritar muitos cientistas, levando-os a negar a validade do princípio antrópico.

O problema é que as evidências acumuladas apontam para sua validação. E quais são elas? Em 1954, com base no Princípio Antrópico, Fred Hoyle foi capaz de prever um nível de energia desconhecido do núcleo do carbono. Outras coincidências incríveis são encontradas nas razões entre as forças físicas, que parecem ter sido "sintonizadas" para  permitir estabilidade de moléculas orgânicas, na razão entre a taxa de expansão do universo e a gravitação (2). Ou seja, modifique a intensidade dessas forças em muito pouco, e o universo como um todo sofrerá variações dramáticas em sua idade, dimensão e taxa de expansão. Há, assim, a questão sobre a idade do universo; se ele tivesse evoluído muito rapidamente, a vida nele não teria aparecido. Finalmente, há relações restritas entre os processo de evolução das estrelas e a própria idade do universo, que garantem que planetas abrigando vida possam existir.

Um ponto de vista espírita para o Princípio Antrópico.

Além de matéria, campos e leis que regem a interação entre os elementos no universo, sabemos que ele é apenas a contraparte material (o chamado "mundo corpóreo") de um "universo" ainda maior. As questões #84, #85 e #86 de "O Livro dos Espíritos" discorrem sobre a distinção entre o mundo dos Espíritos e o mundo corpóreo. Em particular, chamamos a atenção para a questão #86:
86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita? 
“Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.(4)
Isso explica porque a "sintonização" observada na intensidade das forças físicas (e na própria estrutura das leis escolhidas no princípio) ocorreu de fato: para que o princípio inteligente (o espírito) pudesse interagir com o mundo material. Essa simbiose que ocorre entre o mundo corpóreo e o mundo espírita precisa existir para que o princípio inteligente evolua. Essa evolução não se processa, porém, exclusivamente através do mundo corpóreo, mas é intercalada em estágios separados dele.

Portanto, em nossa opinião, o princípio antrópico é uma manifestação da Inteligência Divina e da necessidade do universo abrigar a vida inteligente como manifestação do espírito e aponta para o fracasso da ideia de arbitrariedade e de um universo sem uma causa primária em seu princípio.

A fraca defesa dos céticos

Sendo uma ideia que leva imediatamente a uma causa primária inteligente (que teria "sintonizado" as leis para que a vida aparecesse), ateus e céticos fazem uma defesa precária, afirmando que o princípio é uma tautologia (3), ou seja, uma afirmação garantidamente verdadeira e auto-referente. Como estamos aqui e observamos o Universo do jeito que ele é, somente este universo poderia abrigar vida e, portanto, o princípio é auto evidente. Em outras palavras, se o Universo não fosse exatamente como é, não estaríamos aqui discutindo essa questão (5).

Não é difícil ver que esse recuo a tautologia foge completamente da questão inicial sobre a origem não causal do universo e da aleatoriedade que teria imperado no seu início.

Ao se usar um raciocínio cosmológico e se buscar equacionar o problema da escolha dos tipos de leis que deveriam aparecer no universo primordial, as consequências de se rejeitar o princípio como uma tautologia vem acompanhada da constatação embaraçosa de que o universo que conhecemos e nossa presença nele não passam de uma gigantesca coincidência. De fato, como, de acordo com o princípio do universo sem causa, não haveria nenhuma "sintonização", somente poderíamos estar aqui porque, "por um gigantesco acaso", exatamente as leis que observamos imperaram.

Tenta-se salvar as aparências ao se invocar a ideia de que muitos universos teriam existido e apenas um deles, o nosso, vingou, mas não estamos autorizados a avançar além com essas especulações. O universo que observamos é o único conhecido (como muitos céticos insistem em dizer), aquele que provavelmente já existia desde o princípio e, portanto, na hipótese de ter sido criado de forma aleatória, uma colossal coincidência nos fez aparecer nele, segundo o raciocínio cético.

Referências

2 - Fink J. M. "The Anthropic Principle". Ver: 
3 - Do grego 'tautos', a mesma e 'logos' palavra ou ideia;
4 - Texto segundo IPEAK.
5- S. Hawking (1994) "Uma Breve História do Tempo, do Big Bang aos Buracos Negros". pp. 180, Gradiva, 3º edição.

7 de julho de 2013

Entrevista com Ricardo Monezi (Parte II)


Para acessar a primeira parte da entrevista, clique aqui.

Apresentamos aqui a segunda parte em áudio de uma entrevista com o Dr. Ricardo Monezi, conhecido pesquisador dos efeitos da imposição de mãos, em particular do uso do Reiki. 

Ricardo defendeu recentemente sua tese de doutorado "Efeitos Psicofisiológicos da Prática do Reiki em Idosos com Sintomas de Estresse: Estudo Placebo e Randomizado" pela Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina). Para um resumo do trabalho ver a primeira parte da entrevista (1).

Para mais informações deste blog sobre a prática de imposição de mãos e seus efeitos ver (2) e (3).

Segunda parte da entrevista (áudio).

Alguns trechos da entrevista
Hoje eu diria que o pesquisador que tem, entre aspas, essa coragem, para não dizer loucura para se envolver com temas que, há bem pouco tempo eram polêmicos, mas que são bem interessantes..., ele vai ter que ler muito e não ler apenas sobre a imposição de mãos, mas quando pensar em imposição de mãos, ela vai ter que pensar em aspectos da religiosidade relativa à imposição de mãos, ela vai ter que pensar em aspectos históricos da imposição de mãos... 
O grande desafio agora é projetar estudos no pós-doutorado que tenham uma metodologia mais rigorosa  e que buscam sanar as arestas que foram deixadas abertas com esse trabalho... Eu não creio em abandonar esse caminho, mesmo porque, muitas vezes, não somos nós que escolhemos o caminho, mas ele que nos escolhe...
Hoje em dia você tem muitos trabalhos que falam da importância de se realizar trabalhos que comparem técnicas diferentes que estejam dentro de um mesmo eixo..., acho que um grande pensamento para um projeto de pós doc seria pegar diferentes técnicas de imposição de mãos e fazer estudos comparativos...
Espiritualidade é o que nos reconecta, é o que nos faz vivos, é o que nos dá a vida...A espiritualidade é o fator que promove a vida..., é o que dá apoio à sociedade. Hoje em dia a ciência, cada vez mais reconhece a espiritualidade como um fator chave, não apenas para o indivíduo, mas para a sociedade como um todo, para o planeta...
Para mais informações sobre o trabalho ver também (4).

Ver também: