"O naufrágio", J. M. William Turner (1805). |
No céu nenhuma estrela!... As ondas furiosas se quebram, franjando de espuma as pontas dos rochedos! Os ventos desencadeados e a tempestade que urra abafam os gritos dos náufragos e os apelos apressados do canhão da angústia!... De um lado, a rocha que esmaga, do outro, o abismo que devora!...
Alguns homens corajosos, colocados na mastreação, percebem ao longe uma pálida e trêmula luz! Seria o farol? Pobre navio, tantas vezes enganado na espera, não ousas dirigir-te até ele, e, entretanto, esse ponto luminoso te atrai como se fosse o termo de teus perigos!
Ó náufragos, qual seria dentre vós o insensato que nessa hora de tempestade não quereria curvar a fonte e orar? Não é ela toda-poderosa, essa humilde prece que sobe até o Criador e faz raiar sobre vós, nesse momento de dúvida tenebrosa, a inspiração que salvará a todos! Essa claridade interior vos mostrará vosso navio, ao invés de correr sobre escolhos, ir diretamente para o porto!...
Marinheiros, orem e lutem contra os elementos furiosos, lutem, pois o porto lá está!... Com o porto, a salvação e a vida, o novo mundo, o país tão procurado, o Sol, os belos dias, o calor vivificante, as fontes frescas, as sombras, os frutos saborosos, a rica natureza, o sedutor desconhecido, as descobertas, os estudos, o objetivo da viagem!...
Amigos, certamente compreendereis meu pensamento e nesse navio perdido, reconhecereis a sociedade moderna. Oh, sim, a tempestade bufa, o vento das paixões ruge, a incredulidade obscurece os grandes pensamentos, apaga as altas aspirações! Mas Deus ouve o grito dos náufragos: a prece de alguns deles e a radiosa claridade de sua Doutrina dissiparão a tempestade, acalmarão os ventos e iluminarão a noite!
Vós que começais a perceber o farol, devotai-vos para salvar a tripulação, dai coragem, esperança, fé aqueles e a quem falta, tomai nas mãos o leme, a inteligência, a fim de dirigir todos para a luz, para o progresso, para a salvação!
Mensagem do Espírito Vergniaud recebida por M. W. Krell em março de 1873. Reproduzido com algumas modificações de "Reflexos da Vida Espiritual", 1a Ed., CELD (2002)
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