19 de janeiro de 2015

Descrição da morte (por A. Jackson Davis)


"De manhã, nada resolvas fazer contra, mas tudo faça pelo Reino dos Céus na Terra.
À noite, retira-te em paz contigo mesmo - paz com todo o mundo.
Contenta-te com o passado e com tudo que ele te trouxe.
Agradece ao presente pelo que tens.
Sê paciente com o futuro e com o que ele te promete trazer." 
(A. Jackson Davis)

Andrew Jackson Davis (1826 – 1910) foi um grande médium norte americano, considerado o "João Batista" do Espiritismo [1]. É dele que apresentamos abaixo um interessante texto [2] em que narra  o que viu estado mediúnico durante o processo de desencarnação de uma pessoa.  Essa descrição obviamente não se aplica a todos os tipos de morte ou de pessoas (ele mesmo explica no texto as condições). Tradução de A. Xavier.
A morte é palavra para significar "fim da vida", usada por aqueles que não conseguem ver que a morte é, na verdade, "o começo da vida" e a entrada do saguão sagrado da eternidade. Mas, penetremos em sua visão, no que há além do véu.
A pessoa agora agoniza no que é para ser uma morte rápida. Observe algo em sua temperatura. Os pés estão frios; as mãos quentes e macilentas; uma frieza pervade seus dedos. Vejam. O que é aquilo que se acumula no ar, acima da cabeça sobre o travesseiro? É uma emanação etérea - um halo magnético dourado - uma atmosfera pulsante quase auto consciente.
A temperatura do corpo agora abaixa rapidamente. A frieza se estende algo acima, dos pés aos joelhos, das pontas dos dedos aos cotovelos enquanto que, na mesma razão, a emanação ascende ainda mais alto sobre a cabeça. O frio agora se estende dos braços aos ombros, das pernas à cintura; e a emanação, embora não mais elevada no ar, está um pouco mais expandida, é um centro compacto que se assemelha a um núcleo brilhante como um sol em miniatura. O foco central brilhante é bem em verdade o cérebro do novo organismo espiritual que se forma.
O frio da morte agora se estende aos peitos em torno do qual a temperatura se reduz bastante. Vejam agora! A emanação contém a mesma proporção de cada princípio que compõe a alma - movimento, sensação vital, éteres; essências, magnetismo vital, eletricidade vital, instintos - e, bastante aumentada pela ascensão, ela flutua como uma massa compacta a ocupar agora mais elevação próxima ao teto. 
Agora os pulmões pararam de respirar, o pulso se foi, o coração não mais bate; enquanto isso, as células do cérebro, o corpus callosum, a medula, a coluna vertebral e os gânglios se iluminam em contrações e expansões que pulsam de leve e parecem governadas por si mesmas, como por um tipo de automatismo auto-consciente. Vejam! A substância cinzenta do cérebro pulsa em seu interior - uma pulsação lenta, discernível e profunda - não dolorosa - como pesada mas harmoniosa movimentação do mar. 
Vejam! A emanação exaltada, obediente a suas próprias leis imutáveis agora se alongou e adquiriu posição em ângulo reto em relação ao corpo horizontal mais abaixo. Observem! Vejam como o perfil de uma bela figura humana se forma a partir da emanação. Ela prende o que está acima à medula e ao corpus callosum de dentro do cérebro por um cordão branco .
Você pode ver que um fio vital muito fino ainda conecta os vórtices e as fibras centrais ao cérebro moribundo com as extremidades inferiores da figura humana projetada na atmosfera. Não obstante esse fio vital, que age como um  condutor telegráfico - transportando mensagens em direções opostas no mesmo instante - é possível ver que a sombra envolvida em emanação dourada continua quase que imperceptivelmente a ascender.  
Lá, o que se vê agora? Uma cabeça humana simetricamente igual a outra, acima da massa e elevando-se lenta e admiravelmente da nuvem dourada de princípios substanciais. E agora surge o esboço de um semblante espiritual - face serena e cheia de beleza que desafia a capacidade de descrição das palavras. Vejam de novo! Emergem o pescoço e os belos ombros e mais! um após outro, em rápida sucessão, surgem todas as partes de um novo corpo, como que influenciados ou dirigidos por uma varinha mágica, uma imagem brilhante, totalmente natural, mas espiritual, uma perfeita cópia do corpo físico abandonado, um reencenamento de pessoa nas vizinhanças do céu, preparada para acompanhar o grupo celestial de inteligências superintendentes do paraíso.  
E o que foi aquilo? Em um piscar de olhos o fio telegráfico vital foi cortado -  partículas e princípios foram imediatamente atraídos para cima e absorvidos pelo corpo espiritual - de forma que a nova organização está livre da gravitação terrestre, ela está instantânea e absolutamente independente dos pesos e cuidados que tão firmemente a prendiam à Terra. [Somente se libertam assim na morte aqueles que agiram de forma correta. Qualquer paixão cativante, último sentimento de dever não cumprido, de injustiça cometida, é suficiente para manter o espírito preso à Terra, como um navio atado por grande âncora. Somente os puros tornam-se livres.]
Eis aqui um corpo espiritual, substancial e imortal. Semeado na escuridão e na desonra, ele agora é colhido na beleza e na claridade. Vejam que contraste - uma diferença muito grande - entre um e outro. Percorram com os olhos a sala. Há muitos amigos, parentes idosos, crianças na câmera da morte, eles choram sem o conforto ainda que da fé cega; enlutam-se trocando sussurros de esperança entre ouvidos que duvidam; reúnem-se em torno do prostrado, corpo frio; pressionam as pálpebras daqueles olhos agora cegos; em silêncio e pesar deixam a cena; e agora outras mãos dão início às preparações com as quais os vivos consagram a morte.
Mas, abramos nossos olhos maiores que teremos um dia quando revestidos pelos paramentos da imortalidade. Vejam! O novo corpo espiritual formado - rodeado por grupo de anjos guardiões - move-se com graça em direção às praias celestiais. A personalidade emergida segue uma corrente vibratória de atração magnética que notamos penetrar no recinto e se ater ao cérebro  do ressurreto enquanto agonizava o corpo. Ela desce a partir do sensorium das inteligências superiores - uma  corrente fibrosa de luz telegráfica - enviadas de cima, para saudar com amor e guiar com sabedoria o recém ressuscitado.  Essa corrente amorosa, alimentada por pensamento, guia tranquilamente o recém emergido para cima e mais além.  
Por terras aveludadas e campos floridos do país celeste, um arco de promessa eterna torna-se visível e pende, preenchendo com beleza indescritível o oceano dos céus, a cobrir com amor infinito as zonas imensuráveis de Além-Túmulo.
Referências
  1.  http://www.andrewjacksondavis.com/articles.htm
  2. M. Tymn's blog (2014). The Death Process as Described by Andrew Jackson Davis


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