16 de maio de 2014

Lista de autores publicados das cartas psicografadas por Chico Xavier

Finalizada uma primeira fase de catalogação no projeto das cartas psicografadas (1), listamos aqui cerca de 472 nomes de autores que foram encontrados até agora, isto é, é uma lista com base em 944 cartas publicadas. Esta lista não pretende ser a definitiva. Uma quantidade grande de outras informações de cada autor também foi reunida.

Esses nomes constam em um conjunto de aproximadamente 70 obras que serão referenciadas futuramente. 

Lista de autores
  1. Abílio Zornetta
  2. Acácio Costa Freitas Neto
  3. Acylino Luiz Pereira Neto
  4. Adélia Machado de Figueiredo
  5. Adelino Franco Thomé
  6. Ademar Argeu Andrade
  7. Adilson Cargnelutti
  8. Adilson Gonzaga Pezzini
  9. Adilson Lombardi
  10. Adolfo Aleixo Martins 
  11. Adolfo Bezerra de Menezes
  12. Agar Bittencourt
  13. Agnelo Morato Júnior
  14. Alberto Corradi
  15. Alberto Davoli
  16. Alberto Ferrante
  17. Alceu Gouvêa Andries
  18. Alda Oliveira da Silveira Pinto
  19. Aldan Bernardo de Araújo
  20. Aldarico Montaldi Filho
  21. Alexandre Augusto Pandolfelli
  22. Alexandre Furtado Cardoso
  23. Alexandre José de Souza
  24. Allan Charless Padovani
  25. Aluísio Antônio Maciel
  26. Álvaro Gonçalves
  27. Álvaro Júlio Belchior da Fonseca 
  28. Amália Ferreira de Mello
  29. Amaro Francisco de Souza
  30. Amélia do Nascimento Vasques
  31. Ana Luiz Martinez de Souza
  32. André Luiz Souza da Silva
  33. André Max Graeser
  34. André Rogério Rojas Rivera
  35. Andréa Lodi
  36. Angelo di Sarno
  37. Ângelo Luizari Filho
  38. Antenor de Amorim
  39. Antônio Alcindo Ribeiro
  40. Antônio Carlos Escobar
  41. Antônio Carlos Martins Coutinho
  42. Antônio Carlos Nunes
  43. Antônio Cézar Nunes Cardeal
  44. Antônio Jabur Neto
  45. Antônio João Beira
  46. Antônio Luiz Sayão
  47. Antônio Martinez Collis
  48. Argemiro Correa de Azevedo Filho
  49. Armando Pinho
  50. Artemízia Bevilacqua
  51. Artur Francisco Koller
  52. Augusto César Neto
  53. Aulus de Paula e Silva Bastos
  54. Auzenita da Silva Nunes 
  55. Avelino Ginjo
  56. Beatriz Cândida Maria Ferrairo Janini Gonçalves
  57. Benedito Souza de Oliveira
  58. Benedito Vieira dos Santos 
  59. Bianca Jasse Cunha
  60. Brasilina Estevez
  61. Cacilda Becker Yaconis
  62. Cândido Luiz Cintra
  63. Carlos Alberto Andrade Santoro
  64. Carlos Alberto Bezerra da Silva
  65. Carlos Alberto da Silva Lourenço
  66. Carlos Alberto de Toledo
  67. Carlos Alberto dos Santos Costa
  68. Carlos Alberto dos Santos Dias
  69. Carlos Alberto Elisei
  70. Carlos Alberto Gonçalez 
  71. Carlos Alexandre da Silva Paraizo
  72. Carlos André Picanço Filho
  73. Carlos Augusto Ferraz Lacerda
  74. Carlos Augusto Pereira de Melo
  75. Carlos Cesar Pereira Basílio
  76. Carlos Eduardo Frankenfeld de Mendonça
  77. Carlos Gomes
  78. Carlos Henrique Branco Rodrigues
  79. Carlos Marino Vochi
  80. Carlos Normando de Assis
  81. Carlos Roberto Caminitti
  82. Carlos Teles Sobral Jr.
  83. Carlos Vítor Mussa Tavares
  84. Carmelo Grisi
  85. Carmen Latorre
  86. Carolina Caetano
  87. Casto Luís Alves Barco
  88. Celso Ayres Pinheiro
  89. Celso Cassanha
  90. Celso Maeda
  91. César de Araújo Mafra
  92. Charles Jean Bueno Weishaar
  93. Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini
  94. Christian W. Freitas Campos
  95. Christino Gomes Portal
  96. Cícero Barbosa Lima Júnior
  97. Cláudia Aparecida Guimarães Leite
  98. Cláudia Cunha
  99. Cláudia Pinheiro Galasse
  100. Cláudio Giannelli
  101. Cláudio Mano Júnior
  102. Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida
  103. Cleon Marcius de Camargo Marsiglio
  104. Conceição Interlando Neto
  105. Cristiane Rodrigues de Moraes
  106. Décio Márcio Carvalho
  107. Dejair Fernando Rosa
  108. Denis Fernandes
  109. Denize Freire Valença
  110. Dialma Coltro
  111. Dialma Coltro Filho
  112. Dimas Luiz Zornetta
  113. Dino de Caro
  114. Djalma Pompeu de Camargo Rangel
  115. Docílio Miranda de Souza
  116. Domingos Donizetti Zornetta
  117. Domingos Pignatari
  118. Douglas Labate
  119. Edilson Carlos Nogueira
  120. Edilson Cássio de Lima
  121. Édimo José de Lima Júnior
  122. Edison Roberto Ribeiro Pereira
  123. Edmundo Mendes
  124. Eduardo Ruiz Dellalio
  125. Eduardo Zibordi Camargo
  126. Edvaldo Paixão da Silva
  127. Edvaldo Roel da Silva Júnior
  128. Edvar Santana
  129. Egle Aparecida Tavares Spadoni Braga
  130. Elisabete Aluotto Scalzo Palhares
  131. Elvira Abrigatto Grisi
  132. Emídio Manuel Pereira de Araújo
  133. Emília Rodrigues
  134. Érica Letícia Gallo
  135. Ericson Fábio Diniz de Oliveira
  136. Erika dos Santos Soares
  137. Evaldo Augusto dos Santos
  138. Evaldo Rui Monteiro
  139. Evaldo Zamboni
  140. Fábio Freire Corrêa
  141. Fábio Mário Henry
  142. Fátima Solange de Assis Campos
  143. Felicidade de Fátima Alves
  144. Felipe Meneghetti
  145. Fernanda Goghi Cruãnes
  146. Fernanda Luiza Batista dos Santos
  147. Fernando Antônio Leão
  148. Fernando Augusto Veríssimo Bonifácio
  149. Fernando José de Carvalho
  150. Fernando Querin Sichetti
  151. Flávia Canzi Biondi
  152. Flávio Luiz Mazetti
  153. Francisco Adonias Nogueira Filho
  154. Francisco Correa de Figueiredo
  155. Francisco Eduardo de Oliveira Moraes
  156. Francisco Quintanilha
  157. Francisco Savério M. S. E. Orlandi
  158. Franciso Rosa e Silva
  159. Gabriel Casemiro Espejo
  160. Gastão Henrique Gregoris
  161. Georthon Lacerda Dantas
  162. Geraldo Arantes de Souza
  163. Gerard Patrick Castelnaud
  164. Germano Sestini
  165. Gilberto Cuenca Dias
  166. Gilberto Pereira Teixeira
  167. Gilberto Teixeira da Silva Júnior
  168. Gilson Gravena de Souza
  169. Giovanna Motta
  170. Giuseppe Mateus Mangano
  171. Grazia Rapé
  172. Hamílton dos Santos
  173. Haroldo Soares Portella
  174. Heitor Cavalcante de Alencar Furtado
  175. Heitor José Morina
  176. Heládio Carvalho Nunes
  177. Hélio Manzo Júnior
  178. Hélio Ossamu Daikuara
  179. Helyene Cristina Corrêa Garcia
  180. Henrique Emmanuel Gregoris
  181. Hilário Sestini
  182. Hilda Gritti Saraiva
  183. Hilton Monteiro da Rocha
  184. Humberto Furlan
  185. Igor Thiago Alvez Nakamura
  186. Ilda Mascaro Saullo
  187. Inês Severo Ruivo
  188. Irlo Augusto Rodrigues Galvão
  189. Israel Ovídio Nogueira Júnior
  190. Ítalo Scanavini
  191. Ivan Antonelli Fakaib
  192. Ivo de Barros Correia Menezes
  193. Izídio Inácio da Silva
  194. Jacob Oliveto
  195. Jáder Eustachio Guimarães de Macedo
  196. Jair Presente
  197. Jairo Coutinho Rocha
  198. Jane Furtado Koerich
  199. João Batista Mamede da Silva
  200. João Carlos Frederico Coelho
  201. João dos Santos Moutinho
  202. João Gilberto dos Santos
  203. João Jorge de Lima
  204. João Luiz Palatinus
  205. João Vaccari Neto
  206. Joaquim Afonso Carvalho
  207. Jomar Dutra de Castro
  208. Jorge Luiz Camargo
  209. José Afonso de Souza Queiroz
  210. José Afonso de Souza Queiroz
  211. José Antônio Andrade Jr.
  212. José Benedito da Silva
  213. José de Lima Géo
  214. José Demathê Filho
  215. José Eduardo Jorge
  216. Jose Esmelcerei Bernardo
  217. José Fonseca Guaraná de Barros
  218. José Luiz da Silva Chapela
  219. José Luiz Marques Ferreira
  220. Jose Murilo Neto
  221. José Roberto Gonçalves
  222. José Roberto Pereira Cassiano
  223. José Roberto Pereira da Silva
  224. José Rogério Silva Freire
  225. José Tadeu Banchi
  226. Josefina de Fátima Tristão
  227. Júlio Brasílio Moraes
  228. Júlio César C. da Silveira
  229. Júlio Fernando Leite de Sant'Anna
  230. Juraci Borges Mendonça de Almeida
  231. Jussane Cristina Leite
  232. Kalil José Barbosa Chicaybam
  233. Klaus Heller
  234. Kleber Silveira de Souza
  235. Laudinei José Soares
  236. Laura Maria Machado Pinto
  237. Laurinete Aparecida Duarte
  238. Lauro Basile Filho
  239. Lenora (Chaves) Martins
  240. Leonardo Henrique Moglié
  241. Leopoldo José Rusciolelli Franca
  242. Liane Helena Anéas de Paula
  243. Lidaí Benini
  244. Lilian Guadalupe Alves
  245. Lincoln Prata Lóes
  246. Lineu de Paula Leão Júnior
  247. Lúcia Ferreira
  248. Luciano de Castro Alves Machado
  249. Luciano Fábio Perutich
  250. Luciene Nascimento 
  251. Lúcio Germano Dallago
  252. Lúcio Manoel Larsen Ricciardes
  253. Luís Alberto Canto
  254. Luís Carlos de Freitas
  255. Luís Eduardo Cacciatore
  256. Luís Fernando Botelho de Moraes Toledo
  257. Luís Roberto Haddad França
  258. Luiz Adamo Nucci
  259. Luiz Alli Fayrdin
  260. Luiz Antônio Biazzio
  261. Luiz Augusto Trita
  262. Luiz César Piagneri
  263. Luiz Orlando Rodrigues Cardoso
  264. Luiz Paulo Alves Reis
  265. Luiz Ricardo Maffei
  266. Luiz Roberto Estuqui Júnior
  267. Luíza Corrêa Jardim
  268. Magno Cardoso
  269. Manel Francisco Neto
  270. Manoel de Oliveira Gomes
  271. Manoel Paulo Monteiro
  272. Manoel Soares
  273. Marcel Jivago de Faria França
  274. Marcelo Antônio La Serra
  275. Marcelo Leal Fernandes
  276. Marcelo Moisés Casali
  277. Marcelo Toti
  278. Márcia Bordallo de Souza
  279. Márcia Regina Eccard Vollú
  280. Márcio Agnaldo Dermínio Campos
  281. Marco Antônio Andrade
  282. Marco Antônio Araújo
  283. Marco Antônio da Silva
  284. Marco Antônio Marçal
  285. Marco Antônio Migotto
  286. Marco Antônio Minaya
  287. Marco Antonio Pereira da Costa
  288. Marco Antônio Peres Fernandes
  289. Marcos Cezar Mayo
  290. Marcos Emanuel Teixeira Santos
  291. Marcos Hideo Hayashi
  292. Marcos Roberto Vallini
  293. Maria Alves dos Santos
  294. Maria Beatriz de Vasconcelos
  295. Maria Cecília Ferreira 
  296. Maria Célia Marcondes
  297. Maria Cristina Salgado Vieira
  298. Maria Cristina Summo Tomaz de Oliveira
  299. Maria da Luz Simões
  300. Maria das Graças Ayres
  301. Maria Elizabete de Oliveira Cavalcante
  302. Maria Filomena de Jesus
  303. Maria Helena Marcondes
  304. Maria Helena Resende
  305. Maria Joaquina Pinto
  306. Maria Nelize Campos Silva
  307. Maria Teresa de Sena Melo
  308. Maria Teresa Franchini
  309. Maria Tereza Lopes Maniglia
  310. Marilene de Resende Ferreira
  311. Marina Cupertino Poli
  312. Mário Neves
  313. Mário Roberto Quirino dos Santos
  314. Matrona Paly Diegues 
  315. Maura de Araújo Javarini
  316. Maurício Chacon
  317. Maurício de Lima Basso
  318. Maurício Garcez Henrique
  319. Maurício Sacheto Zuardi
  320. Mauricio Xavier de Vieira
  321. Mauro Antônio Campos Paiva
  322. Mauro Augusto Cacique Andrade
  323. Mauro Augusto Rocha
  324. Mauro Lira
  325. Maximino Pereira
  326. Meire Adriana Agnello
  327. Miguel Ângelo Lapenna
  328. Miguel Elias Barquete
  329. Milton Higino de Oliveira
  330. Mirna Lagorga
  331. Mival de Almeida Filho
  332. Moacy Stella Junior
  333. Moacyr Porazza Jr.
  334. Mônica Martins Bizarro
  335. Napoleão Carlos Ferreira
  336. Napoleão Pizzotti
  337. Nathaniel José Furtado Xavier de Albuquerque
  338. Nayá Siqueira de Amorim
  339. Neide Della Nina
  340. Nelly Ferreira
  341. Nelson  Lobo de Barros
  342. Nélson Castro Dantas
  343. Nelson Rossati Lemes
  344. Nerci Maria Cardoso
  345. Noêmia Natal Borges
  346. Nysio Gastanheira Cardoso
  347. Olando Antônio Lazzaro
  348. Olimar Feder Agosti
  349. Orlando Sebastião Duarte
  350. Orlando Van Erven Filho
  351. Oscar Cicuto Filho
  352. Osmar de Freitas Filho
  353. Osmar Totaro
  354. Oswaldo Jandy Batista
  355. Oswaldo Peixoto Martins
  356. Otávio José Sanchez
  357. Otávio Rocha
  358. Paula Opípari Ramos
  359. Paulo Augusto Signore
  360. Paulo Borges da Silva
  361. Paulo César de Almeida
  362. Paulo Cesar Silvério Leite
  363. Paulo Eduardo Teixeira da Silva
  364. Paulo Fernando Furlan
  365. Paulo Grassmann Amante
  366. Paulo Henrique Dantas Bresciani
  367. Paulo Marcelo Reis Azevedo
  368. Paulo Rogério Saragoça
  369. Paulo Sérgio Basile
  370. Paulo Sérgio da Costa
  371. Paulo Sérgio Ferreira Viana
  372. Pedro Alexandre Borba Pereira
  373. Pedro Augusto Souza Gonçalves
  374. Pedro Ernesto do Rego Batista
  375. Pedro Luis de Carvalho Costa
  376. Pedro Luiz Galves
  377. Pedro Rufino
  378. Pedro Souza
  379. Ramiro Martin Viana
  380. Rangel Diniz Rodrigues
  381. Raphael Miralles Placência
  382. Raul Pinheiro Torres Júnior
  383. Regina Elena Fernandes
  384. Reginaldo Ramalho
  385. Renata Avela de Oliveira
  386. Renata Zacarro de Queiroz
  387. Renato Fumagalli
  388. Renato José Sorretino
  389. Renato Lucena Nóbrega
  390. Renato Rodrigues
  391. Rene Oliva Strang
  392. Ricardo Carvalho de Mello
  393. Ricardo Jorge Pereira
  394. Ricardo Leão de Oliveira
  395. Ricardo Romano Secchieri
  396. Ricardo Tadeu Richetti
  397. Ricardo Tunas Costa Leite
  398. Roberto de Salas
  399. Roberto Igor Porto Silva
  400. Roberto Medeiros Fernandes
  401. Roberto Muszkat 
  402. Rodrigo Junqueira Alves de Souza
  403. Romêro Junqueira Alves de Souza
  404. Romeu Azevedo de Menezes
  405. Ronaldo Malafronto
  406. Rosana Augusto Infante
  407. Rosana Maria F. Temporal de Lara
  408. Rosângela Afonso da Silva
  409. Rosângela Cunha Redondo
  410. Rosangela Maria Sonvesso
  411. Rosângela Silvério Leite
  412. Rosemari Daurício
  413. Rui Vagner Garcia
  414. Ruilon Quirino Ribeiro
  415. Sandra Regina Camargo
  416. Sebastião Alves Pinho
  417. Sebastião Clóvis Tavares
  418. Selma Robles
  419. Selma Rodrigues Sanches
  420. Sérgio Calamari
  421. Sérgio de Almeida e Souza
  422. Sérgio de Assis Cesarino
  423. Sérgio Faccio
  424. Sérgio Luís Mandarino
  425. Sérgio Luiz de Moura
  426. Sérgio Roberto Decenço
  427. Sérgio Tadeu Rodrigues Bacci
  428. Servilio Marrone
  429. Sidnei Martini
  430. Sidney Catardo
  431. Sidney Dell'Erba
  432. Sidney Fava
  433. Sidney Rogrigues
  434. Silvana Maria Bertoni
  435. Silvio Romeno Gonçalves Monteiro
  436. Simone Couceiro Horcel
  437. Solange Victoretti
  438. Sylvio Quero Luque Jr.
  439. Tania Mazzeo
  440. Tânia Paes Leme de Barros
  441. Tereza Cristina de Oliveira
  442. Tereza Delfina Reverte
  443. Thales Meirelles Cury
  444. Tibério Graco Dias
  445. Túlia Maura Diniz Baptista Mendes
  446. Ulisses Ubiratan Alves Gusmão
  447. Valdir de Vicente
  448. Valdir Nunes Ferreira
  449. Valéria Consentino
  450. Vera Cruz Leitão Bertoni
  451. Vera Lúcia Alves
  452. Virgínia Maria Sales Nogueira
  453. Vitor Fernando Stocco Jr.
  454. Vitor Leonardo Santana
  455. Vladimir Jorge
  456. Volquimar Carvalho dos Santos
  457. Wady Abrahão Filho 
  458. Wagner Augusto Alves de Souza Jr
  459. Waldemar Vieira
  460. Walter Perrone
  461. Wanda Maria Czarnobay
  462. Wander Alver Azeredo
  463. Wânia Nunes Russo
  464. Wellington Ramon Monteiro Rodrigues
  465. Wilk Ferreira de Souza
  466. William José Guagliardi
  467. William Machado Figueiredo
  468. Wilsom de Oliveira
  469. Wilson Guerreiro Pedra
  470. Wilson William Garcia
  471. Wladimir Cezar Ranieri
  472. Yolanda Carolina Giglio Villela
Referência

(1) Projeto 'Cartas Psicografadas'.


7 de maio de 2014

Crenças Céticas XXIV - Pequeno manual de falácias não formais com exemplos do ceticismo (3)

Fig. 1 "Médicos fumam o cigarro Camels mais do que qualquer outro".
Terceira parte da série de posts sobre falácias de relevância, com exemplos tirados do ceticismo. Para o post anterior dessa série clique aqui.

Falácia de relevância: Argumentum ad Autoritatem
É importante dizer que o argumento da autoridade não constitui sempre uma falácia. A base do argumento é que determinada afirmação é verdadeira porque alguém, entendido no assunto, disse que assim é ou não é. O problema com esse tipo de argumento ocorre quando a autoridade não está absolutamente garantida ou quando ela é falsa. Portanto, a validade do argumento é uma probabilidade que vai a zero quando o argumento tem base em falsa autoridade. Em assuntos onde essa autoridade é aplicável, o argumento é válido sob determinadas condições.

A Fig. 1 é um exemplo interessante e até cômico disso. Trata-se de uma propaganda antiga do cigarro Camel. A imagem é de um médico com um cigarro (justaposta a uma imagem da marca). A propaganda pretende induzir fumantes a consumirem o cigarro Camel porque ele é o mais fumado entre médicos. Há várias mensagens implícitas nessa propaganda. Uma delas é que médicos também fumam, o que significa que fumar não seria tão ruim assim para a saúde. Mas, como a imagem do cigarro está associada à perda progressiva de saúde, então, fumar cigarro dessa marca é preferível porque médicos, os especialistas em saúde humana, fumam mais dele!

É costume também chamar esse tipo de falácia de argumentum ad vericundiam (ref. 1, recurso à autoridade desqualificada, Fig.2). Simplesmente porque alguém é uma grande autoridade qualificada em determinado assunto (principalmente quando esse assunto é considerado relevante), não dá a ela autoridade sobre qualquer outro.

Disso surgem inúmeros usos indevidos, na defesa dos mais diferentes pontos de vista. No campo das controvérsias científicas ou assuntos de fronteira, a aplicação desse argumento é generalizada.

Fig. 2 A base da falácia está no fato de que Y, embora seja autoridade em alguma coisa, não está qualificada para julgar a proposição X.

No campo da  fenomenologia psíquica...

Dentre os argumentos listados em (2), encontramos este, que representa a opinião típica expressada por céticos dos fenômenos mediúnicos ou psíquicos:
Não me interessa quão boa a sua evidência é, não acredito nela até que a maioria dos cientistas também a aceite. A evidência que você apresenta não pode estar certa porque isso significa que centenas de livros texto ou milhares de especialistas estão errados. (3)
A base do argumento é, claramente, a opinião de especialistas que teriam uma suposta autoridade na qualificação ou não de uma evidência. Aqui temos um exemplo que se confunde com a falácia ad Populum, uma variedade de falácia com base na quantidade dos que sustentam opinião contrária.  Na mesma linha, encontramos (4):
Sua evidência não pode ser real porque não é possível que milhares de pesquisadores não a tenham percebido antes durante todos esses anos. Se sua descoberta fosse real, cientistas que trabalham nesse campo já estariam sabendo.

Não importa se a evidência está relacionada a um evento raro ou se exige condições especialíssimas (que nunca foram obtidas por estudos acadêmicos em momento algum do passado), esse tipo de argumento parece fazer sentido aos que se ligam ao argumento da autoridade. É um tipo de enceguecimento da mente, que obsta uma compreensão dilatada das coisas, e que cria uma separação entre a realidade e aquilo que é popularmente aceito, que acaba valendo mais no contexto das opiniões prontas do momento.

Embora esse argumento seja logicamente equivocado, não deixa de ter profunda influência na cabeça de muitas pessoas e atinge até decisões de investimento quando se trata de definir áreas de investigação na fronteira do conhecimento ou em campos potenciais onde a pesquisa científica financiada publicamente jamais se aventurou.

Kardec sobre o argumento.

Também na época de Kardec, houve céticos que invocaram o argumento da autoridade para desqualificar tanto a teoria espírita dos fenômenos como eles próprios. Sobre isso, Kardec pondera (5):
Com relação às coisas notórias, a opinião dos cientistas é, com toda razão, fidedigna, porquanto eles sabem mais e melhor do que o vulgo. Mas, no tocante a princípios novos, a coisas desconhecidas, essa opinião quase nunca é mais do que hipotética, visto que eles não se acham, menos que os outros, sujeitos a preconceitos. Direi mesmo que o cientista tem, talvez, mais preconceitos que qualquer outro, porque uma propensão natural o leva a subordinar tudo ao ponto de vista donde mais aprofundou os seus conhecimentos: o matemático não vê prova senão numa demonstração algébrica, o químico refere tudo à ação dos elementos, etc. Aquele que se fez especialista prende todas as suas idéias à especialidade que adotou. Tirai-o daí e o vereis quase sempre desarrazoar, por querer submeter tudo ao mesmo cadinho: conseqüência da fraqueza humana. Assim, pois, consultarei, do melhor grado e com a maior confiança, um químico sobre uma questão de análise, um físico sobre a potência elétrica, um mecânico sobre uma força motriz. Hão, porém, de permitir-me, sem que isto afete a estima a que lhes dá direito o seu saber especial, que eu não tenha em melhor conta suas opiniões negativas acerca do Espiritismo, do que o parecer de um arquiteto sobre uma questão de música. (Grifos nossos)
Essa passagem demonstra que Kardec já expressava talvez a opinião mais lúcida de sua época com relação a críticos que insistem em contrapor a autoridade científica a fenômenos que não fazem parte de seu escopo (pelos quais ela não se interessa). É bastante evidente que a especialização, embora tenha a enorme vantagem de prover tempo dedicado ao estudo de um determinado assunto, limita a abrangência ou visão com relação a quaisquer fatos ou fenômenos fora dela. 

Isso acontece frequentemente mesmo dentro da atividade acadêmica normal, onde a opinião de um cientista de uma determinada área pode se mostrar deficiente se aplicada a outros tipos de fenômenos (os que são verdadeiramente sensatos reconhecem suas limitações). Imaginemos agora o que poderíamos esperar com fenômenos totalmente diversos daqueles observados na natureza material. 


Referências e notas


(1) http://philosophy.lander.edu/logic/authority.html 
(2) W. J. Beaty (1996) Symtoms of pathological skepticism. http://www.eskimo.com/~billb/pathsk2.txt (Acesso em 2014)

(3) Texto original em inglês: I don't care how good your evidence is, I won't believe it until the majority of scientists also find it acceptable. Your evidence cannot be right, because it would mean that hundreds of textbooks and thousands of learned experts are wrong.

(4) Your evidence cannot be real because it's not possible that thousands of researchers could have overlooked it for all these years. If your discovery was real, the scientists who work in that field would already know about it.

(5) Kardec A. "O Livro dos Espíritos", Introdução ao estudo da Doutrina Espírita , VII. Texto de www.ipeak.com.br



25 de abril de 2014

O cérebro como a última fronteira da ciência: perspectivas recentes e a visão espírita (1)

Tivemos a satisfação de ter publicado o artigo "Le cerveau comme ultime frontière de la science: perspectives récentes et vision spirite" na revista Revue Spirite, número 93 (1). Agradeço ao Leandro Pimenta e ao Jérémie Philippe pela oportunidade dessa publicação. Com a devida autorização da revista, numa série de dois posts que se inicia com este, apresentaremos o texto integral em português desse artigo. ATENÇÃO: as referências do artigo serão apresentadas no final post final.

Conteúdo do artigo
  • Introdução 
  • As diversas abordagens da mente que não consideram a fenomenologia psíquica 
  • A fenomenologia psíquica que expande a variedade de experiências conscientes 
  • Surge a física quântica 
  • Discussão Final 
  • Referências.
O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo do mesmo ponto; chegados a certa distância, um diz: “Não posso ir mais longe”; o outro continua sua rota e descobre um mundo novo. Por que, pois, o primeiro diz que o segundo é louco, pois este, entrevendo novos horizontes, quer franquear o limite onde o outro acha conveniente se deter? (A. Kardec)
Introdução

Desde seu aparecimento com Allan Kardec, o Espiritismo expandiu consideravelmente nossa compreensão a respeito de uma multiplicidade de fenômenos naturais e ocorrências anômalas, antes consideradas como pertencente ao reino do maravilhoso e do sobrenatural. Alguns desses fenômenos foram, em parte, considerados recentemente na parapsicologia, mas são sistematicamente desprezados pelo status quo acadêmico, que está exclusivamente voltado para o desenvolvimento de seus próprios paradigmas. Diante da proposta espírita, que tem na imortalidade e reencarnação suas maiores bandeiras, como podemos compreender as pesquisas recentes no campo da consciência e da mente? Que contribuições se pode esperar do Espiritismo para as futuras teorias da mente? A física quântica representa uma nova abordagem em direção a vias não materialistas de se compreender a mente? Este texto tem como objetivo dar subsídios ao leitor na tentativa de resposta a algumas dessas questões. Embora não tenhamos hoje uma teoria suficientemente abrangente para a mente, defendemos aqui a noção de que não é possível desprezar os fenômenos psíquicos (mediunidade, experiências fora do corpo, experiências de quase morte etc) que terão papel fundamental na gênese de abordagens científicas completas para o fenômeno da consciência, que surge como última fronteira ainda inexplorada da ciência. 

As diversas abordagens da mente que não consideram a fenomenologia psíquica.

Teorias recentes sobre o cérebro consideram seu funcionamento dentro do paradigma materialista, que é essencialmente monista, ou seja, consideram a consciência como uma consequência, como algo que resulta de outro, não como causa ou princípio irredutível. A consciência é vista como produto de atividades básicas do cérebro, onde neurônios, sinapses e, principalmente, o arranjo das ligações entre um número muito grande de estruturas cerebrais fundamentais têm papel fundamental. À complexidade dos sinais que se propagam através de vias de comunicação do cérebro e do sistema nervoso é creditada a variedade, colorido e exuberância das experiências da consciência. Também chamada de teoria da identidade mente-cérebro, sua maior promessa é reduzir todas as múltiplas experiências mentais a funções mais ou menos elementares entre os diversos constituintes do cérebro. Assim, da mesma forma como a função do estômago é produzir a digestão, o do cérebro seria produzir a experiência consciente. A força da abordagem monista da mente está no sucesso recente do fisicalismo e do reducionismo, que possibilitaram desenvolver métodos e explicações para muitos fenômenos da matéria. É uma crença nas neurociências que essa redução a leis e interação entre átomos, que teve tanto sucesso na explicação do comportamento da matéria bruta, possa ser estendida com igual sucesso para a ‘matéria pensante’.

Consideremos brevemente o paradigma mais recente das redes neurais como modelo de ‘processamento’ que ocorrem em todo o sistema nervoso central e periférico. Esse paradigma engloba em parte a noção de ‘inteligência artificial’ (Haykin, 1994; McCulloch e Pitts, 1943). Um neurônio é, essencialmente, uma unidade de processamento elementar que integra sinais elétricos que chegam a ele (por meio das chamadas ‘entradas sinápticas’) e que retorna um sinal elétrico de saída que se propaga ao longo de uma fibra da célula nervosa chamada axônio. No corpo celular, onde se dá a integração dos sinais provenientes das sinapses, ocorre o processamento das entradas e o sinal de saída depende de um potencial interno de ativação. Ao se agrupar conjuntos de neurônios em camadas – cada neurônio recebendo as mesmas entradas – é possível modelar o processo de aprendizado que se reduz a um problema de otimização (Rosenblatt, 1958). Acredita-se que o cérebro, sendo formado por aglomerados compactos de bilhões de células nervosas, opere em escala microscópica o processamento de sinais que chegam a cada um dos nervos do sistema nervoso periférico. Desenvolvimentos recentes em redes neurais mostraram que essas redes podem ser classificadas em dois tipos: redes de propagação avançada (feedforward propagation) e redes recorrentes. Essas últimas diferem das primeiras por permitirem que sinais de saída de um dado neurônio alimentem, como entrada, outros neurônios de uma mesma camada e o próprio neurônio. Em outras palavras, redes recorrentes admitem feedback ou realimentação. Neurônios biológicos são todos do tipo recorrente, ou seja, o processamento da informação (que, segundo esse modelo está armazenado nos pesos sinápticos e potenciais de ativação de cada célula nervosa) faz uso maciço de realimentação. Além disso, ele também utiliza processamento paralelo. Embora a eficiência computacional de redes neurais seja inferior a outros tipos de processadores (numa comparação com processadores eletrônicos), acredita-se que a quantidade gigantesca de células e conexões neurais, o paralelismo e uso de realimentação torne o cérebro um dispositivo único, no que diz respeito ao tratamento de grandes quantidades de informação. Os desenvolvimentos em redes neurais mostraram que é possível dividir o processo de aprendizado em vários tipos (com ou sem supervisão externa) e os estudos mais interessantes ocorreram no campo da neurodinâmica, com aplicações em redes recorrentes. Acredita-se que a nonlinearidade intrínseca das redes com realimentação e seu elevado número de conexões seja a principal fonte de riqueza de informação no cérebro (Hopfield, 1982). Essa não linearidade é fonte de caos clássico, sendo possível encontrar descrições deterministas da dinâmica entre neurônio, onde o processo de lembrança é visto como um problema de convergência de estados mentais em torno de mínimos de energia e bases de atratores caóticos (Hopfield e Tank, 1986). O determinismo implícito nesses modelos de dinâmica entre neurônios é pontuado pela influência do ruído, que é tomado como fonte de aleatoriedade e, portanto, origem do livre-arbítrio do ser pensante na visão reducionista da mente. 
Um diagrama esquemático de uma rede neural com realimentação. Os sinais de entrada (x1, x2 e x3) são misturados aos sinais de realimentação que vêm de cada neurônio (cujos centros são representados pelos círculos com o sinal de "+"). As saídas, y1, y2 e y3 são, portanto, não apenas função da entrada. Esse tipo de arranjo (conhecido como "rede de Hopfield") cria não linearidades e comportamento aleatório, fornecendo um paradigma para explicar, talvez, o livre arbítrio (?). Embora sua simplicidade, esse tipo de rede estaria na base de todas as estruturas do sistema nervoso.
Embora o grau de sofisticação dos modelos numéricos em neurodinâmica, o problema central da consciência permanece, uma vez que não é possível associar o trânsito de informação (na forma de sinais elétricos) entre neurônios, com a riqueza exibida pelos estados de consciência, conforme explicaremos mais adiante.  Assim, em paralelo com os recentes desenvolvimentos das neurociências, permanece o paradigma dualista como abordagem alternativa para a consciência. Diferente da abordagem monista, para a qual a consciência é um produto de arranjos específicos entre elementos fundamentais que formam o cérebro, no dualismo não se pode reduzir a mente a um arranjo desses elementos, por mais complexos que sejam. O ser humano (e, muito possivelmente a imensa maioria dos animais) é, em essência, um sistema dual, composto de matéria, que forma a contraparte tangível, e espírito (ou a mente) que interage, através de um mecanismo especial, com a matéria, mas que é, ele mesmo, intangível. Isso significa que não é possível registrar o espírito da mesma forma como se faz com a matéria, apenas suas manifestações são percebidas. Em uma variedade especial de dualismo, o espiritualismo admite que esse princípio, que carrega a consciência, é independente da matéria, o que possibilita ao primeiro sobreviver à decomposição da última com o fenômeno chamado ‘morte’.

Em princípio, seria possível contrapor o dualismo ao monismo fisicalista, considerá-los como duas explicações antagônicas para a mente, mas, isso não é verdade. O grande psicólogo americano William James brilhantemente construiu um paralelo para explicar como o cérebro pode ser visto como um órgão transmissivo da consciência, que existiria em um espaço inacessível, mas que, por meio do cérebro, se manifesta no mundo. Ele considerou o exemplo do prisma óptico, que é capaz de separar a luz branca em suas cores fundamentais. A luz é a verdadeira causa do espectro que, apenas pelo prisma pode ser decomposta. Assim, também, a consciência é uma manifestação, através do cérebro, do espírito que, de outra forma, não pode se manifestar. Portanto, considerar a consciência como origem no cérebro é tão equivocado quanto acreditar que o prisma gere as cores do espectro da luz branca. Modernamente, esse paralelo ganhou novas versões através dos dispositivos de telecomunicações. Portanto, à crítica materialista de que o cérebro é a verdadeira fonte da consciência porque, uma lesão nele, leva a sequelas mais ou menos graves nas manifestações da consciência, pode-se contrapor a noção do cérebro como órgão de transmissão das funções da consciência, que têm sua origem em uma mente fora do cérebro. Alias essa noção já se encontra bem desenvolvida em ‘O Livro dos Espíritos’ (Kardec, 1949), conforme se pode ler no Capítulo VII, ‘Da volta do Espírito à vida corporal’, ‘Influência do organismo’ (Questões 367-370 e 375). Portanto, há uma dinâmica de sinais entre neurônios, no cérebro, que é necessária para facultar a manifestação do verdadeiro ser pensante que é a fonte da consciência.

De um ponto de vista puramente filosófico, o reducionismo fisicalista e o dualismo permanecem como as principais teorias da mente, embora outras abordagens também existam como o Behaviorismo analítico, o funcionalismo e o monismo não redutivo (Maslin, 2001). Todas elas mais ou menos pregam o caráter irredutível da mente, sem postular a existência de um elemento independente da matéria. Uma teoria suficientemente abrangente da mente deve ser capaz de explicar os diversos aspectos da consciência que, conforme Maslin (2001), podem ser sumariamente descritos por: 

i) sensações (dores e prazeres, por exemplo); 
ii) cognições (acreditar, saber, compreender, raciocinar etc); 
iii) emoções (medo, ciúme, inveja, raiva etc); 
iv) percepções (visão, audição, paladar etc); 
v) estados de quase percepção (sonhar, imaginar, ‘ver com os olhos da mente’ etc) e 
vi) estados conativos (querer, intentar, desejar etc). 

No caso das sensações, por exemplo, essa teoria deve explicar e justificar a existência e variedade dos qualia ou modo peculiar pelo qual as sensações se apresentam ao ser pensante. Tal tarefa presentemente nem de longe foi realizada, considerando outros aspectos da experiência consciente, além dos qualia, tais como: não localidade (embora seja possível localizar alguns sensações, não tem sentido falar em localização das emoções, dos estados de quase percepção etc); caráter disposicional de crenças, memórias e conhecimentos (em um dado instante, é possível saber algo sem se estar ciente disso naquele instante); intencionalidade (que é característico dos estados conativos, mas, por exemplo, não das sensações); perspectivas de primeira e terceira pessoa (só eu, por exemplo, sei das minhas próprias experiências, mas apenas conheço as manifestações da consciência dos outros por meio das minhas percepções e cognições); além do aspecto de translucidez, que está intimamente associado ao caráter de primeira pessoa da experiência consciente e do caráter holístico dos estados intencionais que estão ausentes, por exemplo, nas sensações (Searle, 1984).

Próximo post: A fenomenologia psíquica que expande a variedade de experiências conscientes.

Nota

(1) - Revue trimestrelle: 157 année - Revue Spirite - Journal d'Études Psychologique.
(2) - http://www.larevuespirite.com/home.php

16 de abril de 2014

Como detectar espíritos


 "A Ciência enganou-se quando quis experimentar os Espíritos, 
como o faz com uma pilha voltaica; foi mal sucedida 
como devia ser, porque agiu pressupondo uma analogia 
que não existe". (A. Kardec, 1)

Em comemoração aos cem mil cliques no "Era do Espírito".
Durante séculos, filósofos se debruçaram sobre o problema da alma como elemento constitutivo do ser humano. Ainda hoje, a neurologia tenta identificar áreas no cérebro responsáveis pelo pensamento, vontade, sentimento e impressões dos sentidos através de observações de padrões neuronais em imagens de tomografia. A parapsicologia busca evidências diretas, daquilo que seja detectável e mensurável, nas várias "anomalias" da chamada "paranormalidade". Apenas tateia o elemento espiritual, considerado uma "hipótese" em suas muitas propostas de estudo empírico, carentes de uma verdadeira teoria (2). Pode-se dizer sem receio de errar que todas as tentativas de "singularizar" o elemento espiritual, tão só usando métodos ou paralelos com o elemento material, falharam até hoje.

Por que isso acontece? Como podemos detectar de verdade espíritos? Discutir isso é o objetivo deste post.

Com a palavra, George Berkeley 
George Berkeley (1685-1753).

Mais recentemente, o filósofo Silvio Chibeni (3) ressaltou que, na filosofia, contribuições importantes foram dadas ao assunto o que é, infelizmente, ignorado por pesquisadores modernos. Por exemplo, na obra "Tratado concernente aos princípios do conhecimento humano" de George Berkeley (3), Chibeni destaca:
Um espírito é um ser ativo simples e não dividido. Enquanto percebe ideias, chama-se entendimento; e enquanto as produz ou opera sobre elas, vontade (will). Logo, não se pode formar uma ideia de uma alma ou espírito. ... A natureza do espírito é ... tal que não pode, em si mesmo, ser percebido, sendo-o apenas pelos efeitos que produz. (4) 
Da opinião de que espíritos devem ser conhecidos da mesma maneira que uma ideia ou sensação surgiram muitos princípios absurdos e heterodoxos, bem como muito ceticismo sobre a natureza da alma.
É até mesmo provável que tal opinião tenha levado alguns a duvidarem se eles têm, afinal, uma alma distinta de seus corpos, ao não conseguirem descobrir, dela, alguma ideia. (5)
Do que vimos, fica claro que não podemos conhecer a existência de outros espíritos senão por meio de suas operações, ou ideias por eles excitadas em nós. Percebo diversos movimentos, alterações e combinações de ideias, que me informam que há certos agentes particulares semelhantes a mim, que as acompanha e contribui para sua produção. 
Portanto o conhecimento que tenho de outros espíritos não é imediato, como o conhecimento de minhas ideias, mas depende da intervenção de ideias que eu possa relacionar a agentes ou espíritos distintos de mim, na qualidade de efeitos ou signos concomitantes. (6)
Nossos processos mentais acontecem através de uma gama de operações que incluem vários elementos cognitivos, sendo as "percepções" apenas alguns deles. Podemos pensar sobre algo, sentir, lembrar coisas, desejar, querer etc. Percebemos a matéria com nossos sentidos. Vejo, por exemplo, um belo vaso com algumas rosas muito vermelhas (Fig. 1). Posso sentir o cheiro das rosas e até mesmo a dor provocada pela penetração de seus espinhos em minha pele.

Consulto um livro de matemática e geometria e nele vejo uma figura com um triângulo retângulo cujos lados projetam áreas quadradas. A soma dos lados menores é sempre exatamente igual ao lado maior (hipotenusa). Com meu raciocino, além de inspecionar a figura, entendo o teorema de Pitágoras (Fig. 1).

Uma poesia é um conjunto de símbolos gráficos sobre uma folha de papel ou projetados em uma tela. Com meus olhos, enxergo os traços. Com meus dedos posso tocar o papel ou sentir seu cheiro. Com meu entendimento, porém, acesso o conteúdo da mensagem (Fig. 1) e posso ser levado a sentir algo mais, caso esse conteúdo, primeiramente acessado pelo raciocínio, reverbere em minhas memórias evocando outros sentimento mais profundos.

Percebemos que as "capacidades de minha mente" não se restringem apenas aos sentidos ordinários ou a meras operações mentais. Mesmo no caso das rosas, pode até acontecer que o cheiro delas evoque alguma memória anterior, que me faça lembrar algo distante no tempo.

Analisemos agora a proposição de "detectar um espírito". Esse é um elemento para o qual não está garantido que sua apreensão será semelhante ao caso do vaso de flores! Filósofos empiristas do Século XVIII estavam interessados em explorar os limites das capacidades de apreensão humana e, por isso, o veredito de Berkeley com relação aos espíritos. Eles sabiam que havia limitações não só aos sentidos ordinários, mas também que nem tudo, para existir, teria que ser exclusivamente apreendido apenas até o limite desses sentidos.

Berkeley nega que espíritos tenham que ser percebidos necessariamente tanto como sensações como ideias. "...não podemos conhecer a existência de outros espíritos senão por meio de suas operações, ou ideias por eles excitadas em nós", diz ele com razão.  As observações de Berkeley são muito atuais, mas jazem esquecidas e, por isso, estão na gênese do atraso de muitas propostas de pesquisa da realidade espiritual.
Fig. 1 Categoria de "coisas" que existem e que são apreendidas de forma diferente pela mente: um vaso de flores, o teorema de Pitágoras e uma poesia de Carlos Drummond de Andrade. Se essas coisas, para existir, não se manifestam à mente da mesma forma, porque o espírito teria que ser acessível apenas através dos sentidos?

E os efeitos físicos?

Por uma dificuldade de compreensão, muitos pesquisadores e entusiastas de fenômenos paranormais ("caça fantasmas", "pesquisadores de casas mal-assombradas" etc) partem de uma analogia que simplesmente não existe no caso dos espíritos - se é que, de fato, consideram sua existência - a de que ele seria detectável diretamente. Assim, se o leitor deste post queria ver discussões de equipamentos e técnicas para a detecção de espíritos, nosso texto não apresenta nada disso. Mas, cremos ter trazido algo muito melhor. Aqui devemos, porém, fazer uma observação.

É verdade que fenômenos de efeitos físicos existem que podem fornecer, diretamente, evidências de fenômenos que impressionam muito os sentidos. Esse é um tipo bastante raro de mediunidade (7), mas é conveniente que a pesquisa em Espiritismo não ficasse exclusivamente presa a eles. Se ponderarmos bem, essas são evidências "intermediárias", porque ocorrem por intermédio de médiuns, logo não são evidências diretas, embora possamos ser levados a imaginar isso.

Portanto, o espírito não pode ser detectado como se faz com constituintes da matéria, por exemplo, como elementos químicos (2), mesmo que altamente dissolvidos ou com traços de apenas algumas poucas moléculas. Esse fato extremamente simples, mas de amplitudes avassaladora, é muito mal compreendido pela esmagadora maioria. Lembramos que Kardec (8) tinha ciência completa desse problema:
As ciências ordinárias assentam nas propriedades da matéria, que se pode experimentar e manipular livremente; os fenômenos espíritas repousam na ação de inteligências dotadas de vontade própria e que nos provam a cada instante não se acharem subordinadas aos nossos caprichos. As observações não podem, portanto, ser feitas de mesma forma; requerem condições especiais e outro ponto de partida. Querer submetê-la aos processos comuns de investigações é estabelecer analogias que não existem. A Ciência, propriamente dita, é, pois, como ciência, incompetente para pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter.
A palavra "detecção" deve portanto ter seu conteúdo semântico expandido para dar conta de uma nova classe de manifestações. Não é que o espírito seja absolutamente indetectável, mas é que, ponderamos, sua evidências são de ordem completamente nova. Vamos estudar um pouco mais sobre isso em um futuro post.

Referências e notas
  1. A. Kardec. "O que é Espiritismo"
  2. Doze obstáculos ao estudo científico da sobrevivência e à compreensão da realidade do Espírito.
  3. S. Chibeni. "A pesquisa científica do espírito". Disponível neste link: http://www.geeu.net.br/artigos/espirito-fcm2010.pdf
  4. G. Berkeley (1710), "A Treatise concerning the Principles of Human Knowledge", § 27;
  5. Ver (3), § 137
  6. Ver (3), § 145
  7. Pelo menos considerando um indivíduo com faculdades sensoriais "normais". A mediunidade parece ser uma extensão não ordinária dos sentidos. Ver SKL#02 A. Xavier (2012). The Non-observable Universe and an Empirical Classification of Natural Phenomena.
  8. A. Kardec. "O Livro dos Espíritos". Introdução ao estudo da Doutrina Espírita. VII.