28 de janeiro de 2012

Convite antecipado para participação do 8o ENLIHPE (2012)


Desde 2003, o Encontro Nacional ENLIHPE tem sido o espaço de encontro da LIHPE - Liga de Pesquisadores do Espiritismo. A Liga é um grupo virtual de pessoas interessadas no estudo do Espiritismo nos moldes acadêmicos. Isto quer dizer que se estuda a temática espírita de acordo com regras acadêmicas. Os membros não necessitam ser espíritas para participar, basta que respeitem os códigos de conduta do grupo e obviamente tenham interesse no Espiritismo.

A LIHPE foi criada para incentivar o registro e discussão da história do Espiritismo, e aos poucos, foi agregando interessados que trabalhavam na fronteira entre o Espiritismo e as chamadas áreas do conhecimento: filosofia, física, psicologia, ciências sociais, antropologia e muitas outras.

Desde seu fundador, Eduardo Carvalho Monteiro, percebeu-se que apenas o intercâmbio à distância é insuficiente para estabelecer grupos de trabalho e aproximar os membros. Foi então criado o ENLIHPE, que é o encontro nacional, este de caráter presencial.

São Paulo abriu  as portas para o ENLIHPE, especialmente o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - CCDPE, que é uma casa fundada com o esforço de muitas pessoas e o acervo bibliográfico e documental do Eduardo, doado após a morte.

Há quatro anos as paredes do Centro de Cultura têm recebido membros da LIHPE e outros interessados dos quatro cantos do país. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Piauí, Ceará, Bahia e Goiás são alguns dos estados que já enviaram representantes ou expositores, ou mesmo participantes para o evento. Houve a presença de um antropólogo italiano na participação do evento e o intercâmbio posterior possibilitou a publicação de um trabalho monográfico na área da antropologia em seu país.

Se você tem algum trabalho na fronteira entre o Espiritismo e as ciências reconhecidas pelo CNPq e até outras não reconhecidas (como é o caso da parapsicologia), comece a preparar seu artigo para submissão. O ENLIHPE ocorre tradicionalmente em Agosto (este ano ocorrerá em 18-19 de Agosto) de forma que ainda tem muito tempo para participar. Evite, porém, deixar para a última hora. Mais informações sairão no site da LIHPE: www.lihpe.net

Texto adaptado a partir de original enviado por  Jader Sampaio.

22 de janeiro de 2012

Crenças Céticas XVIII - O que o ceticismo dogmático produz de útil ?

Um tema que passa muitas vezes despercebido nas discussões céticas versa sobre as consequências de longo prazo da postura cética em relação aos fenômenos psíquicos e, porque não, com outras ocorrências anômalas que sabemos existir no mundo. De forma mais geral, quais são as consequências práticas do ceticismo, se principalmente dogmático, para o avanço do conhecimento humano? Será que ele é capaz de produzir algo útil, além de mais adeptos a sua escola? 

Se tivéssemos que investir tempo e recursos para a pesquisa de novos fenômenos, de novas realidades além do que conhecemos de forma ordinária, no que investiríamos: numa postura que aceita a realidade deles ou que os nega de forma peremptória? Qual dessas posturas será capaz de fazer nosso conhecimento avançar com relação a esses fenômenos? Podemos também encarar essa última questão como a proposta para uma competição: daqui para frente veremos quem consegue, seguindo cada qual sua maneira de encarar as coisas, realmente produzir algo útil.

Porque conhecimento só tem valor se for útil

Não há nenhuma dúvida de que a ciência moderna só conseguiu chegar no ponto de desenvolvimento presente porque ela se constituiu em um método capaz de gerar conhecimento útil. Hoje, o desenvolvimento científico só acontece a partir de uma decisão de investimento. Depois de uma descoberta científica, qualquer que seja ela, a pergunta crucial é: ok, o que podemos fazer de bom com isso? Qualquer fundo privado, por exemplo, somente irá investir em ideias que se possam mensurar em termos de retorno financeiro, desde que produzam algo que tem valor para alguém, algo que pode ser "comercializado". Isso se torna ainda mais forte em períodos de crise econômica e aversão ao risco.

Alguns analistas erroneamente consideram que a tecnologia moderna é fruto de uma ciência cética e materialista. Isso está longe de ser verdade. O desenvolvimento tecnológico é fruto da ciência aplica e de decisões de investimento calcadas em análises de mercado onde o objetivo é certamente o lucro financeiro. Empresas organizam suas atividades de "P&D" (pesquisa e desenvolvimento) de forma a maximizar o retorno de capital em projetos de pesquisa que tragam claramente vantagens de crescimento para a empresa. Portanto, aquilo que se oferta em tecnologia depende da existência de claras oportunidades de mercado. A existência de mercados para determinados produtos tecnológicos, impulsiona o desenvolvimento da ciência aplicada em um ciclo virtuoso, mas que eventualmente tem o seu fim com a descoberta ou desenvolvimento de novas tecnologias. 

Desta forma, grande parte do avanço tecnológico moderno está sendo feito a partir de pesquisas aplicadas dentro de corporações privadas, onde o conhecimento gerado dificilmente se torna público. Assim, há uma grande quantidade de conhecimento genuíno e útil fora do ambiente acadêmico, o que torna difícil defender o ponto de vista limitado de que avanços tecnológicos foram frutos de pesquisas acadêmicas tão somente. Esta última é, majoritariamente, apoiada por recursos estatais, onde as decisões de investimento são tomadas a partir de outros critérios (por exemplo, acadêmicos) que não o da utilidade pública ou do mercado.


Por que essa discussão é importante? Em um sentido mais amplo, nossa postura sobre o mundo também pode ser vista como uma decisão de investimento. Essa é, por si só, uma maneira pragmática de se decidir no que acreditar. Trata-se de se escolher aquela postura que fará o conhecimento não somente crescer, mas produzir algo prático à sociedade. Por 'conhecimento útil' entendemos assim o conhecimento que seja capaz de:
  • Gerar mais conhecimento que, por sua vez, também deve ser útil a alguém;
  • Gerar métodos ou procedimentos capazes de melhorar a vida das pessoas.
Historicamente, céticos (um exemplo é Carl Sagan) tem se colocado contra o estudo da fenomenologia psíquica por entenderem que ele deriva de uma maneira arcaica de ver o mundo. Muitos céticos extremados acreditam-se investidos da função de críticos contrários a essa visão arcaica e irracional que estaria ameaçando nossa sociedade. Criaram um duelo fictício entre uma sociedade tecnologicamente avançada e outra que se torna marginalizada por conta na crença na existência de fatos e coisas que eles consideram sem fundamento. A utilidade, assim, desse ceticismo, seria livrar a sociedade moderna do 'perigo de se retornar à idade das trevas', que se constitui, claramente, numa crença sem fundamento e até mesmo ingênua. Outros céticos  temem, na verdade, que recursos financeiros sejam desviados de seus temas preferidos de pesquisa e conhecimento. 

Uma busca minuciosa por uma aplicação prática desse tipo de ceticismo dificilmente resultará em algo além da proposição 'livrar as pessoas da ignorância, evitar com que a sociedade caia de novo nas trevas, evitar que sejamos enganados' e coisas desse tipo. O medo maior de todo cético extremado é 'ser enganado', esquecendo-se que ele se engana a si mesmo. 

O ceticismo exagerado é, pois, uma postura infértil, incapaz de gerar conhecimento útil e que só serve para cumprir determinados propósitos fechados em si mesmo.

Do que a história do ceticismo está cheia.

A. R. Wallace (1) descreve num relato breve o maior papel desempenhado pelo ceticismo na história do desenvolvimento tecnológico e científico moderno. É possível assim traçar, na história da Ciência, o verdadeiro papel desempenhado por essa maneira peculiar de ver o mundo.
"Não é necessário mais do que referir-se aos nomes universalmente conhecidos de Copérnico, Galileu e Harvey. As grandes descobertas que fizeram, como sabemos, foram violentamente combatidas por todos os seus contemporâneos do meio científico, para quem elas pareceram absurdas e inacreditáveis; mas nós temos exemplos igualmente contundentes muito mais próximos aos nossos dias. Quando Benjamin Franklin trouxe o assunto dos condutores de raios ante a Sociedade Real, ele foi ridicularizado como se fosse um sonhador, e seu artigo não foi aceito para a revista Philosophical Transactions. Quando Young propôs suas provas maravilhosas da teoria ondulatória da luz, ele foi igualmente vaiado como absurdo pelos populares escritores científicos de sua época[1]. A revista Edimburg Review exortou o público a colocar Thomas Gray “em saia justa” por sustentar a praticabilidade das estradas de ferro. Sir Humphrey Davy riu da ideia de Londres ser sempre iluminada com gás. Quando Stephenson propôs empregar locomotivas nas estradas de ferro de Liverpool e Manchester, os homens instruídos colocaram em evidência a impossibilidade de se locomover a doze milhas por hora. Outra grande autoridade científica declarou ser igualmente impossível navios a vapor oceânicos cruzarem o Atlântico. A Academia Francesa de Ciências ridicularizou o grande astrônomo Arago quando ele desejou discutir sobre o assunto do telégrafo elétrico. Médicos ridicularizaram o estetoscópio quando ele foi descoberto. Operações sem dor durante o transe mesmérico foram consideradas impossíveis, e depois imposturas. 
Mas um dos mais formidáveis, por se tratar de um dos mais recentes casos de oposição, ou pelo menos descrença em fatos que se opunham à crença corrente de sua época, entre homens que estão geralmente encarregados de ir mais distante na outra direção, é o da doutrina da “Antiguidade do Homem”. Boué, um experiente geólogo francês, em 1823 descobriu um esqueleto humano a oitenta pés de profundidade no loess ou lodo endurecido do rio Reno. Foi enviado para o grande anatomista Cuvier, que desacreditou completamente do fato. Ele considerou este fóssil como sem valor, como se fosse inútil, e o perdeu. Sir C. Lyell, a partir de uma pesquisa pessoal no local, agora acredita que as afirmações do observador original eram bastante precisas. Nos idos de 1715, armas de pedra foram encontradas com o esqueleto de um elefante em uma escavação em Inn Lane, na região de Gray, na presença do Sr. Conyers, que as colocou no Museu Britânico, onde elas permaneceram completamente sem notícia até muito recentemente. Em 1800, o Sr. Frere encontrou armas de pedra juntamente com os restos de animais extintos em Hoxne, Suffolk. De 1841 a 1846, o célebre geólogo francês Boucher de Perthes descobriu grandes quantidades de armas de pedra nos aluviões de cascalho do norte da França; mas por muitos anos ele não conseguiu convencer nenhum de seus colegas, homens de ciência, que se tratava de trabalhos de arte, nem mereceu a mais leve atenção. Por fim, contudo, em 1853 ele começou a fazer adeptos. Em 1859-60 alguns de nossos mais eminentes geólogos visitaram o local, e confirmaram totalmente a veracidade de suas observações e deduções. 
Outro ponto neste assunto foi tratado de forma ainda pior, se for possível. Em 1825, o Sr. Mc Enery, de Torquay, descobriu pedras trabalhadas junto aos restos de animais extintos na célebre caverna King's Hole; mas o relato de suas descobertas foi simplesmente ironizado. Em 1840, um de nossos primeiros geólogos, o falecido Sr. Godwin Austen, trouxe este assunto à Sociedade Geológica, e o Sr. Vivian, de Torquay, enviou um artigo confirmando completamente as descobertas do Sr. McEnery; mas ele foi considerado muito improvável para ser publicado. Quatorze anos depois, a Sociedade de História Natural de Torquay fez observações posteriores, confirmando inteiramente as anteriores, e enviou um relato delas para a Sociedade Geológica de Londres; mas o artigo também foi rejeitado, considerado muito improvável para publicação. Agora, contudo, a caverna foi sistematicamente explorada sob a superintendência de um comitê da Associação Britânica, e todos os relatórios anteriores enviados durante quarenta anos foram confirmados, e foi mostrado serem ainda menos maravilhosos que a realidade. Deve ser dito que “este era um cuidado próprio da ciência”. Talvez fosse; mas todos esses eventos provam este importante fato: que neste, assim como em todos os outros casos, os humildes e frequentemente desconhecidos observadores estavam certos; os homens de ciência que rejeitaram suas observações estavam errados. 
Agora, são os observadores modernos de alguns fenômenos, usualmente denominados sobrenaturais e inacreditáveis, menos dignos de atenção que os outros já citados?"
Os que tem interesse em procurar a verdade, devem se perguntar sempre sobre o melhor caminho a seguir quando se trata de gerar conhecimento genuíno a respeito de fenômenos e ocorrências naturais. Devem também se questionar sobre a utilidade do que acreditam. A insistência em permanecer na defesa de ideias e posturas inférteis pode representar uma perda de tempo inestimável.


Referência

(1) A. R. Wallace. O 'Diálogo com os Céticos' (2011). Editora 3 de Outubro.

Nota de A. R. Wallace
[1]  As citações que se seguem são exemplos escolhidos dentre os artigos do Edimburg Review em 1803 e 1804: “Outra leitura Bakeriana, contendo mais fantasias, mais asneiras, mais hipóteses sem fundamento, mais ficções gratuitas, todas sobre o mesmo campo, e do fértil, mas infrutuoso cérebro do mesmo eterno Dr. Young.” E novamente: “Ele não ensina verdades, não reconcilia nenhuma contradição, não organiza nenhum fato anômalo, não sugere novos experimentos e não conduz a novas investigações”. Alguém pode supor que se trate de um cientista moderno desdenhando do espiritualismo!

8 de janeiro de 2012

Vídeo IV - Uma médium e um Piano - Entrevista com Rosemary Brown (1973).


Entrevista para o 'Incrível Mundo de Kreskin' em 1973 com legendas em Português. Em um post anterior apresentamos uma resenha curta sobre o livro 'Sinfonias Inacabadas - Os grandes mestres compõem do Além' de Rosemary Brown (1916-2001), que se notabilizou por uma mediunidade musical ostensiva. Neste post apresentamos um vídeo de 8 minutos com legendas em português de uma entrevista que ela deu ao 'Incrível Mundo de Kreskin' em 1973.

A Sra. Brown executa uma peça para piano ditada por Chopin na segunda metade do vídeo. Vale a pena assistir.

Outras referências à música de Rosemary Brown

O selo Keturi Musikverlag lançou em 2001 um CD com as seguintes composições (ver figura acima):

Intermezzo Nr. 1 Es-Moll. Ditado por J. Brahms em Janeiro de 1974;
Noturno As-Dur. Ditado por F. Chopin em Junho de 1966;
Momento Musical Nr.1 g-Moll. Ditado por F. Schubert em Março de 1968;
Scherzo Es-Dur. Ditado por L. van Beethoven em Abril de 1975;
Le Paon. Ditado por F. Chopin em Abril de 1976;
Sonata em Ges-Dur, Ditado por F. Lizst em Janeiro de 1973;
Bagatelle Es-Dur. Ditado por L. van Beethoven em Novembro de 1967;
Grübelei. Ditado por F. Lizst em Maio e Junho de 1968;
Intermezzo Nr. 2 es-Moll. Ditado por J. Brahms em Maio de 1974;
Três Estudos em Ges-Dur (Fevereiro de 1968 e Junho de 1969) por F. Chopin;
Momento Musical Nr. 2 f-Moll. Ditado por F. Schuber em Janeiro de 1976;
La Caverne. Ditado por C. Debussy em Agosto de 1976;
Canção. Ditado por S. Rachmaninov em Fevereiro de 1968; 

Outras podem ser encontradas na web:
Referências 


6 de janeiro de 2012

Livro V - "Sinfonias Inacabadas" por Rosemary Brown.

Médiuns músicos – Os que executam, compõem ou escrevem músicas sob influência dos Espíritos. Há médiuns musicais mecânicos, semimecânicos, intuitivos e inspirados, como se dá com as comunicações literárias. (Ver o tópico sobre Médiuns de Efeitos Musicais). A. Kardec (1)

Os escarnecedores devem apresentar alguma explicação para essa música, visto não poderem rejeitá-la como não existente. Ela deve ser investigada imparcialmente, é claro. Na verdade, eu mesma continuo a buscar as condições necessárias a uma eficiente comunicação com o mundo dos Espíritos. (Rosemary Brown, "Sinfonias Inacabadas", p.26)  

Imagine conversar com Espíritos desde a tenra infância e crescer relacionando-se com eles durante toda adolescência. Imagine receber deles centenas de comunicações e ditados e desenvolver uma mediunidade produtiva, rica em manifestações intelectuais por mais de 70 anos. Se alguém pensou que este é mais um post sobre Chico Xavier, enganou-se. Rosemary Brown (1916-2001) foi uma simples dona de casa inglesa que desde sua primeira infância conversou e recebeu recados de gente falecida. Sua história de vida está bem contada no livro 'Sinfonias Inacabadas - os grandes mestres compõem do Além' que é uma espécie de autobiografia. Muita coisa já foi publicada sobre ela na década de 70, quando ela teve um curto mas impactante aparecimento na mídia inglesa e americana para depois voltar a sua vida pacata, longe dos holofotes e da fama. Sua história é fascinante e tem paralelos impressionantes com a vida de Chico Xavier, com a diferença que, ao invés de livros, ela recebeu músicas.

Franz Liszt (1811-1886).
Foram cerca de 500 partituras, obtidas por meio de 'psicografia musical', por alguém que teve aulas esporádicas de piano quando permitidas por sua vida cheia de dificuldades. Essas composições revelaram 12 diferentes estilos, todos confirmados pela crítica. As dificuldades da Sra. Brown tiveram sua razão de ser, pois fizeram crescer nela a força que precisaria para mostrar (ou executar) seus ditados mediúnicos ao mundo, vencendo sua personalidade tímida. A mediunidade musical é raríssima, mas foi detectada por Kardec conforme consta no Capítulo 16 de 'O Livro dos médiuns'. A variedade musical de Rosemary Brown foi desenvolvida ao longo do tempo. Como tinha grande lucidez ao conversar com os Espíritos, eles podiam indicar a ela nota a nota a composição final, além de marcar o compasso.  Seu principal mentor foi Franz Liszt (1811-1886) que se revelou quando ela tinha apenas 7 anos de idade. A edição brasileira do livro traz um prefácio de Elsie Dubugras que a compara ao grande médium mineiro. O livro é dividido nos seguintes capítulos:
  • Capítulo 1  - O início
  • Capítulo 2 - Por que eu?
  • Capítulo 3 - O plano dos compositores.
  • Capítulo 4 - Liszt.
  • Capítulo 5 - A Vida após a morte.
  • Capítulo 6 - Chopin.
  • Capítulo 7 - Os compositores.
  • Capítulo 8 - Curas.
  • Capítulo 9 - A comprovação.
Para quem gosta de música clássica, o livro chega a ser divertido. Embora o ceticismo em sua época tenha se interessado pelo fenômeno, ele não conseguiu encontrar uma explicação plausível para a variedade de estilos demonstrados pela médium. Explicar o fenômeno da Sra. Brown não é tarefa fácil fora da tese espírita, pois a composição de músicas clássicas é uma atividade enormemente complexa, que envolve um conjunto de faculdades intelectuais raramente encontradas. Além disso, compor músicas não é uma atividade muito feminina (basta tentar se recordar do número de mulheres na história que se dedicaram à composição). Do ponto de vista da fenomenologia, certamente a psicografia musical é algo mais notável que psicografia comum (literária). 

O Capítulo 1 é cheio de histórias das fases iniciais de sua vida e da sua dificuldade em se acostumar com sua faculdade extraordinária. As dificuldades porque teve que passar, moldaram uma personalidade bastante flexível e, portanto, sensível para a tarefa que haveria de se revelar mais tarde. Um resumo dos ensinamentos que teve com o grupo de compositores pode ser lido no Capítulo 5. Os capítulos 4, 6 e  7 é repleto de informações e detalhes pessoais dos próprios compositores. Sobre Liszt:
Sempre que ele me dá algum conselho, fá-lo de um modo muito delicado. Nunca é autocrático. (p.99, Capítulo 4)
Sobre Chopin (1810-1849):
Chopin tem aparência de muito moço, o mais moço de todos. Uns trinta anos, diria eu. Tem cabelos espessos e ondulados, é um belo sorriso claro que lhe dá um ar bem juvenil. O rosto é bem talhado, ligeiramente oval, fazendo-o parecer um rapazola (p. 150, Capítulo 6)
Sobre Rachmaninov (1873-1943):
O rosto de Rachmaninov é um tanto comprido e magro, e ele parece muito mais rídigo do que realmente é. Porém, é muito compassivo, creio que por ele próprio ter sofrido bastante. Disse-me que houve um período em sua vida em que se sentiu totalmente desprezado como pessoa e como músico. (p. 170, Capítulo 6). 
Sobre Debussy (1862-1918):
Geralmente pintam-no com uma barba, mas agora apresenta-se de cara raspada, pelo um tanto pálida, bastante cabelo, bem escuro, partindo de imponente testa. Os olhos são muito escuros e a voz grave. Às vezes, com o esforço em tentar comunicar-se, soa um tanto áspera. É de temperamento bem sério. Quase nunca ri, raramente sorri. (p. 175, Capítulo 6)
Sobre Schubert (1797-1828):
Uma das coisas que mais gosto nele é a sua expressão. Seus olhos são muito brandos, e parecem irradiar cordialidade. É extremamente modesto e retraído, quieto e ao mesmo tempo alegre, de certo modo, apesar de seu senso de humor ser bastante antiquado. (p. 160, Capítulo 6).
Finalmente, no capítulo 'A Comprovação', Rosemary Brown descreve o impacto da música dos compositores em diversas pessoas, os testes de lucidez mental a que ela teve que se submeter para 'comprovar' que ela não era demente e os testes feitos por parapsicólogos da época (dentre os quais Wilhelm Tenhaeff (1894-1981)) para mostrar que sua faculdade não se devia a 'criptomnésia' (uma suposta 'memória oculta'). Essas e outras explicações esdrúxulas continuam a ser aplicadas por quem se impressiona com o fenômeno mas não aceita a tese da comunicação. Rosemary Brown também descreve questionamentos de músicos ao seu trabalho, com perguntas endereçadas diretamente aos compositores falecidos. Muitos ficaram convencidos de sua correspondência com esses compositores e passaram a admirar a música de Rosemary Brown.

Qual era o verdadeiro objetivo dos compositores

Será que os compositores decidiram criar um novo movimento musical por seu intermédio? Do mesmo modo como não se pode dizer que o caráter da revelação espírita não tem como objetivo fazer ciência, filosofia ou religião, o movimento de compositores que se comunicou por intermédio de Rosemary Brown não tinha como objetivo simplesmente fazer música. Seu objetivo foi declarado em uma mensagem ditada palavra a palavra a Rosemary Brown por Sir. Donald Tovey (1875-1940):
Ao comunicar-se através da música e da conversação, um grupo organizado de compositores, que partiu deste mundo, está tentando estabelecer um preceito para a Humanidade, ou seja, que a morte física é uma transição de um estado de consciência a outro no qual conserva a sua individualidade. A compreensão deste fato encaminhará o homem a uma visão interior de sua própria natureza e das suas potencialidades supraterrestres. O conhecimento de que a encarnação no seu mundo nada mais é do que um estágio da vida eterna do homem, promoverá atitudes de maior amplitude do que as adotadas no presente e ensejarão uma visão mais equilibrada acerca de todas as coisas.(p. 23, Capítulo 1)
Reencarnação

O Espiritualismo inglês historicamente cresceu dissociado da noção de reencarnação. Entretanto, as personalidades musicais que se manifestaram por Rosemary Brown sancionaram esse conceito. Ao questionar seu mentor a razão porque ela teria sido escolhida para a tarefa de transmitir música, recebeu de Liszt a seguinte explicação:
"Antes de você nascer, quando acedeu em ser a nossa medianeira, você teve que concordar em passar por uma série de sofrimentos de modo a tornar-se mais sensitiva." (p. 67, Capítulo 2)
Portanto, inexiste descontinuidade no nascimento. Mais ainda, há condições restritas para que alguém possa desenvolver essa faculdade no grau de desenvolvimento a que a Sra. Brown conseguiu chegar:
Sofrimento, como aquele porque você passou, ajuda a atuação do tipo de faculdade de que você é dotada. As pessoas que levam uma vida fácil e tranqüila não são suficientemente sensitivas para conseguirem comunicação conosco facilmente". (p. 67, Capítulo 2; grifos nossos)
Explica-se assim porque médiuns extraordinários são tão raros. Agora, porque esses compositores escolheriam uma dona de casa para transmitir suas músicas e, assim, passar a mensagem do pós vida? Não seria melhor que procurassem alguém de talento, que tivesse uma educação musical completa, que soubesse melhor transmitir sua intenção? A tais questões os Espíritos também cuidaram de dar respostas:
O seu conhecimento é suficiente para o que temos em mente. Se tivesse tido uma educação musical completa, isto não nos auxiliaria absolutamente em nada. Em primeiro lugar, porque um curso completo de música teria tornado muito mais difícil a você provar que não seria capaz de escrever a nossa música sozinha. Segundo, porque um acervo de conhecimentos musicais teria feito com que você adquirisse muitas ideias e teorias próprias, as quais iriam ser um entrave para nós. (p. 66, Capítulo 2)
Em outras palavras, excesso de conhecimento atrapalha a transmissão, cria muito ruído. No caso da Sra.  Brown, a música era transmitida por ditado - ou seja - ela não tinha conhecimento do sentido musical da peça transmitida ao longo do processo, apenas no final, quando ela era executada. Também ressaltamos que composição clássica não é reconhecidamente uma atividade feminina. Ao escolher a Sra. Rosemary Brown, os compositores elevaram ao máximo o impacto que seria provocado por suas composições para a mente desconhecedora do fenômeno.

A opinião dos compositores sobre a 'música moderna'.

Finalmente não poderíamos deixar de citar a opinião externada por Liszt a Rosemary Brown sobre música moderna. O caso aconteceu quando a Sra. Brown ouvia rádio (na década de 60, é provável que se tratasse de alguma música dos Beatles ou Jazz, mas isso não é dito pela Sra. Brown). Ela perguntou a ele o que achava desse tipo de música e a resposta foi:
É uma série de sons vagamente interessantes, porém bastante grotescos. Creio que o resultado poderia ser considerado engenhoso, do ponto de vista intelectual, mas, em minha opinião, não é música. Não se pode manufaturar música. Ela deve provir de alguma fonte de inspiração. Há compositores que conseguem compor diretamente do seu intelecto, mas o resultado não será satisfatório, a menos que haja, mesclada à música, alguma espécie de sutil inspiração. (p. 121, Cap. 4)
Desde então, a situação só piorou. Deixamos, entretanto, aos leitores apreciar e julgar a sabedoria dessa opinião, no que se refere à música de nossos dias. Em resumo, o livro de Rosemary Brown é muito bom, repleto de informações interessantes sobre sua mediunidade, em particular sobre esse tipo raríssimo de faculdade mediúnica ligada à música.

No próximo post, traremos mais informações sobre Rosemary Brown e a música dos compositores por ela transmitida.

Dados bibliográficos

Título em Português: 'Sinfonias Inacabadas: os grandes mestres compõem do Além'.
Autor: Rosemay Brown.
Título em Inglês: 'Unfinished Symphonies: voices from the Beyond'.
1971. Edição especial para Livraria Espírita 'Boa Nova'. São Paulo, Brasil.
Traduzido por Agnor de Mello Pegado.
Gráfica e Editora Edigraf S. A. 

Referências

(1) O Livro dos Médiums, Cap. XVI.

1 de janeiro de 2012

Livro IV - O Cérebro e a Mente (uma conexão espiritual) pelo Dr. Nubor Facure

Há um grande fosso entre as considerações acadêmicas sobre as bases da consciência e os postulados espiritualistas. Esses últimos colocam como origem e destino das manifestações da consciência o Espírito ou princípio inteligente, independente da matéria. Já as academias - nas chamadas 'neurociências' - procuram explicar as manifestações de inteligência e consciência como subprodutos da atividade neuroquímica do cérebro. Esse assunto certamente ainda precisa ser muito desenvolvido, e o que as crenças acadêmicas sugerem  são explicações para o funcionamento de muitas funções cognitivas elementares, que se construiu a partir de uma visão fundamentalmente descritiva dessas funções, bem como sua localização no cérebro (ou seja, há um mapa que liga essas funções com partes específicas da massa encefálica). Não obstante a existência desse mapa, inexiste uma 'teoria da consciência' como muitos poderiam pensar que explique de forma satisfatória as manifestações superiores da consciência (além disso, é preciso ainda compreender o mistério que existe na chamada 'plasticidade neural').  

O neurologista Dr. Nubor Facure é autor do livro 'O Cérebro e a Mente - uma conexão espiritual' onde procura abordar o tema do ponto de vista espírita (e não apenas espiritualista). O livro é formado por vários capítulos (que não são numerados) conforme a sequência abaixo:
  • A Evolução do Cérebro
  • O Mapa do Desenvolvimento. Os Sistemas.
  • O Mapa do Desenvolvimento. As Funções.
  • Reconhecendo a Mente.
  • O Inconsciente Neurológico.
  • O Cérebro e a Mediunidade.
  • A Neurologia do Bem-Estar.
  • Revelações da Alma.
  • Psicognosia. O Reconhecimento da Alma.
  • O Homem Mediúnico. Uma perspectiva para o Ser Humano no futuro.
  • Ciência e Espiritualidade.
  • Doença Espiritual. 
  • Eventos Históricos na Pesquisa do Cérebro e da Mente.
De início já comentamos que uma das grandes deficiências do livro é inexistência de gravuras ou imagens que acompanhe as descrições feitas pelo autor (principalmente nos capítulos iniciais). O livro não contém, de fato, nenhuma ilustração exceto pela bela imagem da Nebulosa de Órion em sua capa. Uma vez que a neurologia definiu e especificou a existência de um mapa entre funções cognitivas elementares e partes do cérebro, seria muito mais didático se a descrição do autor fosse acompanhada de figuras. Isso considerando a grande variedade de áreas e funções existentes. A figura abaixo é uma imagem extraída de um modelo aberto em Sketchup (cortesia de Fussolia) para o cérebro humano que pode ser útil para os leitores acompanharem a interessante e bem feita descrição de Facure das funções cerebrais.
Modelo 3d do cérebro segundo Fussolia (via sketchup), com algumas das áreas discutidas por Facure em seu livro.
Em 'A Evolução do Cérebro' o autor se baseia nos relatos arqueológicos sobre a evolução do volume da massa do cortex, desde os símios até o chamado Homo Sapiens. Nessa descrição, o autor não se aventura a fazer qualquer 'conexão' com o princípio inteligente ou Alma que irá aparecer apenas no capítulo 'Reconhecendo a Mente'. O estilo do autor é bastante livre, ele consegue descrever de forma simples muitos dos conceitos. Há certa semelhança na maneira de apresentar cada conceito entre o que escreve o autor e André Luiz em vários dos livros sob psicografia de Francisco Cândido Xavier. Isso se caracteriza pelo uso do presente do indicativo para se referir a acontecimentos passados e fatos históricos na forma de curtos parágrafos.  

Duas passagens doe 'O Cérebro e a Mente' me chamaram a atenção. Na página 41, ao descrever o gigantesco número de conexões neurais existentes no cérebro e a quantidade de informação genética supostamente necessária para descrever detalhadamente tais descrições, Facure reconhece uma impossibilidade:
Ainda não se tem uma interpretação adequada para explicar quais os mecanismos que direcionam  essas ligações. Não sabemos, por exemplo, como os neurônios do olho se estendem pelas vias corretas até a parte de trás do cérebro, onde suas terminações têm que se distribuir por camadas de alta complexidade e com a exigência de impecável de que cada fibra deve ocupar com precisão o seu devido lugar. Acredita-se que a célula alvo contenha as substâncias químicas que exercem o papel de atrair a 'fibra certa' com a qual se deve ligar. Convém registrar que, enquanto temos milhões de gens, as ligações entre os neurônios são de tal forma numerosas que, para desligá-las, uma a uma, a cada segundo, seriam necessários 32 milhões de anos para completar a tarefa. Portanto, temos muito pouco material genético para, por si só, direcionar todas essas informações. 
Em outras palavras, a quantidade de informação contida no código genético é muito menor do que a necessária para descrever (ou mapear) as conexões neurais. De onde vem essa informação adicional? O problema aqui é que, embora se possa ter ideia dessas diferenças de informação, ninguém consegue quantificá-las corretamente. Mas, a necessidade de perfeição no concerto dessas ligações indica que alguma força adicional está em operação. Como a neurologia é conhecimento essencialmente descritivo, inexiste qualquer evidência sobre como essa força poderia operar, é como se apenas dispuséssemos da descrição de prédios e ruas do centro de uma metrópole sem poder saber absolutamente nada sobre as forças subjacentes que os utilizam durante a maior parte do tempo.

Outra parte interessante está na pagina 47. O autor considera que as estruturas encefálicas necessárias para a inteligência do homem moderno já estavam prontas a 100 mil anos atrás. Ainda assim, ele considera:
Podemos questionar, então, porque só tão recentemente fomos capazes de construir cidades, as pirâmides, a esfinge e redigir livros sagrados, considerando que a disponibilidade do cérebro já podia nos permitir desempenhar essas funções muito tempo antes. Pressuponho que a magnitude e a rapidez desse avanço, que ocorreu nesses últimos 250 séculos, deve ter sido precipitado ela vinda de criaturas, mais desenvolvidas, que vieram habitar entre nós, exercendo um papel de enxertia para a espécie humana. 
Uma observação pode ser válida aqui: é possível que a história que conhecemos seja apenas um esboço precário da verdadeira história pregressa dos últimos 100 mil anos. É possível que nossa história verdadeira tenha começado muito tempo antes dos 6 mil anos a. C. De qualquer forma, é interessante considerar que a arqueologia e antropologias modernas especifiquem um 'surto' evolutivo para a cultura humana apenas nos últimos 25 mil anos, enquanto que o cérebro moderno já estava disponível 100 mil anos antes. Isso pode corroborar a noção de nossa cultura tenha sido auxiliada pela vinda em massa de Espíritos mais evoluídos. Essa 'vinda' em nada teve de extraordinária: ela se deu pelas vias normais do nascimento comum e nada teve a ver com  uma 'invasão' extraterrestre. Assim, nenhuma evidência física dela será encontrada, apenas um surto de desenvolvimento, que é assinalado pelos estudos arqueológicos sem nenhuma explicação aparente.

Em 'Reconhecendo a Mente', é feita a primeira abordagem da necessidade de se incluir a Alma ou Espírito no quadro puramente descritivo das ciências neurológicas. Isso é feito pelo autor evocando-se tratados antigos de diversas culturas que reconheciam a existência de uma individualidade que é preservada além da morte. É importante considerarmos aqui que a postulação da existência da Alma não parte de uma necessidade meramente neurológica. De fato, podemos ter dificuldades em explicar a falta de informação no código genético para explicar as ligações neurais, mas o Espírito (sua existência e sobrevivência) vem como base independente dessas considerações. De uma maneira diferente dos capítulos iniciais, Facure descreve conceitos como Tempo, Matéria e Energia adentrando em conceitos primitivos de Relatividade e Física Quântica para justificar aparentemente a incompletude das descrições neurológicas da mente.

O Cérebro e a Mediunidade

O que também chama a atenção em 'O Cérebro e a Mente' é a tentativa de desenvolvimento da noção de Kardec de que a mediunidade tem a ver com a organização física do médium que, para Facure, sugere uma ligação estreita com a estrutura cerebral (o que daria origem a uma 'neurologia da mediunidade'). Nesse sentido, todos os tipos de mediunidade (mesmo aqueles que se poderiam considerar os mais 'físicos') passam pelo filtro do cérebro para que possam se manifestar. Isso contrasta fortemente com a opinião algo generalizada de que mediunidade deva ser algo 'místico'. E, também, sugere não se poder falar em mediunidade absolutamente mecânica, quando o médium apenas transmite o que recebe sem nenhum tipo de interferência. Esboços em direção ao desenvolvimento dessa ideia podem ser encontrado na pag. 84 ('Psicografia e Pintura Mediúnica'):
Com o desenvolvimento mediúnico, a psicografia e a pintura mediúnica manifestam-se claramente como expressões de automatismos cerebrais, nos quais o Espírito comunicante se utiliza dos núcleos da base e das áreas motoras complementares para executar a tarefa. Por isso, ambos, a psicografia e a pictografia, são executados com extrema rapidez; a caligrafia com frequência é ampliada e não há necessidade de acompanhamento da visão por parte do médium, porque ele já está treinado para execução do texto ou da pintura.
E não apenas isso. O conhecimento da maneira como o cérebro opera a codificação dos sinais visuais para fornecer ao Espírito a visão integral de um objeto (1) parece ser essencial para compreender as diferenças que existem entre descrições de diversos médiuns videntes. Mais recentemente, em seu blog, Facure discute uma possível explicação para esse fenômeno (2). Ele fala, por exemplo, que um paciente epilético pode descrever uma maçã sem cor. Isso acontece porque diferentes parcelas de informação de uma imagem vão para áreas diferentes do cérebro. Portanto, como a mediunidade está essencialmente ligada a estrutura física do cérebro, então diferentes médiuns poderão descrever diferentes aspectos de uma cena exterior, uma vez que essa faculdade dificilmente estará uniformemente desenvolvida entre eles (trata-se de uma nova faculdade em desenvolvimento na espécie Homo Sapiens). A Psicometria (capacidade de certos médiuns de conhecer a história pregressa de objetos físicos simplesmente ao tocá-los) é uma extensão das funções do tato ordinário que são processadas no lobo parietal. Dessa forma, prevê-se que as variedades (e intensidades) mediúnicas seriam tão grandes quanto as variedades de funções cognitivas disponibilizadas pelas diversas estruturas do cérebro. A nós parece que o Dr. Nubor Facure é um pioneiro na extensão desses conceitos oriundos de modernas descobertas da neurologia para indicar uma caminho a ser seguido na pesquisa da mediunidade no futuro. 

O leitor poderá encontrar ainda vários neologismos usados pelo autor no livro (tal como a palavra psicognosia com significado específico dado por ele), além do conceito do inconsciente neurológico. Na parte final do livro há um instrutivo quadro cronológico sobre as descobertas da neurologia, onde não deixam de figurar as contribuições de Kardec e de outros investigadores para a compreensão integral do ser humano. Não é possível estabelecer uma ciência da Mente onde o Espírito seja dela derivado a partir de observações da neurologia, assim sendo:
Estando presos à realidade física que nos limita, não poderemos explicar a fisiologia dessas aptidões. Todas elas estão ligadas a uma capacidade da Alma que utiliza também o cérebro, mas transcende a sua fisiologia. (pag. 97)
Pelo menos, isso ainda não ocorreu. Mas, certamente, o livro do Dr. Nubor Facure nos ajuda a aprender um pouco mais sobre o assunto.

Dados da obra

Título:  O Cérebro e a Mente, uma conexão espiritual.
Autor: Dr. Nubor O. Facure
Na nossa edição, não pudemos encontrar o ISBN dessa obra.
Número de páginas: 174.






Referências
  1. Com relação à maneira como o cérebro interpreta inicialmente a informação visual, uma descrição para os leigos pode ser encontrada no Capítulo 4 do livro 'Fantasmas no Cérebro' de V. S. Ramachandran (Ed. Record, Rio de Janeiro, 2004). Segundo este autor, existem cerca de 30 áreas no cérebro associadas ao processamento separado da informação visual. 
  2. Ver 'Mediunidade a visão das cores' postado em 26/11/11 no blog do Dr. Nubor Facure. Há outros posts sobre o assunto  mediunidade também.