21 de janeiro de 2013

Paradigmas e Ciência Espírita

"Examinado de perto, seja historicamente ou no laboratório contemporâneo, esse empreendimento se assemelha a uma tentativa de forçar a natureza a entrar em uma caixa relativamente inflexível e pré-montada que é fornecida pelo paradigma. De jeito nenhum é objetivo da ciência normal descobrir novos tipos de fenômenos; na verdade, aqueles que não entram na caixa nem são percebidos. Nem tem o cientista o objetivo de desenvolver novas teorias e, frequentemente, são intolerantes com aquelas teorias inventadas por outros." (T. Kuhn, (1) )

Quando se observa em detalhes o 'motus operandi' da grande maioria das chamadas 'ciências estabelecidas', embora o grande número de descobertas e consequências advindas do labor científico bem  articulado, não se pode deixar de perceber que há um preço a se pagar, frequentemente pouco lembrado pelos entusiastas desse conhecimento (2). É que a ciência estabelecida também restringe-se a si mesma, tanto no escopo como na abrangência de seus estudos a fim de que se torne factível.

O grande pesquisador da ciência Thomas Kuhn (1922-1966) criou o termo 'paradigma científico' (1,3) para descrever um conceito importante que caracteriza toda ciência madura, em particular nas 'ciências naturais' (4): o conjunto de teorias (ou a teoria) bem estruturada capaz de congregar gerações de cientistas em torno de um tema, a se constituir um tipo de 'passaporte confiável' para solução de determinados problemas. Ele chegou a essa conclusão depois de anos de estudos em história da ciência, quando percebeu que as teorias disponíveis para explicar como a ciência opera e se estabelece não estavam de acordo com o conhecimento histórico. 

Há uma crença bem popular de que é possível gerar conhecimento científico de forma infalível através da aplicação de um 'método científico' ou processo que constituiria uma verdadeira 'pedra filosofal' para a ciência. Na crença da existência dela, sua busca tornou-se um das principais tarefas de gerações de filósofos da ciência. Kuhn teve sucesso em demonstrar que não só a busca era improfícua, como o próprio método era uma ilusão por um conjunto de razões, dentre as quais (5):
  • Falta de acordo histórico: a existência de um 'método infalível' não era observado em uma análise detalhada dos muitos detalhes históricos que caracterizavam o desenvolvimento de teorias científicas ao longo dos séculos;
  • Dependência entre a observação e as teorias científicas: são as teorias que orientam a realização e o sucesso dos experimentos e não o contrário. Por outro lado, só há boas teorias quando os conceitos básicos de uma ciência estão bem estabelecidos (6), o que leva à necessidade de se ter uma linguagem própria conectada a conceitos bem compreendidos;
T.Kuhn (1922-1966)
Ao invés de um método, Kuhn propôs o conceito de paradigma científico  (7) que permite escolher - de uma ampla gama de fenômenos e aparentes problemas científicos - quais devem ser estudados daqueles que devem ser desprezados. Na existência de um paradigma (8), a atividade científica se aproxima de uma 'solução de quebra-cabeças', quando se tem certeza que uma solução será alcançada. O preço óbvio que se paga por essas vantagens é a restrição de escopo: cientistas não precisam (e nem devem) se interessar por qualquer tipo de problema, mas apenas por aqueles garantidamente tratáveis pelos paradigmas a que eles aderem. A atividade científica torna-se uma tarefa monótona (frequentemente envolve a busca ou aperfeiçoamento de soluções para problemas já resolvidos...) e são raríssimas as ocasiões em que 'soluções para problemas fundamentais' são sequer procuradas.

Uma explicação para o ceticismo 

A noção de paradigmas de Kuhn (1) permite compreender melhor a ideia errônea de que cientistas aderem irrestritamente ao ceticismo. Pois, não é que cientistas sejam inerentemente céticos, mas que eles apenas estão interessados em resolver problemas que tenham uma relação direta com o(s) paradigma(s) que escolheram se dedicar profissionalmente. Como ressaltado por Thomas Kuhn, para que a ciência dê resultados, não é possível se dedicar a qualquer tema ou problema que apareça, mas apenas aqueles para os quais exista um paradigma ou teoria bem estruturada que permita que a pesquisa seja organizada de forma eficiente. Isso envolve não só a escolha de uma teoria favorita, mas de uma ampla gama de conceitos chave na forma de uma linguagem própria. O paradigma propicia o progresso, evitando que sempre se tenha que começar 'do zero' quando surge a necessidade de dar solução a um novo problema pertencente ao tema de escopo do paradigma. Resta-nos discutir futuramente o que acontece com os temas sem padigma reconhecido (8).

Acusações apressadas de céticos de sofá que dizem que o 'Espiritismo aspira ao status de ciência' são incapazes de perceber que não se trata de se buscar uma 'nova ciência acadêmica' e desconhecem a restrição imposta pelos paradigmas científicos. Não é objetivo da ciência dar respostas para tudo: ela precisa se especializar para que funcione. Consequentemente, existem muitas lacunas e problemas desprezados por essa mesma ciência. Esse tipo de ceticismo está a tal ponto enceguecido que é incapaz de perceber a necessidade de aceitar novos conceitos para que uma nova linguagem e teoria tenha chance de mostrar seu valor. Aqui, a visão de paradigmas de Kuhn permite compreender mais amplamente o problema. De fato, como querer discutir reencarnação ou comunicabilidade além-túmulo se o próprio conceito de espírito como unidade indivisível, independente e invisível sequer é aceito? Há a barreira inicial de se aceitar os conceitos (com sua 'ontologia própria') a fim de que uma nova linguagem teórica seja articulada e dê resultados. Sem a aceitação dos conceitos, é impossível aceitar igualmente a teoria e a compreensão mais profunda sobre os tipos de teste ou situações de observação que são propiciadas por ela.  

O 'paradigma espírita' (9) é capaz de dar explicação razoável para um grande número de fenômenos e ocorrências naturais desprezadas pela sua incomensurabilidade com outros temas mais materiais de pesquisa. Resta ao ceticismo negar insistentemente a importância do tema: como já tivemos ocasião de expor, esse ceticismo é um vasto emaranhado de crenças preconcebidas que se recusa a aceitar alguns conceitos e, por causa disso, está condenado a negar os fenômenos, até que seja completamente esquecido pelas novas gerações.

Nosso texto aqui teve como objetivo mostrar a importância que estudos em filosofia da ciência tem para a correta compreensão de teorias e propostas de estudos para os fenômenos psíquicos. Sem esse estudo, manifestações claramente contrárias as propostas espiritualistas (aquelas que postulam a continuidade da existência da consciência, primeiro sua independência do cérebro etc) serão necessariamente limitadas. Não se pode impor limites ao conhecimento científico e o que muitos céticos personalistas fazem nada mais é que estabelecerem limites de acordo com sua própria compreensão dos fatos.

Falaremos sobre esse tema instrutivo em outros posts futuramente.  

Notas e referências

(1) Kuhn T. (1970) "A estrutura das Revoluçõeos Científicas", International Encyclopedia of Unified Science, Volume 2, Número 2, 2a edição.

(2) A quem poderíamos chamar 'cientificistas'. Há uma seita mais ou menos radical de indivíduos que vão além e pregam que a ciência estabelecida é a única forma confiável de se gerar conhecimento científico de valor. Desprezam a religião e tem aversão por ideias consideradas 'místicas', o que incluem todos os temas que não são de interesse das ciências ordinárias, inclusive os espiritualistas;

(3) Paradigma: do grego "παράδειγμα" (paradeigma), "modelo, exemplo, amostra" do verbo "παραδείκνυμι" (paradeiknumi), "exibir, representar, expor"  e de "παρά" (para), "além" + "δείκνυμι" (deiknumi), "mostrar, apontar";

(4) As ciências de interesse para filósofos como Popper, Kuhn e Lakatos são as chamadas 'ciências naturais' - física, química, biologia etc. O conhecimento de humanas (sociais, economia etc) está excluido dessa análise.

(5) A. Chalmers (1993), 'O que é ciência afinal?', 1a edição, Ed. Brasiliense.p. 109-110;

(6) Exemplo: só tem sentido em se propor um experimento para medir a carga de um elétron, quando se reconhece a existência de elétrons e o conceito de carga. Isso várias vezes passa desapercebido quando se trata de criticar experimentos ou a análise de fenômenos psíquicos;

(7) Exemplos de paradigmas de sucesso em ciência foram: a teoria de Ptolomeu dos epiciclos planetários, a teoria da evolução de Darwin, a física de Newton, a Mecânica Quântica, o atomismo etc;

(8) Na inexistência de um paradigma, estamos na fase 'pre-paradigmática' (1) da ciência ou fase 'pré-científica'. Falaremos sobre essa fase em outro post;

(9) Para saber mais: http://www.geeu.net.br/artigos/paresp.html

15 de janeiro de 2013

SRT - Tese do Dr. Palmer sobre desobsessão baseado no trabalho de F. Myers


A possibilidade de influenciação espiritual é presentemente rejeitada por terapias ortodoxas que não reconhecem a natureza independente da mente humana de sua contraparte material. Entretanto, isso não impede que o fenômeno esteja vastamente disseminado na população e pode ser considerado como fonte de várias desordens mentais e origem de vários crimes hediondos.

Já em 1861, Allan Kardec redefiniu a obsessão como 'o domínio de alguns Espíritos sobre certas pessoas. Uma influência que nunca é exercida por bons Espíritos, mas sim por aqueles de natureza inferior' (1). Se a personalidade humana tem sua origem em um centro de forças psicológicas conhecidas como 'Espírito' - que é, por si mesmo, totalmente independente da matéria - o fenômeno de obsessão espiritual pode ser bem uma das causas subjacentes a mutas tragédias diárias, embora isso não seja reconhecido dessa forma. Isso acontece porque somente parte da natureza humana morre de fato. A parte mais importante, que contém conhecimento, memória - o Ser em essência - continua a existir, muitas vezes ignorando sua nova condição de vida.

Apenas Espíritos podem se comunicar com Espíritos e o processo de 'comunicação' em si não é limitado aos fenômenos mediúnicos que a literatura espírita descreve tão bem. Há outras formas, desde sutis variações de humor ou aparecimento de personas múltiplas em um corpo único, até o comportamento mais extremo que indica infestação da mente do doente. Esse último caso, conhecido como possessão, foi também bem descrito por Kardec (2) como último grau de obsessão espiritual (3).
Capa da tese do Dr. Palmer.

A ideia de que algum tipo de poder invisível externo possa controlar um humano é bem antiga. O Novo Testamento fala sobre a 'expulsão de demônios' (4). O assunto recebeu um tratamento recente com uma tese do Dr. Terence J. Palmer em 2012. Intitulada "Revised Epistemology for an Understanding of Spirit Release Therapy Developed in accordance with the Conceptual Framework of F. W. H. Myers" (5), ("Uma Epistemologia Revisada para compreensão da Terapia de Liberação de Influências Espirituais de acordo com o Arcabouço Conceitual de F. W. H. Myers"), essa tese foi submetida para o grau PhD na School of Theology and Religious Studies da  Universidade do país de Gales em Bangor, Reino Unido. O trabalho tem treze capítulos que tratam do assunto a partir da perspectiva do eminente cientista Frederic William Henry Myers (1843-1901). Myers é, certamente, uma das mentes mais lúcidas da pesquisa psíquica no Sec. XIX, alguém que sustentou a ideia da sobrevivência seriamente. O que é chamado de 'obsessão' pela literatura espírita do Sec. XIX é chamado de 'spirit attachment' pelo Dr. Palmers e o novo campo de psicoterapia conhecido como SRT - Spirit Release Therapy, algo que podemos traduzir como 'terapia de liberação de influenciação espiritual' como mais uma opção à 'terapia de desobsessão' (ver tese, p. 13, "What is Spirit Release Therapy").

Alguns trechos da tese

Um curto resumo da tese pode ser lido na p. 6, "Introduction":
A tese explora a contribuição dada por Frederic Myers a nossa compreensão de uma das mais profundas experiências espirituais: a possessão de um individuo por uma entidade espiritual que  pode ser percebida como benigna ou maligna, criativa ou destrutiva, saudável ou não. A SRT, que explicamos mais completamente abaixo, pode ser usada como método de intervenção para liberar o indivíduo da influência de espíritos doentes que são frequentemente espíritos de desencarnados. Ela é constituída por uma mistura eclética de conceitos e procedimentos seculares e espirituais que são independentes de modelos psiquiátricos tradicionais de cuidados com a saúde mental ou do exorcismo religioso, sendo complementares a eles. A experiência de um terapeuta em SRT, junto com conceitos teóricos e métodos experimentais de Frederic W. H. Myers, dão à possessão e ao exorcismo uma dimensão que métodos e teorias antropológicas, teológicas e médicas anteriores não o fizeram.  
Portanto, o estudo do Dr. Palmer está completamente de acordo com a abordagem espírita de 'desobsessão', que é frequentemente praticada em muitos centros espíritas no Brasil. Por exemplo, a moderna SRT (sempre de acordo com a abordagem de Myers) finalmente rejeita a visão tradicional que confunde o trabalho de desobsessão de Espíritos com qualquer coisa próxima ao "exorcismo":
SRT é fundamentalmente diferente do exorcismo religioso, onde espíritos são tomados como sendo do 'mal' e devem ser expulsos. A abordagem de Willian Baldwin é solidária e terapêutica e em contraste completo com a concepção popular de exorcismo (p. 17, "Difference between SRT and Exorcism").
A referência a W. Baldwin pode ser encontrada abaixo (6). Isso está absolutamente de acordo também com a abordagem de Kardec (7) para a obsessão, uma vez que os Espíritos nada mais são do que as almas dos homens desprovidas de corpos e, portanto, não devem ser confundidos com a visão tradicional de demônios. Com todo o respeito que devemos às crenças tradicionais, a ideia de uma entidade maligna e a noção de demônios provou ser outra má interpretação de textos bíblicos. Esse fato é de importância fundamental para o sucesso dessa terapia no futuro, uma vez que ela abre possibilidades de muitos procedimentos heurísticos para o problema, assim como novas práticas frequentemente dificultadas pela postura tradicional do exorcismo:
Enquanto que a crença enganadora na possessão e no exorcismo resultará sempre em métodos inapropriados de intervenção em serviços de atendimento público ou profissional de saúde, a compreensão alternativa do conceito de possessão por um espírito está de acordo com o arcabouço científico de F. W. H. Myers e resultará em métodos mais apropriados de tratamento (p. 11, "What is Possession and Exorcism? )"
F. W. H. Myers.
Outro fator importante se encontra no extremo oposto da escala de crenças, aquele que refuta a possibilidade de influenciação espiritual, que é a situação presente das terapias ortodoxas. De acordo com o Dr. Palmer, muitos trabalhos de evidência demonstraram os fatos:

Junto com a evidência científica documentada fornecida por primeiros místicos e cientistas como Emmanuel Swedenborg (1758), Allan Kardec (1857), Edgar Cayce (1970), William James (1902), Frederick Myers (1903) e James Hyslop (1919), o Dr Wickland forneceu evidências científicas em apoio à ideia associação com os espíritos como uma realidade que é difícil de ignorar ou refutar (p. 22, "Dissociation and Paranoia")

e

A necessidade de explicações científicas para as experiências subjetivas extraordinárias, tais como múltiplas personalidades e possessão espiritual, tornou-se um beco sem saída pela rejeição da ideia inicial identificada por Carl Wickland e os primeiros pesquisadores, incluindo Frederic Myers, a saber, que o mundo espiritual existe conjuntamente com o mundo físico (p. 27).

Todos os autores citados acima pelo Dr. Palmer fizeram muitas contribuições ao assunto. Entretanto, a ideia da sobrevivência da alma só foi aceita marginalmente por terapeutas hoje em dia, embora a situação pareça mudar no presente (ver p. 31, "Spirit Release Today and the Future"). 

Os treze capítulos da tese são divididos em quatro partes:
  1. Introdução;
  2. Parte I:  Possessão e Exorcismo  - Métodos e Teorias (Capítulos 1 a 4);
  3. Parte II: O arcabouço conceitual de Myers (Capítulos 5 a 9);
  4. Parte III: O arcabouço conceitual de Myers e a ciência moderna (Capítulos 10 a 13).
A tese mostrou que métodos científicos podem ser aplicados ao problema das doenças mentais à luz do princípio de obsessão espiritual (o que, de fato, poderia resultar em uma nova era na Psiquiatria). Isso é feito revisando-se extensivamente a contribuição de Myer que concordamos é de grande importância:  
Provavelmente, o maior desafio para Myers e seus adeptos estava na resistência entrincheirada da ciência convencional as suas descobertas. Myers insistia que não era ideal que cientistas ignorassem ou evitassem questões difíceis tais como aquelas resultantes do sonambulismo ou automatismo só porque eles não acreditassem na realidade do que julgavam ser 'sobrenatural' ou 'oculto'. Os mesmos desafios se apresentam atualmente aos pesquisadores do paranormal. Embora a possessão espiritual possa ser considerada um fenômeno conhecido desde a mais remota antiguidade, ele é julgado como não tendo lugar em um mundo de alta tecnologia. Mas, a tecnologia moderna também contribuiu para o processo de comunicação dos espíritos com o mundo material. Exemplos de pesquisa em transcomunicação instrumental (TCI) e comunicação instrumental de voz (IVC) trazem evidências de que os espíritos usam tecnologia moderna para se comunicar com pesquisadores. (p. 40, "Myers’ Conceptual Framework and Modern Science")
Por que a nova abordagem funciona? Porque os homens tem uma natureza dual e, ao se considerar a possibilidade de interação da mente humana com personalidades desencarnadas, um novo e nunca explorado Universo é revelado. Portanto, a SRT tem fertilidade heurística; ela pode realmente resultar em novos e eficientes tratamentos, enquanto que seu oposto é uma abordagem estéril. Alguns terapeutas modernos finalmente reconheceram que o bem estar e a saúde de seus pacientes são mais importantes do que suas próprias crenças acadêmicas.

No que diz respeito à tecnologia moderna, acrescentamos que o aparecimento do Espiritualismo no Sec. XIX parece ter sido 'preparado' em paralelo com o advento das telecomunicações, e muitos pioneiros da comunicação sem fio eram também estavam interessados na comunicação entre os dois mundos. (ver  BBC documentary "Science and the Seance"). 
O que Sir O. Lodge (1851-1940), N. Tesla (1856-1943) e T. A. Edison (1847-1931) têm em comum? A 'comunicações sem fio' seria uma resposta boa, assim como  ' profundo interesse na comunicação com o mundo espiritual'. Esses benfeitores da humanidade foram também interessados no Espiritualismo.  
O Dr. Palmer sumariza a abordagem de Myers na parte final de sua tese:
  • O ser humano é uma entidade espiritual que possui ou ocupa e usa um corpo físico, com o objetivo de ter as experiências da vida terrestre; 
  • Existe um mundo espiritual não corpóreo;
  • A consciência continua a existir depois da morte do corpo;
  • Os mortos podem sentir que ainda estão vivos, embora tenham deixado seus corpos físicos;
  • Os mortos podem continuar a ensejar novas experiências embora sem o corpo físico; 
  • A vulnerabilidade dos vivos pode atrair espíritos desencarnados ainda ligados à Terra;
  • Entidades espirituais são inconscientemente atraídas pelas frequências vibracionais dos vivos;
  • Sintomas psicóticos podem ser atribuídos à influenciação dos Espíritos; 
  • Chegar-se ao diagnóstico de personalidade múltipla com base na identificação da existência de diferentes personas ocupando o paciente e, ao mesmo tempo, rejeitar a origem externa e espiritual dessas inteligencias pode ser erro. (p. 247, "A Revised Epistemology")
Um pioneiro da  SRT no Brasil,
Dr. Inácio Ferreira (1904-1988).
Tais são, em essência, os princípios de uma revolução no tratamento de muitas desordens mentais. Finalmente, o Dr. Palmer trata da importante questão da validação da SRT:  
O psiquiatra brasileiro Inácio Ferreira inciou o uso do Espiritismo na prática médica no Brasil desde 1930 e escreveu vários livros fornecendo evidências da etiologia espiritual em muitos casos de insanidade mental, assim como da eficácia dos tratamentos espíritas. Alguns de seus livros foram traduzidos do Português para o Espanhol, mas seu trabalho não foi ainda publicado em Inglês. Por outro lado, não há estudos nos países de língua inglesa sobre a eficácia da SRT e é por essa razão que apresentamos essa tese de acordo com a abordagem de Myers. É meu objetivo, depois da aceitação dessa tese, apresentar uma proposta para testar a eficácia do método da SRT em pacientes com esquizofrenia,  por causa da experiência com alucinações auditivas. (p. 249, "Spiritual Aetiology") 
A pesquisa deve assim continuar. Confirmando o valor heurístico da SRT, o Dr. Palmer finalmente pergunta:
Se todas as áreas do comportamento humano podem ser pesquisadas com novos fundamentos epistemológicos, então as possibilidade são infinitas. Por exemplo, quando pessoas cometem crimes hediondos de assassinato em série, estupro ou pedofilia podemos nos colocar essa questão: "São essas pessoas simplesmente más, loucas ou estão possuídas?" Em todas as áreas da saúde emocional, mental ou física, podemos colocar a questão: "Que influencias externas estão em operação aqui?" Essa questão pode ser aplicada igualmente a pessoas que sofrem de distrofia sexual, síndrome de Tourette, depressão, ansiedade, medo ou raiva sem uma causa aparente (p. 252, "On-going Research").
As notícias recentes do assassinato de Newtown, Connecticut mostra o quão urgente é o desenvolvimento de terapias para o tratamento de obsessão ou mesmo para revelar potenciais assassinos que podem estar bem próximos sob a influência de Espíritos ainda ligados à Terra. Ela também traz nova luz sobre a questão da pena de morte simplesmente porque condenar à morte o assassino somente liberará apenas o seu Espírito que ficará livre para se ligar a outra mente criminosa.

Recomendo vivamente uma leitura cuidadosa da tese do Dr. Palmer que certamente representa um trabalho atualizado sobre um tema com grande futuro.

Para mais informações, visite o Blog do Dr. Palmer:
Notas e Referências
  1. Kardec A. O Livro dos Médiuns" , 2a parte, 'Sobre as manifestações dos Espíritos', Cap. XXII, 'Sobre a Obsessão';
  2. Ver questão # 473-480 de "O Livro dos Espíritos" de A. Kardec's;
  3. Kardec pedagogicamente divide em três os níveis de obsessão espiritual : obsessão simples, subjugação e possessão. Ver "O Livro dos Médiuns", Cap. XXIII. Ver também: Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio. (A. Kardec, "A Gênese", Cap. XIV, "Explicação sobre fatos sobrenaturais", "Obsessão e Possessão")
  4. A palavra 'demônio' significa simplesmente 'espírito' em Grego. Ver por exemplo, Marcos 5 ou Mateus 10:8 e muitas outras passagens; 
  5. Em 2012, a tese pode ser baixada aqui:  http://www.tjpalmer.org/wp-content/uploads/2012/03/BeyondBelief.pdf
  6. W. J. Baldwin (1995), Spirit Releasement Therapy: A Technique Manual, Headline Books.
  7. Questão #477 de "O Livro dos Espíritos";